Imperador Negro escrita por Mrs Fox


Capítulo 13
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAS!

Sei que demorei, não postei o cap de junho e peço desculpas, mas é que fim de semestre é sempre uma merda que nos faz chorar e esquecer que temos vida fora a acadêmica.

PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA LEITURA!
oba-san: minha tia
chichi: meu pai
oji sosofu: meu tio bisavo



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— Eles estão sendo atendidos neste quarto, apesar de somente a menina ter sido atingida de maneira grave, o estado de saúde deles não estava muito melhor.

 

Pelo canto do olho, Tsunade observou Sasuke avançar para a porta, estava curiosa com a atitude do príncipe de ir falar com aquela família, e mais ainda com a marca vermelha no rosto do jovem, preocupando-se com os efeitos que aquela conversa teria deixado na Imperatriz. Antes que ele pudesse arrastar o shoji pelos trilhos, Mebuki o fez, saindo do quarto com uma expressão abalada.

 

— Tsunade, a menina não voltará a andar. - sussurrou baixo para a irmã e mesmo assim Sasuke escutou, parando com a mão sobre a madeira. - Talvez você deva verificar, caso eu não tenha feito algo certo.

— Kami! - os olhos castanho claro da mulher arregalaram-se - Não fale assim, Mebuki. Se você diz isso, não há nada que eu possa fazer.

 

Sem dizer nada, Sasuke entrou no quarto. Estruturalmente, era igual ao de sua mãe, mesmo que maior; tinha três futons enfileirados lado a lado. O casal lhe encarava, petrificado, enquanto a jovem menina transmitia curiosidade. Sem jeito ambos se curvaram para o homem em pé a porta do cômodo. A barriga saliente atrapalhava um pouco a mulher, que lançou um olhar significativo para a filha. Sem entender muito bem, a garota foi imitar seus pais, porém o golpe que ela tinha recebido era recente, fazendo-a soltar um pequeno resmungo de dor conforme apoiava-se os cotovelos no chão, forçando seu tronco a se levantar.

 

— Não faça esse esforço, menina. Você está machucada, precisa repousar. - a voz grave foi um alívio para a menina, que lentamente deixou as costas repousarem mais uma vez em seu futon - Nem vocês precisam permanecer desta forma, podem se levantar. Apresentem-se.

 

Relutante, o casal voltou à posição de antes. Estavam estáticos em estar na presença de tão nobre figura como o Príncipe Sasuke. A única vez que tinham o visto já fazia oito anos em uma das viagens que fizeram a vila que residia ao redor do palácio, ele era bem mais jovem e estava ao lado da família desfilando em um belo cavalo em um festival de colheita, um menino esguio recoberto de tecidos caros, de expressões sérias, mas ainda assim leves; agora robusto, com algumas marcas roxos sobre a pele, em roupas simples e presença intimidadora. Inspirando profundamente, o homem tomou coragem para falar.

 

— Sou Sarutobi Asuma, Prinicípe-sama. Estas são minha tsuma e mesume, Sarutobi Kurenai e Sarutobi Mirai. - um aceno foi o que bastou para cumprimentar a família, que assistiu silênciosa Sasuke com a postura impecável.

— Um dos jovens protegidos pelos Harunos contou-me que os ajudou a escapar da vila, imagino que o momento não seja oportuno, - desviando o olhar rapidamente para a menina bastou para ser entendido - mas gostaria que me contassem o que viram.

— O que nós vimos… - em um gesto involuntário, Asuma levou a mão ao queixo, coçando a barba - Não sei dizer ao certo, estávamos na hospedaria quando acordei com o som de gritos. Quando percebi o que estava acontecendo, resolvi sair dali o mais rápido possível, porém só bastou colocarmos os pés na rua que fomos atacados.

— Meu otto tinha ido pegar a nossa caroça, - falou a mulher com voz baixa, abrançando-se com a lembrança que vinha a cabeça - foi quando alguns homens nos viram fugindo e… - sem perceber o rosto de Kurenai começou a se molhar com lágrimas, seu olhar preso nas pernas da filha.

— Arigatou por me contarem, - ele faz uma pausa, encarando por segundos a face infantil que não desviava um segundo de si - e sinto muito.

 

Os olhos negros passaram pelas pernas mortas da menina, antes de voltar-se para o casal e sair do lugar antes de mais uma reverência. O estômago parecia apertado, o brilho inocente dos olhos vermelhos embasbacados com a sua presença tomou sua mente, provavelmente a menina não sabia de sua condição física, ou não era capaz de compreender que nunca mais voltaria a andar, uma inválida. Uma família com um fardo grande a carregar, tudo por causa da ganância de Itachi, do caos que trouxera ao seu povo, e sentia em algum lugar que tentava esconder que a culpa devia ser partilhada sua incapacidade em ver o monstro que seu irmão se tornava.

 

A madeira virou areia abaixo de seus pés, saíra do prédio sem nem ao menos agradecer Tsunade por permiti-lhe conversar com o casal. O sol brilhava sobre sua cabeça e todos os habitantes daquele vilarejo que passavam na rua de terra batida, sem conseguirem desviar o olhar da figura que ia devagar para a casa principal do clã. Muitos reconhecendo de quem se tratava, já que a notícia da presença do príncipe Uchiha ter se refugiado espalhou-se tão rápido quanto o motivo que o levaram até ali. Curvando-se, outros estáticos por não saberem como se portar diante de tal presença, mas todos igualmente ignorados. Sasuke encarava a própria sombra movendo-se sobre os grãos de areia, a marca vermelha ficava mais evidente sob a luz e aquecia a pele de sua nuca, já que pela primeira vez em anos estava andando de cabeça baixa. E continuou assim conforme a estrutura da casa o engoliu, escondendo a figura abatida que, silencioso, escondeu-se no quarto pelas próximas horas.

 

Não notou o tempo passar deitado no futon. Teve a impressão que em algum momento do dia Kushina veio até sua porta oferecendo uma refeição, porém foi embora sem ouvir qualquer resposta de sua parte. Somente quanto o shojo fora arrastado com força ousou se mover, virando a cabeça enquanto Naruto entrava em seu quarto com uma tachi em mãos.

 

— Conversei com Tetsuo se teria algum lugar que pudéssemos usar para treinar, ele falou que o jardim atrás da casa deveria servir para nós, caso quiséssemos. - ele estava tenso, tentava parecer animado para Sasuke, que era capaz de ver claramente o desconforto no seu modo de se locomover. - Não podemos ficar parados por muito tempo com tudo que tem acontecido.

 

Um silêncio desconfortável se instaurou no quarto, o rosto do Príncipe voltou-se outra vez para o teto mantendo-se assim por alguns longos segundos que deixaram Naruto ainda mais nervoso, mudando constantemente a perna em que se apoiava sem conseguir desviar o olhar da marca sobre a pele pálida, até que sem dizer nada se levantou, caminhando até a tachi que não tinha sido retirada do canto do quarto desde que chegara. Parou por um instante antes de pegá-la e virou-se para o amigo.

 

— Aonde podemos treinar?

— Tetsuo falou que poderíamos usar o jardim aos fundos da casa. Dei uma olhada no lugar, é espaçoso e mesmo que tenha acesso às plantações é distante o suficiente para nos dar privacidade. Achei perfeito, lembra um pouco onde costumávamos treinar no Palácio, e se você estiver de acordo…

— Naruto, você sempre fala demais quando está nervoso. - envergonhado, o loiro abaixou os olhos, o costume já era conhecido por si, e tinha dificuldades em controlar esse péssimo hábito - Vamos.

 

A mão coçava segurado o cabo da tachi, intensificando ou afrouxando seu aperto, era incômodo para Sasuke usar aquela lâmina sabendo de quem era o presente. Sua mente agitava-se e seus movimentos tornavam-se pesados. Para Tetsuo, que observava a luta de longe, nada estava fora do comum. Eram dois exímios samurais, guerreiros fortes e extremamente habilidosos com suas armas. Suas expectativas que haviam sido criadas não estavam somente saciadas, como também superadas. Sentado ali na varanda de casa e sentindo o vento do fim da tarde balançar lhe as roupas, agradecia que Sasuke tivesse lhe permitido ver habilidades tão espetaculares. Porém não era assim que os homens ali interpretavam a luta, Kakashi estava presente no momento ao lado do jovem Haruno, e nunca vira Naruto dominar uma batalha com tamanha facilidade, e vendo as feições por entre os fios loiros que balançavam era óbvio que o próprio via o quão abaixo de seu verdadeiro potencial Sasuke encontrava-se. De perto podia-se ver o suor correndo sem parar pela face, onde o cabelo negro estava grudando, completamente ensopado de suor; uma respiração extremamente ofegante, um menino lutando no corpo de um homem.

 

Tentando despertar o amigo, Naruto intensificou o ritmo da batalha, porém o efeito foi contrário, fazendo com que o desempenho do outro caísse e os movimentos piorassem. Num ato impensado, levantou a lâmina fazendo um arco em direção ao braço de Sasuke, por poucos segundos triunfou, achando que finalmente conseguira fazer o senso de perigo do Príncipe despertar. Entretanto alguns segundos na pressão de metal contra metal algo incomum aconteceu, na tachi de Sasuke rompeu-se na base com o cabo, fazendo com que o golpe não  encontrasse nenhum obstáculo para ser afundar na pele leitosa.

 

— Oh, perdão Sasuke. - Naruto assustou-se quando viu o amigo cair de joelhos na grama, levando a mão para esquerda para o alto do braço direito, aonde o sangue corria. - Eu não vi o que estava acontecendo com a sua tachi, perdão.

 

Naruto olhou assustado para seu sensei que se aproximava, enquanto Tetsuo dava as costas e saía correndo para algum lugar dentro da casa.

 

— O garoto disse que chamará alguém para olhar seu corte. - resmungou Kakashi indo até a lâmina suja de sangue caída no chão.

— Não foi nada grave, logo o sangue para de correr. - Sasuke resmungou - Desfaça esta cara mórbida Naruto, foi somente um acidente.




— Ela foi a pessoa que foste chamar?

 

O deboche na fala de Kakashi fez o Uchiha olhar para trás, somente para confirmar que a ajuda que Tetsuo trazia era a jovem Sakura, o kimono levemente amassado e marcas finas de lençóis no rosto como se acabasse de despertar, trazia uma caixa de madeira nas mãos, olhando para o rosto anguloso antes de se voltar para a mão que cobria o ferimento.

 

— Algum problema que tenha sido eu a ser chamada, Hatake-san? - ela falou, abaixando-se enquanto era observada pelos olhos negros. - Uchiha-sama, preciso que retire a mão para que eu possa avaliar corretamente. - relutante ele obedeceu, logo as mãos pequenas estavam rasgando a manga de suas vestes.

— Esperava que viesse alguém com conhecimentos medicinais.

— Sakura é a melhor curandeira que temos aqui depois de minha oba-san.

— Antes de aprender a ferir, devemos aprender primeiro. - a frase saiu naturalmente de seus lábios. Para aqueles de fora, completamente sem contexto, porém para os Haruno, um ensinamento passado pelas gerações. - O corte não foi grave, mas um pouco profundo, irei limpá-lo para evitar qualquer infecção e depois fazer uma sutura. Tetsuo, traga uma vela por favor. Uchiha-sama, é melhor irmos nos sentar na varanda.

 

Naruto logo se colocou a ajudar o Uchiha, que negou sua iniciativa pondo-se em pé sozinho, mas não conseguiu dar dois passos sem que uma tontura o acometeu, sendo segurado imediatamente por Kakashi. Imediatamente Sakura se pôs em sua frente, tateando devagar seu rosto, mesmo que tivesse tentado desviar do toque, a pele pálida e fria demonstravam fraqueza.

 

— Não perdeu sangue o suficiente para estar tão fraco assim.

— Ele não tem comido nada desde a manhã. - Naruto falou, vendo o confusão sumir do pequeno rosto - E creio que está dormindo pouco.

 

Não foi necessário mais que um olhar para Sasuke demonstrar seu descontentamento pela denúncia de Naruto. Não queria que aquela mulher conhecesse seus hábitos e rotina, porém ao virar o rosto para frente afim de seguir seu caminho viu uma repreensão muda vinda da guerreira, entrelaçada com uma compreensão que não soube de onde se originava. Afastou seu corpo do apoio de Kakashi, testando o andar para ter certeza que conseguiria ir sozinho até a varanda. Pelas costas do Príncipe, Sakura vigiava os seus passos. Seu irmão chegou assim que pousou os pés na madeira, com as velas e uma garrafa de saquê na mão.

 

— Arigatou, - ela pegou a garrafa sendo estendida em sua direção, colocando-a na frente do Príncipe - beba ao menos metade, irá ajudar.

 

Ainda que relutante, o Uchiha levou a garrafa a boca, dando longos goles enquanto seu ferimento era limpo. Sakura acendeu a vela, deixando a agulha no fogo para ter certeza que estaria limpa. O olhar desconfiado dos três homens a fez ter vontade de rir, mas conteve-se, concentrando sua atenção em passar a agulha já com a linha pela carne do homem, que soltou um gemido com a agonia que sentiu.

 

De longe, Tetsuo observava tudo, antes de voltar os olhos para o que já tinha sido uma tachi. Analisou com cuidado a lâmina e o cabo, vendo com precisão as marcas deixadas pela ruptura da arma. Aproximou-se do grupo, o rosto cansado do herdeiro se contorcia cada vez que a agulha passava por sua pele, arrastando a linha na carne exposta, ele não parava de beber o saquê, e a garrafa quase foi esvaziada até Sakura dar o pequeno nó, cortando o resto da linha.

 

— Sakura, - falou, sabendo que sua irmã estava prestando atenção no que dizia - acho que você terá que fazer uma visita ao meu sensei.

— Por que acha isso? - ela resmungou, limpando os vestígios do sangue que ainda escorria.

— Por conta da tachi do Príncipe-sama, - Tetsuo abaixou-se, vendo a atenção do homem toda em si, deixou a lâmina no chão alinhada perfeitamente com o cabo - as marcas dela, essa arma foi sabotada.

 

O rosto de Sakura virou-se imediatamente pra os objetos postos no chão, antes de se levantarem para o irmão, uma conversa silenciosa entre as esmeraldas, antes da jovem terminar de guardar tudo apressadamente dentro da caixa e se levantar.

 

— Uchiha-sama, peço que vá diretamente para seu quarto descansar. Tetsuo arrume tudo por aqui e avise ao chichi que irei trazer nosso oji sosofu.

 

E depois de uma rápida reverência, Sakura saiu da varanda, levando com seus esvoaçantes cabelos rosas as respostas de muitas perguntas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, faltou uns comentários para responder, faço isso depois.

Beijão!