Pov Tris

Caminho até a casa de Tobias que não é tão longe da minha. Chego em seu apartamento e dou de cara com Nita saindo de lá. É sério isso?

Ela sorri pra mim com falsidade e logo sai sem dizer nada. Uma sombra de dúvidas entra em minha cabeça, não será coincidência ela está aqui no mesmo prédio que Tobias? Ai, odeio sentir ciúmes.

Dou boa tarde para o porteiro e subo pelo elevador até chegar no andar de Tobias. Toco a campainha e espero ele abrir a porta mas levo um pequeno choque quando quem me atende é o pai dele.

– Olá - ele diz simpático. Ele tem o mesmo sorriso bonito que o filho, mas não me engana, sei que não vale nada. Que vontade de esfregar essa cara dele no chão.

– Oi... - digo tentando esboçar um sorriso - O Tobias está? - desembucho.

– Sim, entre Beatrice - Me surpreendo quando diz meu nome e entro dentro da casa - Tobias mais uma amiga sua aqui - olho para ele quando diz isso e então Tobias desce as escadas correndo furioso.

– Oi amor - ele me beija e eu apenas fecho o olho quando ele encosta a boca na minha - Marcus ela não é minha amiga, é minha namorada - ele começa a sorrir.

– Tudo bem, mas e a Nita? - pergunta provocante.

– Vem Tris - ele puxa meu braço escada a cima e vamos para o seu quarto

– Me desculpa, ele é um idiota...

– Ta mas o que a sua amiga Nita estava fazendo aqui? - cruzo os braços e encaro ele. Tobias sorri mas eu não vejo graça alguma.

– Ela veio trazer uns livros meus que eu tinha deixado na casa dela quando a gente estudava juntos a muito tempo atrás, eu nem à vi. Marcus só disse isso pra me provocar mesmo porque nem ele gosta dela - acabo sorrindo.

– Quem é que gosta? Eu até te perguntaria o porque de você ter namorado com ela mas nem vou perder meu tempo porque já sei a resposta - ele revira os olhos e me pega pela cintura.

– Deixa eu adivinhar... você está com ciúmes do seu namorado gatão? - reviro os olhos.

– Claro que não, não sou ciumenta. Quem morre de ciumes aqui é você.

– Ah e porque perguntou toda emburradinha? - ele faz bico

– Só perguntei porque achei coincidência demais vê-la aqui - Ele ri de mim e então nossas bocas se encaixam e nos beijamos até perder o ar.

– Vamos começar com história? - pergunto com a respiração acelerada quando tento parar ele.

– Antes de estudar história a gente podia estudar anatomia.

– Tobias! - bato fraco nele e selo nossos lábios em um beijo quente mais uma vez.

– Porque você não tira essa blusa de frio? - diz quando se separa de mim - Nem ta mais tão frio assim.

Concordo com ele mas na mesma hora me lembro das feridas que carrego no braço. Não quero que ele saiba disso, não agora.

– Não, eu estou bem assim. Vamos estudar? - ele arqueia uma sobrancelha, encara meus braços e então concorda com a cabeça.

Como eu já esperava, nos beijamos e ficamos nos amassos mais do que estudamos, na verdade nem estudamos porque sempre que eu começava a tentar estudar Tobias surgia com alguma piadinha que me fazia gargalhar e então a gente começava a conversar sobre coisas nada a ver com a matéria da prova.

Eu gosto de ficar com o idiota do meu namorado, por mais babaca que ele seja as vezes, Tobias me faz esquecer o quão caótica é minha vida.

Depois de quase cinco horas tentando estudar, Tobias ficou quieto e eu consegui finalmente me concentrar no conteúdo.

– Então a revolução francesa... Espera aí - digo olhando para o livro e depois olho para o lado onde Tobias está e percebo que ele está dormindo. Acho graça - Você se parece com ela - digo baixinho passando as pontas dos dedos de leve no rosto dele que tem os traços da minha madrinha, não consigo parar de comparar os dois.

Olho no celular e já são oito da noite. Fecho o livro e guardo na minha mochila.

Me levanto da cama com cuidado e então calço meu all star. Pego minha bolsa e saio do quarto sem fazer barulho.

Desço as escadas e vou até a porta, tento abrir mas a mesma está trancada.

– Já vai? - olho para trás e vejo Marcus surgir da cozinha com uma xícara na mão - Não quer jantar, comer alguma coisa?

– Não obrigada, preciso ir - tento ser simpática mas não consigo.

– Algum problema comigo Beatrice? Deixa eu adivinhar, o panaca do Tobias falou mal de mim pra você... Ah, esse menino é idiota igual a mãe.

– Não fala assim da minha... - Me altero mas logo me arrependo quando ele me encara - Da minha cara metade - tento amenizar.

– Achei que fosse passar a noite aqui como as outras - diz zombando de mim.

– Pois é, não sou as outras então não vou ficar.

– Ouvir desaforo dentro da minha própria casa? - ele sorri histérico - É o fim mesmo.

– Quem fala o que quer ouve o que não quer, agora por favor tem como abrir a droga da porta? - digo já querendo bater nesse safado.

– Olha aqui garota insolente, não gosto de você!

– A muito obrigada, não vai mudar nada na minha vida - ele sorri e se aproxima.

– Você quer a chave? - ele balança a chave nas mãos - Pega então - ele joga ela no chão e sobe as escadas.

Fico irada. Juro que se eu tivesse uma arma agora eu mataria esse infeliz.

Encaro ele subir as escadas com ar de satisfação e então as luzes se apagam.

Fica tudo escuro, mal enxergo o chão então ligo a lanterna do celular e saio rastejando pelo chão da sala atrás da maldita chave até que a encontro.

Saio do apartamento e bato a porta bem forte, não faço questão de manter a aparência educada com ele.

Volto pra casa na escuridão da noite e pensando em Tobias, o que ele já deve ter sofrido nas mãos desse cachorro do pai dele. Devo admitir também que toda essa criancice dele veio do pai, nesse quesito os dois são iguais.