EPOV

         Eu estava no inferno.

         Sim, por que eu só conseguia sentir dor, a inércia e de repente a dor.

         Era estranho por que eu jurava que em todo corpo tinha uma alma, e que a mesma feita de algum material divino que não fosse carne, após sair do corpo, não poderia sentir dor.

         Dor nas pernas, na cabeça, em tudo.

         Tentei me mexer, mas pareciam ter tijolos sobre mim, minhas pálpebras pareciam pesar quilos, que diabos eu faço aqui?

         Tremulei-as, tentando abrir meus olhos, e assim que o fiz logo me arrependi, a claridade havia me atingido em cheio fazendo eu fechar meus olhos e suspirar de alivio.

         Fora o barulho irritante que ecoava sem para em meus ouvidos.

         Deus, eu havia mesmo ido para o inferno?

         Notei um barulho estranho, mas não conseguia me concentrar o bastante para discernir o que era, mas era algo melodioso, algo familiar e belamente melodioso.

         Curioso eu prendi minha atenção, e senti algo mexer minha mão, algo macio e quente, a sensação era boa, de uma forma estranha parecia me trazer alivio.

         Mais empenhado em descobrir o que era aquilo eu forcei lentamente meus olhos a abrir, suportando o clarão inicial fazendo algumas lágrimas se formarem no canto de meus olhos, primeiro eu vi aqueles cabelos castanhos, ralos, não possuíam tanta vida, mais estavam ali, agora com minhas visão se ajustando ao ambiente eu pude visualizar melhor aquele par de olhos castanhos achocolatados que brilhavam como sempre, iluminando tudo ao redor, seus traços eram tão perfeitos e frágeis que eu pensei que estava em meio a um sonho, ou no próprio paraíso, já que ela..

         Deus, Bella havia morrido.

         Pude sentir meu coração acelerar, e um barulho irritante aumentar também, Bella estava aqui na minha frente, e eu estava morto.

         Meu deus, eu estava morto.

         - Edward? – sua voz doce e gentil ecoou mais uma vez.

         Meus olhos se fixaram em Isabella, ela sorria mas ao mesmo tempo deixava algumas lágrimas caírem, Deus, ela estava tão linda.

         - E-Eu morri? – sussurrei sentindo minha garganta arder.

         - Quase meu amor – ela suspirou – Quase.

         Eu olhei para Bella com um olhar questionador e ela entendeu que eu estava confuso.

         Ela apertou de novo algo na beirada de minha cama e voltou a segurar minha mão, que reagiu ao seu toque.

         - Você sempre tirando suas conclusões precipitadas Edward – ela balançou a cabeça – Era para nós dois acordarmos juntos, mas tive algumas complicações em minha cirurgia – ela suspirou – E segundo a enfermeira você perguntou de mim assim que acordou, e quando ela foi no quarto lhe avisar que Carlisle ainda estava me operando por que eu corria sérios riscos, você a olhou chorando e saiu correndo, sem deixar a pobre moça falar alguma palavra.

         Ela fez uma careta ao lembrar.

         - Então houve um acidente de carro – seus olhos estavam cheios de dor e lágrimas – um caminhão lhe atingiu em cheio fazendo seu carro capotar e quase cair da ponte que transpassa a cidade – Seu tom era choroso agora – Os paramédicos lhe trouxeram para cá quase sem vida, na verdade, foi um milagre você ter sobrevivido.

         Eu olhei seu rosto cheio de dor e quis me bater por fazê-la sofrer, meu anjo, minha Bella, nós estávamos vivos, Isabella estava viva.

         Lentamente eu levantei minha mão e ela se aproximou me deixando tocar seu rosto.

         - Eu pensei que tinha perdido você – minha voz era rouca e eu sentia minha garganta queimar e sem me dar conta as lágrimas saltaram de meus olhos que ardiam como fogo.

         - Você não me perdeu – ela enxugou minha lágrima e sorriu – Você me salvou, o transplante supriu toda a minha falta de glóbulos brancos por agora, mesmo não sendo 100% de cura, é provável que eu viva longos anos sem os tormentos da Leucemia.

         Neste instante eu vi Carlisle entrar no quarto junto com uma enfermeira e Esme, que lacrimejava e correu até mim.

         - Edward meu filho – ela suspirou – Deus que alivio, você acordou!

         Tentei sorrir, mas parece que até esse movimento doía.

         - Desculpa – sussurrei e a enfermeira colocou um copo de água em meus lábios.

         Sorvi o liquido com vontade, tomando dois copos, aplacando a queimação em minha garganta,  

         - O importante é que você sobreviveu filho – Carlisle falou enquanto trocava o soro – Mesmo ficando todo esse tempo em coma, você está vivo.

         Bella e Esme sorriam com lágrimas em seus olhos, e eu esbocei um pequeno sorriso, como eu pude pensar em abrir mão de tudo isso aqui?

         Bella, a garota que eu amo, e que eu passei as horas mais agonizantes de minha vida achando que estava morta.

         Esme, minha mãe, sempre com o coração aberto para mim, me acolhendo não importa o quão errado eu esteja, ou faça.

         Carlisle, meu pai, que mesmo ainda sério e de poucas palavras, demonstrava afeto em todos os seus atos.

         E de alguma forma eu sentia que isto tudo não estaria acontecendo sem a ajuda de alguém.

         Rosalie.

         Meu coração pulou uma batida quando eu a vi envolta de um brilho estranho e um sorriso parada ao lado de Esme e Bella.

         Minha família completa novamente, pensei com um sorriso.

         Ela piscou para mim, enquanto passava seus braços ao redor de Bella e Esme e esboçou as palavras.

         “Sempre ao seu lado, e em seu coração Eddie.”

         - ]Amo vocês – sussurrei me sentindo meio sonolento de novo.

         - Nós também querido – Esme respondeu.

         Bella assentiu com um sorriso assim como Carlisle.

         E no provável efeito dos remédios eu adormeci.

         5 anos depois.

         O que eu podia dizer?

         Que eu era o cara mais feliz do mundo? Não, talvez não chegara a tanto.

         Mas eu sentia que estava a caminho disto.

         A fase negra de minha vida havia enfim passado, não que eu tenha esquecido Rosalie, eu apenas não sentia mais dor ao lembrar dela, só uma nostalgia gigante.

         E de uma coisa eu sabia, Rose havia de algum jeito me salvado daquele acidente, por que eu havia ficado três meses em coma, sim, três meses, sendo que na primeira semana eu respirava com a ajuda de alguns aparelhos.

         Bella me contou isto com lágrimas nos olhos e me fizera jurar que nunca faria algo parecido com isto de novo.

         E o que eu pude fazer? Eu prometi, do fundo de meu coração. Por que aquilo foi como nascer de novo.

         Um recomeço ao lado das pessoas que eu mais amo, de coração aberto, sem amarguras, apenas a cura.

         Agora Isabella estava bem como nunca esteve, o transplante havia surtido o efeito desejado, e nós sabíamos que um dia a Leucemia voltaria, mas por agora resolvemos deixar isto de lado, curtindo tudo ao nosso redor, e principalmente amando um ao outro como um todo, formando apenas um só.

         Neste meio tempo eu havia terminado meus estudos, e estava no meu penúltimo ano de Medicina, e Bella estava no seu ultimo ano de Jornalismo, nós estávamos morando juntos e namorando firme, e eu poderia dizer que eu queria que isto durasse para sempre.

         Ter Bella todos os dias ao meu lado me fortalecia, fazer amor com ela era um experiência inenarrável, seus sorrisos, seu bom humor constante, sua preocupação comigo, tudo contribuía para o meu amor crescer mais e mais, deixando as sombras obscuras do passado para trás, e agora com ela nua em meus braços, me olhando com todo amor e carinho que eu jamais imaginei que uma pessoa pudesse sentir, eu sabia que estava pronto para dar este passo.

         Isabella era a minha garota, e eu a amaria até o fim de meus dias.

         Eu estava certo disto.

         Ela se enrolou no lençol e levantou indo até a sacada de nosso quarto que tinha uma vista privilegiada do mar de São Francisco.

         Levantei-me e vesti as calças de meu moletom a seguindo para ver o por do sol maravilhoso que se instalava no horizonte.

         Estava um pouco temeroso que ela recusasse, mas seria agora ou nunca.

         Por que pela experiência que tinha com Bella, jantares caros, e presentes exorbitantes não a impressionavam, como fazia com qualquer outra garota, eu sabia que a simplicidade das palavras sinceras valiam muito mais para ela.

         Apoiei meus braços no aparador, ficando com um em cada lado de sua cintura, diminui a distancia de nossos corpos e inspirei profundamente o aroma doce que exalava de seu cabelo.

         Ela suspirou e virou um pouco a cabeça.

         - É tão lindo o por do sol aqui – seu sorriso era tímido e ela estava incrivelmente corada.

         Eu adorava isso em Bella, o modo como ela reagia aos meus toques, o modo com que o rubor invadia suas bochechas.

         - Não usaria esta palavra com você aqui em comparação Bella – beijei seu pescoço e senti sua pele se arrepiar.

         - Você adora me deixar constrangida Edward – ela deu uma risada gostosa – Saiba que você e o por do sol é a combinação perfeita de um dia feliz para mim, dias dos quais eu quero ter milhares.

         - E você vai ter Bella – ela virou de frente para mim – Quantos você quiser.

         Suas orbes achocolatadas me fitavam com intensidade, com amor.

         Deixei uma de minhas mãos em sua bochecha, acariciando sua pele de pêssego preguiçosamente.

         - Eu te amo Isabella – sussurrei – Eu quero passar o resto de meus dias ao seu lado, quero que seja a mãe de meus filhos, quero também te amar todas as noites, dividir meu lar para sempre com você, e eu prometo te amar a cada dia da nossa pequena eternidade, então, você quer casar comigo?

         Seus olhos se encheram de lágrimas e por um segundo eu me assustei, mas assim que vi seu sorriso eu sabia sua resposta.

         Bella envolveu suas mãos em meus cabelos e suas pernas em minha cintura, e me beijou com vontade, com amor, com aceitação, com o seu sim explícito em cada um de seus gestos.

         - Oh Edward – ela se afastou respirando com esforço – Sim meu amor, sim, eu aceito, sim, sim, eu amo você.

         Meu coração pulou uma batida ao ver a intensidade de seu olhar, que ficara ainda mais claro com os últimos raios de sol que adentravam nossas peles nuas.

         - Eu e você – sorri – Para sempre?

         - Todo sempre – ela respondeu com um sorriso.

         E assim, alegremente, continuamos aquela parte pequena e perfeita de nossa eternidade.

                            FIMMMMMM!