Tobias me levou pra casa dele, que por sinal era uma cobertura bem bonita em um lindo prédio perto da escola.
– Entra aí. Fica à vontade- ele sorri abrindo a porta e me dando passagem. Por dentro é bem mais bonito- Você quer um calmante? Uma água? Ou sei lá o que as meninas tomam pra se acalmar...
– Não- dou um sorriso- obrigada eu estou bem.
– Você é forte em? Muitas meninas no seu lugar estariam muito... muito sei lá agora.
– Já passei por coisa pior Eaton - ele me encara
– Você está bem mesmo?
– Estou...
– Jura?
– Juro.
– Então vamos a segunda parte- ele se aproxima- O que deu na sua cabeça pra você passar por um lugar daqueles sozinha? Você é doida? Porque foi por lá?- ele muda o semblante preocupado para brigão
– Porque foi atrás de mim?
– Me responde primeiro- ele diz envergonhado
– Eu sou doida... só queria fazer um caminho menor porque eu sou preguiçosa e odeio andar. Agora me responde, porque foi atrás de mim?
– É. Bem. Eu estava indo pra academia e vi você indo em direção á parte escrota da praça e também vi dois caras te seguindo; na hora me deu um calafrio seguido de um mau pressentimento então eu dei a doida, procurei uma vaga no estacionamento e fui atrás de você, que foi quando te achei e dei uma voadora naquele filho da puta.
– Obrigada Eaton. Não sei o que teria acontecido se não fosse você- ele sorri
– Vem aqui- levo um pequeno susto quando ele segura minha mão e começa a me guiar até a escada, não faço a menor ideia do que ele quer.
– Senhor Eaton? - uma mulher vestida de empregada nos para no meio da escada - Achei que estivesse na academia... - ela me olha com desdém - Namorada nova?
– Não! - respondo soltando a mão da dele
– Não, ela não é minha nova namorada. Vê se para de se intrometer na minha vida e faz alguma coisa pra gente comer. Vem Tris- Ele diz terminando de subir as escadas.
Sigo ele até um quarto que creio ser seu, é bem grande. Entro e fico parada na frente do espelho, minha aparência é bem abatida.
– Tira essa mochila das costas, põe aí em qualquer lugar... - faço o que ele pede e ele se joga na cama
– O que foi? - pergunto pra ele que está me encarando
– Nada. Não posso ficar te olhando?
– E o que está olhando? - ele sorri e eu me viro de costas, encontro um violão e me lembro das vezes que meu pai ia pra varanda comigo e a gente ficava tocando violão e cantando, eu me amarrava.
– Sabe tocar? - ouço sua voz bem perto do meu ouvido, me da um calafrio
– Nossa, já está aqui? - digo surpresa olhando pra ele que dá um sorriso
– Faz um tempinho que estou aqui, você brisou aí olhando pro violão. Sabe tocar?
– Sim. Quer dizer, não sei se lembro.
– Toca pra mim- ele pega o violão e me entrega
– Não. Toca você
– Tudo bem então... - ele se senta na beirada da cama e eu me sento no chão de frente pra ele- Vou tocar uma música que eu tenho quase certeza que foi feita pra você...- solto um risada pensando na música que ele provavelmente vai tocar pra mim, mas me surpreendo com o toque, já ouvi essa música- complicada e perfeitinha, você me apareceu; era tudo o que eu queria; Estrela da sorte... - fico besta com a voz perfeita que ele tem- quando a noite ela surgia; meu bem você cresceu; meu namoro é na folhinha; mulher de fases... - ele morde os lábios inferiores e depois sorri pra mim
– É. Eu... Meu Deus Eaton! Você deveria... Não sei, só sei que você canta muito!
– Você acha? Aliás, você é a primeira que já me viu fazer isso, não costumo cantarolar por aí...
– Como assim a primeira? Você deveria investir nisso, ia se dar super bem.
– Tá mas agora é sua vez...
– Não! Minha voz é horrível.
– Não é não! Aquele dia que você estava cantando perto do armário eu me amarrei na sua voz.
– Não vou tocar Quatro! - digo emburrada
– Tudo bem bicudinha. Mas um dia você promete que vai cantar pra mim? Quero ser o primeiro a ouvir sua voz! Já que você foi minha primeira, está me devendo essa.
– Tudo bem.. Você parece criança Quatro... Me diz um coisa, seu nome é Quatro mesmo?
– Não - ele diz envergonhado
– Quer me contar qual é?
– Você é curiosa em?
– Tudo bem, não quer contar.
– Tobias- apoio minha cabeça na mão e encaro ele
– Não vou te perguntar porque não gosta do seu nome, mas porque Quatro?
– Apelido de infância, curiosinha.
– Mais um apelido é, mala sem alça?
– É legal te apelidar, te provocar, te deixar bravinha. Você é muito estressada, quer uns beck não pra ficar mais relax?
– Não! Você usa isso pra ficar idiota assim?
– Eu estou zoando loirinha
– Para de me chamar no diminutivo! Só porque você tem 2 metros de altura não quer dizer que você tem que ficar esfregando na minha cara toda hora que eu sou pequena.
– Pra começar, eu tenho 1 e 88. Te chamar no aumentativo seria ilusão! - ele sorri e eu reviro os olhos.
Fiquei mais umas meia hora na casa dele até que cai na real e percebi que eu estava na casa de um homem de 21 anos que por um acaso é namorado da Pessoa que mais me odeia nesse mundo.
Fomos na delegacia prestar queixa e depois ele fez questão de me levar em casa, foi me perturbando o caminho todinho e eu até que já estou começando a gostar disso, me acostumei.
– E é aqui que eu moro- digo apontando pro prédio na nossa frente - Obrigada mais uma vez mala sem alça.
– Por nada bicudinha- ele se esquiva para trás pra pegar minha bolsa no banco de trás e eu vejo um pedaço de sua barriga, e que barriga! Conto 2 quadradinhos no pequeno pedaço que vejo- Acorda Loirinha- ele estrala os dedos no meu rosto sorrindo. Ai que vergonha; Dou um sorriso envergonhada, pego a mochila da mão dele e abro a porta.
– Espera aí Tris... Eu queria dizer que você é diferente... que você não é como as outras e isso me atrai mais do que o normal- ele se aproxima de mim e eu fico parada. Não, agora não! Não estou pronta, não estou pronta!
Meu celular apita e eu me afasto dele pegando o celular na bolsa. Graças a Deus não aconteceu nada. Ele se afasta envergonhado
– Preciso ir. Tchau- ele dá um sorriso falso e eu saio do carro. Antes de entrar no prédio olho para trás e vejo o carro dele indo embora.