A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 16
Livre


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. A todos uma boa leitura!



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– Essa vez foi ainda melhor que a primeira.

Meu corpo se vira sutilmente para encarar Frankie nos olhos, seu rosto estava relaxado, suas bochechas em um leve tom rosada- talvez resultado do recém-sexo – ela trazia nos lábios um sorriso genuíno.

Ela havia gostado, tanto quanto eu gostei. Penso com um sorriso.

Mexo meu corpo ao lado do seu e passo a encarar sua barriga, enquanto meus dedos dançavam em sua pele, traçando uma trilha lenta.

– Espero não ser melhor que a próxima vez. – Falo com ousadia.

Frankie parece gostar, porque solta um riso ao fim da minha frase.

Posso sentir seu beijo no topo da minha cabeça, naquele momento meu corpo todo relaxa com seu toque tão sutil e único. Frankie tinha uma forma especial de me fazer perder e reencontrar o controle. Bastava um único toque seu, pronto. Tudo estava feito.

– Claro. Eu estou ansiosa pela próxima vez. – Conclui ela em um tom de sinceridade.

Viro meu corpo e apoio meus braços em seu peitoral, Frankie era tão linda, às vezes penso o que ela enxergava em mim, uma dona de casa entediada e casada.

Talvez eu tivesse meu valor, ou apenas fosse excitante sair com uma mulher casada. Solto um riso ao concluir o pensamento.

– Sua risada é tão linda – Começa Frankie alisando meu rosto – você inteira é linda.

Ela passa a descer seus dedos pela silhueta do meu corpo, naquele instante sinto um súbito arrepio percorrer meu corpo.

Frankie murmura:

– Fica comigo aqui a noite toda. Podemos pedir uma pizza e ver as estrelas – Frankie ri beijando meus lábios – como duas colegiais.

Abro um sorriso, o brilho em seu olhar era tão intenso, era vivo.

Respiro fundo.

– Eu não posso, senhorita colegial. Eu preciso ir embora, ainda tenho que cuidar dos meus filhos.

Beijo seus lábios descendo os beijos para o pescoço, posso sentir sua pele se arrepiar com meu toque.

– Assim fica difícil te deixar ir.

Ergo meu olhar.

– É difícil, certamente é muito difícil – Suspiro desejando que aquele momento fosse eterno - Mas você tem um jantar com a Gina, se esqueceu?

Naquele instante Frankie inclinou no chão áspero do terraço e sentou ao meu lado, fiz o mesmo que ela.

Posso notar quando ela abaixa o olhar e consulta o relógio, passando as mãos no cabelo ela alisa os fios, levanta-se logo depois.

Respiro fundo.

Parece que aquele jantar é realmente importante. Penso desapontada.

– Eu preciso realmente ir – Frankie começa a se vestir – Me liga?

Levanto e recolho minha roupa pelo chão e começo a vesti-la.

Por um instante apenas concordo com a cabeça, mas isso fora antes de lembrar que não possuía mais um celular.

Antes que eu pudesse argumentar algo, Frankie puxara meu punho e começa então anotar seu numero na palma de minha mão. Ao finalizar ela beija meus lábios, um beijo rápido, porém, com intensidade.

– Eu te vejo amanhã.

– OK. Até logo.

Frankie saiu em direção à escada de incêndio desaparecendo após a porta fechar atrás dela.

Respiro fundo soltando todo o ar dos pulmões.

Aquilo era realmente verdade? Eu tinha mesmo acabado de transar com Frankie em um terraço. Terraço do meu novo emprego. Da suposta amante de Frankie. Por Cristo, Rachel! Quando crescer quero como você. Penso divertidamente.

Deixo o prédio pouco depois de Frankie, precisava ir para casa, logo os garotos chegariam. Mas antes precisava ir a um lugar.

***

O mundo tecnológico de fato não era minha praia, o que sabia era o básico – o que julgo qualquer um saber – mas eu realmente precisava de um novo aparelho.

Entro na loja de celulares do shopping, era quase cinco da tarde. Uma mulher esguia, com seios miúdos, pernas longas, ombros largos sorria para mim, ela tinha olhos negros e cabelo em um Chanel confuso, estava com uma saia longa e uma regata branca com alguns detalhes em pedras, uma rasteira complementara o look ao estilo hippie, talvez.

Moda realmente não era meu forte. Penso confusa.

– Boa tarde, posso ajuda-la?

– Ah, sim. Eu quero comprar um celular.

A mulher ri de uma forma amigável.

– Está com sorte. Está no lugar certo. – Brinca.

Abro um sorriso amarelo e a sigo até um balcão de vidro repleto de aparelhos.

Ela fica atrás do balcão, então diz:

– Tem preferência por algum modelo? – Ela me olha com um sorriso.

Retribuo.

– Não. Eu não entendo muito – pressiono meus lábios sentindo-me envergonha – você pode me ajudar? – Sorrio sem jeito.

– Claro – a mulher sorri com sinceridade – você tem alguma restrição em relação a preço?

O cartão que estava na bolsa era de Allan, um cartão no qual nunca usei – exceto para comprar algo para casa ou para meus filhos – talvez esse fosse o único motivo de Allan confiar seu cartão sem limites a mim. Porque ele sabia que sua mulher exemplar jamais ultrapassaria os limites de fato.

Mas acho que sua mulher exemplar fora para uma viagem sem volta, senhor Sadie. Penso humorada.

– Quero o mais caro da loja.

A mulher abriu um sorriso e então deixou o balcão pedindo para que aguardasse um instante.

Cinco minutos depois ela surge segurando uma caixinha.

– Esse é o modelo novo de Iphone. Chegou essa semana a loja.

Abaixo o olhar e começo a analisar o celular quadrado e prateado, sinceramente, não importava comprar aquele modelo ou o mais barato, o que me enchia de satisfação era saber que gastaria o dinheiro do meu marido. O dinheiro que sua vida inteira fora gastado em grandes quantidades com suas amantes.

– Ficarei com esse.

A mulher sorriu.

– Ótima escolha.

Concordo em silencio.

Após fazer o pagamento e contratar um plano.

Deixo a loja.

Enquanto caminho pelo shopping passando pelas lojas, lembro-me do que Allan falou, e aquelas lembranças me causam um desconforto.

“Você é uma droga de mulher.”

“Sempre do mesmo jeito.”

“Você não é atraente.”

“Que espécie de mulher é você?”

“Anda sempre com essas roupas.”

– Foda-se sua opinião de merda, Allan!

Abro um sorriso e entro na primeira loja de muitas que entraria até o final daquele passeio.

Não estava acostumada com compras, mas se tem algo que alegra qualquer pessoa – por mais fútil que pareça ser – era comprar coisas novas, e naquele momento eu me sentia realmente feliz.

E o motivo não estava apenas nas roupas novas – da nova Rachel – mas também na satisfação de ter um tempo só para mim.

Poder entrar em uma loja e escolher aquilo que quero vestir, sem me preocupar com o que os outros poderiam pensar. O que o babaca do meu marido fosse pensar.

A minha ultima parada fora um salão de beleza conhecido por ali, na fachada trazia o nome: Power’s Color.

Assim que entro sou recebida por uma figura magra demais, vestida em um jeans descolado e surrado, camisa branca com o rosto da Madonna impresso, cabelo em um topete da moda, maquiagem exagerada – porem perfeita para seu estilo – lábios com um batom violeta.

– Oh, Cristo! Isso é uma miragem – Gavin me encara espantando – Rachel, amiga!

Ele corre em minha direção, dando-me um abraço afetuoso.

– Há quanto tempo não te vejo. Ultima vez foi em seu casamento com aquele – Gavin suspira – pedaço de mau caminho.

Gavin nunca escorrera sua atração platônica por Allan.

Abro um leve sorriso.

– É. Eu sei. Será que tem um horário para mim? – Pergunto colocando as sacolas com as compras em um sofá de couro branco.

– Mas é claro! Você é da família. Judit! – Grita histérico.

Uma mulher alta e cheia de curvas aparece, ela tem o olhar entediado e o cabelo alisado para baixo do ombro.

– Sim.

– Cancele meus horários. Hoje estarei ocupado cuidando de uma belezinha. – Gavin pisca para mim.

– Sim, Mister G.

Mister G, certas manias de Gavin não mudara. Penso sorridente.

A mulher sai batendo seu salto.

Eu e Gavin nos conhecíamos desde a infância, fizemos o colegial juntos, éramos a dupla infalível. Muito próximos até a nossa formação no ultimo ano. Sempre tivera boas lembranças daquele tempo, principalmente de Gavin aprontando com seus namoradinhos enquanto eu cobria suas escapadelas durante as aulas.

– O que você vai querer, querida? – Indaga Gavin enquanto me conduzia até a cadeira de corte.

– Eu quero uma mudança, algo realmente que me deixe mais jovial. Viva!

Gavin sorri tocando meu rosto.

– Você é jovial, Rachel. Nem parece que passou dos trinta – Gavin ri – mas sabe, eu estou sentindo um brilho especial nesse seu olhar. Quem é o príncipe?

Mesmo depois de tantos anos, Gavin ainda me conhecia como ninguém.

Solto um riso.

Princesa. Penso.

– Alguém especial. – Falo sem muitas explicações.

Gavin me encara com seu olhar fatal, aquele que fazia ainda na adolescência, aquele que sempre conheci bem.

Como senti falta do meu amigo. Penso.

– Agora vou te deixar bem linda para esse alguém especial.

Abro um sorriso confiante que Gavin faria um ótimo trabalho.

E fora o que aconteceu.

Uma hora depois estava pronta, porra, eu estava de fato linda. Gavin trazia o talento nas palmas da mão, a forma como trabalhara com a tesoura era algo sensacional.

O corte tinha ficado incrível, uma franja longa e os fios agora um pouco mais curtos de fato trouxe mais vida para meu rosto. Deixou-me mais jovial.

Estava tudo perfeito.

Despedi-me do meu amigo pegando seu telefone para não perder o contato.

Nunca mais me afastaria de ninguém por conta de Allan, daquele momento adiante eu era dona das minhas próprias escolhas e também do meu corte de cabelo.

Eu estava me sentindo livre.


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Notas finais do capítulo

Me diz. O que achou? Até o próximo capitulo!



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