Efeito Dominó escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 9
Capítulo 9: Personagem Inoportuno


Notas iniciais do capítulo

Eis aqui o primeiro capítulo de 2016!

Aos meus leitores, um feliz ano novo atrasado. Espero que tenham aproveitado as festas de final de ano. Mas voltando a realidade, eis aqui o capítulo! ;D

Obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior. Espero que continuem acompanhando. :D

Boa leitura!



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De fato, as coisas pareciam correr exatamente como eu planejara. Graças a Sasori, meu tempo para pensar no novo relacionamento amoroso do meu pai, diminuiu drasticamente. Com o novo emprego na locadora, as aulas, provas e trabalhos da faculdade e o cansaço do final do dia, eu conseguia me esquivar de qualquer intenção de conversa por parte de Kizashi Haruno. E, para minha infelicidade, ele pareceu aceitar essa nova fase até bem demais. Suspirei exausta enquanto terminava de arrumar uma pilha de filmes de comédia romântica na prateleira.

― Senhorita Haruno... ― a voz aguda e feminina alcançou meus ouvidos e eu senti meus neurônios tremeluzirem logo em seguida. Encarei a figura às minhas costas. Ela deveria ter cerca de vinte e nove anos, tinha cabelos castanhos e curtos, levemente assanhados, olhos negros como duas azeitonas e o cargo de supervisora sênior naquela locadora. Para mim, Matsuri era um carma em forma humana pronta para destruir a minha vida. ― Está fazendo errado... Novamente. ― ela fizera questão de frisar o termo “novamente”. Graças a ela, eu já estava naquele serviço por quase duas horas. ― Os filmes recém-lançados ficam na primeira fileira de cada prateleira. E digamos que “O Amor é Cego” não foi lançado recentemente.

― Desculpe-me. ― resmunguei pegando novamente todos os DVDs da fileira. Eu não podia retrucar. Ao contrário de mim, uma reles atendente, Matsuri era na verdade a neta do dono da loja. Ou seja, discutir com ela estava literalmente fora de questão. ― Eu vou tentar manter isso em mente da próxima vez.

Vi a mulher virar-me as costas e continuar a seguir em outra direção. Suspirei novamente e recomecei meu árduo trabalho torcendo para que, ao menos desta vez, a fúria de Matsuri mantivesse-se distante de minha pessoa.

Quando enfim terminei de arrumar aquela prateleira, eu me ergui e espreguicei-me. Minhas costas estavam doloridas devido ao tempo em que passei abaixada de mau jeito. E, além disso, meu estômago remexia-se faminto. Gostasse ou não, eu não teria como controlar a fome até o horário de saída, então... Infelizmente... Eu teria que almoçar por ali mesmo.

A área para funcionários era, definitivamente, uma maravilha em comparação com outras lojas que eu já havia visitado. Encarei os outros funcionários, grande parte ainda desconhecida por mim. Puxei o pequeno depósito com meu almoço e sentei-me na primeira cadeira da mesa. Encarei a refeição. Além do arroz, feijão e da salada, eu havia me esforçado um pouco pela manhã e preparado alguns pedacinhos de peixe frito no óleo. Esse seria meu almoço.

― Como estamos de trabalho? ― uma pergunta escapou dos lábios finos de Sasori. O ruivo sorriu e sentou-se ao meu lado com uma quentinha em mãos. Ele sorriu mais ainda quando vislumbrou minha face, completamente arrependida. ― Ah, vamos lá... Não pode ser tão ruim.

― Experimente ficar o dia inteiro com a Matsuri gritando no seu ouvido... ― sussurrei a frase vendo o ruivo sorrir. ― Não importava o que eu fazia, ela aparecia dizendo: “Senhorita Haruno... Está fazendo errado... Novamente.”. ― tentei falar imitando a voz aguda da mulher. ― Se eu estou fazendo errado, por que diabos ela não vai fazer?

― Não esquenta com isso. ― Sasori resmungou enquanto enchia uma colher de arroz e levava-a aos lábios. Ele mastigou a comida e voltou novamente seus olhos para mim. E eu pude ter um claro deslumbre de que ele estava brincando comigo de novo. ― Ela sempre faz isso. É porque você ainda é nova aqui. Olha... ― ele me chamou e eu deixei que meus olhos vagassem do meu depósito para os seus olhos cor de caramelo. ― Eu também sofri nas mãos dela. Vai passar logo, não se preocupe.

Não sabia o porquê, mas sabia que as palavras que saíram da boca de Sasori eram verdadeiras. Apenas confirmei com um breve aceno e voltei-me novamente ao meu almoço, afinal, ainda teria que aturar no período da tarde a mesma frase dita por Matsuri durante toda a manhã. Era preciso me preparar psicologicamente ou então eu acabaria derrubando, sem querer, a estante lotada sobre a cabeça dela.

[...]

Era minha vez assumindo o caixa, pois a garota responsável pela caixa registradora, Shion, havia faltado visto que iria fazer a baliza para receber a carteira de motorista. E naquele momento, eu sabia que Matsuri resmungava para si mesma que eu não estava fazendo as coisas corretamente e não estava sorrindo de verdade para os clientes, e que deveria sair do controle daquele caixa, mas ela não podia contrariar uma ordem do avô. Afinal, mesmo que ela fosse futura dona do negócio, naquele momento, ainda era apenas uma funcionária.

― Minha adorada Agatha Christie, recomende-me um grande filme, digno de suas belas autorias de suspense... ― eu não precisava olhar na direção da porta para descobrir a quem pertencia tal voz e tal declaração fajuta. Deixei um suspiro escapar por meus lábios e encarei o Uzumaki de cabelos loiros. ― Eu realmente apreciaria sua opinião, oh digníssima. E por falar em você, belo uniforme...

― Naruto... O que faz aqui? ― perguntei evitando os prováveis rodeios e evitando me irritar com o Uzumaki por ter se referido aquele protótipo de uniforme. O loiro me observou com um meio sorriso no rosto e só então eu percebi que ele não estava desacompanhado. ― Não... Não precisa me responder. Veio atrás do Sasori, não foi?

― Eu disse que não conseguiria enganá-la estando do seu lado, Deidara... ― sussurrou o loiro facilmente jogando um mínimo sorriso para o outro loiro ao seu lado. Deidara deixou uma gargalhada escapar por seus lábios. ― É tão óbvio, certo?

― Ei caras... ― sussurrou uma voz mais atrás de mim. Encarei a figura de Sasori que terminava de amarrar um cachecol em volta do pescoço. O clima começava a esfriar lá fora e eu já me arrependia de não ter trazido um casaco ou algo quente para usar por cima do típico jeans e camiseta. ― Achei que iria encontrar vocês na biblioteca...

― Mudanças de planos. ― murmurou Deidara. ― Nossa conversa com o palestrante foi remarcada para daqui a... ― o loiro encarou o relógio em seu pulso e quando ergueu novamente o rosto, seu semblante era pura calma. ― Daqui a vinte e cinco minutos.

Ainda não entendia o porquê de Deidara ter dito aquilo com tanta calma. Se fosse eu, naquela situação, já teria surtado. Sasori deixou um suspiro exausto escapar por seus lábios antes de dar a volta no balcão e aproximar-se dos dois loiros.

― Eu passo aqui na hora que você for embora, Sakura... ― murmurou o ruivo para mim. ― Pode não parecer, mas esse bairro é mais perigoso do que aparenta. Então... Até as dez.

Não que eu não quisesse uma companhia até a parada de ônibus, pois até mesmo uma tola como eu sabia o quão perigoso era aquela região. Na noite anterior, o noticiário local havia comunicado que uma gangue de fora havia entrado em conflito com a facção existente naquele bairro. Cerca de duas pessoas morreram e mais de cinco ficaram feridas. Três destas nem ao menos eram criminosos, mas sim pessoas comuns que, provavelmente, apenas estavam esperando o ônibus para irem para casa.

Apenas confirmei com um aceno. Eu não tinha muito que falar em uma situação como aquela. Despedi-me dos dois loiros e os vi seguirem caminho pela avenida principal. Suspirei novamente enquanto me sentava na cadeira que havia ali por perto. Eu podia sentir claramente os olhares furtivos vindo de Matsuri todas as vezes que ela passava pela minha frente. Os outros funcionários apenas tratavam de cumprir suas tarefas e, quem sabe, bater o ponto.

Foi então que o vi entrar pela porta. O som do pequeno sino tocou quando ela fora escancarada. Havia um sorriso debochado em seus lábios. Para ele, provavelmente, aquela cena era deveras cômica. Afinal, ver-me sentada atrás de uma caixa registradora nunca havia passado por sua cabeça, pelo menos, era isso que eu imaginava. Deixei que o suspiro irritadiço escapasse por meus lábios. Por um breve momento eu pensei que não o veria mais tão cedo, mas infelizmente, para mim, eu era uma completa azarada.

― Oi. ― disse. Seu tom era divertido e eu sabia que ele ria de mim internamente. Mas também... Tolo seria quem não risse. Aquele uniforme era muito tosco. Uma camisa branca social com uma saia verde-musgo com suspensórios e uma gravata também verde presa no pescoço. Para que eu ficasse semelhante aos palhaços de circo apenas faltava uma maquiagem exagerada. ― Eu não sabia que você trabalhava aqui... ― sussurrou de modo sincero. Isso já me aparentava ser algo comum desde o incidente do cachorro. Desde aquele dia, as irreverencias ocorridas entre nós dois vieram diminuindo drasticamente.

― Comecei faz pouco tempo... ― sussurrei brevemente. A figura de Matsuri fora facilmente deslumbrada por mim. Ela me encarava como quem acaba de descobrir que seu cachorro fizera cocô no tapete da sala. ― Mas em que posso ajudar?

― Estou atrás de referências. ― ele apenas disse. ― Para um trabalho da faculdade.

― Hum... Se você está atrás de uma referência, provavelmente você encontrará na sessão de documentários. ― eu disse. ― Mas se for apenas um filme como referência, provavelmente encontre em qualquer outra sessão. Você tem o nome de algum?

― Um Sonho de Liberdade... ― o Uchiha resmungou. ― Será que tem aqui?

― Esse é um filme da década de 90... ― murmurei com a mão sob o queixo. Eu tinha quase certeza que havia arrumado a prateleira dos filmes da década de 90, mas não havia o visto. Pelo menos, eu não me lembrava. ― Pegue o primeiro corredor... A sessão está no final antes do banheiro para clientes.

Vi o Uchiha caminhar na direção que eu havia lhe dito. Não fora nem ao menos cinco minutos e ele novamente surge na minha frente, desta vez com o DVD entre as mãos. Peguei o objeto e coloquei-o na sacola da locadora. Sasuke entregou-me o dinheiro exato e eu coloquei-o dentro da registradora.

― Haruno... ― ele chamou meu nome antes de novamente passar pela porta. Encarei-o fixamente em aguarde de sua declaração. Ele olhou pela janela e novamente voltou sua atenção para mim. ― Tome cuidado quando voltar para casa.

[...]

Acredito que ainda esperei quase meia hora por Sasori, mas o ruivo não aparecera na porta da locadora, como havia prometido. Provavelmente haveria acontecido alguma coisa com Sasori para que ele não tivesse aparecido, mas a idiota aqui havia esquecido o celular no carregador em casa. Suspirei amaldiçoando a mim mesma.

E como se não estivesse ruim, a simples frase dita por Sasuke algumas horas antes estava me dando nos nervos. Tome cuidado quando voltar para casa, o aquele moreno achava que era? Um vidente? Um adivinho? Um pai de santo? Por Deus, eu sabia muito bem o quão perigoso podia ser e claro que eu não ia ficar bobeando no meio da rua, certo? Coloquei a bolsa sobre o ombro. Agora sim estava bem melhor, defini para mim mesma quando encarei a roupa que eu usava. O estranho modelo de funcionária da locadora havia abandonado meu corpo e eu havia retornado para a tão adorada calça jeans e camiseta.

Eu não podia mais ficar esperando o Akasuna. Se eu teimasse em permanecer na frente daquela locadora por mais uma dúzia de minutos, provavelmente perderia o último ônibus para meu bairro. Apressei-me para a parada. Não era muito longe, massa rua escura parecia deixar tudo mais distante. Certamente a administração da prefeitura havia esquecido o que significava “iluminação pública”. Eu já conseguia enxergar a parada de ônibus quando dobrei a primeira esquina.

Consegui distinguir o som de passadas vindo atrás de mim e esforcei-me ao máximo para manter as vistas para frente. Porém, talvez por minhas irrelevantes quedas por suicídio, virei o rosto e encarei a figura as minhas costas. Na escuridão era quase indistinguível, mas com toda certeza era um figura masculina. Apressei meus passos, torcendo para que a parada não estivesse tão longe quanto meu cérebro teimava em retrucar. Calculei mentalmente que se eu mantivesse a velocidade constante, provavelmente a alcançaria em cinco minutos.

O alívio surgiu em minha face quando finalmente minhas mãos tocaram o banco da parada de ônibus. Sentei-me e encarei o relógio em meu pulso. Em breve o coletivo passaria e eu poderia, por fim, ir para casa. Voltei meu rosto para a direção de que, poucos minutos atrás, eu havia vindo. Minha busca pela figura desconhecida fora falha quando topei os olhos com o nada. Franzi o cenho, ligeiramente confusa. Será que eu havia imaginado um perseguidor? Balancei a cabeça para os lados, forçando-me a negar tal ideia. Provavelmente a pessoa que vinha atrás de mim tenha entrado em algum dos prédios residenciais que havia ali por perto. Voltei minha atenção para o lado oposto e suspirei aliviada quando os faróis do ônibus toparam comigo.

― Boa noite... ― sussurrou o motorista para mim quando entrei.

Não fosse pelo motorista e o cobrador, o ônibus estaria vazio. Caminhei até a última fileira de cadeiras e sentei-me. Meus olhos voltaram-se ao corredor deserto do ônibus. Suspirei aliviada e deixei que minha cabeça tombasse contra o encosto da cadeira. O ônibus já iria partir se não fosse por ele. A mesma figura enegrecida, agora tomava forma e contorno. Se meu dia já havia sido péssimo com as frases desnecessárias de Matsuri, imagine com a presença deste detestável personagem inoportuno do meu passado não tão distante. Encarei a janela na esperança que minha presença passasse por despercebida, mas como sempre, todos os meus tolos desejos nunca fizeram muita questão de serem realizados.

― Sakurita. ― o maldito apelido escapou por seus lábios. Se havia algo mais detestável que a presença de Idate a minha frente, era sua irritante voz. ― Veja só se o destino não nos reuniu novamente...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...

Obs.:

O próximo capítulo será um pouco diferente. Quem está curioso pelo o motivo da Sakura detestar tanto o Idate, que levante a mão! o/
Pois bem, o próximo será uma volta no tempo. Tentarei não exagerar no tempo pra atualizar. Espero que continuem acompanhando! Beijos! ;D