Sad Songs for Dirty Lovers escrita por JeanJeanie


Capítulo 1
Fishbowls OR The Same Old Fears


Notas iniciais do capítulo

Eu odeio o universo new 52 ~sai voando~
Oi gente.
Para esclarecer algumas coisas:
1- Sim, eles são mais velhos aqui e os TTs na sua formação mais pop (Raven, Starfire, Cyborg, BB, Robin) já debandaram. Robin já é Nightwing. Agora imaginem pessoas no início dos seus 20 anos tentando achar um rumo na vida. É lá que você os encontra.
2- É com base nos quadrinhos, não nos desenhos. DICONA.
3- Eu não gosto dos nomes em português, me julguem.
Starfire (Koriand'r) = Estelar; Nightwing (Richard Dick Grayson) = Asa Noturna ; Raven = Ravena; Beast Boy (Garfield Mark Logan) = Mutano.
5- O nome da história vem do CD do The National Sad songs for dirty lovers, e as músicas deles pra mim nasceram pra embalar a vida da Raven, bjsmil.

Enjoy~



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– Them -

1. Fishbowls (OR the same old fears)

A cena é mais antiga do que gostariam de admitir.

O sorriso sem graça e a porta aberta. A troca de olhares e a incredulidade de ambos.

O “Posso entrar?” sussurrado por ele, quase que não pronunciado, nada mais é do que uma pequena demonstração de educação – uma desajeitada demonstração, diga-se de passagem.

E ela suspiraria – oh, como suspiraria! – se estivesse surpresa. Talvez até arregalasse os olhos ou tensionasse os músculos, mas ela está tão despreparada quanto acostumada: limita-se a relaxar os braços, deixando cair os ombros de forma bastante entediada enquanto ele recua um passo e admira o elevador no final do corredor furtivamente.

Raven desdenha aquela hesitação que ronda a mente do outro. Na verdade, quer se manter alheia enquanto ainda pode e aproveitar os últimos segundos de calmaria, antes de ser sugada para algum drama no meio do que era para ser uma boa noite de sono. Assim, distancia-se da porta, dando espaço para que ele adentre o apartamento quando achar melhor.

Quem sabe um pouco de formalidade para começar seja necessário e... Ah! Ela está sonolenta e ele eventualmente fará as pazes com seu impulso de tê-la procurado e, então, abandonará o canto escuro onde tenta se esconder de si mesmo e juntar-se-á a ela no sofá.

Para que desperdiçar tempo tentando mudar certos hábitos?

Se ao menos ele tivesse a decência de ligar...

“Desculpa a hora, eu sei que não é das melhores...” Oh, então ele percebia! Então ele tinha relógio? – ele encara a expressão debochada dela como um convite e senta-se no sofá, puxando-a para deitar-se com cabeça em seu colo.

Não é preciso um gesto de autorização sequer para que ele inicie um cafuné, afundando seus dedos naquele mar de fios negros. Ela sorri, e seus olhos fecham-se automaticamente. O sofá macio, o carinho, a penumbra...

A boca dele abre-se e fecha-se inúmeras vezes, sem que nenhum som seja emitido. Toda aquela hesitação que emana de Dick quando estão juntos sempre a irritou, mas agora, quando está tentando voltar a dormir, é só aborrecedor.

“Desembucha, Bird Boy*. Eu sei que você não veio até aqui para me colocar para dormir” ela não abriria os olhos, não. Ele que lide com o fato de que se vier com uma nova crise existencial envolvendo o Morcego-mór, ela dormirá com toda a certeza.

“Rae eu...” a visão dela cedendo sob seus carinhos, quase adormecendo em seu colo, faz seu estômago afundar. Por que veio até ela? Por que sente essa necessidade de ter suas mãos em Raven toda vez que suas entranhas se reviram em sentimentos tão egoístas?

“Kori se foi” os olhos dela arregalam-se, assustados. Dick dá-se conta do que ela pensa, e sente vontade de rir da sua própria falta de jeito.

“Não nesse sentido, sua idiota!” Seu semblante torna-se sério outra vez. “Ela... Ela foi embora, para Tamaran. E vai se casar. Com outro.”

Aquelas palavras estavam embebidas em decepção. Ou era orgulho ferido? Raven não sabe dizer ao certo.

“Meu Senhor dos Caralhos Fodidos! Isso é sério?” Ela deixa escapar, exasperada, e Dick apenas ri um riso abafado enquanto enrola uma mecha em seus dedos.

Sim, a situação com Starfire estava realmente fodida, até ele conseguia notar, obrigado.

“Como foi que isso aconteceu?”

“Alguma coisa com costumes Tamarianos, reinados e... Eu não fiquei pra ver” Dick não encontra coragem para reproduzir o diálogo que tivera com Starfire mais cedo naquela noite. Mesmo que esteja ali porque confia na garota deitada em suas pernas, é melhor que ninguém saiba o quão covarde ele pode ser.

Dick Grayson era Nightwing, um herói justiceiro – vivia sob ideais de lealdade e honra.

Ou pensava que assim vivia... Até aquela noite.

Ri-dí-cu-lo.

Que belo herói ele lhe saíra! Jogara todas aquelas palavras rudes sobre a mulher que dissera amar e, então, saíra em busca do conforto que esperava que Raven pudesse lhe proporcionar.

E ainda dizia que Koriand'r é que lhe havia abandonado.

Lealdade?

Dick Grayson era uma piada e um covarde.

“Aparentemente, ela era noiva de alguém desde sempre” a decepção outra vez. Raven sabe que Dick não está lhe contando tudo, que o coração dele pesa em algum dilema maior do que Koriand'r decidir deixá-lo para honrar qualquer que fosse a promessa que ela havia feito ao seu reino. Também sabe que a balança que Dick usa para si mesmo nunca é justa. Porém, ela não ousa perguntar sobre nenhuma dessas coisas.

“E esse alguém não era você, hun? Quem diria que a santinha-dourada podia aprontar uma dessas!” O olhar reprovador sobre si faz Raven se encolher um pouco, justificando-se logo em seguida: “Mas e não é verdade? Ela te fodeu legal nessa, e eu nem tive nada a ver com isso!”*

“É. Eu entendi essa parte, Raven. Mas seria ótimo se você conseguisse falar outra coisa.”

“Desculpa.”

“Que seja...”

O silêncio. Os olhos dos dois. As mãos dele no cabelo dela.

E a certeza dele de que não pode esperar por Koriand'r. Não mais.

Talvez se ainda tivesse 16 anos...

“Como você está?”

“Como você acha que eu estou?” Ele rebate, rude. Que tipo de pergunta estúpida era aquela?

Raven sorri complacente e estende seus finos dedos para acariciar a face dele com gentileza. Ela sente toda a vergonha contida nele como se estivesse rolando seus dedos dentro do coração de Dick.

Raiva, incerteza, vergonha.

Os mesmos medos de sempre.

Dick afundava-se em suas inseguranças infantis, e Raven não pode impedir sua mente de flutuar por todas suas lembranças dos últimos anos. Era bem verdade que Starfire era a maior conquista adolescente do menino prodígio, e a tamariana ao partir levava consigo um pouco do orgulho que o sustentava. Mas talvez ela estivesse certa em partir, pondera Raven – Dick ainda não decidira nem mesmo quem ele queria ser, Batman que o diga...

“Veja bem, Bird Boy. O negócio é o seguinte: não importa como eu ache que você está – e eu acho que você está na merda, não me entenda mal, eu tenho olhos e posso ver – eu estou aqui para te ouvir.”

Dick sorri. Sim. Raven está lá para ouvi-lo, como sempre estivera. Era uma equação simples: eles apenas cresceram juntos e parecia que ambos tinham coisas demais dentro de si que não aguentariam ver a luz do sol. Tornara-se óbvio confiar naquela garota. Chegaram ao ponto de não precisarem de histórico ou explicações para entender sobre o que falavam, e essa é uma intimidade que ele não se sente capaz de construir uma segunda vez com qualquer outra pessoa. Por isso, todas as vezes em que desejava que Raven estivesse lá para ele, não conseguia refrear seu impulso de bater a sua porta, como costumava fazer quando ainda moravam na Torre.

Talvez fosse por isso que não conseguira dizer para Kori que a amaria para o resto de suas vidas ou que seria capaz de esperá-la.

“Eu...” aqueles olhos violáceos nos seus, desnudando sua alma. Dick está mesmo fodido e não consegue esconder. “Ela me pediu que ficasse, Rae. Ela quer que eu a espere. E eu fugi, e vim até você.”

Os olhos violáceos afundam-se em algo que está longe de ser alegria, e deixam transparecer que estiveram esperando por essas palavras durante uma vida inteira e meia. Dick não pode deixar de notar que parecem ter esperado tempo demais, e sente-se culpado.

“Essa foi a resposta que dei a ela. Eu vim até você, Rae.”

O hálito dele contra os lábios dela. Os dedos dela entrelaçados nos fios da nuca dele.

Merda.

Porque essa proximidade parece tão natural?

“Elevaisemudaramanhã” as palavras saem emboladas, quase desesperadas, e Raven se xinga mentalmente.

“Quem?” sua confusão é genuína, ela não pode culpá-lo pela bagunça dela.

“Gar. Nós decidimos... Morar juntos” Raven finalmente arranja forças para sentar-se, abraçando seus joelhos e distanciando-se dele. Uma distância segura e necessária, ela tenta se convencer.

“E você está feliz?” Dick poderia achar graça, se não estivesse se sentindo tão fodido pela segunda vez naquela noite. Então Logan havia, finalmente, saído da casinha do cachorro?! Que. Ótimo.

“Eu acho.” Ela dá de ombros, mais incerta sobre como se expressar do que sobre como se sentia. “Quer dizer... Sim. Estou” por um segundo, quase complementa dizendo o quanto Gar é maravilhoso e como as coisas tem dado certo para eles nos últimos tempos – como faria se estivessem apenas se atualizando um sobre a vida do outro, sendo velhos amigos – mas desiste ao notar o olhar apreensivo e cheio de desconforto que ele lhe dirige.

“Olha, Dick...” Raven começa, suspirando e colocando sua mão sobre o ombro dele. “Está tudo bem comigo. Mesmo. Nós decidimos tudo isso juntos.”

“Então estou feliz por você” ele diz, puxando-a para um abraço tranquilizador. Ele realmente quer que suas palavras soem sinceras, mas não consegue nada melhor do que isso e se recrimina mentalmente.

Dick ainda quer beijá-la, e abracá-la, e tê-la para si, e levá-la para longe.

E Raven sabe de tudo isso. Ela pode sentir. Mesmo assim, tudo que vem a sua cabeça é oferecer-lhe uma xícara de chá – que o outro nega, educadamente.

Ah... a formalidade, ignorada anteriormente, agora parece reconfortante para ambos.

O sorriso sem graça e a porta aberta outra vez. A troca de olhares e a incredulidade de ambos.

E a certeza dela de que não pode amá-lo. Não mais.

Talvez se ainda tivesse 16 anos...

“So, so you think you can tell heaven from hell?

Blue skies from pain?

Can you tell a green field from a cold steel rail?

A smile from a veil?

Do you think you can tell?

Did they get you to trade your heroes for ghosts?

Hot ashes for trees? Hot air for a cool breeze?

Cold comfort for change?

Did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here

We're just two lost souls swimming in a fish bowl year after year

Running over the same old ground what have we found?

The same old fears...

Wish you were here”

(Pink Floyd, Wish You Were Here)


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Notas finais do capítulo

*Sobre a frase: "O que? Ela te fodeu legal nessa, e eu nem tive nada a ver com isso!"
Caso alguém não saiba, nos quadrinhos antigos, enquanto era Raven Branca, a Raven faz o Robin se apaixonar por ela. Foi tudo meio sem-querer-querendo, porque ela não tinha total controle sobre isso e não exatamente sabia o que estava fazendo. Rola umas complicações batutinhas durante esses capítulos e isso quase destrói o relacionamento da Star com o Dick. Quase.
Nessa época Star e Raven viram BFFs - VAI ENTENDER MEU DEUS! Mas aí a Raven vira uma criatura do mal e acaba com o casamento deles e se desintegra, HUE.
Enfim... vamos ver mais complicações sobre isso no futuro da fic. #SPOILERS

*Sobre a Raven chamá-lo de Bird Boy, agora eu não consigo ter certeza de ser algo que eu vi nas HQs ou algo que eu li em alguma fanfic e achei muito apropriado. De qualquer forma, não é uma idéia original.

Essa história foi feita pra ser uma série de one shots co-relacionadas sobre os relacionamentos entre Nightwing, Raven, BB e Starfire. Essa é a primeira one-shot, mas vão vir mais umas 8. Todas elas se relacionam, mas não necessariamente são a sequencia uma da outra.
Espero que tenham gostado, beijas de luz!

Música do capítulo: Wish You Were Here, Pink Floyd.



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