Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 31
Tulipani Blu


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEE! Tudo bem com vocês, pessoal? ♥

Quero agradecer a todos que comentaram no último capítulo e compartilharam suas teorias comigo, aos que favoritaram, aos novos leitores e a todos que estão acompanhando ♥

Como a MariGuedes disse: estou triste por estar acabando & ansiosa para ver o McLaggen se ferrando kkkkkkkkkkk vocês estão no caminho certo das teorias e hoje teremos a ilustre presença [nada]especial de um personagem [nada]querido. Vamos ter fé no Ernie e cruzar os dedos, taokei?

Espero que gostem!

Boa leitura ♥


► PLAYLIST
https://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw&list=PLm_bv0SbG68UdaGyxvje2S6Vyd79Z5tmc

*Tulipani Blu = Tulipas Azuis

Ps. o título chega a dar medo, eu sei kkkkkk



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Rose olhava Scorpius de soslaio enquanto andavam em direção à casa de seus avós. Ele estava quieto fazia alguns dias, ainda não havia digerido muitas coisas, e isso levou Rose a pensar que talvez o necessário no momento fosse lhe dar um pouco de espaço. Estavam nos primeiros dias de julho; ao mesmo tempo que tudo parecia correr numa velocidade que não lhes permitiam entender algumas coisas, a vida parecia estar marchando em passos lentos, como uma cena em câmera lenta antes de uma caída num precipício. Olhando para Scorpius era consideravelmente fácil notar o cansaço em sua feição, a desesperança impregnada em seu tom de voz, a desilusão em seus passos. 

Ele parecia não saber o que estava fazendo ali. Rose parou subitamente de andar ao considerar tal hipótese, e não demorou para que o rapaz parasse também e se virasse em direção a ela. 

— O que foi? — seu rosto estava sério, as sobrancelhas arqueadas evidenciando sua quase irritação. Ela parecia estar exigindo muito dele, e de alguma forma parecia algo claro para si mesma. — Rose?

— Você está estranho. 

— Não dormi direito à noite — enfiou as mãos nos bolsos da calça, ficou encarando a garota por alguns instantes. — Vamos. 

— Você não queria vir? — ele suspirou, dando ombros. — Queria ou não?

— Qual a diferença?

— A diferença é o seu querer, não tem que fazer as coisas só porq-

— Só porque você está grávida do meu filho. Tá bom, Rose, você já fez essa observação outras vezes — revirou os olhos. — Podemos ir? 

Ela se rendeu, vendo-o se afastar sem esperar sua resposta. 

Molly havia convocado todo o clã Weasley para um grande almoço já que fazia séculos que não via todos seus netos, além de que já era o suficiente Carlinhos e Bill não estarem presentes naquele verão para a família toda se reunir. Scorpius estava indo de bom grado, principalmente por ter recebido uma intimação direta tanto de Molly quanto de Ronald; a única coisa que lhe rondava os pensamentos era o fato de que Rose estava vivendo numa montanha-russa e constantemente lançando-o fora do assento ao seu lado, mas nem isso era capaz de tirar o sentimento que, além de lhe fornecer combustível para o trajeto de infortúnios, dominava seu peito. 

Quando chegaram até a casa, ele deu passagem para que ela fosse em sua frente. E, Merlin, ela estava tão linda dentro daquele vestido amarelo larguinho. Scorpius desejava ver em seu rosto um sorriso sincero, o típico brilho que havia dentro dos olhos verdes de Rose, as bochechas coradas por causa de risadas, algum olhar que indicasse que tudo o que estavam passando era por causa do encantamento e não por suas próprias escolhas. Seria difícil de lidar com uma realidade onde Rose vivesse sem ele — pior ainda se ficasse com alguém como o McLaggen —, seria difícil ver diante dos seus olhos a perda de quem ele sabia que era um grande amor de sua vida, seria difícil abrir mão de uma vida com ela. Já havia decidido em seu interior que quando chegasse o momento de escolha, ele não pestanejaria em escolher a felicidade dela, em deixá-la ir se esse fosse o seu desejo; o problema era que tudo isso massacrava o seu coração aos poucos, como se estivesse sendo o alvo de flechas afiadas. 

O sorriso de Scorpius foi genuíno quando os avós de Rose olharam para sua barriga, falaram com Leo e mostraram como estavam felizes por ter a chance de conhecer o primeiro bisneto. 

— Nem Teddy e Victoire nos deram essa honra ainda — foi o que Arthur disse antes de abraçar Scorpius, dando tapinhas em suas costas. Ele riu, é claro, aproveitando que Rose estava com sua munição em baixa para passar o braço por seus ombros e acariciar sua pele. 

Ela ainda não havia deixado Scorpius se aproximar o suficiente para tocar sua barriga, porém isso não impedia que ele acordasse no meio da madrugada, ficasse de joelhos ao lado da cama e conversasse com Leo enquanto Rose roncava num sono profundo. Scorpius queria que seu filho soubesse que mesmo sem o seu toque, talvez sem o próprio sentimento de Rose, ele estava ali, bem ao lado, e não largaria aquela situação enquanto não estivesse resolvida, não abandonaria seu filho, não abandonaria a mulher que amava. 

Tudo chegou a parecer normal naquele dia. 

— As coisas estão normais — James Sirius deu ombros, aparentemente desanimado. — A vida de adulto não parece tão glamurosa quando sua única responsabilidade é ir trabalhar. 

— E as namoradas, Jay? — a voz brincalhona de Lily despertou alguns sorrisos, embora fosse um tópico que Rose quisesse muito escutar. 

— Não tenho tido tempo para isso. Devo perguntar sobre os seus? 

— Claro que não. Você acha que só porque estou em Hogwarts ainda tenho o mesmo tempo que você tinha?

— Você nem é das mais estudiosas, Lilian — ela fingiu-se de ofendida —, e é toda interessada no Zabini desde que ele pisou em casa. 

— Não vou nem falar em quem você é interessado desde que nasceu, James, porque sou uma irmã legal.

— Desde quando você é uma irmã legal? — Alvo se meteu, sério. — Você nunca foi legal comigo.

— Fazer o que? Eu tenho meu irmão favorito — suspirou negando com a cabeça —, e não é você. 

— Idem. Por que não conta do seu namorico com o Zabini pro seu irmão favorito, então?

— Porque não tem namorico, bocó — retrucou, aos poucos tendo o rosto avermelhado. 

— Hm, sei… Estamos meio desentendidos, acho que não está falando nem com o Scorpius… Talvez eu devesse mandar uma carta pra ele para resolvermos as coisas, é estranho ficar assim.

— Acho que foi a primeira coisa sensata que eu ouvi sair da sua boca, Alvo — James o parabenizou com um tapa no ombro. 

— Cartas são sempre um bom meio de resolver as coisas apenas quando — Rose interrompeu a conversa, fitando o primo mais velho tediosamente — usamos as palavras certas. 

James pareceu concordar, meneando a cabeça e engatando num papo sobre seu novo trabalho no Ministério. Era estranho como ele e Dominique agiam — sozinhos — da mesma forma, talvez dentro de um mecanismo de negação da realidade ou sabe-se lá o que; a única coisa certa e inevitavelmente clara, era que todo aquele sentimento não tinha mais lugar dentro do plano do real. Além de tenebroso, um pouco ameaçador. A única semelhança perceptível para Rose consistia na sensação de vazio que persistia há meses dentro do olhar de Scorpius; ela não entendia como, a cada dia, tudo se tornava menos, em questões de existência e intensidade. 

Durante o tempo que ficaram na Toca, o coração de Rose parecia ter adotado um ritmo mais dolorido, cansado. Enquanto sua mente se ocupava na luta travada de escolher um veredito para Scorpius, algo a fez observá-lo durante todo o tempo. Ele era bom em esconder sua expressão de descontentamento, ou chateação, mediante tudo aquilo, principalmente atrás de suas sobrancelhas arqueadas e maxilar travado de nervoso. Scorpius já não era mais o mesmo garoto, havia entrado na trilha dos homens… Forçadamente. Naquele dia em específico, ele suspirava bastante, passava a mão pelos cabelos que quase batiam abaixo da orelha, ouvia Ronald falar quase que com uma devoção, mas não disse nenhuma palavra em direção a ela, tampouco teve algum gesto. 

Ela estava encostada à beirada da pia da cozinha, vendo Hugo lavar a interminável louça devido às ordens diretas e retas de Hermione, tendo os ouvidos preenchidos sobre alguma coisa de quadribol, quando sentiu sua barriga ser chutada. Forte. Imediatamente, seus olhos se arregalaram; já tinha sentido seu bebê algumas vezes, mas não como aquela, não com aquela onda mágica que tomou seu corpo e fez um sorriso largo estampar seu rosto cheio de mágoas. Ela não teve tempo de ouvir o comentário de seu irmão sobre o fenômeno, nem de pensar muito no que fazia, foi bem rápido até onde Scorpius estava comendo — pela terceira ou quarta vez — um suflê glacial de flocos de neve que Molly tinha feito. Parou em sua frente, interrompendo o que seu primo dizia. 

— O quê? — lambendo os cantos da boca, ele levantou o olhar desentendido. Ver Rose sorrindo tinha se tornado um evento raro. Ela pegou a mão desocupada do potinho de suflê e a colocou em cima de sua barriga. 

— Ele está chutando — disse animada, colocando suas próprias mãos sobre a dele. Scorpius demorou um pouco para processar o que estava acontecendo, mas um certo brilho maravilhado inundou seu olhar. E Rose percebeu. — Está sentindo? 

Sim.

Definitivamente, sim.

Não sentia apenas seu filho ali, sentia sua magia tomando conta de Rose, do momento, deles. No final das contas, era Roxanne quem estava certa: o bebê era a fonte de magia que impediu a mãe dos efeitos colaterais de uma poção adulterada, era ele quem insistia e lutava diariamente para preservar as coisas importantes que o juízo bagunçado de Rose não conseguia enxergar, era ele quem parecia estar ficando mais forte para expulsar qualquer resquício de algo que não fosse amor. Porque, ali, ambos corações pareciam transbordar em amor. Já não era tão relevante levar as ações de Rose em conta, e ela, por sua vez, conseguia ver um fiasco de luz dentro dos olhos cinzas nublados de Scorpius. Deveria ser um sinal de que tudo aquilo estava prestes a chegar ao fim. 

Ficaram ali, tentando sentir mais um pouco de Leo, por mais alguns instantes, e antes que Scorpius pudesse controlar seu sorriso para dizer algo, Rose sentou-se no colo do rapaz, envolvendo-o num abraço que há tempos não compartilhavam; em retribuição, ele a segurou forte, aconchegando seu rosto na curva do pescoço dela, aproveitando ao máximo o perfume delicado, o cheiro suave dos cabelos ruivos. Havia duas coisas capazes de explicar o motivo de querer permanecer ali para sempre: a saudade e o temor daquele momento não voltar a se repetir. 

[...]

— Ryan Edward McLaggen — Ernesto Macmillan estendeu a mão, por cima da mesa, sendo rapidamente correspondido. Ambos sentaram-se e, durante alguns minutos, houve um grande silêncio na sala; o auror lia algumas folhas amareladas. — Imagino que esteja se perguntando o que faz aqui. 

— Não tanto, senhor. As alternativas do que se pode fazer no quartel dos aurores são poucas — o tom arrastado do rapaz não fazia jus ao quase sorriso em seu rosto. — Estou disposto a ajudar com o que for necessário. 

— Ótimo, senhor McLaggen. Posso chamá-lo apenas de Ryan? — com um aceno, Ernesto endireitou-se na cadeira, apoiando ambos cotovelos sobre a mesa. — Estamos aqui porque um inquérito foi aberto para investigar o possível caso de envenenamento de Rose Weasley. Seu nome apareceu algumas vezes durante os depoimentos, e eu gostaria de fazer algumas perguntas. 

— Quantas quiser, senhor. 

— Há quanto tempo conhece Rose Weasley?

— Desde o primeiro ano de Hogwarts, nós entramos juntos e, sendo sincero, quem não sabe os nomes de todos os Weasley e Potter? Lembro perfeitamente dela sendo selecionada para a Grifinória. Assistimos várias aulas juntos, e algumas não-obrigatórias, como Aritmancia Avançada.

— Vocês sempre foram amigos?

— Não. Começamos a nos aproximar no recesso de inverno do sétimo ano, quando meu irmão foi convidado pelo primo dela, James, para passar o ano novo na casa dos avós dele. Ela estava lá, fomos apresentados, e a partir disso desenvolvemos uma boa amizade. 

— Vocês se falam bastante?

— Tínhamos longas conversas em Hogwarts, estudamos juntos para os NIEMs… Rose é realmente muito dedicada e inteligente. 

— Certo. Vocês tiveram algum outro tipo de relação?

— Outro tipo? Não. Rose, apesar de ter um QI acima da média, caiu na armadilha do Malfoy e… Estão juntos sabe-se lá desde quando. 

— Você sentiu algo por ela? Ou ela por você?

— Ela eu não sei, senhor, não sou bom em legilimência. Eu… Um pouco. Mas sei reconhecer o meu lugar, e respeitar a escolha dela. Apesar de não ser das melhores, evidentemente. 

— Evidentemente?

— Eles são um casal estranho, parecem que vivem desentendidos e… Rose parece triste na maior parte do tempo. 

— Imagino que ela esteja passando por um momento difícil, Ryan, digo... — Ernesto encostou-se na cadeira, relaxando os ombros. — Uma gravidez na adolescência, formatura, futuro incerto. Ela é um ser humano, não deve estar sendo fácil, hum? 

— Com toda certeza. 

— Agora, me conte sobre Scorpius. Como o conheceu?

— Antes de Hogwarts, a família da mãe dele era um pouco próxima da minha, principalmente Daphne, a irmã de Astoria. Ficamos mais próximos quando fomos selecionados para a Sonserina, éramos melhores amigos, mas acabamos nos desentendendo por causa de uma garota e o Scorpius é do tipo que cultiva rancor. Ele diz me odiar desde então. 

— Vocês dividem dormitório?

— Não, graças a Merlin. Acho que é ele, o Potter, Zabini, Travers e McDough que dividem.

— E sobre o Potter e o Zabini, é próximo deles?

— Não. O Potter é tão detestável quanto o Malfoy, ambos sofrem de uma terrível síndrome do sol, acham que têm razão o tempo todo, não sabem lidar com frustração e são extremamente petulantes. Zabini é tolerável. 

— Como foi a reação de Scorpius ao ver você no recesso de inverno? Ele também estava na casa dos Weasley.

— Dramática. Scorpius é essencialmente dramático, um pouco persecutório, acha que eu vivo em função de atormentar a vida dele. 

— E por que acha isso?

— Por conta da garota! — Ryan riu, negando com a cabeça. — Não aceitou a perda. Esse é o problema de ter tanto ouro, não sabe perder o que não se pode comprar. 

— Você acha que ele tem medo de perder a Rose?

— Não sei. É como se fosse um troféu para ele, não acha? Conquistar Rose Weasley. Não duvido de que ele faria de tudo para ficar com ela, apenas para deixar de ser o Malfoy filhote de comensal. 

— Tudo o quê?

— Tudo. Scorpius não é santo, nunca foi, nunca será. Você acha que Rose engravidou como? — diante da pergunta, Ernesto decidiu ficar calado. Ryan tinha um sorriso no rosto, os olhos exalando um brilho desconexo. — Espero que tenha entendido a minha colocação, senhor Macmillan. Sei que parece absurdo, mas eu conheço Scorpius Malfoy. Ele não é flor que se cheire. 

— Então você acha que a gravidez foi um objetivo de Scorpius por ele não querer perder a garota? 

— Basicamente. 

— Seria você uma ameaça para ele, Ryan?

— Eu? Talvez — deu ombros. — Não posso afirmar que Rose nunca sentiu nada por mim, mas também não posso dizer que sentiu. Scorpius é persuasivo, desconfiado, possessivo. Não aceitaria perder. Quer um exemplo?

— Por favor. 

— Na noite de formatura, ela estava preocupada por ter perdido o colar que ele lhe deu. Realmente preocupada. Mais do que o normal por algo tão insignificante. Ele deve ser um carrasco com ela, senhor Macmillan, na melhor das hipóteses. 

— E ela encontrou?

— Sim. Eu encontrei caído no chão. 

— E como sabia que era dela? 

— Sempre a vi usando. 

— Certo. O que você pode me dizer sobre uma ida a Hogsmeade em que vocês foram juntos?

— Comemos cupcake de amora selvagem naquele dia, conversamos um pouco na Madame Puddifoot. 

— Esse cupcake fez mal para você? Alguma dor de estômago ou…?

— Não — negou com a cabeça. — Depois que ela me contou que estava grávida fiquei pensando se não era apenas um sinal de gravidez. 

— Pode ser, pode ser. Lembra-se da aula de Herbologia em que ela passou mal? Ou do dia?

— Não, não era aula com a sonserina. Mas fiquei sabendo que ela foi para a Ala Hospitalar e que o próprio Draco Malfoy foi até Hogwarts vê-la. 

— Falou com ela depois disso?

— Sim, mas não necessariamente sobre o assunto. Ela parecia bem triste. 

— Talvez você sendo amigo dela, Ryan, possa me esclarecer algo. Parece que ela estava ingerindo balas azuis todos os dias?

— Ah, sim. São balas de Tulipas, importadas da Holanda. Minha mãe compra muito, diz que ajuda a nos sentirmos mais dispostos. Foi eu que dei para ela, para se animar, entende? Não gosto de vê-la triste, embora pareça ser uma consequência direta de conviver com Scorpius. 

[...]

Já era começo de Agosto e, estranhamente, tudo parecia estar normal. Rose andava cansada, sempre reclamando de dor de cabeça, passando grande parte do tempo em seu quarto, sem querer conversar com ninguém, nem mesmo Roxanne; não tinha apetite, disposição e acordava várias vezes durante a madrugada com pesadelos terríveis. 

— Mas por que ela não pode tomar essa coisa agora? Olhe como ela está! — Ronald teimava com Draco, andando de um lado para o outro dentro dos limites do tapete da sala. Hermione lhe estendeu a mão, suspirando profundamente. — Diga a ele, Hermione! 

— Eu entendo o que ele está dizendo, Ron — ela murmurou, sentindo-se tão frustrada quanto o marido. — Pelo menos temos uma solução concreta, isso já é um avanço. 

— Falta mais de um mês para ele nascer, é muito tempo — insistiu. — E se fosse uma dose mais fraca?

— Não adiantaria, Weasley, e depois poderia não fazer efeito, isso se algo pior não acontecesse. Um feto é muito frágil para sobreviver a tanta magia. 

— Ele não parece tão frágil assim. 

— Não vamos brincar com a sorte — Draco retrucou, levantando-se da poltrona, arrumando seu paletó. — Então fica definido que assim que ele nascer, dentro de vinte e quatro horas, ela toma o antídoto. Provavelmente vai dormir por um tempo.

— E se não der certo? 

— Ronald! — Hermione apertou sua mão bem forte, logo depositando um beijo. — Não pense nisso, não tem por que não funcionar. 

— A única coisa que eu consigo prever, Weasley, é que sem o bebê ela vai continuar enfeitiçada e um pouco pior, já que vai ter perdido seu escudo. Portanto, vamos torcer pelo melhor. 

— E o Leo, pai? Vai conseguir… Viver? — Scorpius perguntou ligeiramente receoso. Relaxou os ombros na medida que viu Draco assentir. 

Após despedirem-se com abraço apertado, Draco aparatou. Ronald e Hermione esperavam o Scorpius voltar de lá de fora encostados na porta de entrada do sobrado, e a senhora Weasley não mediu esforços para envolvê-lo em seus braços e dizer que tudo ficaria bem. Desde a formatura, quando convidaram Scorpius para ficar ali com Rose, conseguiram desenvolver uma relação, ou pelo menos o início de algo que envolvia amor e família. 

Scorpius ajudava nas tarefas domésticas, compartilhava com Ronald a animação pelas notícias sobre quadribol, jogava videogame com Hugo quase todas as noites, fazia as vontades de Rose, testava seus limites culinários para convencê-la a se alimentar melhor, passava horas conversando com Hermione sobre incontáveis assuntos. Ele tinha conquistado um espaço ali, muito bem definido, e já era possível percebê-lo apreensivo, como naquele momento. 

Fecharam a porta, foram para a cozinha preparar o jantar. Hugo desceu as escadas avisando que Rose tinha acordado e que estava tomando banho, ocupou um dos sofás para assistir televisão; Ronald contava sobre o caso no departamento de aurores que fez Harry ter de viajar para o norte da Inglaterra enquanto Scorpius lavava louça e Hermione fazia alguns ingredientes flutuarem em direção à bancada. 

— Ah, não — Scorpius reclamou, o rosto contorcido numa careta de desgosto devido ao copo que se quebrara em sua mão. 

— Você tem uma facilidade para quebrar coisas, né, garoto? — Ronald apontou a varinha em direção ao copo, refazendo-o, no mesmo instante em que o barulho da campainha preencheu a casa toda. — Já quebrou algum osso do corpo? Você tem cara de quem foi uma criança arteira. 

— HUGO, VÊ QUEM É! — Hermione gritou, lavando algumas verduras. 

— Quebrei o mesmo braço umas três vezes — o rapaz riu, enxaguando as últimas louças. 

— Eu já perdi as contas… Mas me lembro perfeitamente de morrer de medo que a minha mãe me matasse por ter que ir no St Mungus tantas vezes. 

— MÃE! É UM AMIGO DA ROSE!

— QUE AMIGO? 

Os três olharam em direção à porta, e pelo insucesso de avistar com precisão, Hermione deixou as coisas na pia para ir até lá; Scorpius a acompanhou, Ronald ficou onde estava. Conforme se aproximava, o coração do Malfoy parecia querer pular para fora do peito, os olhos arregalados de incredulidade e raiva na medida em que via com mais clareza a figura de Ryan McLaggen segurando um buquê de tulipas azuis. 

— Boa noite, senhora Weasley, desculpe-me por aparecer sem avisar — sorriu cínico, como de costume.

— O que está fazendo aqui? — Scorpius perguntou, sentindo-se consumir em ódio, principalmente após ser ignorado. 

— Rose está em casa? 

— Hm, sim… — Hermione riu, um pouco nervosa com a situação. — Hugo, vá chamar sua-

— Ryan! — a voz de Rose, pela primeira vez em meses, saiu num tom alto, levemente agudo, cheio de emoções completamente opostas à tristeza ou desilusão. Só podia ser um pesadelo, talvez o maior e pior que a mente de Scorpius produziu em toda sua vida. 

Rose desceu as escadas o mais rápido que pôde, os cabelos ainda molhados, as bochechas avermelhadas por um sorriso. Ela estava sorrindo. Sorrindo. E não mediu passos, tampouco esforços, para abraçar o McLaggen durante minutos intermináveis, recebendo as tulipas em seus braços ao se separarem. Respirou fundo o perfume das flores, mal podia conter a animação que borbulhava na boca de seu estômago. 

Não era tão fácil explicar a situação e, na verdade, ela não se importava muito em encontrar alguma maneira para racionalizar aquele momento. Estava sendo preenchida de vitalidade, de brilho, de algo tão forte quanto os raios solares às três horas da tarde; totalmente encantada, seu corpo seguindo os passos ideais característicos de uma paixão adolescente. Embora consciente de que Ryan era seu amigo, sentia-se exageradamente feliz pela presença dela e não conseguia achar estranho. Eram amigos, não eram? Foi o que motivou ela a abraçá-lo mais uma vez. 

Por outro prisma, Scorpius não tinha estrutura para aguentar aquela cena patética na frente de suas orbes cinzentas. O que Ernesto Macmillan precisava para descobrir que a suposta grande mente por trás disso tudo era o McLaggen? Ele nem disfarçava seu contentamento em estar irritando Scorpius, ganhando na pseudo-competição que tanto fantasiava, provando poder ter mais do que as merrecas que o Malfoy tinha conquistado com muito suor ao longo do mês. Se fosse por Scorpius, talvez o expulsaria dali aos murros, azararia até a quinta geração de sua família, entregaria seu pescoço numa bandeja para Ronald — que, inclusive, não parecia estar achando nada demais na repentina aparição, apenas estranho o fato de não saber sobre esse tal amigo. Hermione, contudo, trocou um discreto olhar com o rapaz durante a euforia de Rose. 

— Quer ficar para o jantar? — ela perguntou, sentindo o aroma das flores mais uma vez. 

— Não, não, Rose. Eu só vim para entregar essas flores, ver como você está, vou a um jantar com os meus pais aqui perto. 

— E como descobriu o endereço, Ryan? — o Malfoy cruzou os braços, quase rangendo os dentes. — Pelo o que bem sei, andar em bairros trouxas não é bem o seu feitio. 

— Tudo se consegue com magia, Scorpius, deveria saber disso. Porém, foi a prima de Rose quem me disse. Lilian. 

— Não sabia que eram próximos.

— Temos amigos em comum — suspirou, levando a mão ao ombro de Rose. — Acho melhor eu ir antes que me atrase, mas prometo voltar quando esse garotinho nascer. Tudo bem?

— Tudo bem. 

Antes de ver mais um abraço nojento, Scorpius voltou para a cozinha junto com Ronald. 

O único ruído na casa dos Weasley, depois da porta de entrada se fechar, consistia num reality show que Hugo assistia na sala; até mesmo durante o jantar ficaram quietos, às vezes respondendo algum comentário de Rose, cuja felicidade transcendia o tempo e espaço. Scorpius não experimentou das melhores emoções, diga-se de passagem; não gostava de pensar que talvez Rose achasse que ele estava com ciúmes, porque… Ele estava um pouco sim, afinal de contas, ele era um ser humano vulnerável à escassez de afetos por parte dela, mas não era motivado somente por isso; tinha lá suas razões atemporais para não gostar do McLaggen, e era quase um ultraje não ter sua palavra levada em consideração quando também se via sofrendo com tudo aquilo. Apesar de ter em seu coração a coragem de fazer qualquer coisa por Rose, sua mente a condenava constantemente por tratá-lo com tanta indiferença desnecessária. 

Após todos irem dormir, tratou de queimar as flores na lareira, guardando apenas uma num saco plástico para mostrar para Ernesto. Subiu as escadas se arrastando, chateado por provavelmente ser chutado para o chão ao lado da cama de novo. Tinha sido uma conquista dormir num lugar aconchegante depois de tanto desconforto nas costas, e pensar em voltar não era nem um pouco reconfortante, simbolizava retornar à estaca zero, o que fez seus olhos lacrimejarem. 

Alguns dias após sentirem Leo chutar, Scorpius estava arrumando sua cama no chão, contando sobre as coisas que Astoria lhe havia escrito numa carta, quando Rose disse que, se ele quisesse, poderia dormir na cama com ela. Pareceu um sonho. Um lindo sonho. 

Nos minutos seguintes ele já tinha se aconchegado ao lado esquerdo da cama, contendo-se para não abraçá-la ou fazer qualquer coisa capaz de deixá-los distantes. Era o suficiente não sentir o chão duro, poder respirar o perfume dela mais de perto; sua noite fora ótima, a melhor de meses, e seu coração se iludiu com a possibilidade de tudo voltar ao normal, principalmente quando os dedos quentes de Rose tocaram os seus antes de pegarem no sono. 

No entanto, graças ao McLaggen, seu nariz já estava congestionado quando entrou no quarto. Rose ainda estava de olhos abertos, observando seus passos cautelosamente. Sem dizer nada, ele pegou um cobertor dentro do guarda-roupa e foi até o seu lado da cama para pegar um travesseiro, desencorajado de encará-la. 

— O que está fazendo?

— O que acha que estou fazendo? 

— Não sei…  — ela estendeu o braço pelo espaço vazio ao seu lado. — Não vai dormir aqui?

— Pensei que… — perdeu a fala, negando com a cabeça enquanto tirava os chinelos e deixava o cobertor extra no chão. Não precisava criar mais uma batalha para aquela guerra. Arrumou o travesseiro, deitou, esticou o braço por cima da cabeça enquanto fitava o teto, respirando com a boca na tentativa de se recompor. 

Suas expectativas estavam mais baixas do que nunca. Rose se aproximou dele, esgueirando-se para deixar um beijo no canto de sua boca, mas nem isso fora o suficiente para convencê-lo de que as coisas poderiam continuar no ritmo de melhora. E ele não estava sendo pessimista.  

Naquela noite, demorou horas para pegar no sono, principalmente por perceber que Rose lhe fitava com um olhar distante e gradativamente mais vazio. Se pudesse, não conteria suas lágrimas no travesseiro; necessitava que complicada situação que viviam chegasse ao fim. Queria viver em paz, com Rose, com seu filho, seguir sua vida… Só. Não era muito, mas parecia impossível, o que lhe rendia várias horas acordado durante a madrugada. Quando finalmente conseguiu fechar os olhos para dormir, viu-se sendo acordado por um movimento brusco ao seu lado. 

Rose estava sentada na cama, o corpo curvado, o fungar do nariz preenchendo todo o quarto; estava vomitando, colocando todo o jantar e sabe-se lá mais o que para fora. Scorpius pulou da cama, acendendo a luz, prostrando-se ao seu lado sem muita noção do que fazer. 

— Saia daqui — pediu com a voz embargada, a caixa torácica subindo e descendo enquanto chacoalhava a mão numa tentativa de respirar melhor. Scorpius ia dizer algo, mas fora calado ao perceber que o vômito no chão tinha um aspecto azulado. — SAI. DAQUI. 

— Vou chamar seus pais — foi o que ele disse antes de correr até o quarto dos Weasley. 

Enquanto ambos ajudavam a filha, Scorpius mandou um patrono para o pai e desceu até a cozinha. Pegou um pedaço de pergaminho e escreveu, em letras garranchadas, o que tinha acontecido para Roxanne, frisando as poucas palavras que saíram da boca de Ryan McLaggen durante sua estranha visita. 

 


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? O que acharam dos momentos fofos scorose, do depoimento do McLanche e das suas tulipas azuis? :D

Já comecei a escrever o próximo capítulo, poréeeeeeeem eu só vou poder postar quando finalizar o 33 e o 34. Preciso deles em mãos, preciso de atenção, preciso de uma reunião com o Ernesto kkkkkkkkkkkkkkkkkk Fé no Ernie que tudo dá certo [tomara, né!]

Espero que tenham gostado do capítulo e quero ver todo mundo atualizando as ideias, ok? ♥

Um grande beijo para vocês! ♥

Ps. Postei uma nova história, "Antares". Ela é uma scorose soulmate bem romântica. Se quiserem dar uma passadinha por lá... ♥

https://fanfiction.com.br/historia/792091/Antares/