Purpose escrita por laracollins


Capítulo 3
Clarification


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Muito obrigada pelos favoritos, estou tão feliz. Eu amo quando vocês comentam!!!
O capítulo pode parecer meio zZz mas eu quis deixar esclarecer um pouco a história da personagem. Sem mais delongas, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651598/chapter/3

O tempo havia esfriado naquela manhã, após tomar o café subi até o quarto a procura de um agasalho. Revirei o guarda-roupas e encontrei uma jaqueta preta com algumas tachas prateadas. Segui em direção à escrivaninha a procura da minha mochila, que estranhamente, estava
na cadeira e não na mesa como eu havia deixado. Dei de ombros e a abri, recarreguei meu par de HK USP encaixando-as uma de cada lado do cinto coldre e vestindo-o logo em seguida. Fechei a mochila e segui em direção do primeiro andar da casa. Carl estava sentado no sofá lendo algo no qual eu não fazia questão de saber enquanto Rick me aguardava escorado na porta.

– Estou pronta, podemos ir?

– Sim. - Rick respondeu me entregando uma mochila vazia.

– Tomem cuidado. - Carl disse se referindo à nos dois.

– Sempre tomo. - Rick e eu respondemos juntos o que me fez rir pelo nariz.

Seguimos para fora da casa nos despedindo de Carl. Não sei que tipo de pai deixa o filho sozinho quando há mortos-vivos vagando por todos os lados, provavelmente o tipo do Rick.

– Você não fica preocupado em deixar Carl sozinho? Sabe, alguém pode aparecer alguém por lá...

– É claro que eu me preocupo... Mas foi necessário. - respondeu. - Além do mais, Carl me pediu um voto de confiança... estou dando.


– Se você diz... Para onde vamos?

– Não muito longe, Carl vasculhou algumas das casas do bairro então não há muito pelo que procurar por aqui, vamos até as outras quadras, espero encontrarmos suprimentos por lá.

Diferente do dia de ontem, Rick não parecia ligar muito para as coisas, principalmente para as que eu dizia. Mas eu sabia, sabia que ele só estava esperando nos afastarmos de casa para começar o seu questionário. Caminhamos em silêncio durante todo o caminho para fora do bairro, levamos uns 10 minutos até chegarmos ao bairro vizinho. Havia alguns walkers por ali matamos todos usando nossas facas. Visitamos as primeiras casas ainda em silêncio e eu juro que aquilo já estava me incomodando.

– Aqui moravam adolescentes. – disse pegando um porta-retrato com a foto da família. – Eu vou subir e pegar algo para nós três vestirmos.

– Você não vai a lugar nenhum. – travei. – Até nós conversamos. – se eu pudesse travar duas vezes seguidas, eu teria travado.

– T-tudo bem. – disse me sentando na mesa. Se alguém mais estivesse ali pensaria que éramos pai e filha e que eu estaria recebendo uma bela bronca por conta do boletim escolar. – O que quer saber? – perguntei.

– Quem é você? De onde você veio? Como sobreviveu até agora sozinha? Onde conseguiu as armas? – Rick parecia uma metralhadora, perguntava sem parar.

– Ei, calma! Uma coisa de cada vez. – disse acabando com a sua euforia.

– Foi mal. – ele disse abrindo a geladeira. – Me conte um pouco sobre você, não tivemos tempo de nos conhecer melhor. – ele disse balançando duas garrafinhas d’água e me entregando uma. Fala sério, a quanto tempo eu não bebo água filtrada.

– Eu perdi meus pais algumas semanas antes de tudo acontecer, por isso, tive que enfrentar tudo sozinha, mas talvez tenha sido melhor assim, eu não aguentaria vê-los sendo mortos por conta desses canibais. – disse olhando pela janela e tomando a água. - Minha mãe era enfermeira e meu pai sargento do exército e se eu sobrevivo até hoje foi graças a eles, apesar de quase não vê-los por conta de seus trabalhos nós éramos uma família muito unida, eu costumava dizer que o melhor presente na noite de natal era tê-los ali comigo e era verdade. – suspirei. – A única pessoa que eu tenho é o meu avô... da última vez que nos falamos ele disse que esperaria por mim. – sorri. – faz muito tempo mas espero que ele esteja cumprindo com a sua palavra.

Rick ouvia tudo calado, ele parecia realmente interessado na minha história. Desde que tudo aconteceu eu não havia contado para ninguém como eu me sentia, eu nunca quis que alguém sentisse pena ou dó de mim, eu não precisava disso, eu só precisava desabafar.

– Quando tudo isso começou eu estava tão desolada, realmente não ligava mais para nada, minha ficha não havia caído, não sobre isso, mas sobre a morte dos meus pais. Eu apenas escutava o que a repórter dizia na TV. Meus vizinhos estavam desesperados, mas eu não ligava. “É o fim do mundo” seria mesmo? Pois o meu mundo tinha acabado há uma semana atrás. – ri sarcástica. – Então eu liguei para o meu avô dizendo que estava indo até ele e assim como qualquer pessoa ele achou que eu estava louca. Talvez eu estivesse mesmo, eu mesma nunca me entendi. – dei de ombros. - Ele disse que nem eu e nem a minha tia deveríamos sair de casa. Ah, a minha tia era uma alcoólatra! Ela disse que ficaria com a minha guarda quando na verdade estava interessada na minha herança. Eu avisei ao meu avô que iria para Alexandria, digamos que eu saiba como convencer as pessoas. – sorri e Rick sorriu de volta.

– Então eu acordei minha tia que estava apagada no sofá da sala, a primeira coisa que ela fez quando eu a contei o que estava foi rir da minha cara mas quando se deu conta de que eu não estava blefando ela entrou em desespero, teria sido cômico se não tivesse sido triste. Eu havia contado do meu plano e ela não concordou mas me ajudou, já estava tudo pronto. Armas, água, comida, kit primeiros eu estava preparada para o fim do mundo. Minha tia não quis ir comigo, então deixei um revolver com ela, eu não deveria ter feito aquilo. – Rick levantou uma sobrancelha como quem dizia “como assim?” então eu continuei. – Assim que dei partida no carro ouvi um tiro, ela havia se matado. – dito isso uma lagrima escorreu e logo a limpei. – Desde de então eu tenho seguido em frente sozinha, não tive coragem de voltar lá, eu não podia impedi-la foi a escolha dela.

– Você é uma garota forte, Srta. Klen! Sinto muito que tenha passado por tudo isso. – Rick disse pegando a mochila que agora estava cheia. – Vamos embora.

Durante o caminho de volta para casa Rick também me contou uma pouco sobre sua história, ele é Xerife e por isso o chapéu que Carl usava, sua esposa se chamava Lori e morreu em trabalho de parto, sua filha, Judith, segundo ele havia sobrevivido até um ataque que o seu grupo sofreu, eu não havia entendido muito bem... O tal Governador poderia ter se unido ao Rick mas ele preferiu enfrentá-lo e ter acabado morrendo. Um idiota mesmo.

– Eu tenho uma pergunta. – disse, até agora eu não havia perguntado nada sobre ele, ele contou tudo por livre e espontânea vontade.

– Então faça.

– Porque tanta pergunta, para que esclarecer tantas dúvidas? – disse parando de andar para encara-lo.

– Não é obvio? Para conhece-la melhor, não quero andar com uma completa estranha...

– Para que querer levar uma bagagem de respostas que podem ser mentiras? – eu não havia mentido para ele mas isso poderia ter acontecido.

– A desconfiança é a mãe da segurança. – ele respondeu voltando a andar.

Depois desse estranho diálogo entre Rick e eu seguimos até em casa contando piadas, piadas ruins.

– Tem asa mais não voa, tem pernas mais não anda, tem bico mais não bica e tem olhos mais não enxerga? – Rick perguntou.

– Ah... Uma estátua? – ele fez que não com a cabeça. – O que?

– Passarinho morto. – respondeu rindo, aquilo não teve graça.

– Credo Rick... Eu também sei uma sobre aves! O que o passarinho disse para o outro? – disse andando de costas mas virada para ele.

– Não faço a mínima ideia! Uh... cadê a galinha da sua mãe? – a resposta tinha sido boa.

– Não, ele disse “piu”!

– A minha resposta foi melhor.

Assim que chegamos em casa vimos que Carl estava no telhado da casa ao lado com uma lata enorme no colo... pudim de chocolate! FALA SÉRIO.


– De quem é, de quem é que eu vou pegar uma lata de pudim de chocolate? – disse para Rick o fazendo rir.

– Se tivesse sobrado algo, me desculpem, eu pensei em guardar para vocês.

– Aham, claro Carl...

– Então, tá tudo bem entre vocês? Vi que estavam rindo à toa no caminho. – Carl comentou.

– Está sim, vamos entrar. – Rick ordenou.

Guardamos as garrafas de águas na geladeira e deixamos os suprimentos na bancada da cozinha. A televisão da casa não funcionava, Carl me emprestou alguns de seus gibis enquanto Rick tomava banho.

– Você não é de falar muito né? – perguntei ao menino.

– É... Para falar a verdade não tem muito para falar. – ele disse tímido.

– Quantos anos você tem? – eu não estava dando em cima dele, apesar dele ser muito bonito.

– Acho que 13, não faço a mínima ideia... e você?

– Tenho 15. – observei Rick descer as escadas secando o cabelo na toalha. – Vou tomar banho.

Subi as escadas em direção do quarto, peguei um pijama que era quase que do dobro do meu tamanho e fui em direção do banheiro. Tomei um banho não muito longo, Rick disse que deveríamos economizar, não sabíamos quanto tempo ficaríamos por aqui. Percebi que não havia toalha então vesti a roupa sem me secar. Da escada gritei um “boa noite” para o pai e filho, eles responderam de volta. Desejar bom dia, boa tarde ou boa noite era meio irônico em meio das situações que enfrentávamos todos os dias, mas ainda somos humanos e não havíamos perdido os costumes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. NOVIDADE: A partir de hoje postarei novos capítulos dia sim e dia não, por exemplo: amanhã eu não posto, depois de amanhã eu posto e assim em diante. Comentem e recomendem aos seus amigos. Beijos!