Meu paizinho Naraku escrita por Okaasan


Capítulo 4
Tóquio


Notas iniciais do capítulo

Naraku descobre que o cãozinho da Kanna está com uma das pessoas que mais detesta. E agora? A situação não parece melhorar para o temido vilão!

Capítulo digitado às pressas, sem betagem. Perdoem eventuais erros...

Boa leitura! ;-)



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Tóquio


— Responda, Kagura! Onde você escondeu o cachorro? — inquiriu Naraku mais uma vez para uma Kagura ainda boquiaberta. Aquilo estava ficando feio, muito feio.

— Você não vai gostar de saber... — respondeu ela, com ironia, tentando ganhar tempo.

O outro fez um muxoxo aborrecido.

— Eu já não gosto da ideia de ter que pegar aquela coisa de volta! Só o farei por causa de Kanna!

Mesmo sabendo do perigo que corria ao se ver presa com o hanyou irritado dentro de uma barreira, ela não resistiu:

— Ora, ora... Desde quando o temido Naraku faz algo que não quer, por causa de uma cria? Quem lhe amoleceu, hein, mestre?

— Cale a boca, insolente... — revidou ele, furioso. — Apesar de reles crias, vocês são as minhas crias. E veja se me respeita, Kagura, e a Kanna também.

— Não sou eu quem a desrespeita! — retrucou.

Naraku pegou no braço de Kagura e a fez encará-lo. Sua voz soou baixa, perigosíssima.

— Kagura, não me faça perder a paciência. Já disse que vou reaver o maldito cachorro. E você está me enrolando para dizer onde ele está...

A youkai se viu numa situação complicada. Baixou os olhos, se sentindo realmente intimidada. Respondeu o mais rápido que pôde:

Eu- o- deixei-com-Kagome.

O hanyou piscou.

— Repita, não entendi.

Eu-o-entreguei-para-Kagome — disse ela novamente, nervosa.

— Quer falar direito, Kagura? Nem eu entendo quando você fala embolando as palavras dessa maneira!

— Inferno! — explodiu ela. Naraku arregalou os olhos:

— Você conseguiu enviar o bicho para o inferno?!

— NÃO, SEU MALDITO! EU O DEIXEI COM KAGOME! KAGOME! A MALDITA KAGOME, DO MALDITO “INUYASHA, SENTA”! ENTENDEU AGORA? — berrou ela.

Silêncio. Eles estavam já próximos ao castelo. Kagura rapidamente se recompôs e viu que as coisas estavam muito ruins para o seu lado. Naraku tinha uma expressão sinistra na face. Ela se encolheu.

— Vá buscá-lo... Kagura — disse ele, num tom assassino.

— Não posso... — choramingou ela.

— Ah, é claro que pode — volveu Naraku, com um brilho maníaco nos olhos vermelhos. — Você não o entregou para ela? Então pode perfeitamente ir pegá-lo de volta... Kagura. — E ele deu meia volta, intentando ir para o vilarejo, mas ela confessou, apavorada:

— N-Naraku... Não dá, não posso... Kagome o levou para a sua era...

As batidas do único coração presente se alteraram e estavam quase audíveis dentro da barreira. A cabeça do hanyou voltara a doer.

— Não, Kagura, você não fez isso. Não fez. — E, praticamente esfregando as mãos na cabeça, berrou: — VOCÊ NÃO FEZ ISSO!

— FIZ! — gritou ela de volta, com os olhos úmidos. — Eu não queria que você o matasse, não depois de ver o cuidado que Kanna tinha com ele! E a única coisa que me passou pela cabeça foi entregá-lo para aquela humana idiota, pois lá o bicho estaria realmente a salvo de você, seu maldito!

Longos minutos de silêncio se fizeram, até que um Naraku aparentando um cansaço infinito se manifestou.

— Ai, Kagura... — gemeu ele, massageando as têmporas. — Eu só não te mato agora mesmo porque sentiria demais sua falta depois.

Ela ergueu os olhos úmidos. De certa forma, aquela estranha declaração de bem-querer da parte dele a comoveu, apesar de não acreditar nela.

— Você não vai me matar?

O hanyou passou um braço pelos ombros de Kagura, o que a assustou. Sabendo bem do histórico traiçoeiro de Naraku, ela esperou ser atacada através daquele gesto supostamente cordial.

— Claro que não, idiota. E pare de tremer. Não vou machucar você — e ele a puxou para um abraço breve, sentindo o coração se aquecer de forma estranha mais uma vez e fazendo o queixo de Kagura cair. — Vamos voltar para o castelo e lá eu decido o que fazer.

A Mestra dos ventos enxugou disfarçadamente uma lágrima. A poucos metros da porta principal do castelo, Naraku lhe fez uma pergunta inesperada:

— Será que Kanna não se importaria de receber um filhote de urso, ao invés do cachorro?

— Naraku! Ela gostou foi do cachorro!

Pausa. O vilão parecia pensar compenetrado.

— E um filhote de raposa vermelha? Eu posso até mesmo criar um a partir do meu corpo e...

Kagura revirou os olhos.

***

Kagome entrou em casa com o akita. Tudo estava em silêncio, o que indicava que sua família já estava dormindo, então ela preferiu seguir incógnita para seu quarto. Deixou o animalzinho lá e desceu as escadas rapidamente para pegar um pouco da ração de Buyo. “Um cão comer ração de gato só uma vez não deve fazer tão mal”, pensou. De volta ao cômodo, ofereceu o alimento ao cãozinho, que estava faminto, e ficou pensando na cena presenciada horas antes — Kagura tentando proteger Kanna de uma decepção. Então ela não era assim tão má, mesmo sendo cria de Naraku? E, pela primeira vez, Kagome se pôs a pensar naquele grupo heterogêneo de youkais como se fossem uma família. Confusa, estranha, mas ainda assim, uma família. Kagura se preocupava com Kanna, e isso para a colegial era algo inusitado, mas também cativante e triste. Não deveria ser nada fácil para elas ter um dono como o cruel Naraku.

Por fim, Kagome vestiu um pijama e se deitou, abraçando com cuidado o cãozinho. Ambos não tardaram a adormecer.

***

De volta ao castelo do hanyou, Kanna ficava mais uma vez surpresa por ver Kagura entrar no quarto viva e inteira, sem sinais de maus tratos.

— Kagura, o que... — foi interrompida por seu mestre, que entrava também no cômodo, imponente em sua armadura. Anunciou com sua voz grave:

— Kanna e Kagura, não saiam do castelo. Vou me ausentar por algumas horas. — e, olhando para Kanna, acrescentou: — Trarei o bicho de volta.

As duas se aproximaram dele: Kagura, apalermada e Kanna, apática, mas com os olhos ligeiramente mais abertos do que o usual. Ambas, ao mesmo tempo, tentaram convencê-lo a não ir.

— Mas você não sabe o que há naquele poço! — protestava Kagura.

— Não é seguro, Naraku! E se você não puder voltar? — inquiria a pequena albina.

— Kagome tem poderes de sacerdotisa, por isso pode atravessar! Se bem que InuYasha é um inútil e também atravessa...

— E se os youkais do lado de lá forem piores que os nossos?

— E se te roubarem a Joia de Quatro Almas?

— E se a alma do Jakotsu estiver lá dentro?

— CHEGA! — berrou ele. As duas se calaram.

Silêncio. Naraku ia dando as costas, quando a vozinha de Kanna se fez ouvir.

— Naraku, não conseguiremos te convencer?

— Não, Kanna, vocês não me demoverão do meu intento! Por quê? — respondeu ele, ríspido e altivo.

A menina pensou alguns segundos antes de falar.

— Então eu quero aquelas comidas pequenas e coloridas que Kagome sempre traz de lá.

Uma sobrancelha do hanyou subiu.

— Já eu prefiro as bebidas coloridas! E aquele alimento que eles chamam de ramen também — disse Kagura, animada.

As duas sobrancelhas subiram.

— Ah, Naraku, pode trazer um par de chinelos novos? — pediu Kanna.

— E o quimono novo que você me prometeu? — inquiriu a outra youkai.

Naraku suspirou. Onde estava sua malevolência quando precisava dela? Subitamente, teve uma ideia para quebrar aquele crescente clima de “família” em seus domínios.

— Huhuhuhu... E quem lhes pôs na cabeça que eu, Naraku, gastaria meu tempo, meu ouro e minhas energias para dar coisas a vocês, crias estúpidas? — zombou ele, cheio de sarcasmo e malícia. Kagura o olhou de cima a baixo, cética, e respondeu:

— Tente dizer isso novamente sem colocar Kanna montada em seus ombros e eu o levarei a sério — e, ignorando a expressão atônita do hanyou ao ver que, realmente, pusera a pequena albina sentada sobre si, arrematou: — Mudei de ideia, agora quero dois quimonos.

***

E lá estava o vilão, à beira do poço Come-Ossos, naquela manhã ainda escura e fria. Já que Kagome retornaria ainda no dia seguinte, InuYasha não estava por ali. Naraku ainda pensou, profundamente aborrecido, que poderia ter simplesmente ignorado o incidente com o animal, mas agora era tarde. Primeiro, porque se sentia estranhamente culpado e segundo, porque prometera a Kanna restituir-lhe o cãozinho — mas não imaginava ter que ir a um território desconhecido para isso e, ainda por cima, ver aquela colegial que detestava. Mas, afinal, ele era Naraku, temido e odiado por todos por sua malignidade e força. Era só matar todo mundo que cruzasse o seu caminho com seu miasma e pronto... Menos Kagome, claro, ele só daria cabo dela se InuYasha estivesse presente, para que pudesse se deleitar com a dor e o desespero do seu inimigo. Por fim, o hanyou ignorou tais pensamentos e, resoluto, saltou para dentro do poço, sentindo que era rapidamente impulsionado através das eras, e logo chegara ao templo Higurashi.

Naraku logo estranhou a temperatura quente e os ruídos totalmente urbanos e, antes de abrir a porta do templo, observou atentamente a arquitetura da casa e, pensando melhor, decidiu entrar incógnito ali para procurar o cachorro. Só atacaria se fosse atacado. Quis voar para cima da casa, mas se sentia pesado e não entendia o porquê. Após duas ou três tentativas, finalmente o perverso conseguira alçar voo e pôde, então, espiar pela única janela aberta do andar de cima — o quarto rosa de Kagome. Viu-a dormir serenamente, abraçada ao maldito cachorro.

Então, Naraku rapidamente se aproximou da janela e entrou no cômodo, mas logo perdeu as forças e desabou no tapete felpudo. Xingando mentalmente, levantou-se o mais depressa que pôde e, já à beira da cama, ia estendendo a mão para pegar o animal quando o despertador de Kagome tocou estridente, fazendo-o se assustar muito e cair sentado no tapete novamente, sufocando um grito. Para seu azar, Kagome acordou.

— Naraku! Seu... — bradou ela.

O hanyou avançou sobre ela, intentando machucá-la, mas sentiu um choque violento quando agarrou o braço da jovem. Caiu atordoado novamente no tapete; algo o estava desestabilizando. Não era possível que os poderes de Kagome tivessem aumentado tanto a ponto de repeli-lo. Contudo, não deixaria que ela descobrisse e fez menção de avançar de novo contra a moça que o olhava, estupefata.

— Huhuhuhu... Bom dia, Kagome. Como vê — abaixou o tom de voz —, encontrei você muito facilmente...

A moça abriu desmesuradamente os olhos. Naraku prosseguiu:

— Não é educado ficar olhando de boca aberta, principalmente para um youkai como eu, Naraku. Por acaso, eu a assustei? Sente vontade de fugir de mim? Sente medo? — concluiu ele, com um sorriso sinistro no rosto. Kagome com muita dificuldade conseguiu recuperar a fala.

— Seu ridículo! — retrucou Kagome. — Eu não tenho medo de um hanyou que aparece na forma humana na minha frente, cheio de azevinho e flores de cerejeira embutidas na trança!

***

Nos arredores do vilarejo de Kaede, Kanna tentava roubar a alma do youkai pedra, enquanto Kagura procurava dissuadi-la.

— Vamos, Kanna, não é para tanto. Afinal, ainda precisaremos desse maldito pedaço de pedra.

A pequena, mesmo com sua habitual apatia, parecia assustadora, mostrando seu espelho para Ishiteimei, que gritava desesperado.

— Por favor, criança! Eu juro que não foi por mal!

— Jurar não vai anular o fato de que você simplesmente se esqueceu de nos avisar que nosso mestre Naraku correria perigo caso se aproximasse de uma sacerdotisa, enquanto estivesse sob o encantamento! — disse ela pausadamente, de modo maligno.

Os três estavam tão envolvidos naquela confusão que se assustaram ao ouvir um grito de criança perto de si:

— Senhor Sesshoumaru! Veja! São aquelas pessoas da família de Naraku! — bradava a pequena Rin, apavorada, enquanto o grande youkai branco se aproximava com Jaken e Ah-Un.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Mas, gente, o "bagulho" tá ficando louco! kkkkkkkkkkk
Juro que estou fazendo de tudo para não estragar a personalidade do Naraku, mesmo enfiando azevinho e sakuras naquele cabelão!

Obrigada a todos que têm acompanhado a história!

~TheOkaasan



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