Queria dizer, estou feliz que esteja feliz. Mas você teria que estar feliz para isso, não?

— Cherry Cat

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22 de Abril. Sexta-feira

—Eu sei, eu sei, atrasada – falou Mal, se sentando em frente a Ben no restaurante onde haviam marcado – Desculpe, eu dormi demais. Fiquei até tarde ontem na escola com a Evie, e não consegui dormir depois pensando no chilique dela... Desculpa.

—Tudo bem. Já pedi por você – ele falou, sorrindo compreensivamente – Nada estranho, e com muita pimenta!

—Tacos? – ela chutou, e ele caiu na gargalhada.

—Estamos em um restaurante Mal – ele a lembrou – Não servem tacos aqui!

—Você é o rei... Se você quiser raspadinha de cão chupando manga, eles vão ter que arranjar – ela contrariou.

—Está bonita – ele sorriu, puxando uma mecha do cabelo dela, e ela o chutou de leve por baixo da mesa. – Ficou bom...

—Não ficou nada – ela fez uma careta – Todo mundo está me olhando.

—Quem liga para eles? – Ben bateu o dedo no nariz dela – Para mim, você está perfeita.

—Ah, certo...

—É sério – ele riu – Prefiro você assim, do que com aquelas roupas coloridas.

—Ben – ela gemeu – Já conversamos sobre isso.

—Eu sei – ele revirou os olhos – Mas então, por que Evie estava dando chilique?

—O vestido do casamento – Mal suspirou, apoiando a cabeça na mão – Ela está triste por não poder fazê-lo, mas sua mãe já mandou fazer. Vou tirar as medidas finais hoje de tarde...

—Por que não fala com a minha mãe? Evie pode ajudar a costureira, garanto que uma poderia aprender muito com a outra – ele brincou, mas Mal fez uma careta – O que foi?

—Eu... Meio que pedi para sua mãe chamar a modista dela para fazer o vestido – Mal admitiu – Evie é incrível, e minha melhor amiga, e... Ela me conhece bem demais. Ela faria um vestido para mim, e o que eu preciso é... De um vestido para Auradon!

—Mal, esse é o nosso casamento – Ben franziu a testa – Se quer ir de preto, você vai! Se quiser usar jeans e sua jaqueta, vai usar!

—Quero fazer as coisas do jeito certo – Ela sorriu, pegando a mão dele – E, afinal, é só um vestido. Vai coçar de qualquer jeito. Vai ter bastante tempo para se acostumar com isso!

—Bem, nem tanto – Ben discordou – Quer dizer, não falta mais tanto tempo assim, não é?  É dia quatorze... Umas... Três semanas?

Mal se forçou a engolir a água que tinha tomado, em vez de cuspi-la na cara dele. Ele não podia estar falando sério, podia? Quer dizer... O tempo havia passado tão rápido?

—Esse é meu castigo por deixar tudo para última hora – ela anunciou para o nada – Nem percebi que já estava tão perto.

—Ainda pode desistir, você sabe...

—Está tentando me dar um fora? – ela brincou, e os dois se encararam sérios por um minuto antes de começarem a rir – Você tinha que ver a sua cara!

—Seu almoço – falou um garçom, colocando os pratos em frente a eles. Ben havia pedido um tipo de macarrão com molho superapimentado para Mal, e peixe para si.

—Está gostando? – perguntou Ben, rindo dela cheia de molho na cara. Mal fez uma careta – vou aceitar isso como um sim.

—Imagino que não vá ter nada com pimenta no chá de panela – Mal suspirou, lembrando que tinha que escolher os doces da festa com a mãe de Bem naquela tarde. De repente ela podia pedir para Hannah ir mais cedo para ajudar... – Sua mãe está enchendo minha cabeça com sabores de Macarrons, e coberturas de cupcakes!

—É no próximo fim de semana, não é? – perguntou Ben.

—Então, o que os garotos vão fazer enquanto isso? Não pense que não ouvi algumas ideias bastantes... Criativas? Que Chad comentou durante o dia da família – Ela resmungou – Comece a falar, Benjamin.

—Benjamin? – ele ergueu uma sobrancelha, mas ela seguiu lhe encarando. Ele riu – Vamos sair para caçar em grupo. Papai, Phelipe, até mesmo Flynn Rider concordou em ir.

—E?

—Chad não gostou da ideia, e rejeitou o convite – ele revirou os olhos – satisfeita?

—Quase... Traga uma cabeça de alguma coisa para colocar na parede do nosso quarto – ela sorriu – Isso é estranho.

—O que?

—Nosso quarto! Gosto disso!

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Palácio de Copas.

Cherry se esgueirou pelos corredores estranhamente movimentados do castelo tentando não ser notada. Na verdade, toda aquela parte da Ilha estava movimentada desde a volta de Carmim. Os boatos era que a princesa estava redecorando.

—O que está fazendo aqui? – perguntou Victor, lhe encarando quando virou um corredor vazio.

—Trabalhando – ela revirou os olhos – A bruaca mandou me chamar.

—Achei que agora que Carmim está de volta...

—É eu também achei, mas ela não vai me deixar em paz assim tão facilmente – suspirou Cherry – O que você quer? Está com cara de quem engoliu um dicionário!

—Existe cara para isso? – ele perguntou, ela ergueu uma sobrancelha – Precisamos conversar.

—Já notou que sempre um de nós acaba dizendo isso? – perguntou Cherry – Tudo bem, fale.

—Sobre o que aconteceu entre nós...

—Nunca comentei com Carmim sobre isso, se quer saber – ela falou, revirando os olhos – E nem pretendo. Achei que tínhamos concordado que aquilo nunca aconteceu, por que está tocando nesse assunto?

—Por que você fala demais – ele falou – E eu e Carmim estamos juntos e bem agora, não preciso que você atrapalhe isso.

— Você é comovente – ela suspirou – Queria dizer, estou feliz que esteja feliz. Mas você teria que estar feliz para isso, não?

—Estou feliz – ele grunhiu.

—Pois não parece. E sabe disso – ela deu os ombros – Ela não ama você Victor. Essa é a verdade. Ela simplesmente não pode amar ninguém... É isso o que significa ser uma Copas!

—Está mentindo – ele lhe encarou.

—Eu sou aquela que fala a verdade e coloca tudo em pratos limpos, lembra? – ela perguntou – Não vou discutir com você. Cada um acredita no que quer. Estou indo.

...

Quando a tarde acabou, o sol se pôs e Mal conseguiu se livrar dos incontáveis doces que tinha que provar, ela seguiu até uma sala onde havia combinado de se encontrar com seus... Amigos?

A sala era simples, havia uma pequena mesa com um conjunto de chá, com dois sofás, um a cada lado, e uma cadeira grande de costas para a porta.

—Podem sair – ela falou para as duas criadas que serviam o chá.

—Mal, por que estamos aqui? – perguntou Evie.

—Só um minuto, Evie – Mal falou, sem conseguir encara-la – Carlos, conseguiu o que pedi?

—Quase... – ele fez uma careta, com o rosto no tablete que tinha nas mãos – Estou quase conseguindo...

—Certo – Mal suspirou, e se virou para os outros três – Rebecca, pode nos contar sua teoria?

—Sim – a loira assentiu – Tudo começou duas noites antes do Dia da Família...

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29 de Abril. 20h30minpm. Torre de Rapunzel.

Aniversário de 16 anos de Rebecca Corona

Becky e Gart caminharam pelo salão, claramente entediados com aquele monte de gente. Gart deveria ter adivinhado que, para Rapunzel Corona, um jantar entre amigos era a festa do ano para toda Auradon!

Becky enterrou a cabeça no seu peito.

—O que foi? – perguntou ele.

—Não aguento mais cumprimentar tanta gente – ela gemeu – O perfume desse pessoal está me dando dor de cabeça.

—É, entendo o que quer dizer – riu ele – Se está tão mal assim, podemos subir para o seu quarto...

—Cala a boca, Gart – riu ela, dando um tapinha nele – Ah, Cinderela chegou!... Vem, vamos cumprimentar ela!

Ele gemeu, seguindo com ela. Mas apesar de tudo, Gart estava realmente feliz aquela noite. Se fosse qualquer outra garota, ele já teria a pressionado até leva-la para cama. Com Becky, ele não ligava em esperar.

Ele passou por Hannah, parada fielmente ao lado do seu grande amor. A mesa de salgadinhos. Enquanto isso, Will sentado em um sofá admirava seu grande amor. Hannah. Aqueles dois sim eram complicados.

—Christian não veio? – perguntou ele.

—Acho que não, não o vi ainda. – ela suspirou – Nem Alison, nem Hugo!

—Acha que Carlos já conseguiu? – perguntou Gart, nem avisando quando passaram reto pela família de Cinderella. Ele detestava aquele conto de fadas, e não ia com a cara de Chad Charming.

—Não, falei com ele hoje cedo na escola, parece que os vídeos daquela noite foram enviados para o castelo – Becky fez uma careta – E como deve imaginar, a segurança deles é muito boa!

—Previsível – Gart murmurou – Isso está cada vez melhor...

—Vai dar tudo certo – Becky sorriu, beijando ele – Vamos conseguir.

—Como você tem tanta certeza disso? – perguntou ele, rindo.

—Por que eu sou a filha dos meus pais... Eu não desisto tão fácil – ela sorriu, e ele revirou os olhos.

—Acho que está passando tempo demais comigo... – Riu Gart, enquanto a mãe de Becky se aproximava.

—Rebecca, onde está seu pai? – perguntou Rapunzel.

—Eu não sei – Becky deu os ombros – Por quê?

—Eu não sei, ele quase deu um soco em Chad Charming e depois sumiu – Rapunzel deu os ombros – Pode me ajudar a procurar ele?

—Hã, mãe... Acho que as pessoas vão notar se eu sumir! – Becky riu.

—Ah, certo, verdade... – Rapunzel piscou – Já cumprimentou todo mundo?

—Quase... – Ela mordeu o lábio inferior.

—Bem, então é melhor ir logo, antes de cantarmos o parabéns – sorriu Rapunzel – Vou procurar seu pai.

—Eu ajudo – Gart falou.

—Mas...

—Tudo bem. Eu estou te distraindo, e você precisa cumprimentar os convidados – Gart deu os ombros – Vou achar seu pai antes de Hannah ataque o bolo!

—Então é melhor correr – ela riu, enquanto ele dava um beijo na testa dela e se afastava.

—Tudo bem, eu confesso – Rapunzel suspirou – Estou surpresa.

—Com o que? – perguntou Becky.

—Esse garoto – ela apontou na direção por onde Gart havia ido – Está feliz?

—Eu... Eu estou sim, mamãe! – sorriu ela grandemente.

—Bem, acho que depois que essa festa acabar, nós duas vamos ter uma conversinha... – Rapunzel suspirou – De repente é melhor seu pai seguir sumido.

—Mãe, realmente, não é necessário falar sobre isso... – Becky fez uma careta – Olha só! A Lonnie! Deixe-me ir falar com ela!

...

No fim, Gart acabou achando Flynn Rider no jardim, falando com uma taça de vinho pela metade.

—Ah, Gart, venha, venha, junte-se a mim – Sorriu Flynn – Também não aguentou aqueles príncipes mauricinhos?

—Na verdade, vim procura-lo – falou ele – Sua esposa quer cantar o parabéns!

—Ah, certo – ele suspirou – Entendo... Sabe de uma coisa, eu amo minha loirinha. De verdade. Mas não entendo como ela pode gostar tanto dessas pessoas... São um bando de idiotas, se quer minha opinião.

—Nem todos são idiotas – Gart deu os ombros – Só a maioria...

—Viu só? É por isso que eu gosto de você, garoto, é sincero – riu Flynn – Eu pensava assim antes também, sabe? Mas a verdade é que depois de alguns anos você percebe que por trás de tudo que é bom e belo, só há aparência e jogos de poder.  Bem, acho melhor irmos antes de cortarem o bolo!

1º de Maio

No fim, Queenie achou apenas um único jeito de se livrar da frustração que sentia desde a partida de Carmim. Era estranho calçar os patins depois de tanto tempo, e com certeza ela não estava acostumada a correr em uma pista reta como a de Auradon. Mas sentir o vento no rosto era reconfortante. Ela amava a adrenalina, a sensação de deslizar sobre o chão como se pudesse voar, a velocidade e como tudo parecia quebrável passando por ela como um vulto.

Ela ainda lembrava-se do dia que ganhou aqueles patins. Outrora fora um presente de aniversário que Carmim nunca havia usado. Eles estavam quebrados e enferrujados em um baú no quarto dela quando Queenie achou. Hugo os concertou e Carmim disse que ela podia ficar com eles.

 Foi a primeira vez que ela, de fato, se sentiu parte do grupo.

A lembrança trouxe lágrimas em seus olhos, e ela apenas sentiu quando esbarrou em alguém e caiu sentada na pista.

—Desculpa, desculpa, eu não vi por onde estava andando – falou uma voz conhecida. Queenie fechou os punhos, enquanto se levantava e via Evie juntando um monte de sacolas de compras que deviam ter caído no chão.

Queenie infelizmente conhecia bem o suficiente a irmã para saber que ela só tinha aquele tipo de acesso de comprar quando estava realmente infeliz.

—Isso, deu pra notar – Queenie falou com desprezo.

—Ah, você... – Evie suspirou, se levantando e pegando suas bolsas – Não sabia que andava de patins.

—U-hu! Surpresa! Vamos adicionar isso à lista de coisas que você não sabia sobre mim – ela revirou os olhos – Não devia estar planejando um chá de bebê? Ou Mal não quis sua ajuda?

Evie fez uma careta. Queenie deu um sorrisinho, por que sabia que tinha acertado.

—Bem, não fique mal, não é sua culpa – Ela falou, dando a volta em Evie – Ela é a futura rainha agora, não pode se deixar levar pelos seus gostos... Excêntricos?

Evie ficou em silêncio, com os ombros tensos. Aquela era sua deixa.

—Tchazinho – ela cantarolou, e deslizou para longe na pista.

Longe de Evie, Queenie parou em um dos bancos ao lado da pista, pegou seu espelho e viu seu reflexo suado antes de perguntar.

—Espelho, espelho meu... Que futuro pode haver, para alguém como eu?

“Apenas o sofrimento há, para os que procuram vingança” apareceu no espelho.

Bem, se fosse para sofrer, ela faria Evie sofrer junto!

Afinal de contas, ela também era uma criança má... E tinha aprendido com os melhores!