A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 17
O Mistério da Chuva


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa: qualquer informação que salte os olhos será explicada, seja nas notas finais ou capítulos posteriores.
Boa leitura.



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Seria mais um belo dia no Acampamento Meio Sangue, se não fosse pela chuva. Não que a barreira estivesse fraca, mas sim pelo fato de chover dentro dela.

— Puta que pariu! Isso deve ser coisa dos gêmeos de Hermes! – Exclamou o Senhor D com sua coca aguada.

Todos correram para se abrigar da chuva, inclusive os membros da Embaixada.

— Mas que merda! – Exclamou Angus. – Tinha que chover logo quando eu estava dormindo?!

— Mas você só dorme! – Exclamou Diana.

— Não é verdade, eu bebo também.

— Droga, eu lavei o cabelo hoje! – Reclamou Raven. – Vou ter que lavar de novo. E a minha blusa do acampamento então? Está ensopada!

— A barreira deve esta fraca por causa dos novos campistas. – Disse Helena.

— Não acho que seja isso. – Pronunciou-se Nicolas. – Nós temos orientado os novos campistas e tirado dúvidas. Cara, ainda bem que sou filho de Njord e a água não pode me molhar sem minha permissão.

— Onde está Frísio? – Perguntou Jasmine.

— Ele foi ao estábulo conferir se os unicórnios e Árion estavam a salvo. – Disse Parvati. – É melhor irmos tomar um banho e trocarmos estas roupas antes que nos resfriemos.

— Eu aprovo! As minhas estão encharcadas!

— Ray, já ouvimos isso. – Disse Eliot. – Não precisa repetir.

— Então você vai lavar e passar todas as roupas.

— Por que eu?!

— Porque você começou.

Raven foi a primeira a subir até o quarto. Angus foi em seguida com Helena. Algum tempo depois, Frísio entrou ensopado no prédio.

— Frísio! – Exclamou Jasmine.

— Eu estou bem, só foi um pouco de chuva.

— É melhor tirar essas roupas molhadas e tomar um banho. – Sugeriu a hindu.

— Boa ideia. Alguém viu o Tyler?

— Não.

— Nem eu.

— Ele não estava com você, Nick?

— Não, Dia. A última vez que eu o vi foi no café.

— Ele deve estar lá fora. – Concluiu Eliot.

— Eu vou buscá-lo.

— Não, você vai subir e se trocar. – Disse Diana firmemente. – Você é o mais encharcado de nós.

— O que está acontecendo? – Perguntou Sienna enquanto descia as escadas usando uma longa camisola azul.

— Você acordou só agora?! – Espantou-se Eliot. – E eu achava Angus preguiçoso.

— Está chovendo, só isso. – Disse Frísio antes de ser empurrado por Diana escada a cima.

A princípio Sienna estranhou. Ela abriu a porta de entrada e saiu para a chuva. No começo deixou a chuva tocar sua pele, mas depois a chuva não a molhava mais, pois, como filha de Sedna, tinha esse poder. Ela retornou para dentro.

— Esta chuva não é natural.

— Como assim? – Perguntou a grega.

— Ela vem de dentro da barreira, não de fora, não há possibilidade de acontecer...

— A não ser que alguém a provoque. – Concluiu Parvati. – Um semideus.

— A pergunta é: quem está fazendo isso?

— É melhor vocês tomarem um banho e trocarem essas roupas molhadas. Irei atrás de Tyler.

— Irei com você. – Disse Nicolas. – Tenho a mesma habilidade.

— Não, eu irei sozinha. Fique aqui para o caso de Tyler regressar e não deixe que ninguém saia daqui até eu regressar com ele ou, pelo menos, até a chuva passar.

— Está bem. Volte logo com ele.

Todos subiram. Enquanto os outros tomavam banho e colocavam outras roupas normais ou do acampamento, Sienna colocou sua roupa de acampamento e saiu para a chuva. A chuva tinha aumentado, mas nada que fosse um desafio para a filha de Sedna.

O trajeto apresentava lama, os campistas corriam para se abrigar e muitas vezes confundiam seus chalés. Viu o Senhor D praguejando em grego antigo, os sátiros e as ninfas tentando se proteger e Quíron tendo que cuidar do estábulo.

A inuit não parou de andar por nada até encontrar quem procurava. Tyler andava de um lado para outro e assim como ela, a chuva não molhava sua pele ou suas roupas.

— Tyler!

— Sienna? O que faz aqui?

— Os outros estavam preocupados por não ter voltado.

— Ah, sim. Eu esqueci de avisá-los.

— Você percebeu também, não foi?

— Sim. Eu estava procurando o culpado disso.

— Não vamos conseguir nada se estivermos parados.

— Vamos nessa.

Os dois andaram pelo acampamento, mas não encontraram ninguém que pudesse estar fazendo aquilo. Derrotados, ambos retornaram à Embaixada e se reuniram com os outros, já de banho tomado e roupas trocadas.

— Por onde esteve?! – Perguntou Diana.

— Fui procurar o culpado. Sienna até me ajudou depois, mas não adiantou.

— O jeito é esperar a chuva passar. – Disse Parvati.

— Por mim tanto faz. – Disse Angus. – Vou continuar meus planos aqui dentro mesmo.

— Mas você vive dormindo desde que chegou aqui! – Reclamou Raven.

— É que não tem nada para fazer. Me sinto entediado.

— Podia ir à arena comigo.

— Seria fácil demais. A maioria aqui sucumbiria ao primeiro golpe. Um ou outro poderia me dar algum trabalho.

— Também, com a pistola que você usa!

— Mesmo que eu não usasse, venceria.

— Que pistola? – Perguntou Tyler.

— É verdade, vocês não estavam aqui. Eu tenho uma pistola que pode atirar fragmentos de energia da alma e causar muito dano.

— Cara, que legal!

— Você tem algo assim? – Perguntaram Sienna e Parvati de sobrancelhas arqueadas.

— Tenho, mas não é todo dia que eu uso.

— Podia nos ajudar na integração dos novatos no acampamento.

— Trabalho social não é comigo, Ray.

— Olhem, está parando! – Exclamou Jasmine.

Gradualmente, a chuva parou. O céu estava claro como antes e todos puderam sair. Muitos estavam aliviados, outros se perguntavam o que tinha acontecido.

— Ok, está claro que não foi uma chuva normal, então vamos nos separar e procurar pistas. – Ordenou Diana. – Frísio, você vai para a floresta com os equinos, Parvati vai para as forjas, Angus, você procura na praia, já que é um dos poucos que não foi expulso.

— Porra, vocês se divertiram sem mim?!

— Quem manda dormir o dia todo? – Implicou Eliot.

— Eliot, você e Helena vão investigar as fronteiras do acampamento, Jasmine vai até o campo de morangos avaliar os estragos, Sienna, quero você nos estábulos, Tyler investigará o Arsenal, Nicolas vai investigar as cabines e o pavilhão de jantar e Raven e eu iremos até a Casa Grande, provavelmente haverá reunião entre os conselheiros.

Cada um se separou e foi para um canto. Realmente Diana estava certa, haveria uma reunião dos conselheiros. Enquanto ela e Raven aguardavam, os outros faziam suas tarefas. Perto dali, Nicolas conversava com outros campistas.

—Hey, Lou, que chuva hein.

— Nem me fale, há rumores de que algum de vocês fez isso e outros dizem que alguém do meu chalé fez um ritual de dança da chuva.

— Que absurdo!

— Eu sei, dá para acreditar nesse povo?! Já viu algum filho de Hecate fazendo dança da chuva?! Não somos índios!

— É absurdo mesmo.

— Eu tenho que ir à reunião dos conselheiros.

— Antes de ir, viu alguma coisa estranha? Tipo, antes de começar ou assim que terminou?

— Não vi.

— Tudo bem. Vou ver se alguém viu alguma coisa.

Enquanto isso, na floresta.

O que exatamente estamos procurando, mestre Frísio?— Perguntou Fiáin.

— Qualquer coisa fora do normal.

Tipo o ar da floresta?

— Como assim?

Sinto ele mais puro, como se a chuva tivesse purificado essa floresta.

— Se Jasmine estivesse aqui, com certeza saberia por meio das plantas.

— Isso me lembra quando eu era mais novo. – Disse Árion. – Despina odiava chuva, então congelava e transformava em tempestade de granizo. As poucas vezes que a convenci de não congelar a chuva para sentir o cheiro da terra molhada, as plantas ficavam agradecidas pela água, mas assim que acabava, ela congelava tudo tornando a terra infértil e congelada. As plantas ficavam agonizadas quando morriam quase imediatamente. Bons tempos.

Você e sua irmã têm sérios problemas.— Disse Gaoithe.

— Mas a questão é, não importa o quanto o clima esteja bom ou a magia seja forte, as plantas sempre vão gostar mais se receberem água.

Nisso eu concordo com ele.— Tornou a dizer o branco. – O ar está tão puro que eu poderia dormir o dia inteiro. Não é como aquelas tempestades que deixam o ar tenso, uma chuva benéfica!

 — Mestre Frísio?

— Seja quem for, não deve ter feito para nos prejudicar. Não vejo estragos por aqui, mas vamos continuar procurando.

Certo!

Enquanto isso, Eliot voava pelos céus. Tinha a visão de todo acampamento e seus companheiros e com a visão de falcão, podia dar zoom em tudo. Infelizmente não era o único nos céus, mas teve tempo de notar e desviar de quem quer que fosse. Um jovem também loiro de olhos azuis, porém de pele clara, apareceu frustrado pelo ataque ter falhado.

— Ok, que palhaçada é essa?

— É um filho de Júpiter ou Zeus?

— Hórus está bom pra você?

— Hórus?

— Toda vez é isso? A mitologia egípcia é bem conhecida. Apenas ignorantes não ouviram falar de seus principais deuses.

— Está me chamando de ignorante?!

— Não sou eu que estou chamando, é a sua falta de conhecimento.

— Ora seu!

O garoto puxou a espada e Eliot a cimitarra. As lâminas colidiram no ar, mas não por muito tempo, pois se separaram para golpear e a lâmina da cimitarra foi mais rápida em abrir um corte na mão do oponente, fazendo-o soltar a espada.

— Foi você quem enviou aquela chuva? – Perguntou o egípcio.

— Eu ia te perguntar o mesmo. – Disse analisando o corte. – Isso foi golpe baixo.

— Não, apenas um para não matá-lo. Não iria ganhar de mim.

— Quer apostar?

— Com uma espada como aquela? Não contra alguém experiente no caminho da cimitarra.

— Essa coisa curva não é melhor que a minha espada.

— Só se eu não soubesse como usá-la. Qual o seu nome?

— Por que te importa?

— Porque eu quero saber o nome do culpado pela chuva.

— Mas eu não enviei aquela chuva!

— E nem eu, não tenho esse poder.

— Se não foi você, então quem foi?

— É o que eu estou tentando descobrir.

— Aqui em cima?

— A vista é melhor do alto. A propósito, meu nome é Eliot, Eliot Skyfall.

— Jason, Jason Grace.

— Bem, Jason, foi mal pelo corte.

— Tudo bem, eu acho.

— Sua espada está logo ali. – Disse apontando. – É só mergulhar em linha reta. Opa, eu tenho que ir.

Eliot se impulsionou para cima, fez um arco e mergulhou. Parou quando estava perto do chão, se endireitou e pousou.

— Achou algo, Helena?

— Sim.

Com isso ela se afastou e o guiou até a entrada.

— Não tem nada aqui!

— Sabemos que somente choveu dentro da barreira e não fora, certo?

— Sim.

— A terra dentro dos limites do acampamento está molhada, mas há algo que foi de uma pegada.

— Mas essa é a entrada, pode ter sido de qualquer um.

— Qualquer um que resolveu entrar dando a volta? Ainda vejo os sulcos na terra, mesmo não sendo tão visíveis de longe. Há mais adiante.

— Perfeito.

Enquanto Eliot e Helena seguiam as pegadas, a reunião estava acalorada. Todos estavam lá, exceto o conselheiro do Chalé de Zeus. Um apontava a culpa para o outro. Viram Quíron e o Senhor D tentando por ordem. A discussão continuou até que Diana socou a parede de pedra, fazendo a construção estremecer e criando uma rachadura.

— Colocar a culpa um no outro e fazer barraco não vai ajudar, então calem as porras das bocas e abaixem os dedos! A não ser que queiram perdê-los.

Com a sala em total silêncio, Raven tomou a palavra.

— Antes que peguem os forcados e as tochas, precisamos separar os possíveis suspeitos. Alguma sugestão? Sem causar barraco?

— Os irmãos Stoll! – Acusou Katie, uma das conselheiras de Deméter. – Eles sempre aprontam das suas!

— E temos também o cabeça de alga! – Lembrou um dos novos conselheiros.

— Mas ele está no Acampamento Júpiter com Annabeth, não pode ser ele. – Defendeu Piper.

— E o seu namorado? Jason Grace? Ele não está aqui. – Lembrou Pollux.

— E o pessoal do Chalé de Hecate mexe com magia! – Acusou Clovis.

— Já disse que meu chalé não tem nada a ver com isso!

— E o pessoal da Embaixada? Pode ter sido algum deles!

— Hei, não fomos nós! – Defendeu-se a nórdica.

— Está bem, a lista está feita. – Sentenciou Raven. – Vamos começar por eliminação. Os filhos de Hermes não controlam o tempo, a menos que tenham alguma engenhoca para isso.

— Nem eu e nem meus irmãos criamos algo assim. – Disse Nyssa. – E posso provar!

— Ótimo, se não construíram nada assim e os Stoll não “pegaram emprestado”, podemos excluí-los da lista. O próximo suspeito?

— Percy Jackson, mas ele não está aqui. – Disse Miranda, a outra conselheira do Chalé de Deméter.

— Então menos um. Jason não está aqui, então vamos esperar com que chegue para se defender. Lou, sua defesa.

— Nós não mexemos com magia tanto assim, mas não alteraríamos o clima, nem sei se podemos fazer isso.

— Menos outro. Eu garanto que não foi Eliot, ele estava conosco e saberíamos se fosse ele, fora que ele não tem esse poder. Isso eu garanto.

— Também não foram Tyler e Sienna, pois Sienna estava dormindo e Tyler estava por esse acampamento procurando por um culpado depois que a chuva começou a cair. – Disse Diana. – E como filhos do mar, a tempestade teria sido mais violenta.

— Reunião suspensa. – Anunciou Raven ao olhar o Godcel.

— O que?! – Exclamaram todos.

— Hei, não pode suspender o conselho assim! – Reclamou o deus.

— É sobre a sua plantação de morangos.

— Minha plantação não!

Dionísio saiu correndo porta a fora em direção à sua preciosa plantação, sendo seguido pelos outros.

Eliot e Helena seguiam o que sobrou das pegadas na terra seca. Elas se tornaram mais evidentes quando chegaram à floresta e adentram nos limites do acampamento. Encontraram Frísio e os Equinos.

— Frísio, achou algo? – Perguntou o loiro.

— Nada, pelo menos não de concreto. Tudo que eu sei é que não houve estragos e as plantas foram beneficiadas.

— Considerando a chuva que caiu, isso é estranho. Pensei que ia alagar o acampamento.

— As pegadas continuam até dentro do acampamento, mas esta árvore é especial. – Disse Helena.

— Fala com árvores também?

— Idiota, apenas olhe para o chão.

— Helena tem razão, parece que alguém passou um bom tempo aqui e há um pouco de lama no tronco.

— Vou ver.

Eliot alçou voo até o topo da árvore.

— Não tem nada aqui, a não ser a vista do acampamento, ou parte dele! Pessoal?!

— Pode descer. – Anunciou o celta.

— Alguém subiu na árvore durante a chuva para observar o acampamento. – Concluiu Helena.

— Mas quem iria fazer isso em uma chuva torrencial como aquela? Subir nessa árvore com guarda-chuva deve ser difícil, ainda mais em um tempo como aquele.

— Não se molhou.

— Hã?

— Para uma chuva como aquela, seria preciso ser alguém ligado com a água.

— Tyler, talvez? Ele demorou a voltar e Sienna o encontrou vagando por aí.

— Não acho que tenha sido.

— Por que acha isso? – Perguntou o egípcio.

— Tangaroa é rival de Tane. Se fosse Tyler, os poderes dele teriam destruído a floresta e não a beneficiado. É alguém novo.

— O único que poderia fazer algo similar seria alguém do Chalé de Poseidon, mas não há ninguém lá, só se tiver outro filho de Poseidon.

— Ou de outra mitologia. – Lembrou o egípcio.

— Vai sobrar para nós.

Os conselheiros seguiam o Senhor D a passos largos até o campo de morangos. Muitos campistas estavam lá. Assim que o deus passou pela barreira humana, viu o campo. Havia o quádruplo de morangos que produzia, tantos até onde a vista alcançava e todos estavam prontos para a colheita.

— Mas o que?! Quem fez isso?

— Iremos averiguar. – Disse Miranda partindo com Katie para reunir os ocupantes de seu chalé. Diana e Raven encontraram Jasmine.

— Jazz, o que foi isso? – Perguntou a ruiva?

— Eu não sei. Vim para cá como pediu, mas quando cheguei tinha gente aqui e os morangos estavam desse jeito.

— Hei, todo mundo pra colheita e já! – Ordenou Senhor D.

— Depois, ainda queremos ver o que os outros acharam.

— Hã?

— Mandamos cada membro da Embaixada investigar uma parte do acampamento em busca de pistas.

— E não me avisaram?!

— Não.

— Angus disse que não achou nada na praia. – Disse Raven conferindo as mensagens do Godcel. – Tyler também não encontrou pistas no arsenal.

— E Nicolas?

— Perguntou a todos que encontrou, mas não achou nada e ninguém sabe de nada. Sienna não encontrou nada além de cocô de cavalo. Já Eliot, Helena e Frísio têm notícias.

— Isso é ótimo!

— Eles desconfiam de um semideus com ligação com a água.

— Isso a gente descobriu mais cedo, Sherlock. – Disse Clarisse.

— Então sabia que a terra do lado de fora da barreira está seca, mas mesmo assim alguém deu a volta no acampamento para entrar?

— Isso é pegadinha de alguma peste, só pode!

— E tem mais. Parece que a pessoa observou o acampamento por cima de uma árvore e não há qualquer prejuízo na floresta. Alguém com ligação com a água, que não causou prejuízo, mesmo com a quantidade de água que caiu, que só fez nos limites do acampamento e que não estava aqui antes.

— O que quer dizer, corvo?

— Helena disse que desconfia que seja alguém novo. A teoria é que seja outro filho de Poseidon ou de alguma outra mitologia.

— Puta merda! – Exclamou o deus. – Não tem uma escolha menos pior?

— Eu sinto muito.

— E Parvati? – Insistiu Diana. – Ela mandou alguma notícia da forja?

— Até agora nada. E antes que pense em qualquer coisa, não bate com o perfil de nenhum filho de Ganesha, até porque Ganesha não é um deus da água.

— Droga! – Resmungou o deus no cantinho.

Parvati tinha ido à forja como Diana ordenara. Lá, ela tinha se deparado com uma cena curiosa. Um garoto de pele morena, cabelo curto castanho escuro e olhos castanhos, que vestia camiseta azul, jeans e tênis, pedia informação a um dos filhos de Hefesto sobre alguém chamado Leo Valdez.

— Era nosso antigo conselheiro. Ouvi dizer que ele está fora há algum tempo, alguns rumores dizem que está morto. Quem assumiu foi Nyssa.

— Está bem, obrigado.

— O que queria com ele?

— Nada, deixa pra lá.

— Sei. Nunca te vi aqui e você aparece procurando por ele.

Vendo que o garoto tinha travado e não respondia, Parvati decidiu se intrometer.

— Precisa de ajuda? Pelo visto é novo aqui.

— Sim, eu sou...

— Que ótimo, deixe-me te apresentar o acampamento.

A hindu puxou o garoto até uma distância consideravelmente segura da forja.

— Ouvi dizer que procura por alguém.

— Sim, procuro por Leo Valdez, você o conhece?

— Não, este nome não me é familiar, mas podemos perguntar ao Quíron ou ao Senhor D.

— Acho melhor não.

— Você é amigo dele, não? Ou seria algo mais profundo? Talvez complicado.

— O que?! Não é nada disso! Ele... Bem, pra falar a verdade, eu não o conheço.

— Irmão perdido, então?

— De onde tirou isso?

— Pela sua cara eu acertei. – Disse rindo.

— Você me pegou. Como sabia que era meu irmão?

— Eu chutei. – Admitiu envergonhada. – Mas posso deduzir mais sobre você.

— Essa eu quero ver.

— Poderia ter dito a verdade, mas preferiu não dizer, então é uma relação complicada. Também poderia que é filho de Hefesto, mas isso não passou por sua cabeça, então realmente é filho de outro deus.

— Nossa! Você é boa.

— Um pouco. Sou Parvati Ganaraj, filha de Ganesha.

—Você não é a única estrangeira aqui!

— Pelo seu entusiasmo e interesse, você é estrangeiro também.

— Hei, pare com isso! Minha cabeça está dando um nó.

— Desculpe. Você é?

— Marcos, Marcos Gutiérrez, filho de Chaac.

— Vou te mostrar o lugar, mas por enquanto é melhor guardar suas coisas na Embaixada.

Após guardar as coisas na Embaixada e apresentá-lo a Niraj, Parvati mostrou a Marcos todo o acampamento, deixando o campo de morangos por último. Foi lá que encontrou Diana, Raven e Jasmine. Ela acabou se afastando do garoto e indo conversar com as companheiras.

— Até agora nada. – Escutou a egípcia dizer. – E antes que pense em qualquer coisa, não bate com o perfil de nenhum filho de Ganesha, até porque Ganesha não é um deus da água.

— Droga! – Resmungou o deus no cantinho.

— Eu estou bem aqui.

— Parvy, estávamos falando de você! – Exclamou a ruiva. – Me diz que tem uma notícia boa.

— Talvez. O que vocês sabem?

Raven teve que contar a ela sobre as descobertas que todos fizeram, mesmo a maioria não dando em nada. Parvati arqueou as sobrancelhas, retornou à multidão e voltou com o rapaz que encontrara na forja.

— Meninas, lhes apresento Marcos Gutiérrez, o culpado pela chuva.

Foi uma chuva de exclamações surpresas. Nem o próprio esperava por aquilo.

— Parvy, você tem certeza?

— Claro. As pistas e o perfil, vocês já me contaram e pensaram, agora esta é a última peça do quebra-cabeça. Ele é filho de Chaac, o deus maia da chuva e associado com a agricultura. Normalmente, Chaac não causa tempestades destrutivas, a menos que esteja em cólera, esse é o trabalho de outro deus.

— Na verdade é de uma deusa. – Disse o garoto novo. – Ixchel, pode não parecer, mas ela também envia tempestades.

— Isso faz todo sentido. – Disse o centauro.

— Foi você mesmo? – Perguntou Diana.

— Fui sim.

— Por quê?

— Queria ver se dava pra fazer chover dentro da famosa barreira. Não foi mais que um experimento. – Respondeu bem humorado e travesso.

— Ora seu...! Só não te dou um cascudo que vai te mandar pra puta que pariu porque Chaac é mano meu! E porque eu tenho que botar geral pra colher morangos também.

— Mano seu?

— Até as uvas precisam de chuva de vez em quando e Chaac faz chover sem prejuízo, menos quando está puto, porque ele puto é um problema. Estão olhando o que?! Vão pegar as ferramentas e colher esses morangos! Vocês acham que eu tiro dinheiro da onde?! Da bunda?! Estão achando que eu sou Pluto ou Tyche?! Vão trabalhar cambada de vagabundos antes que eu desconte minha abstinência em vocês!

O dia correu com a colheita dos morangos e os que não ficaram no acampamento foram embalados para serem enviados em vans e comercializados. Não foi um dia de todo ruim, até porque alguns campistas puderam roubar morangos sem problemas. Após a exaustiva colheita, Raven pediu a Angus que trouxesse os mortos de volta para darem vida ao design do quarto de Marcos.

— Será que o tio suquinho me empresta os mortos dele para darem conta de todos esses morangos? – Questionou-se o deus vendo os mortos trabalhar novamente enquanto ele coordenava as vans.


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Notas finais do capítulo

Qualquer filho de qualquer deus da água pode controlá-la, assim como escolher ficar molhado ou não. Então quem for filho de Poseidon, Tritão, Njord, Sobek, Sedna, Tangaroa, etc, pode ficar tranquilo.
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"vamos nos separar e procurar pistas", referência clara a Scooby-Doo.
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Hóus é o deus egípcio dos céus, filho de Ísis e Osíris depois de morto, cortado, remontado e mumificado. Ele possuía um olho que simbolizava o sol e o outro a lua. Ele perdeu o olho da lua na batalha com Seth (naquela história cheia de incesto, traição e putaria, se não lembrar, releia as notas do capítulo do banquete).
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Cimitarra é uma espada curva, leve e elegante. Era comumente utilizada no Oriente Médio e na parte muçulmana da Índia. Assim como a katana, ela possui um só gume e é extremamente ágil. Esqueça as cimitarras de cinema (aquelas grandes que ninguém sabe como conseguem carregá-las), pois as cimitarras reais não são assim.
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Apesar de Hórus ser o deus dos céus, o máximo que seus filhos conseguem fazer é criar um tornado, pois chuvas são raras no deserto, o mais comum são tempestades de areia, por isso Eliot não pode criar chuvas ou tempestades comuns.
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Forcados e tochas são utilizados em cenas de perseguição medieval no cinema. Basta ver a multidão enfurecida.
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Ganesha é o deus hindu da sabedoria e das soluções simples para grandes problemas. Possui pensamento afiado, mas ao mesmo tempo está sempre aprendendo. Uma vez, quando precisava escrever sem interrupções, ele quebrou o bisavô da caneta sem querer, para reparar isso e manter sua palavra, ele quebrou uma de suas presas e usou como caneta.
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Chaac é o deus maia da chuva, por isso também foi intitulado como patrono da agricultura. Ele é representado como uma serpente como um humano de quatro faces (uma para cada ponto cardeal) ou uma só face. Seu corpo humano possui escamas reptilianas. Alguns mitos o colocam como um guerreiro e sua arma é um machado.
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É dito que Chaac cometeu adultério com a esposa do irmão, o deus do sol, mas depois acabou se arrependendo e chorando lágrimas de arrependimento, criando assim, a chuva.
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Chaac não tem costume de mandar inundações ou tempestades violentas, pois ele é associado com a chuva mais benéfica, ao contrário de Ixchel, a deusa do parto, maternidade, da lua, dos tecidos, costura, medicina, guerra e até mesmo chuva, sendo a responsável pelas inundações.
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Apesar de Chaac ser um cara legal, é uma péssima ideia deixá-lo irritado.
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A mitologia maia é uma das três principais mitologias da América Latina, visto que sua civilização foi de grande importância na história da América (o continente). As outras duas são a asteca e a inca. Até hoje se houve falar das civilizações asteca, maia e inca e suas ruínas se tornaram importantes pontos turísticos.
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Primeiramente: agora podemos acessar o panteão maia! Vamos conhecer esse bando de problemáticos em algum momento.
Vamos ao ponto mais importante: esse maia maluco comentou lá em cima ser irmão do nosso querido filho de Hefesto, sendo que ele é de Chaac. Por que ele fez isso? A autora bebeu? O que estou tramando (ou injetando)? Isso, caros leitores, ficará para o futuro, pois essa história ainda vai dar o que falar e muito.



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