Capitulo 5 – A Condessa

Alice tocava alguma música animada no piano enquanto o Capitão e o Duque conversavam sobre algum assunto inteiramente interessante apenas para eles. Isabella por sua vez coçava sua mão com uma necessidade única.

Seu telefone celular.

Ali não tinha nada para que ela passasse o tempo. Pegar um livro comprovaria que não veio de outro tempo, mas sim de outro mundo. Por isso tentava apreciar a música. Alice tocava muito bem, mas ela estava tão cansada e com tanto sono, que poderia abraçar aquela almofada ao seu lado e dormir tranquilamente naquele sofá.

O capitão era aproximadamente da mesma estatura do Duque, mas consideravelmente mais musculoso. Tinha o um senso humorístico insuportavelmente feliz. Estava começando a entender o que Albert queria dizer. Desde o momento em que entrou ele não tinha tirado o sorriso do rosto ou parado de falar.

– Não acha, senhorita Swan? – de repente ela se viu colocada no meio de uma conversa que sequer acompanhava.

– Acho o que, Capitão? – sorriu tentando ser gentil.

– Que meu grande amigo deveria se preocupar menos com a vida. – deu dois tapas no ombro de Edward – Nunca vi um homem tão azedo.

Isabella riu. Ela não poderia concordar mais.

– Tem um riso adorável, senhorita Swan – aquele elogio do capitão a pegou despreparada – Gostaria de dar um passeio pelo bosque amanha?

Isabella sentiu algo que nunca antes na vida pensou que poderia sentir. Sentiu seu sangue subir lentamente e se espalhar por seu rosto. Santo Deus! Ela estava corando.

– Isso.. Isso, bem eu... – o que acontecia com ela? Além de corar ela estava gaguejando?

A música parou de repente.

– Como se atreve capitão! – disse Alice fingindo ultraje – Minha convidada não esta em condições para caminhadas e muito menos flertar com o senhor! Justamente com o maior flertador de Londres e se não, de toda a Inglaterra.

Emmett gargalhou, Edward se limitou a sorrir, observou Isabella buscar as palavras e não encontra-las.

– Creio que a senhorita Swan teve um dia muito cansativo – inconsciente foi ao seu socorro – Não gostaria de descansar?

Isabella o encarou, um tanto grata.

– Sim. Eu acho que deveria ir dormir.

– Oh, sim, com razão! – Alice se prontificou e os dois cavalheiros se levantaram – Irei te acompanhar até seu quarto.

Ambos fizeram uma mesura enquanto as duas saiam. Quando estava longe o suficiente, Alice falou.

– Cuidado com o capitão. Ele é conhecido como um destruidor de corações. Não entre neste jogo senho..

– Bella. – a interrompeu – Por favor, me chame de Bella.

Alice sorriu.

– Não entre neste jogo Bella. Ele te vencerá pela experiência.

Alice a deixou em seu quarto; Isabella chutou os sapatos de seus pés, arrancou o vestido e colocou a camisola que estava em cima da cama, provavelmente deixada por Popy.

O que tinha acontecido esta noite, era algo que ela não poderia explicar, nem se tivesse mil anos para isso. Sua reação ao lado do duque, corar e gaguejar diante do capitão, era como se ela estivesse se tonando uma frágil mulher indefesa do século XVIII e isso era inadmissível.

Ela era Isabella Swan. Não temia um homem, na verdade, era melhor que um e fazia tudo que um homem fazia duas vezes mais rápido. Frustrada, ela pegou no sono, e quando acordou no dia seguinte, mal podia respirar ou falar.

– É um resfriado forte, senhori... Bella. – disse Popy quando veio de manhã – vou aumentar o fogo da lareira para que fique mais aquecida. Lorde Edward já chamou o doutor Collin.

O doutor chegou, e deu seu diagnóstico. Isabella tinha pego era uma gripe devido ao temporal e o tempo que passou com sua roupa molhada. Teria que estar totalmente de repouso, tomar limão com mel, um pouco de chá de papoula e se manter aquecida para evitar uma pneumonia.

Alice se virou para o irmão quando o médico partiu.

– Sua culpa. Se não a tivesse expulsado não teria ficado tanto tempo com suas vestes molhadas.

– Expulsado? – questionou o capitão.

– Sim, eu a socorri ontem no final da tarde, e meu irmão simplesmente a tomou como uma mulher devassa. Acredito que foi assaltada, suas roupas estavam destruídas, perdeu boa parte da memória, pobrezinha.

O capitão encarou o duque.

– Como pode fazer tamanha maldade?

– Ora, por Deus! – ele reclamou indo até a bandeja de bebidas – Se a tivesse visto pensaria o mesmo. Cabelos soltos, pintura de rosto como a das meninas de Cornélia, seu vestido não parecia rasgado, mas que era originalmente assim, suas unhas também pintadas, pode ver isto ontem a noite. Não posso permitir que Alice estreite laços com alguém, que por hora, mais parece uma cortesã de luxo.

Alice trincou os dentes, o capitão suspirou contrariado.

– Certo, se ela for mesmo o pensa, o que irá fazer?

– Ainda não sei, Alice poderia solucionar, já que foi ela quem encontrou o problema.

– Não acho que ela é uma dessas mulheres. Sinto que apenas esta perdida, e que é nosso dever ajuda-la se encontrar. – caminhou para perto de seu irmão – Edward, é temporada de caça, daqui algumas horas chegarão o Conde Denali e sua família, o senhor Willien e os irmãos James. Poderíamos dar um novo sentido a vida de Bella. Ela poderia se reinventar.

Bella. Agora Alice a chamava pelo apelido do primeiro nome?

– Não poderia estar mais de acordo com Lady Alice! – concordou Emmett – Ela é uma adorável figura, poderia até me apaixonar.

– Se apaixona por todas. – resmungou Edward – Adoráveis ou não. E é exatamente isso que me preocupa. Teremos visitas, o que pensarão da senhorita Swan e de seus modos?

– Pensa demais meu caro amigo! – disse Emmett se levantando – Talvez eles a achem adorável, como eu achei.

Edward manteve seus pensamentos para si mesmo. Nenhum dos dois concordariam com o que tinha para dizer. Ela não era adorável, era peculiar. E não de um jeito bom do sentido da palavra. Sorveu a bebida de seu copo para afastar a culpa, talvez se ele não tivesse a expulsado, ela não estaria de cama agora e sim se preparando para partir. Se teria que aturar a senhorita Swan em sua casa por mais tempo, isso seria devida a sua própria ignorância ao enxota-la no mal tempo.

Alice voltou aos preparativos para receberem suas visitas. Emmett voltou a escrever sua carta. O Duque queria saber quando a senhora Margot voltaria de sua viagem. Saiu em busca de Albert para saber quais eram as previsões. O mordomo disse que a governanta voltaria dentro de 3 semanas no mínimo, que a irmã ainda estava muito enferma. Margot saberia o que fazer com a Senhorita Swan, então ele teria que aguardar ao menos 3 semanas antes de se livrar da sua indesejada inquilina.

Os primeiros a chegarem foram os irmãos James. Aurora e Robert eram amigos de infância dos irmãos Cullen. Edward tinha visto Aurora praticamente nascer e a considerava como uma irmã e a tratava com todo zelo que dirigia a Alice. Robert era dois anos mais novo que o Duque, mas isso não impediu que a amizade existisse, e permaneceu mesmo quando ele insistiu em se mudar para a Hungria e fugir do seu legado.

– Se tivesse partido comigo para a Hungria, hoje não estaria amarrado em um ducado tendo que passar dia e noite abraçado a livros de contabilidade e administração, muito menos buscando ser um homem exemplar para sua irmã e escolhendo uma esposa que não seja estupida! – Disse Robert em um sussurro. Edward riu e o abraçou.

– E minha irmã teria sido devorada viva por meu primo Aro Volturi. – sussurrou de volta.

– Detalhes meu amigo. Aurora sobreviveu muito bem e agora nem se parece com a menina que deixei. – suspirou – Este ano a levarei comigo. Ela não quer mais ficar.

Edward analisou Aurora. Tinha os cabelos dourados como de um anjo, olhos azuis que pareciam mais uma pedra de safira, pele alva e traços delicados. Parecia tão frágil que um simples encostar a partiria.

– Como pode deixa-la por tanto tempo com seus tios?

– Eles não são maus. – disse Robert – E não se engane com a aparência de Aurora, ela aprendeu comigo a se resolver sozinha.

Aurora se aproximou e Edward a recebeu com todo o carinho. Se ele a não visse como uma irmã, seria com ela que se casaria. Ela era adorável e perfeita em todos os seus atos e falas. Sempre certa e sempre digna.

– Cresceu um pouco mais? – perguntou rindo de sua baixa estatura.

– Claro, não vê que precisa subir em um banquinho para me cumprimentar?

Ele sorriu e beijou sua mão.

Então mais uma carruagem se aproximou e Edward viu toda a sua tranquilidade se estilhaçar em mil pedaços.

O Conde chegou, trazendo consigo a filha e a esposa. Não sabia muito bem porque ele insistia em vir todos os anos, e mesmo depois que seu pai, o verdadeiro duque de Devonshire, faleceu, o Conde não perdeu o habito de passar ao menos duas semanas da temporada de caça na mansão.

O velho desceu. Sua barriga parecia ter crescido neste último ano. Coçou a barba e deu a mão para que a filha o acompanhasse. Senhorita Kate Denali estava graciosa como sempre, seus cabelos pretos como havia sido os da mãe, e os olhos azuis como o do Conde, uma beleza única, mas era infantil e estupida demais para ser levada a sério.

E então chegou o momento que assombrava seus pesadelos aquele ano. A nova e jovem esposa do Conde.

Tânia Denali, que um dia tinha sido conhecida como Tânia Dawson. Era munida de uma beleza devastadora e até mesmo poderia se dizer, intimidadora. Não era tão jovem como Alice, Aurora ou Kate. Tinha seus adoráveis 32 anos, cabelos loiros acobreados e olhos de um verde escuro que chegava ser ameaçador. E carregava consigo, uma gloria que poucas ou talvez, ela seria a única a conquistar. Foi uma das mulheres de Cornélia por longos anos, e agora ostentava o título de Condessa.

E santo Deus, poderia se gabar que era ex amante do Duque de Devonshire.

Edward estava disposto lutar contra tudo, para que permanecesse assim. Só que o olhar que ela o dirigiu ao levantar a cabeça e revelar seus olhos, dizia que ele estava completamente enganado.

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