Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 32
Costellazione del Leone


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEEEEEE!

A minha reunião com o Ernesto demorou um pouco, como vocês puderam perceber kkkk Escrever esses últimos caps — ou, simplesmente, pensar sobre eles — tem me feito refletir muito sobre essa jornada de cinco anos. É complicado levar uma ideia de anos adiante, acredito que a maioria de vocês consegue me entender. Eu mudei, minha escrita mudou, meus pensamentos mudaram, e o desafio é seguir em frente, colocar um fim, terminar um ciclo... Muita coisa, né?

Contudo, durante todo esse tempo, devo agradecer pelo apoio de vocês, por todo o incentivo e teorias feitas em cima dessa história. Vocês são ótimas detetives [acho que até melhor que o Ernie...] MUITO obrigada por tudo! ♥

Duas músicas que me inspiraram foram: Lego House — que eu ouvi quando fui escrever o primeiro capítulo há meia década atrás — e I'm a mess. Ambas do Ed Sheeran ♥

Espero que gostem! Por favorzinho, tenham dó de mim kkkkkkkkk

Boa leitura ♥

► PLAYLIST
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*Costellazione del Leone = Constelação de Leão



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Seu reflexo no espelho nunca lhe pareceu tão estranho, ou foi tão confuso de ser entendido. 

Era um espelho normal, retangular, com a moldura de madeira, que ficava sempre ao lado de sua escrivaninha; costumava se olhar muito nele para verificar seu cabelo antes de sair com Brian Wood na época em que namoravam, tirava fotos com um aparelho trouxa que seus avós lhe deram quando era menor, ainda tinha alguns adesivos dos cadernos de quando era criança colados nas beiradas, fotografias com as primas na parede atrás. Naquele momento, porém, Rose não se via mais como aquela garota; preferia uma foto da sua formatura que Hermione guardou, e um icônico momento que Hugo registrou dela na sala comendo uma barra inteira de chocolate, a barriga de grávida aparecendo. 

Respirou fundo, não fazendo questão de controlar uma lágrima solitária em seus olhos ardentes. Sentia-se triste, angustiada, com um mau pressentimento. Faltavam apenas alguns dias para finalmente pegar seu bebê nos braços, deveria estar feliz. Muito feliz. Mas parecia ser uma tarefa difícil, principalmente pela solidão que sentiu pelo início do ano letivo de Hugo. A casa ficava vazia sem ele, em silêncio, só era possível escutar Scorpius perambulando e procurando coisas para fazer, algumas conversas dele com Alvo, o barulho de alguns cachorros latindo de vez em quando. 

Desde a noite em que vomitara, Scorpius não pisou mais no quarto. Rose sentia o estômago revirar apenas de tocar no assunto, apenas de pensar nele ao seu lado, e ao mesmo tempo o coração apertava durante as horas que não conseguia pegar no sono. Era estranho e ligeiramente paradoxo a certeza de amá-lo e a necessidade de ficar longe, a vontade de tocá-lo e a súbita ira que lhe subia à cabeça. Tudo era confuso, e tinha medo de ser somente o começo de algum infortúnio ainda maior, ou a nova realidade a qual deveria se adaptar. 

Fazia alguns dias que tinha conversado com Draco sobre uma poção que deveria tomar após o nascimento de Leo. Rose conseguia se lembrar de tudo o que aconteceu, mas não colocava a culpa ou o problema dos seus dias estranhos em cima de um fator externo; ela via a si mesma como a grande culpada, imprudente e tola. Seus pais estavam exagerando, Scorpius estava exagerando; era apenas um momento difícil de sua vida, não havia nada de errado, nada que uma poção pudesse solucionar. Contudo, concordou em tomá-la, pegando para si mais uma preocupação. Não queria deixar seu filho, seus pais, Scorpius, sua vida… E ao mesmo tempo sentia como se já tivesse deixado. 

— Rose! — ouviu a voz de Scorpius, e rapidamente passou os dedos por debaixo dos olhos. — Vem ver uma coisa! 

Em passos lentos, Rose foi até onde ele estava: dentro de um quarto pequeno que costumava ser um suposto escritório de Ronald. A ideia de fazer dali o quarto do bebê foi de Hermione, e tudo já estava arrumado para quando ele chegasse: as paredes pintadas de um amarelo fraquinho, os móveis brancos, um tapete felpudo, uma poltrona entre uma luminária e a cômoda de roupinhas. Scorpius estava sentado no chão, sorrindo abertamente e apontando para o móvel. 

Rose arqueou uma sobrancelha, mas quando ele abriu as gavetas ela compartilhou do mesmo sentimento; as roupinhas estavam organizadas dentro delas e, nas prateleiras acima, os bichinhos de pelúcia dando a pitada certa de conforto. 

— Ficou ótimo — ela disse, acomodando-se na poltrona. — Por que não me chamou para ajudar?

— Pensei que estava descansando. Acho que você nem ouviu quando a campainha tocou… Era uma entrega de roupinhas de bebê. Minha mãe está até que feliz por ser avó, seus pais também, sua avó Molly — riu, passando a mão pelos cabelos. — Acho que ele tem o que vestir até os quatro anos. 

— E você? Está feliz em ser pai?

— Não estava nos planos, mas… Só queria que estivéssemos numa situação melhor. 

Rose assentiu, desviando o olhar do rapaz, ocupando-se em gravar cada detalhe daquele cômodo. Sentiu-se observada pelas orbes cinzentas que costumava gostar tanto; ao encarar Scorpius, desejou profundamente poder ter seus dedos gelados outra vez quando ele estivesse por perto, seu coração disparado, a sensação de estar flutuando em nuvens altas. Queria e precisava ter Scorpius novamente. O que mais lhe incomodava, talvez, àquela altura, era não saber em que parte o havia perdido.

— Scorpius… 

— Sim?

— Você está com um mau pressentimento?

— Hm… — ele pendeu a cabeça, aproximando-se dela. — Em que sentido?

— Logo o Leo vai nascer… Estou sentindo algo ruim. 

— É normal sentir medo, Rose, mas… Não vai acontecer nada. 

— Você acha?

— Tenho certeza. 

[...]

— Roxanne.

— Ernie — a moça ocupou a cadeira da direita frente ao auror, que tinha um largo sorriso e mexia com algumas pastas enquanto várias outras flutuavam ao seu lado. — Quanto tempo! 

— Pois é, fiquei tremendamente curioso quando disse que tinha algo para me contar porque, bem, eu tenho alguns apontamentos também. Trouxe o seu baralho?

— Sim, senhor — ela o tirou da bolsa, acomodando-a no assento ao lado. Pôs o monte de cartas na direção do auror antes de cruzar os braços. — Quem começa?

— Você, é claro. 

— Eu sei que Scorpius enviou as tulipas que o McLaggen levou para Rose, e sei que minha tia contou sobre a visita estranha dele.

— Sim… As tulipas estavam enfeitiçadas com amortentia, assim como colar, as balas e a poção. Uma ou outra substância diferente, mas a mesma base, o mesmo propósito e a mesma dúvida. 

— Ele é realmente um verme — ela estava frustrada desde que as cartas lhe mostraram que, muito provavelmente, Ryan McLaggen era o tão famigerado valete. — Se estivesse sozinho nessa provavelmente não conseguiria fazer todo esse marabalismo. 

— Já teria sido detido, inclusive — Ernesto empilhou as pastas, suspirando. — Continue, por favor.

— Scorpius me falou que a visita dele foi estranha não apenas pelas flores, mas porque ele apareceu sem mais nem menos na casa dos meus tios. Como ele sabia onde era? 

— Uma boa pergunta. Mágica? — insinuou com humor, fazendo Roxanne negar com a cabeça. 

— Ele disse que Lilian, a minha prima Lilian, falou para ele onde é a casa. O que é muito estranho, porque ela não tem contato nenhum com ele.

— Como pode ter certeza?

— Perguntei para ela, e verifiquei nas cartas. Fiz um comentário sobre ele durante uma tarde na Toca, e ela disse que a última vez que o viu foi no recesso de inverno. Então tem alguém intermediando essas informações, e provavelmente usando ela como peão para algumas coisas.

— Que coisas?

— Eu não sei o que aconteceu exatamente, mas antes da formatura a caixinha de jóias da Rose caiu no chão e depois foi o Ryan quem devolveu o colar alegando que tinha achado no salão. Ela não estava com colar nenhum, nem usa esse colar pra lá e pra cá. Como chegou na mão dele? Achei a capa de invisibilidade quando fui até a porta, e vi Lily reclamando do gato. 

— A capa costuma ficar com quem?

— Alvo. 

— Alguém pegou dele?

— Ela não conseguiria nem entrar no salão comunal da sonserina, e nem alguém conseguiria entrar no nosso, muito menos no dormitório feminino. Foi ela quem pegou o colar. Provavelmente sem saber o que estava acontecendo. 

— Certo — ele pigarreou, endireitando-se na cadeira. — Vamos jogar esse baralho e ver quantas pessoas estão envolvidas. 

Roxanne embaralhou pacientemente suas cartas, sentindo as mãos ficarem geladas na medida em que sentia a magia transcender suas mãos; o coração batia compassado, sem ver-se no direito de atrapalhar seu momento de clarividência. Fechou os olhos antes de pôr o monte na mesa, mentalizando a imagem que teve quando entrou na mente da prima no período em que estava enfeitiçada pelo colar: uma noite escura, Rose olhando para Regulos, a estrela mais brilhante da constelação de Leão, para manter seu brilho na mesma intensidade. 

Cortou o baralho ao meio antes de juntá-lo novamente e tirar sete cartas. Oito de ouro, valete de paus, três de espada, dama de ouro, rei de ouro, dois de espada, rei de copas, valete de espada, oito de ouro.

— Os oitos de ouro simbolizam o ciclo em que essas cartas se encontram. Três de espada é mentira, dois de espada é conflito — Roxanne suspirou enquanto abria os olhos, fazendo um movimento circular com o ombro na tentativa de aliviar sua tensão. —  O valete de paus tem conflitos com a dama de ouro e com o rei de ouro, e está ajudando o valete de espada em algo contra o rei de copas. 

— Traduza. 

— O que eu sei é que o Scorpius é o rei de copas e o Ryan o valete de espada. Por um tempo eu achei que Rose seria a dama de ouro e Scorpius o rei, mas não, o ouro está simbolizando uma relação de sangue. A dama de ouro e o rei de ouro são parentes e têm conflito com o valete de paus. Agora, faz sentido que a dama seja Lílian e o rei seja Alvo. 

— Será? — Ernesto pendeu a cabeça, as sobrancelhas quase juntas enquanto analisava atentamente as cartas. — Senhorita Weasley, sou obrigado a pedir um favor para você. 

— Qual?

— Não quero que você fale com ninguém sobre isso, nem com suas primas. Por hora, não vamos tomar nenhuma atitude, visto que Rose está praticamente no fim da gestação. Draco me informou sobre o antídoto que ela irá tomar depois que a criança nascer… Eu gostaria que você ficasse ao lado de Rose, atenta. Não importa o que aconteça em volta de vocês, tenha em mente que o seu foco é cuidar dela. E do bebê. 

Num longo suspiro, Roxanne pôde sentir seu corpo estremecer com a tão real possibilidade de Ernesto tornar-se verdadeira. Não havia outra forma de pôr um fim à fatídica situação que assolava os mais remotos terrores de sua família senão encarando de frente o problema. E, se fosse para colocar a verdade sobre a mesa, Ryan McLaggen poderia ser uma pessoa detestável, mas definitivamente não era invencível, não conseguiria estragar a vida de alguém por bel prazer e sair imune. O problema era que, naquele instante, o auror não conseguia passar uma realidade menos ruim para a família Weasley. 

Após deixar o Ministério da Magia, Roxanne aparatou na casa de seus tios. Tudo estava aparentemente vazio, exceto pelo casal de adolescentes que dormia no quarto do bebê. Rose na poltrona, o pescoço acomodado no próprio ombro e Scorpius deitado sobre suas pernas, com a mão entrelaçada na dela. Roxanne encostou-se na porta, cruzou os braços e esperou pacientemente para que um dos dois acordassem para tomarem café da tarde; seu estômago roncava, talvez mais alto do que o barulho de sua mente assimilando a conversa com Ernesto Macmillan. 

A partir disso, a neblina de falsas esperanças continuava embaçando os corações aflitos, maquiados pela expectativa da chegada de Leo, o marco-zero para o fim da grande onda de azar que os assolava. Foi num dia chuvoso, dezoito de setembro, às oito e trinta e quatro da noite que o destino pareceu dar uma trégua, um bálsamo de olhos acinzentados capaz de trazer a luz de volta às vistas dos que já eram incapazes de enxergar. 

A recepção do St. Mungus borbulhava com toda a família Weasley ocupando os sofás, bancos, paredes e chão; Ronald andava de um lado para o outro, mordiscando os cantos das unhas, não controlando seus repentinos sorrisos que o faziam rir. Harry observava a cena, achando graça junto com a esposa; Hermione e Astoria trocavam algumas palavras, ambas apreensivas. Alvo, por sua vez, parecia estar em outro mundo, encostado à parede, fitando o piso, esperando o menos pior junto com Roxanne. Levou um bom tempo para que Draco aparecesse com boas notícias para alegrá-los de vez. 

Quando Ronald, Hermione e Astoria puderam ir ao quarto onde Rose estava, ela amamentava o bebê, com Scorpius ao lado da cama assistindo a cena maravilhado. Segurá-lo nos braços foi a melhor sensação que ele pôde experimentar na vida, era como se estivesse com o próprio coração rendido nas mãos, sentindo-se aquecido e imune aos ventos que sopravam forte ao seu lado; e vê-lo, ali, junto com a garota ruiva por quem se encontrava perdidamente apaixonado, o fez perceber a imensidão do impossível que faria para mantê-los sempre perto, seguros, e imensamente amados. E Rose, por sua vez, não conseguia conter suas lágrimas ao, finalmente, rever o brilho cuja ausência tanto lhe afligia desde o seu pesadelo em Hogwarts. Os pequenos olhos cinzas de Leo, nas rápidas vezes que se abriram, conseguiram iluminar até o mais escuro canto de Rose, não mais crédula de que tudo não voltaria ao normal. 

No dia vinte de Setembro, por volta das seis horas da tarde, Rose deixou o St. Mungus sob a autorização de Draco e retornou ao conforto de seu quarto para que logo mais tomasse a poção. Mesmo tentando parecer bem, fracassava miseravelmente devido à incessante tontura desnorteadora. Não tinha o mínimo de fé no que estava prestes a acontecer, tampouco via necessidade naquele escarcéu que há meses se desenrolava; simultaneamente, algo dentro de si trepidava com a possibilidade de não acordar dali algumas horas. Draco não fora muito preciso quanto à duração, suas palavras consistiram num consolo pseudo-esperançoso que apenas serviram para deixá-la mais nervosa. Teoricamente, não ter mais seu bebê na barriga lhe deixaria mais fraca pela falta de magia, mas poder tocá-lo e sentir seu calor, sem dúvidas, lhe faria enfrentar qualquer coisa porque a ideia de não poder viver com ele era pior do que qualquer maldição. E ao segurar a sua dose líquida de destino, temeu por sua vida. 

— Vai ficar tudo bem — foi Scorpius quem sussurrou, beijando o dorso de sua mão. 

Assentiu, amedrontada, e tomou o antídoto violeta de uma só vez. Aos poucos, viu a imagem de seus pais ficando distante enquanto parecia ser imersa de volta ao sonho da noite em Wiltshire; contudo, sem sua constelação guia iluminando o céu, sem Roxanne lhe dando coordenadas, sem Scorpius se aproximando para lhe levar para dentro. Escorada ao parapeito, encarava a escuridão da própria existência, e a voz de Draco parecia ecoar na imensidão do vazio. 

— Ache tudo o que foi perdido — disse, olhando a garota adormecida por alguns instantes, tentando achar algum resquício de confirmação de que ela era capaz de lhe ouvir. — Ela deve acordar amanhã. 

— O que foi perdido? — Ronald perguntou com os olhos arregalados, tendo como resposta um balançar de ombros. — Como não sabe o que acabou de dizer, Malfoy?

— Uma poção não muda apenas um comportamento, ela muda uma ideia. Quando temos um sono induzido para nos curarmos, significa que temos que achar essa cura dentro de nós mesmos. Para ela ter sido enfeitiçada, alguma parte foi retirada para que pudesse ser substituída. Se ela puder ouvir a minha voz, vai procurar e sair do labirinto mais rápido. Como eu disse, ela deve acordar amanhã. 

Embora Draco não parecesse tão otimista quanto a sua fala, um certo alívio preencheu o ambiente. Deixaram que Rose descansasse, e Roxanne se prontificou a ficar no quarto com ela o quanto fosse necessário — para seguir o pedido de Ernesto e, também, numa tentativa de ver algo em seu baralho —, até mesmo porque precisava de um tempo para responder às cartas de Dominique, que havia ido para a França na casa de sua tia Gabrielle; seus principais tópicos era entender tudo o que acontecia e, de certa forma, ajudar Roxanne a exercitar suas habilidades. A Delacour tinha lá suas apostas sobre o valete, mas nada capaz de clarear a situação; tudo, apenas, ficava pior conforme a grande linha do destino de Rose começava a se desenrolar. 

O relógio marcava quinze para as oito quando Ronald e Hermione saíram para comprar coisas para o jantar, deram de topo com Alvo nos jardins antes de seguirem alguns quarteirões até um mercado trouxa próximo. Alvo demorou por conta de sua despedida do pai, que tinha uma viagem marcada para Manchester naquela noite por conta de alguns assuntos do Ministério; avisou sua mãe que ficaria até tarde na casa dos tios junto com Scorpius. 

— Ele parece com você — o Potter disse baixinho, inclinado sobre o berço. — É, amigão, vamos torcer para você parecer mais com a mamãe quando crescer, mas sua carinha de joelho é agradável por hora… — sorriu, acariciando a bochecha macia do bebê dorminhoco. — Será que ela vai demorar para acordar?

— Espero que não — respirou bem fundo, seguindo o amigo para fora do quarto. — É estranho pensar que as coisas podem voltar ao normal sendo que eu nem me lembro desse normal. O que eu sentia continua aqui dentro, mais forte do que nunca, mas… Ela vai acordar e sentir tudo como há meses atrás? Ou vai simplesmente ter a mente limpa dessa confusão toda? Uma amnésia? E se ela não… 

— Eu não acredito na possibilidade de amnésia, porém, se isso acontecer, provavelmente ela vai voltar para algum marco importante de vocês. Se tudo isso é sobre amor… Ela pode voltar para o exato dia que tudo congelou. Outro dia eu estava conversando com a Alice sobre essas coisas — Alvo parou, na ponta da escada, e sorriu. — Eu não me lembro de quando me vi apaixonado por ela, mas lembro perfeitamente de quando ela me disse que tinha fortes e incontroláveis sentimentos pela minha pessoa, segundo as exatas palavras dela… — ele estendeu o braço ao ombro de Scorpius, chacoalhando-o divertido numa tentativa de aliviar o clima. — Talvez Rose possa ter parado em algum momento desses… Entende? Na hipótese da amnésia, mas acho que não. 

— Também acho que não. 

Descartando mais outras alternativas do Potter, eles foram para a cozinha arrumar a mesa do jantar. Alvo percebeu quando Scorpius ficou mais pálido do que a genética Malfoy lhe fazia ser, provavelmente atormentando sua mente cansada com fantasias horripilantes. A maior causadora da sensação angustiante fosse a memória da sua primeira declaração bem esclarecida para Rose, quando ainda estavam em Hogwarts e ele não sabia lidar com o fato de que gostava muito dela, muito mais do que imaginara conseguir com seus hormônios e delírios adolescentes. Seu temor, naqueles dias que queriam tornar-se enfim ensolarados, era que nunca mais houvesse uma possibilidade de tudo se acontecer como era o esperado: dias bons, dias em que o amor lhes bastaria como um escudo de todo o mal do mundo. 

— Rosie — ele suspirou seu nome de uma forma que fez a garota sentir seu corpo inteiro arrepiar ao mesmo tempo em que a parte racional de sua mente lhe alertava sobre as consequências de continuar fitando o rapaz. —, eu sei que não sou um exemplo de nada, sei que a minha integridade moral perto da sua talvez não chegue a dez por cento, sei que agi feito uma criança, sei que talvez não seja a pessoa ideal para te garantir uma felicidade eterna mas — Scorpius deu mais um passo, repousando suas mãos na nuca de Rose e acariciando seu rosto com um polegar. —, de uma forma louca e inconsequente, eu-

— Pare — pediu movendo o olhar para baixo. — Não diga que está apaixonado por mim, porque sei que não está.

— Realmente, não estou — riu quase que silenciosamente. Rose arqueou uma sobrancelha enquanto encarava aquela situação como óbvia. As mãos de Scorpius fizeram sua cabeça levantar e causou o encontro nada indiferente dos olhos tempestuosos com os olhos de um vasto campo no inverno. Sem dúvidas Scorpius queria, assim como sentia que devia, ser o verão na vida de Rose Weasley. — Eu sou apaixonado por você, Rose Weasley, desde o dia em que você praticamente me expulsou da sua casa pela manhã.

Foi como se o tempo congelasse naquele exato minuto. 

Na realidade presente, fora desperto de seu devaneio com o soar da campainha. Arrastou-se em passos lentos até à porta, perguntando-se quem estaria lhes incomodando àquela hora; todos os Weasley sabiam da atual situação. Ao abri-la, porém, sentiu uma injeção de adrenalina em sua veia. Era Ernesto Macmillan junto com um outro auror ao lado, segurando seu distintivo. 

— Ernesto?

— Scorpius — saudou. — Alvo Potter está?

A ocasião não parecia propícia para que ele fosse convidado a entrar. Receoso, Scorpius chamou pelo amigo, que apareceu de pronto com um largo sorriso no rosto. 

— Ernie! A que devemos a honra? — aos poucos, sentiram como se o próprio chão estivesse tremendo, ou a fina corda na qual se equilibravam há meses estivesse mais bamba do que o previsto para aquela noite. Novamente, tudo parecia desabar. 

— Você está detido pelo seu envolvimento no envenenamento de Rose Weasley.

 

 


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Notas finais do capítulo

Nunca me senti tão insegura postando um capítulo. Porém, tudo faz parte de um plano maior, vamos confiar nisso [embora seja totalmente compreensível a vontade de matar o Ernesto]. Leo chegou, Rose nanou, Alvo rodou e Scorpius provavelmente chorou kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Devo dizer apenas que o próximo capítulo sairá em breve. Estou pensando se vai ter 34 ou 35, mas não gosto do número 34.

Espero que tenham gostado. Vamos atualizar as teorias porque teve alguém que entrou nessa investigação, certo? Acho que todos já sabem quem é the cumplice.

Nesse tempo que passei longe, postei uma história nova scorose. Summer Camp, quem quiser dar uma passadinha por lá ♥

https://fanfiction.com.br/historia/792367/Summer_Camp/

Um grande beijo para vocês! ♥ ♥ ♥