A Incrível História do Garoto que Ofegava escrita por PepitaPocket


Capítulo 2
Velha Infância




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Crianças corriam pelo bairro do décimo primeiro distrito.

O dia estava ensolarado, era outono, mas a ventania típica da estação havia dado uma abrandada.

A correria desordenada mais a gritaria preenchiam o ambiente dando um clima de alegria à atmosfera.

Alegria que uma única criança não sentia.

Quem olhasse diria que ele tinha sete anos, mas na próxima semana ele contaria onze.

Era magro, tinha olhos castanhos opacos, seu cabelo era branco.

Os lábios franzinos pareciam um risco entre seu queixo afinalado e as bochechas sobre salientes.

A temperatura estava agradável, mas ele estava vestido com um grosso casaco de pele de carneiro.

Havia recebido sérias instruções para não tirá-lo. E na verdade não tinha necessidade de fazê-lo.

Mesmo em dias como aquele ele sentia bastante frio e combinando isto a sua pele excessivamente alva ele tinha a impressão de que era uma aberração.

Em dado momento uma das crianças veio correndo em sua direção.

_ Está com você. - Dissera ela em tom risonho dando corridinha, tentava incitá-lo a fazer o mesmo, mas não se afastara nem dez metros e tivera de voltar.

Ele tocara mais uma vez o braço de Ukitake que permanecera imóvel.

_ Eu disse está com você. - O coração do garotinho palpitara ele daria tudo para correndo atrás do outro, mas apenas a ideia o deixava ofegante.

_ Hello, você é estrangeiro ou por acaso não sabe brincar? - O outro insistiu era um menino muito bonito com seus olhos azuis, cabelos negros desgrenhados, pele alva, mas não com um aspecto doentio como a de Juushirou, suas bochechas e testa estavam levemente rosadas, o que lhe conferia um aspecto pueril.

Era mais baixo que Juushirou, mas seu tônus muscular era mais desenvolvido.

_ E então? - O garoto insistiu, apesar do outro garoto que fazia parte do grupo insistir para que ele deixasse para lá.

_ Hei Shunsui. Deixe este panaca, vamos brincar.

Mas, o outro continuara imóvel.

_ Espera.

_ Mas…

_ Eu já disse para esperar. - O garoto retorquiu com impaciência.

Shunsui virara-se para falar mais alguma coisa, mas fora interrompido por seu colega mais esquentadinho que partira com tudo para cima dele.

_ Eu não sei qual é o seu problema, mas você não vai falar comigo desse jeito... - Então esmurrara Shunsui que caíra por cima de Ukitake que havia caído em cima de poça de água produzida por uma vizinha que deixara o tanque transbordado a ponto de a água alcançar a rua.

Ao contrário do esperado, Shunsui ficara ali sentado um tanto choroso. Juushirou estava nervoso com o ocorrido, todo molhado e embarrado, e ainda por cima assustado com a possível reação de sua mãe.

Em consequência disto ele começara a tossir a ponto de ficar com falta de ar.

_ Hei você tá legal?

Ukitake limitou-se a balançar negativamente a cabeça reintegrando o óbvio.

_ Então tá… - Shunsui falara de forma indolente, mas já buscando uma solução.

_ Eu te avisei que ele era um panaca. - O que havia batido em Shunsui dissera.

_ Fica quieto... - Shunsui falhou.

_ E se eu não ficar? - O grandalhão dissera fechando o punho em tom ameaçador.

Shunsui se encolheu mais uma vez numa postura que remetia covardia, mas a verdade é que este tipo de comportamento o entediava.

E tal filosofia ficou implícita em suas palavras.

_ Você pode me bater se quiser, mas isto não vai resolver o nosso problema... - Shunsui apontara de maneira não muito educada para Ukitake.

_ Faça como quiser, mas este panaca é um problema inteiramente seu... - O garoto disse pondo as mãos nos bolsos e se afastando emburrado.

Shunsui não tinha como saber, mas acabara de enfrentar o futuro capitão da décima primeira divisão, alguém que lhe traria muitos problemas, e que ainda assim sucumbiria apenas para a espada de alguém igual.

_ Bombinha. - Ukitake balbuciara algo que fora o bastante para que Shunsui soubesse exatamente o que tinha de fazer.

#

Hana olhava com aflição para o relógio. Seus pés batiam ferozmente no assoalho da casa causando um ruído que lhe enchia os ouvidos, e servia apenas para aumentar sua agitação no lugar de acalma-la.

Tentara concentrar-se na finalização do almoço, mas seus olhos observavam atentamente o movimento da rua. Foi quando algo lhe chamou a atenção, a cabeleira desgrenhada de seu filho fora avistada por sobre a cerca, mas ela nunca poderia imaginar que o garoto vinha sendo carregado por outro garoto que mesmo ofegando parecia determinado em chegar até seu destino.

_ O que houve? - A mulher questionou com aflição.

_ Bombinha. - Shunsui balbuciara com as bochechas vermelhas.

Ele não tinha como imaginar que a mãe de Ukitake seria tão bonita.

Era uma mulher alta, com corpo esguio, porte elegante. Seu filho parecia ter herdado dela a maioria dos traços exceto pelos olhos verdes, o nariz arrebitado, a boca vermelha.

Com agilidade a mulher puxará o menino para seus braços amparando em seu braço direito enquanto com a mesma agilidade puxava a bombinha e fazia o procedimento que não durara mais do que alguns segundos, tempo suficiente para que o aspecto mortuário de Ukitake se abrandasse.

A mulher deslizara com agilidade suas mãos pelas vestes do garoto desacordado.

_ Se importaria de me dar uma mãozinha.

_ Até duas Shunsui - dissera solícito.

Sem esforço eles levaram Ukitake para dentro. Shunsui ficara esperando na ampla sala de visitas onde se deparara com várias fotografias de Ukitake. Em todas elas Ukitake aparecia geralmente com seus pais, sempre bem agasalhado, em algumas era perceptível à mangueira do tubo de oxigênio.

As imagens deixaram o garoto um tanto deprimido. O garotinho não tinha amigos e parecia ter pouca diversão também.

_ Arigatô. - A mulher dissera de forma educada, mas seu semblante parecia cansado e seu sorriso estava triste.

_ E o menino? - Shunsui perguntara com as bochechas rubras por causa do embaraço de nem ao menos saber o nome do garoto.

_ Juushirou vai ficar bem aquilo foi apenas uma crise. - A mulher disse dando indícios de que aqueles acessos eram rotina.

Shunsui limitou-se em balançar a cabeça ele não sabia ao certo o que dizer.

_ Qual o seu nome? - A jovem quis saber.

_ Kyoraku Shunsui. - O garoto falara um tanto constrangido com a segunda falha do dia. Primeiro não se preocupara em descobrir o nome de seu mais novo amigo e agora percebera que não havia nem ao menos se apresentado.

Contudo seus pensamentos se dissiparam quando ele sentira algo macio roçar sua bochecha logo depois um estalo no ritmo das batidas de seu coração.

_ Arigatô mais uma vez, sem sua ajuda meu filho teria morrido.

_ Eu não fiz nada. - Ele tentou desconversar, mas a mulher parecia convicta.

_ Sempre que Juushirou se sente bem ele insiste em ir pela rua. Ele sabe das coisas que não pode fazer, e reconhece que dificilmente encontrará um amigo que se adapte as coisas que ele pode fazer, ainda assim Juushirou insiste em sair pelas ruas, nem que seja para observar os jogos e brincadeiras que estão sendo feitos. Acho que este é o jeito que ele encontrou para não se sentir tão sozinho.

Naquele momento uma brisa forte entrara pela janela, por um segundo eles trocaram um olhar cúmplice, mas então como se voltasse à realidade e percebesse que talvez houvesse falado demais ela apressou-se em fechar a janela.

_ MAMÃE. - A voz de Juushirou ecoara pelo pequeno corredor.

Hana desaparecera em seu interior e então ele ouvira a voz de Juushirou mais uma vez:

_ Desculpa mamãe eu não quero que se zangue. - A mulher o calou com o indicador.

_ Se me Zango é porque me preocupo. Mas, dessa vez não é o caso. - Hana falara com gentileza.

_ Hai. Acho que vou parar de procurar o que nunca vou encontrar. Juushirou falara em meio a um bocejo, enquanto uma lágrima solitária rolava pelo seu rosto, um amigo é tudo o que ele queria ter.

Seu pensamento parecera ter sido ser sincronizado com uma estrela cadente, contudo seu pedido já havia sido atendido antes disto naquela manhã...

Quando seu caminho cruzara com aquele garoto que o carregará até sua casa e sua amizade fora selada com um grito…


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