A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 20
A ponta do Iceberg parte 1


Notas iniciais do capítulo

Como vai faltar luz no meu prédio e não vou postar na quarta (e não aguento esperar até quinta), decidi postar logo o capítulo.
Boa leitura.



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No Olimpo, Zeus dava a maior bronca em Apolo, que o deus jamais recebera na vida.

— Mas não fui eu! – Jurava o deus do sol.

— Então foi outra criatura dourada que torrou o meu filho!

— Quanta consideração, meu pai. – Respondeu irônico. – Se quer saber, não sou o único deus do sol que existe! Pode ter sido qualquer um, mas não fui eu!

— Rá!

— Não foi Rá. – Disse Hermes aparecendo do nada e se intrometendo onde não era chamado.

— Como pode afirmar tal...!

— Fui ver os egípcios e Rá está puto querendo a cabeça do autor da façanha. Também fui investigar os nórdicos e Sól está furiosa, tanto que Máni teve que correr para preparar um chá de camomila.

— Investigue os outros!

— É pra já! – O deus saiu porta a fora.

— Não pense que isso acabou, você é suspeito.

— Por que eu?!

— Porque as maiores merdas do Olimpo têm um dedo seu.

No acampamento, Percy e Jason estavam na enfermaria com queimaduras de terceiro e até grau. Tinham sido trazidos na noite anterior por golfinhos e como os golfinhos não podiam chegar perto de terra sem encalhar, tiveram que autorizar Sienna, Nicolas e Tyler a irem à praia resgatá-los. Imediatamente foram levados à enfermaria e tratados com emplastos de babosa, néctar dos deuses e ambrósia. Só depois que souberam da noite que virou dia e as brigas começaram. Acusações pesaram sobre o Chalé de Apolo e Raven.

— Se fosse o meu pai, eles teriam virado pó. – Garantiu a egípcia.

— Mas pode ter sido ele ou qualquer outro deus do sol! – Disse Annabeth, que tinha voltado a pouco para o acampamento. – Todos são suspeitos.

— De acordo com o Pacto dos Três Maiores, se um deus fizer mal a um semideus que não seja de sua mitologia, isso é guerra. Se tiver sido um deus estrangeiro, guerra será declarada.

— O que faremos? – Perguntou um semideus figurante.

— Veremos se há alguma declaração de guerra daqui a algumas horas. Se não houver, estaremos salvos do pior.

Nas próximas horas não houve nenhum sinal de que uma guerra tenha sido declarada. As comunicações funcionavam como em um centro de operações, mas nada de autoria ou guerra. Dionísio até pediu para que enviassem mensagens de Íris aos Três Grandes de cada uma das presentes mitologias no acampamento.

— Estamos no mesmo barco. – Disse Atum. – Rá está ocupado caçando a cabeça de quem quer que tenha feito isso. Nunca o vi tão puto desde que Ísis descobriu sua verdadeira identidade.

— Também não foi Sól. – Disse Ve. – Ela está irritada e se fôssemos nós, nossa trombeta de guerra teria sido soada logo em seguida.

— Também não foi nenhuma divindade solar celta. – Garantiu Sucellus, um senhor de idade com um grande martelo. – Todos estão agitados investigando o ocorrido.

— Para Malina surgir à noite com o sol ou ela enlouqueceu ou virou suicida. – Comentou Tornarsuk, um esquimó de aparência esquelética e longa barba branca que metia mais medo que o Hades. – Ainda mais depois do que ocorreu entre ela e Igaluk.

— Posso assegurar que não fomos nós. – Disse Tane, um indígena grande e encorpado e careca coberto por tatuagens maoris verdes, principalmente no rosto. – Até porque, se dependesse de nós, maoris, a guerra estaria acontecendo.

— Também gostaria de saber quem foi, nem nós da Trimúrti sabemos. – Disse Brahma com suas quatro cabeças e quatro braços. – E isso deixou Shiva e os avatares de Vishnu intrigados, bem como nossas esposas.

— Também não fomos nós. – Disse Tepeu, um maia que usava roupas feitas com as mais lustrosas penas e adornos de ouro. – Irei verificar com outras mitologias.

Mesmo não conseguindo nenhuma informação, nada foi em vão. Os campistas puderam visualizar, nem que fosse por um momento como plateia, como eram os deuses de outras mitologias, mesmo que fossem Quíron e o Senhor D que fizeram o interrogatório. Logo o assunto “os maiores heróis que foram torrados como carvão” virou “aquele deus tem quatro cabeças e quatro braços”.

— Brahma criou suas outras cabeças para observar sua maior criação por todos os lados. – Esclareceu Parvati quando a perguntaram sobre Brahma. – Ele tinha uma quinta cabeça que foi usada para observar Sarasvati antes de se tornar sua esposa quando ela foi para cima para escapar de sua vigilância, mas meu avô Shiva a destruiu em um acesso de fúria.

Murmúrios se alastraram pelo acampamento, tanto que era preciso que alguém os coordenassem toda hora para focarem no principal. Apesar dos esforços, nada adiantava. A curiosidade era maior.

— Com tanta coisa acontecendo e com Percy e Jason na enfermaria, eles estão mais preocupados com deuses que não ajudam em nada! – Resmungou Annabeth na porta da enfermaria.

— É que você não esteve aqui quando chegaram. – Disse Piper. – Eles chamam muita atenção pelo trabalho social e por outras razões.

— Quais?

Nesse momento, Árion, Sinnen, Fiáin e Gaoithe passaram correndo com um monte de linguiças penduradas enquanto o tigre Niraj ia atrás deles. O chifre de Gaoithe tocava Eye of the Tiger.

— Mas o que...?!

— Vai ter que se adaptar a isso, Annie. – A morena riu. – Principalmente ao Árion falante.

— Árion fala?!

Enquanto o caos tomava conta e os deuses resolveram bancar os detetives, Rhode estava em sua sala tomando um chá de algas juntamente com um rapaz de cabelo cor de mel e belíssimos olhos azuis esverdeados. Este era Dylan, o deus celta galês do mar, irmão gêmeo de Lleu e filho de Arianrhod. Juntamente com Manannan Mac Lir, ou só Lir para os íntimos, ele fazia parte dos deuses celtas do mar.

— Eu estou dizendo, Dylan, eu não estou louca! Reconheceria aquele calor em qualquer lugar!

— É difícil acreditar, Rho. Nem eu consigo acreditar nisso!

— Eu vou mais afundo nessa história.

— Como vai fazer isso?

— Preciso de um feitiço ou uma poção de juventude eterna.

— O que pretende fazer com isso?

— A única pessoa capaz de acreditar em mim está dormindo e não pode acordar. Tem como conseguir para mim?

— Eu não tenho, mas talvez Áine saiba!

— E como eu falo com ela?

— Normalmente iria precisar de um círculo de cogumelos, mas eu posso te levar ao reino das fadas aquáticas e de lá, poderá ir até o castelo de Áine.

— Mas não seria em uma floresta irlandesa?

— Há muitos caminhos até o castelo de Áine, mas vou te dar um conselho, como amigo. Se prepare pelo pior, essa busca pode ser totalmente em vão.

— Eu seu, mas eu cansei de fazer nada e preciso de respostas.

Os Elísios eram o verdadeiro paraíso no inferno que era o submundo. Com terras verdejantes, árvores e flores variadas. Nele, há um vale onde se encontra o Rio Lete, o rio do esquecimento. Ao beber suas águas, os mortos esqueciam de toda sua vida e estavam prontos para reencarnar. O lugar é protegido pelo juiz Radamanto, mas também é morada dos deuses gêmeos Hipnos, o deus do sono, e Tânatos, o deus da morte.

— Eu não aguento mais! – Exclamou Tânatos adentrando na sala e despertando o irmão.

Hipnos se sentou e elevou a mão à cabeça. Normalmente ele dormia como uma montanha e ninguém conseguia acordá-lo, ninguém com exceção de um galo mágico infernal e de Tânatos. Parecia até praga de gêmeos porque de todos os seres vivos e mortos do universo, tinha que ser o resmungão do Tânatos para perturbar seu precioso sono!

— Deixe-me adivinhar, Macária brigou contigo por causa de algumas almas justas e bondosas que você levou.

— Ela vive me peitando e roubando minhas almas! Mesmo as que tenham sido assassinadas de forma cruel e as que se mataram!

— Sabe que ela busca as bondosas e as justas. Nenhuma novidade.

— É melhor Hades dar um jeito nessa menina antes que uma tragédia aconteça!

Nesse instante, Radamanto adentrou nos salões dos gêmeos.

— Preciso que cuidem do lugar.

— Mas hoje não é dia de julgamento!

— A Senhora Macária pagou as passagens das almas mais antigas e algumas novas a Caronte. Com tantas almas vindo, eu e os outros juízes somos obrigados a trabalhar.

— Vou reclamar com Hades sobre isso!

— Infelizmente o Senhor Hades teve que ir à superfície e é verão e a Senhora Perséfone não está aqui. A Senhora Macária está comandando tudo.

— MACÁRIAAAAAAAAAA!

— Deixe de drama. – Disse Hipnos querendo voltar a dormir. – Queria que fosse quem? Melinoe?

— Eu vou atrás daquela garota! – Exclamou saindo esbaforido.

— Um deus não pode mais dormir em paz? – Reclamou se levantando e saiu.

Rhode se encontrava em uma cidade das fadas aquáticas com Dylan. A cidade era feita de corais e plantas aquáticas. Ambos estavam no castelo da governante do lugar.

— É aqui. – A governante apontou para um espelho que ia do chão ao teto.

— É só um espelho.

— É só o que parece.

— É um espelho mágico. – Disse Dylan. – Permita-me.

O celta se aproximou e murmurou algumas palavras em sua língua nativa. O espelho começou a emitir uma estranha luz prateada.

— Sua passagem. Boa sorte.

— Obrigada.

Rhode se aproximou hesitante, mas em um ímpeto de coragem, fechou os olhos e se lançou ao espelho. Era como atravessar um véu de seda. Ao abrir os olhos, notou que o castelo estava diferente e que se encontrava na sala do trono. Era estranho, mas fascinante.

— O que deseja? – Perguntou uma voz agradável.

Parada em uma porta estava sua dona, uma bela mulher de asas deslumbrantes. Era muito mais bela que Rhode, mais bela que Afrodite ou qualquer mulher que já vira na vida. A deusa não teve dúvidas, se encontrava com a Rainha das Fadas.

Os enfermeiros do acampamento corriam como loucos. Preces, orações, remédios, emplastos, encantamentos, nada parecia surtir efeito. Nem mesmo a água conseguia curar o filho de Poseidon. Annabeth tinha deixado seu posto para ajudar aos filhos de Apolo a encontrar qualquer coisa nos livros e manuscritos que ajudasse a surtir efeito.

— Algum progresso, Will? – Perguntou Piper quando o amigo foi trocar os emplastos.

— Nada. Isso é diferente de tudo que já vimos.

Iria continuar assim, mas em um ato de desespero, Piper saiu da enfermaria atrás dos estrangeiros. Viu os filhos de Deméter correr com plantas e pesquisas patrocinadas pelos filhos de Atena, os filhos de Hecate pesquisando por rituais e poções, embora muitos parecessem fantasiosos, alguns semideuses saindo em expedição para investigar o ocorrido... Até que finalmente encontrou Frísio e Nicolas tentando acalmar os pegasus.

— Preciso da ajuda de vocês! – Disse a filha de Afrodite ofegante de tanto correr.

— Claro, o que foi? – Perguntou o filho de Njord.

— Conhecem alguma forma de curar queimaduras?

— Eu conheço. – Afirmou o filho de Epona para o alívio da garota. – Só não sei se vão ser úteis.

— Se é para os dois que estão internados, é melhor falarmos com Raven. Ela é a única aqui que sabe manipular o sol. Talvez ela saiba o que fazer.

— E onde ela está?

— Não sabemos, mas para isso existe Godcel.

Nicolas enviou uma mensagem para que a egípcia os encontrasse na enfermaria. Cinco minutos depois, estavam todos perto dos leitos de Percy e Jason.

— Isso não é uma queimadura comum. – Sentenciou a egípcia.

— Se foi causada por um deus, não é comum. – Disse a filha de Atena sem tirar os olhos do livro.

— Independente de quem causou, eu tenho uma notícia boa e uma tão ruim que é melhor que se sentem em um lugar firme.

— E que notícia boa pode ter de tudo isso?! – Perguntou Piper.

— A boa notícia é que não foi causado por magia, então não há nenhum encantamento nos impedindo de agir ou usar encantamentos.

— E a ruim? – Dessa vez foi Nicolas quem perguntou.

— Foram expostos à radiação solar pura. A radiação solar é capaz de aquecer e até secar rios e como o corpo humano é feito de 70% de água... Eu não tenho como dizer isso de outra forma, mas é só uma questão de tempo até que morram completamente.

O silêncio que se seguiu foi extremamente desconfortável. Piper desabou em choro e até mesmo Annabeth não se conteve e começou a chorar.

— Isso quer dizer, que não podemos fazer nada? – Perguntou Will.

— Talvez haja. – Disse Frísio retirando um livro da Chain e folheando. – Tem que estar aqui em algum lugar...

— O que está procurando?

— Há algo aqui sobre... Achei! Corpo de barro!

— É o que?!

— “Do barro viemos e ao barro retornaremos”.

— Não seria do pó?

— Tanto faz, o que importa é que podemos usar o barro para regenerar áreas do corpo, já que praticamente foi dele que a humanidade veio.

— Isso é ótimo! E pode nos ajudar a separar pele do tecido das roupas, pois não conseguimos tirá-los sem que a pele saia.

— Só que há um problema: isso é biomancia, eu não sei mexer com biomancia, não sei usar esse encantamento e nem fazer esse ritual e não sei se vai se aplicar à feridas internas também.

Um monte de aspirantes a médicos capotou e coube à egípcia tomar as rédeas da situação.

— Tragam um filho de Hecate e um monte de lama!

— Agora que eu me lembrei! – Disse Nicolas. – Os frutos da Yggdrasil podem curar qualquer doença e até mesmo salvar uma pessoa da beira da morte.

— Beleza, e como conseguimos? – Perguntou Will esperançoso.

— Só indo para Asgard e arrumar um jeito de passar pelas valquírias ou pedir a algum deus que pegue, já que só os deuses podem visitá-los.

— Isso não está ajudando! – Resmungou um dos filhos de Apolo.

— Não temos tempo para isso, a não ser... Sua irmã comanda as valquírias, não?

— Claro que sim. Freya é habilidosa.

— Ligue para ela, eu ligarei para Diana e pedirei para que ela fale com Odin. Frísio, coordene a equipe com a lama. Precisamos mantê-los vivos por tempo o suficiente para conseguirmos os frutos.

— E se não conseguirmos? – Perguntou o celta.

— Então precisaremos das mortalhas.

Enquanto isso, no mundo inferior, Tânatos não demorou a encontrar Macária. Ela estava nos Elísios com duas serpentes. Essas serpentes eram as únicas em todos os Elísios e não faziam mal a ninguém.

— Aí está você! Já não basta roubar minhas almas e tem que virar o Hades de cabeça para baixo?!

— Não estou “virando de cabeça para baixo”, estou fazendo o que deveria ter sido feito há muito tempo.

— As almas poderão atravessar depois de algumas centenas de anos!

— Algumas estão lá há mais tempo que isso, já deveriam estar no Lete.

— O que pretende fazer agora? Trazer todas aos Elíseos?!

— Pretendo que tenham um julgamento justo, só isso.

Macária se concentrou e lançou um encantamento nas serpentes. Elas brilharam e tomaram a forma humana de um casal. O homem era um típico guerreiro bronzeado das histórias que se tornara rei, mas passara da meia idade, tinha cabelo e barba que outrora foram negros, agora a grande parte era grisalha, e olhos castanhos, já a mulher era jovem e tinha a pele alva, longos cabelos loiros escuros e belos olhos azuis. Apesar de estarem nus, não se importaram e se abraçaram.

— Cadmo e Harmonia, vocês viveram uma vida de sofrimento e maldições. Devolvo a vocês suas formas originais por serem justos e proclamo que estão livres, mas deverão continuar morando nos Elísios, sem qualquer morada na superfície fixa.

— Muito obrigada, nós agradecemos muito. – Disse a mulher.

— Alguém pode fazer o favor de trazer vestes para eles e pedir aos construtores que construam a morada deles? – Pediu gentilmente às ninfas do submundo, que acataram as ordens de bom grado.

— SEU TIO VAI TE MATAR! Viu a merda que você fez?!

— Aqui a jurisdição é a de meu pai, se meu tio estiver incomodado, que desça até aqui e troque de trono com ele. Enquanto meu pai comandar o submundo, o que valem são as regras dele.

— Teu pai vai te matar por isso!

— Meu pai me pediu para governar enquanto ele e minha mãe estiverem fora e também, para que eu aprenda a governar. Mesmo que eu governe provisoriamente, governarei com justiça.

— Virar afilhada da Hel afetou a sua cabeça, só pode!

— Tânatos, não vê que a menina tem razão? – Ralhou Hipnos chegando só agora com seu mau-humor evidente por não estar dormindo. – A jurisdição daqui é a de Hades, não Zeus e se Hades colocou Macária no governo, ela fará o que bem entende quer você goste ou não.

— Até meu irmão fica contra mim?!

— Não estou contra você, só não acho justo que duas pessoas que não mais vivem na superfície devam continuar sob jurisdição de outrem, sendo que foi Zeus que pediu para os trazerem aos Elísios quando todos os deuses se apiedaram dos dois. A questão é, eles nos foram dados, então podemos fazer o que bem entendermos.

— Pode até ser, mas precisa pagar passagem para as almas atravessarem o Aqueronte no barco de Caronte?!

— Não é justo que fiquem vagando por aquela margem pela eternidade!

— E pense, meu irmão. Com mais almas chegando da outra margem do Aqueronte, menos fantasmas terão para encher o saco dos mortais e menos subordinados Melinoe terá para tentar alguma coisa enquanto nossos senhores estão fora.

— Eu não tinha pensado nisso. Uma forma inteligente de diminuir o poder e a influência de Melinoe.

— Falarei com meu tio Pluto para me dar mais moedas para comprar mais passagens. Ele nunca me nega dinheiro.

— Não te nega porque ele só daria riquezas aos bons, mas Zeus teve que cegá-lo para fazê-lo dar riquezas a todos, independente de ser bom ou mau. Por isso que esse mundo virou a merda que virou.

— Está muito filosófico, Hipnos.

— É a falta de sono. Agora, se me dão licença, vou dormir. Perdi meu precioso tempo de sono por demais.

De volta ao acampamento, Diana estava com Lena e Jasmine na porta da Embaixada. Ela tinha que distrair a garotinha, já que ninguém iria ter paciência com ela nesse caos todo. O pedido foi feito pela própria conselheira do Chalé de Hecate. A ruiva foi informada pela egípcia sobre a gravidade da situação pelo Godcel.

— Lena, pode ficar quietinha com a Jazz por um instante? Tenho que falar algo muito sério com o meu pai.

— Está bem.

Diana se afastou e começou a falar no celular. Jasmine recebeu uma mensagem de texto de Nicolas explicando a situação e que estava tentando falar com Freya, mas não conseguia.

— O que está acontecendo? – Perguntou Lena.

— Tem duas pessoas muito doentes no hospital.

— Podemos fazer alguma coisa?

— Eu não acho que possamos.

— Que pena. Eu queria poder ajudar.

Foi então que Jasmine teve uma ideia. Sem pensar duas vezes, retirou o cajado da Chain e foi até o gramado.

— Está tudo conectado, não é mesmo? A Terra fica no eixo, mas será o suficiente para alcançar a Yggdrasil?

Pousou a ponta do cajado no solo e se ajoelhou. Encostou a cabeça no cajado e fechou os olhos. Logo se conectou com a natureza. Sentia todos andando de um lado a outro em um alvoroço sem fim.

— Por favor, Yggdrasil, se estiver me ouvindo, me ajude. Tem gente ferida e só os seus frutos podem ajudar. Poderia me dar pelo menos um? Por favor.

Nada acontecera. Nenhuma perturbação, nenhum fruto caindo, nem sequer conseguia sentir a enorme árvore.

Gaia, minha mãe, me ajude. Eu não conheço nenhum dos feridos, não sei o que fizeram a você, mas peço que os perdoe e me ajude.

 

— Não ajudo aos filhos dos tiranos que governam o Olimpo. Eles merecem a morte. Eles e seus pais.

 

— Mãe... Já não basta tanto ódio disseminado na humanidade?

 

— Ódio disseminado pelos próprios deuses e sua arrogância. Deuses e mortais, todos me matam aos poucos! Os mortais me poluem, caçam meus animais e derrubam minhas árvores! E os deuses, o que fazem? Enchem meu corpo de filhos e mendigam adorações com punições severas.

 

— Yggdrasil, não sei se me escuta. Posso não estar conectada a você, mas ouça o meu apelo. Se me julgar digna, salve os dois feridos, mas se não, aceitarei sua punição.

 

— JAZZ!

Com o grito, Jasmine abriu os olhos. Diana a olhava preocupada, assim com Lena. Alguns campistas pararam o que estavam fazendo para olhar. Ela não entendia o que se passava até olhar seu cajado. Ele estava coberto de folhas novamente, mas dele pendia um fruto redondo e cor de rosa.

— Esse é o fruto da Yggdrasil! – Exclamou Diana. – Temos que levá-lo à enfermaria e rápido!

Jasmine concordou. As três correram com destino à enfermaria.


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Notas finais do capítulo

Sól é a deusa do sol na mitologia nórdica. Ela é irmã de Máni.
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Máni é o deus da lua na mitologia nórdica.
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Sobre a verdadeira identidade de Rá, uma vez Rá se apresentou a Ísis, ela descobriu sua verdadeira identidade e graças a isso foi capaz e autorizada a usar magia, deixando-o furioso.
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Trimúrti é o nome dado ao Trio da Criação: (Dialga, Palkia e Giratina) Brahma, Vishnu e Shiva.
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Brahma possui 4 cabeças, pois quando ele criou Sarasvati, ele se apaixonou por sua criação a ponto de não conseguir deixar de admirá-la, por isso criou mais tês cabeças para conseguir observá-la por onde quer que ela fosse.
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Ele criou uma quinta cabeça, que olhava para o teto quando ela foi para cima escapar do alcance dele e mais tarde acabaram se casando (devia ter ido para baixo). Essa quinta cabeça foi destruída por Shiva em um ataque de raiva.
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Dylan é o deus celta galês das ondas do mar, ele é filho de Arianrhod, a roda de prata, e irmão gêmeo de Lleu.
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Manannan Mac Lir ou Lir é o deus celta irlandês do mar.
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Elísios são campos no Hades para onde vão os justos e os bons e as outras almas após vários anos de sofrimento para reencarnar.
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Lete é o rio do esquecimento da mitologia grega. Ele retira as memórias e tudo que a alma carregou para que ela esteja pronta para reencarnar. É como se ele resertasse a alma.
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Hipnos é o deus do sono e Tânatos o deus da morte. Ambos são gêmeos.
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Hipnos só pode ser acordado com um galo mágico, mas como ele e Tânatos são gêmeos, inventei de colocar a "ligação gêmea", podendo assim, Tânatos acordar Hipnos quando bem entender.
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Segundo os japoneses, a ocorrência de gêmeos, principalmente idênticos, se dá porque uma única alma se divide em duas. Por isso que são seres curiosos e que podem morrer ao mesmo tempo em lugares diferentes e podem falar uma língua que ninguém mais entende, apenas eles, depende muito do quão forte é essa ligação.
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O item anterior foi retirado de Fatal Frame II e de alguns estudos com gêmeos.
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O fato de Hipnos e Tânatos morarem nos Elísios é uma referência a CDZ.
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Radamanto é um dos três juízes do Hades e o responsável pelos Elíseos.
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Caronte ou Charon é aquele barqueiro que leva as almas para o outro lado do Aqueronte.
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A radiação solar pode ser prejudicial à pele e é capaz de secar rios e até lagos, dependendo do clima da região.
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O corpo humano é composto de 70% a 80% de água, por isso que devemos ingerir líquido para evitar insolação, para repor a água liberada pelo organismo por conta da radiação solar.
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Se fôssemos entrar em contato com a energia solar pura, sem a interferência da atmosfera, estaríamos carbonizados.
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O lance do barro para reconstruir o corpo foi retirado de InuYasha, um anime antigo muito legal.
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Biomancia é o que seria a magia da vida. O nome foi dado por mim já que bio = vida e mancia = magia, a lógica é a mesma da necromancia, porém ao invés de tratar da morte, ela trata da vida.
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Cadmo foi um heroi e fundador de Tebas após seguir uma vaca e matar uma serpente tida como sendo de Ares. Ele se casou com Harmonia.
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Harmonia era filha de Afrodite e Ares e deusa da concórdia e da harmonia. Ela recebeu de presente de casamento um colar de Hefesto que ficou conhecido como Colar de Harmonia. Hefesto o fez depois que descobriu o chifre da ex-mulher e a prole.
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O colar de harmonia trouxe tragédia a todos os seus possuidores, que só o queriam por ser bonito (o da Freya é mais), inclusive ao próprio casal.
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É dito que no final da longa novela de Cadmo, ele e Harmonia foram transformados em serpentes pelos deuses, mas encontrei uma versão ou obra literária que conta das bodas de Cadmo e Harmonia em que no final os dois em forma de serpente, foram levados por Hermes, a mando de Zeus, para os Elíseos.
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Tragam a pipoca, nas próximas semanas a coisa vai esquentar.



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