Oh, Calamity! escrita por Leh Linhares


Capítulo 14
Capítulo Treze


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores que ainda leem meus devaneios. Eu quero desejar a todos vocês um ótimo natal e pedir desculpas por não postar tanto quanto deveria.

Aceito sugestões. Então fiquem a vontade em dá-las!



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Pov. Bellamy Blake

Não pretendo demonstrar minha surpresa a nenhum deles, mas confesso que o lugar não se parece em nada com o que eu imaginava. Sua semelhança com Mount Weather é assustadora, os muros de concreto que a cercam são sujos e fortes. Escondendo completamente qualquer visão que eu possa ter da parte interna da cidade.

Bem no meio há um enorme portão com um sistema tecnológico parecido com os que vi na Arka minha vida inteira. Meus três acompanhantes encostam seus pulsos numa tela no canto esquerdo. Em cada punho há uma tatuagem, as de Nathan e Luke parecem idênticas, a de Clarke por sua vez carrega um desenho completamente oposto.

Na deles há uma águia arrogante e na dela um X com uma porção de estrelas no interior. Nenhuma das tatuagens ultrapassa a largura do pulso. Obviamente foram feitas para serem discretas e passarem desapercebidas. O que não sai da minha cabeça é como não notei isso antes.

As duas imagens me recordam das aulas de história na Arka. Posso estar enganado, mas se me lembro corretamente as duas se referem há uma mesma nação. Estados Unidos talvez, o país não é claro na minha mente ou porquê os dois desenhos seriam símbolos para esse povo.

Entrar é apenas mais um sobressalto, esperava ver ruínas de uma grande metrópole: altos prédios e coisas assim, porém não vejo nenhuma construção desse tipo. Pelo contrário me sinto em um dos velhos filmes que nós obrigavam a assistir quando crianças, onde a mocinha é uma verdadeira vilã e toda uma sociedade existente é exterminada pela guerra.


Para todo lado há casas vitorianas com aparência muito antiga, da maioria só restam ruínas, na parte da frente de cada “edifício” há uma quantidade imensa de ervas daninhas e mato que impede a chegada nas casas. Imagino o quão belos deveriam ser os jardins antes da radiação e de toda essa destruição.

Demora dez minutos de caminhada, contudo chegamos num monumental prédio branco, o único sem aspecto de abandono de todo o terreno. Há um jardim a sua volta bem cuidado com flores e grama verdinha. Parece um sonho esse lugar existir em meio a tamanho caos. O contraste em si me assusta mais que tudo. Por mais que Clarke diga que podemos confiar neles, minha intuição não pode ter se enganado tanto, há algo de errado. Tenho certeza e vou encontrar uma maneira de comprovar.

— Bem-vindo ao Capitólio.- Diz Clarke. Quando entro sinto um bafo de ar quente, não vejo um aquecedor deste Mount Weather. Dentro do prédio há uma movimentação enorme, muitas pessoas andando para todos os lados, todas com muitas tatuagens. Não demora muito para que me encarem.

— É o único prédio habitado? Todo o resto parece abandonado...

— É melhor que você deixe essas perguntas pra depois. Existem algumas pessoas que precisam te conhecer antes.- Enquanto andamos, só observo a quantidade de soldados armados aumentar a cada esquina. Quero perguntar a Clarke de onde vem tantas armas, como conseguem manter todo o ambiente aquecido, de onde tiram essa energia, porém cada vez que tento ela insiste em manter silêncio.

De repente descemos um andar, onde nos separamos de Nathan e Luke, e é como se tivéssemos transitado não só de prédio, mas também para outro século ou mundo. Os corredores parecem demais com os de Mount Weather e eu me pergunto como isso não incomoda Clarke. Seguimos andando até uma sala enorme, onde uma mulher magra e cheia de tatuagens nos recebe.

— É bom te ver Clarke. Vejo que trouxe o Chefe de Guarda como pedimos.

— Bellamy, essa é Audrey Bones. Audrey, esse é Bellamy Blake.

— É um prazer finalmente conhecê-lo, senhor Blake. Clarke falou muito sobre você e os Sky em geral. Espero que nosso treinamento seja útil para todo seu exército e que possamos enfrentar de maneira rápida e eficaz nosso mútuo inimigo.

— Espero que nosso mútuo inimigo seja mesmo quem nós deveríamos estar enfrentando.

Bellamy…

— Clarke, permita que ele desconfie de nós. Você mesma era como ele no início. Com o tempo o senhor Blake verá que essas suspeitas são completamente infundadas.

— Assim espero.

— Os dois estão dispensados. Clarke, mostre a ele nossas instalações, permita que ele descanse por algumas horas e comece as sessões de treinamento. Não deve ser necessário mais do que cinco dias para prepará-lo. E caso não tenham te avisado ordenei que Bellamy fosse alocado no mesmo dormitório que você. Achei que seria o ideal.- Clarke se afasta em silêncio e eu a acompanho. Imaginando quanto poder essa jovem mulher possuí para deixar Clarke tão tensa.

Saímos em silêncio. Clarke não ousa pronunciar uma palavra e a tensão em seus olhos é clara o suficiente para me calar. Aqui não é lugar para tirar dúvidas, alguma coisa me diz que a loira me dará todas as respostas assim que chegarmos a um lugar seguro.

A loira me leva a todos os lugares funcionais do prédio: refeitório, dormitórios, salas de uso comum e etc. Não é difícil perceber que Clarke se segura o tempo todo para não dizer mais do que deve. Não compreendo muito bem, mas imagino que ela saiba o que está fazendo.

Não sei exatamente quanto tempo se passa. Todas as instalações que Clarke me apresentou são no subsolo, o que dificulta minha contabilização do tempo. A julgar pelas minhas impressões estou aqui há horas, mas posso muito bem-estar enganado.

Quando entramos no dormitório. Clarke parece observar nos armários e cômodas se há mais alguém conosco. Ao que parece Nathan vai ser o único a dividir o quarto com a gente. O que quer dizer que estamos sozinhos,ao menos por enquanto, não sei se ela está nervosa sobre tudo o que houve em Jaha ou se é algo a respeito desse novo povo. De qualquer maneira sei que suas atitudes não são bons sinais. Clarke se senta inquieta e não para de passar sua mão no cabelo. Esperando que eu fale algo.

— Imagino que você tenha muitas dúvidas. E essa é sua chance de tirá-las.

— É seguro conversarmos sobre isso aqui?- Pergunto num sussurro.

— Não completamente, mas é o único lugar onde não há guardas a cada esquina. É a maior segurança que posso te oferecer. Pergunte, não teremos tempo para isso nos próximos dias.- A loira tenta me passar tranquilidade, mas não me convence nem por um segundo.

Por que sua tatuagem é diferente da deles? E como eles a usaram para entrar?

— Bem, todo membro da Nação de Gelo recebe logo após do nascimento a tatuagem da águia, que é feita com uma tinta especial que é reconhecida em todos as províncias. A minha é diferente, porquê não nasci aqui. Sou uma estrangeira acolhida. Carrego o símbolo dos confederados para marcar que mesmo que pareça uma deles não sou.- O que ela repetiu tantas vezes em Jaha parece finalmente fazer sentido, mesmo que Clarke pareça fazer parte dessa Nação, tenha a marca deles na nuca e em todo o corpo. Nenhuma dessas marcas vai apagar onde ela nasceu e o fato de não ser realmente uma deles.

— Eu vou ter que fazer uma tatuagem dessas também?

— Só se você escolher fazer parte. O que não recomendo, os rituais de passagem são … dolorosos. Provas de coragem que ás vezes eu queria não ter participado.

— Por isso todos são tão tatuados?

— De certa forma.Quanto mais tatuado, mas confiável você é.

— Por isso todos me olham desconfiados?

— Você obviamente não é um deles. E isso costuma ser um problema grave por aqui.

— Esses desenhos já existiam no velho mundo, certo? Tenho a impressão de já tê-los vistos.- Falo, enquanto toco delicadamente a tatuagem dela.

— A águia é uma referência aos estados da União e o X é uma cópia da bandeira dos Estados Confederados. As duas estão associados a história dos Estados Unidos, o antigo nome do território onde estamos.

— Onde estamos afinal? Estudamos tantas cidades na Arka e essa não parece em nada com nenhuma delas.

— Pelo que descobri aqui costumava ser Richmond, a antiga capital dos Confederados, por isso as construções são tão antigas. O prédio por onde entramos é o antigo Capitólio. A Nação de Gelo utilizou das suas ruínas para criar uma das suas províncias.

— Quantas pessoas vivem aqui?- Pode não parecer uma informação importante agora, porém se precisarmos fugir ou planejar um ataque. Isso se torna conhecimento essencial.

— Mil pessoas. Somos um dos menores batalhões.

— E todos vivem nesse único prédio?

— As instalações são quase todas no subsolo. A cidade toda é ocupada, mas as velhas casas praticamente não são habitadas. Quando usadas são apenas para atividades temporárias, como aulas de tiro e treinamentos, que precisam ser ao ar livre.

— Como vocês tem noção do tempo?

— Relógios, Bel, e alarmes. As dez da noite as luzes são todas apagadas e só acesas em caso de emergência ou pela manhã.

— Ainda é cedo então.

— Não passa das seis horas. Mais alguma dúvida?

— De onde eles vieram? Como eles vieram parar aqui logo nessa cidade? E como eles tem tanta arma em posse?

— Quanto as armas eles mesmos fabricam. Aqui há uma fábrica, em cada província se produz um tipo de arma, aqui a especialidade é M4A1 e a SCAR-L.
      - Como você sabe de tudo isso? Não acho que eles dividiriam tantas informações com uma forasteira.

— Não contam. Eu dei meu jeito de descobrir em todo esse tempo que estou aqui. E te respondendo sobre a origem deles, a Nação do Gelo costumava ser parte do povo de Mount Weather…

— Mas a radiação não parece incomodá-los…- Digo me lembrando de Nathan e Luke andando sobre o solo tranquilamente.

— Daquela única vez em que eles abriram os portões. Eles descobriram que nem todos eram sujeitos aos efeitos da radiação. Isso gerou muita comoção, o governo queria utilizar deles para pesquisas, as pessoas não queriam se tornar ratos de laboratório. Essa discordância fez o grupo se dividir. Foi nessa mesma época que eles constataram que o sangue dos Grounders era o antídoto que precisavam. O povo não sujeito a radiação, era contra-ao cárcere dos Grounders, e por isso eles fugiram com grande parte dos presos. E foram para o único lugar que sabiam também ser seguro: Alasca, na outra extremidade do país, um lugar muito frio, por isso são chamados até hoje de Nação do Gelo. Com o tempo eles se espalharam pelo território, utilizando de diversas cidades desocupadas e se armando o máximo que podiam para se defender tanto de Mount Weather quanto dos Grounders.A existência de Mount Weather fez desses outros dois povos aliados, mas quando empurramos aquela alavanca velhos rancores foram tragos a tona.

— O que isso quer dizer?

— Que talvez exista muito mais por trás dessa guerra que nós dois temos conhecimento. Lembra quando te disse que confiava na Nação de Gelo?

— Claro.

— Eu menti. Sei que tem algo que eles não me contam. E preciso da sua ajuda para descobrir do que se trata.Foi minha ideia te trazer até aqui, o plano deles era salvar nosso povo e fazer uso do nosso exército na batalha. Somente isso, eu que insisti que precisávamos treiná-los. São apenas cinco dias, contudo eu espero que seja o suficiente para desvendarmos o que eles escondem.

— Do que desconfia?- Pergunto vendo muito da antiga Clarke.

— O exército não parece realmente preparado. É como se eles já soubessem que não vai haver grande guerra no fim das contas. Eles não parecem temer, entende?

— Merda, Clarke! O que te faz ter certeza que eles não atacam nosso povo nesse exato momento? Com a ajuda de Lexa talvez… - É uma possibilidade difícil, porém não desconfio. Na Terra não aparecem haver limites quando o assunto é guerra.

Por que ainda estaríamos vivos se esse fosse o caso? Desde que cheguei eles me fazem perguntas demais, Bel, tentam disfarçar, mas eu percebo constantemente eles me observando e tentando tirar informações de mim. Acho que o nosso povo tem algo que eles precisam.

— Você provavelmente está certa. Mas o quê? Não é como se tivéssemos trago grande parte dos nossos pertences conosco quando descemos…

— Temos boas notícias pra vocês, Sky, seu povo está vindo pra cá.- Diz Nathan esbaforido.

— Pensei que a evacuação só aconteceria daqui há dois dias. - Fala Clarke.

— Audrey preferiu não arriscar depois do ataque da Lexa aquele vilarejo próximo. Em dois dias eles devem estar aqui. - Nós dois compartilhamos olhares. Não há nenhuma razão para eles nos salvarem. Nenhuma que tenhamos conhecimento ao menos.

O que afinal eles precisam de nós? E por quê? Tento evitar pensar em todos vindo pra cá. Sendo postos em perigo como em Mount Weather, não quero cometer os mesmos erros e acertos. Não estou preparado para devastar outro povo ou perder pessoas de novo. Impulsivamente seguro a mão de Clarke. Não vou deixá-la ir dessa vez. Não importa o que ela diga, não importa o que ela faça. Enfrentaremos isso juntos.


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Notas finais do capítulo

Algumas fotos que eu acho que podem ser úteis:

Águia Nação Do Gelo:
http://goo.gl/vQDXEG

Tatuagem Clarke:
http://goo.gl/JPzWb4

Capitólio de Richmond:
http://goo.gl/0gmbdU

Escolhi Richmond devido a proximidade com Washington. Qualquer dúvida me perguntem.
Queria ter achado tatuagens de verdade, mas não encontrei nenhuma condizente com a minha imaginação. Então, espero que essas fotos ajudem. :(

Digam o que estão achando da fanfic. Espero que estejam gostando.
Reviews não se esqueçam. PALAVRA CHAVE DA VIDA.
Pirando com a Con? Alguém daqui vai? Bob vem gente... Ainda não acredito, mas já estou vendendo balas na esquina pra poder ir e vocês? hahaha
Reviews não se esqueçam. PALAVRA CHAVE DA VIDA.
Feliz Natal!!



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