Instituição JGMB - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 20
Nem Toda História Termina Com Felizes Para Sempre


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou do hiatus! Isso mesmo, euzinha!
Sério, gente, desculpa mesmo por isso. Mas fiquei tão enfurnada com deveres de casa, inglês, trabalhos e estudar para provas que tinha pouquíssimo tempo para mim. Mas, olhem pelo lado bom! Este é o último capítulo! Isso mesmo, senhoras e senhores, o capítulo final! Sem contar com o epílogo que escreverei mais para frente, claro. Infelizmente não tenho tempo agora, mas quando tiver respondo seus comentários! Prometo!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639708/chapter/20

A porta se abriu primeiro de uma forma brusca, mas no meio do caminho Margareth terminou o processo mais devagar para não fazer barulho. Depois de ter trancado David Moore no banheiro, ela conseguiu fugir furtivamente até a entrada do terraço, onde também conseguiu desnortear o guarda que estava guardando o lugar, fazendo-o desmaiar o acertando na cabeça com a plaquinha onde lia-se “David Moore, Leader”.

—Margareth!? – Harold questionou surpreso.

—Harold! – A rainha exclamou o nome dele de volta.

Margareth ficou tão aliviada por tê-lo visto bem que por alguns instantes pareceu ter esquecido que o planeta estava prestes a se converter em uma ditatura total, que pessoas teriam suas memórias apagadas a força, ou até mesmo que seu reino iria ser tomado por ter acabado de dar uma coronhada em um espião da CIA. Mas “alguns instantes” foi tempo o suficiente para ela correr até seu amado e roubá-lo um beijo de cinema, daqueles bem fora de clima mesmo, que só os envolvidos entendem o motivo.

—Caham! – Klaus, muito conveniente, cortou o clima antes que os outros descobrissem um jeito de cavar o concreto e enterrar suas cabeças. – Vossa Majestade, a senhorita não deveria estar no baile de aniversário da sua coroação?

—Shhh. – Harold pediu silêncio. – Ela está aqui. É isso que importa.

—Com licença. – Arícia também interrompeu o momento. – Eu perdi alguma coisa? O que diabos está acontecendo aqui?

Carol se levantou ao lado da amiga com os olhos brilhando, e não era só o reflexo do sol, que havia acabado de achar uma brecha por entre as nuvens, em seus óculos.

—Ai meu Deus! O diretor e a rainha! O empregado e a patroa! O pobre e a rica! – Ela fez paralelos. – Que tudo! Super fófis! Shippando muito!

—Eu acho que isso não é nem um pouco importante agora. – Ed opinou enquanto Harold e Margareth se desvencilhavam.

—Edward tem razão. O problema da fuga já está resolvido. – Miguel concordou. – Qual o plano, Majestade?

Ele fez uma pequena reverência a Margareth, que pediu silenciosamente para que o mesmo se levantasse imediatamente, pois aquilo não tinha necessidade.

—É bastante simples, para falar a verdade. – Ela começou. – Eu cuido do que precisar de condicionamento físico, Harold do que precisar de condicionamento mental, e Jorgensen do que precisar de condicionamento vocal.

—Isso quer dizer que você derruba os soldados enquanto eu mexo nos computadores e o Jorgensen distrai quem tentar se intrometer?

Margareth fez que sim com a cabeça e Harold murmurou um “ótimo”. Porém, antes que pudessem sair, Chris se prontificou.

—Parece realmente bom, Senhora Margareth, mas e nós? O que fazemos?

—Desculpe, ajudante Christian, mas dessa vez não poderá fazer nada. – Klaus proibiu a saída. – Isso é muito perigoso para jovens. Deixe que os mais velhos sejam os responsáveis.

Chris depois de ouvir isso parecia um daqueles cachorrinhos de rua observando o frango rodando naquelas máquinas de padaria. Orelhas abaixadas, olhos tristes e pedintes, cabisbaixo. Vendo isso, antes que os três pudessem se dirigir à saída, Hyun-Ae interrompeu-os novamente.

—Com licença, mas eu tenho 30 anos. Não sou mais jovem. Sou obrigada a concordar que Laudrup é um linguista excepcional, mas além de compreender a língua em que se deve passar a mensagem, também deve-se compreender a linguagem dos códigos. – Colocou seu ponto. – E isso tenho certeza que domino.

—Me convenceu. A coreana vai com a gente. – Margareth anunciou.

—Mas, Majestade! – Klaus afligiu-se. – Assim aumenta o risco de sermos descobertos.

—Não ouviu a moça, Jorgensen? – Revidou. – Ela está certa. Laudrup é muito inteligente, mas não é especialista em computação. E além disso, a equipe precisa de mais poder feminino.

Percebendo que a rainha estava do seu lado, Hyun-Ae resolveu que arriscar não seria uma má opção. Ela tinha que ir, mas sozinha, não.

—Muito obrigada, vossa Majestade, mas se me permite, ainda tenho mais um pedido. – Introduziu. – Depois que mandarmos a mensagem para que todos saiam, eles provavelmente vão vir para pegar os prisioneiros também. Então, não podemos deixa-los aqui. – Continuou. – Seria muita falta de ética se fizéssemos isso e seu povo não iria gostar nem um pouco.

—Sim, sim, senhorita! Não precisa fazer essas indagações políticas para mim. Era só falar seu ponto que eu entendia perfeitamente. – Margareth sinalizou com a mão. – Vocês ouviram bem. Podem vir.

—O quê!? Majestade! – Klaus não via como conseguiriam ir até lá com um comboio de estudantes.

Margareth olhou meio de lado para ele, já que não era costume dele contrariar suas decisões.

—Jorgensen, olhe com quem está falando. Nós somos os melhores, então tenho certeza de que daremos um jeito. – Contou. – E, além disso, deixar Christian aqui depois de todo o trabalho que ele fez por nós seria completamente injusto.

Chris quase deu um salto de alegria e Arícia e Carol deram um “hi-five”, enquanto Miguel recebia um soquinho do Jean e Ed esboçava um raro sorriso.  Klaus lançou um último olhar de suplicação para Harold.

—Laudrup, por favor. Ela é sua namorada. Há de te escutar.

Harold simplesmente deu de ombros.

—Ela é a rainha. Não se discute as ordens de uma rainha. – Klaus sussurrou bem baixo um “Sei muito bem que ordens dela você não quer recusar” e Harold se virou. – O que disse?

—Nada! – Revidou rapidinho.

—Bem, se continuarmos discutindo aqui, os guardas vão acordar. – A rainha repreendeu. – Melhor irmos agora.

Com isso foram todos partindo, um a um. Cada um mais animado com o outro. Contudo, ainda tinha uma menina que havia se calado desde que rainha Margareth entrou na sala e não parecia querer mover uma palha para sair.

—Isis... – Miguel chamou. – Você não vem?

A sul africana olhou cabisbaixa na direção dos pés, raspando a sola de um dos sapatos no cimento. Não conseguia encará-lo nos olhos. Quem diria que um dia Miguel Lieber, que sempre era o alvo das implicâncias dela, não iria querer partir sem ela, ou que Isis Khumalo, que sempre era o alvo das implicâncias dele, iria sentir dor ao dizer não a ele?

—Eu não posso. Não quero fazer nada para que meu irmão saiba o que vão fazer, mas é melhor ir antes que eu me arrependa. – Confirmou. – Ele e meu pai são a única família que tenho. Não posso abandoná-los.

—Não, Isis. – Miguel insistiu. – Família é mais do que laços de sangue. Uma família é um conjunto de pessoas em quem você pode confiar sua vida ou que confiariam a vida deles a você. Ele realmente é digno de algo assim se não tentou a impedir de vir para cá? – Ela olhava para todos os lados, menos para ele. – Nós somos sua família, Isis. E por mais que impliquemos um com o outro todos os dias, não conseguiria mais viver sem isso por um único dia em minha vida. Por favor, se não quer fazer por mim, faça pelos outros. Eles gostam de você.

Após esse discurso todo, Harold cortou o clima perguntando se eles não iriam logo. Miguel não moveu um músculo. Estava tenso esperando a resposta de Isis, como um adolescente que acaba de se declarar ao amor de sua vida. Mas sua resposta foi mais dolorosa do que a espera.

—Desculpe, Miguel. Você me vangloriou pela minha bravura, mas a realidade é que não tenho coragem de fazer outra coisa senão me abster.

Apesar de Harold tê-lo chamado pela segunda vez, ele permaneceu estático lá na frente. Agora era a vez dele de decidir: Seguir o caminho da sala dos computadores sem Isis ou arrastá-la até lá. É mais difícil do que se pensa, principalmente sobre pressão. Mas a decisão dele foi a mais surpreendente de todas.

—Se você não vai, então eu também não vou. – Virou-se para os outros. – Vão, confio em vocês. Quanto menos gente, melhor. Eu só iria atrapalhar.

—Miguel! – Finalmente Isis olhou para a cara dele. – Por quê? Por que está fazendo isso?

—Porque... eu não posso te deixar sozinha, lembra? Seria um péssimo guia se deixasse a última a chegar perdida.

—Miguel, tudo acabou. Você não é mais guia.

—Quem se importa? – Miguel estendeu a mão. – Vamos brigar um pouquinho mais. Para manter o costume. Você não quer mesmo ficar aqui sozinha até voltarem, não é?

Isis deu um meio sorriso que logo se desfez, mas sinalizou com a cabeça para que ficasse.

“É melhor deixar esses dois aí.” – Harold pensou consigo mesmo enquanto fechava a porta e desviava de um dos policiais que sua namorada deixou desacordados. Porém, não ficaria tranquilo tão cedo, pois Jean chegou logo ao seu lado.

—Foi a Majestade quem deixou esses caras assim?

—Quem mais seria?

Jean o observou com seu clássico olhar descarado.

—Admite. Você é quem é o passivo da relação, não é?

—Sou o quê? – Harold não entendeu nada.

—Não ouve o Jean, não, senhor Laudrup. – Chris se intrometeu no meio da conversa. – Aprendi da pior maneira que não vale a pena o dar ouvidos.

Klaus cutucou Harold do lado.

—Falei que eles fariam confusão.

—Jorgensen, foco na missão! Agora temos que ficar quietos!

...

Após alguns minutos de caminhada silenciosa (Quer dizer, tirando pelos risinhos de Jean, os “shhs” no Chris e os suspiros de Arícia), conseguiram chegar em segurança ao computador central. Margareth, Klaus, Jean, Chris e Carol permaneceram mais perto da porta enquanto Ed, Arícia, Hyun-Ae e Harold estavam no computador. A mensagem já estava quase completa e nada podia dar errado.

Mas todos sabemos que quando as chances de falha são zero o universo arranja um jeito de arredondar para cem.

Hyun-Ae estava prestes a mandar a mensagem de Harold quando algo inesperado aconteceu: O computador apagou e não queria ligar mais. Do “esc” ao “ctrl+alt+del”, nada queria funcionar.

—Falta quanto para mandar a mensagem? – Rainha Margareth perguntou.

—Parece que todo o tempo do mundo. – A coreana falou calma, apesar da situação. – O computador desligou e não quer mais voltar.

—O quê!? – Arícia questionou muito mais desesperada. – Como assim!? O que você fez!?

—Ela não sei, mas eu acabei de desligar o computador central por minha sala.

Todos se viraram e encararam o homem de porte mediano, óculos, moreno e de sotaque australiano que não lhes era muito estranho, o qual havia acabado de fechar a porta.

—Surpresos, não é mesmo? – Provocou. – Os sinais eram óbvios, mas nunca me destaquei.

—Queira nos desculpar, mas... Quem é você? – Ed perguntou o que todos se perguntavam mas não queriam dizer em voz alta.

O homem o olhou meio brabo.

—Quem sou eu? Ora, quem sou eu? – Parecia ofendido. – Nunca me destaquei, mas também não é para tanto. – Melhorou a postura para se reapresentar. – Sou Jefferson Rush. Meu avô é Oliver Rush, o principal presidente do “Quimical Rush”.

—Nossa. Esperava um Plot Twist melhor. – Jean reclamou. – Esse vilão está meio fraquinho.

Todos olharam para ele como se dissessem “cala a boca”. Klaus se posicionou entre Jefferson e Margareth e recapitulou.

—Quimical Rush. É o laboratório da reportagem de hoje cedo. Aquele que está trabalhando em parceria com os Estados Unidos para criar um gás venenoso criado a partir de uma vacina que o próprio laboratório inventou anos atrás.

—Exatamente. – Ele confirmou. – Observava de perto as pesquisas que faziam e então modificava o projeto para que nada desse errado. Também foi fácil entrar aqui como mais um pesquisador normal e abrir as portas para o exército de Moore entrar.

Harold lançou um olhar para a rainha de “Viu só? Não fomos nós quem os deixamos entrar.”.

—Por que concordou em fazer isso?

—Não é óbvio? O que todo mundo quer? – Perguntou retoricamente. – Dinheiro, poder, influência, não ser morto...

—Como eu disse, vilão fraco.

Jean levou uma cotovelada de Chris, que pediu silenciosamente para que ele ficasse quieto de uma vez.

—Bem, acho que já deu de conversa furada. – Jefferson encerrou. – Vou mandar guardas virem aqui e prenderem vocês.

—Espera! – Klaus interrompeu. – Existe outro motivo para estar fazendo isso. Seus avós. Mas você realmente acredita que eles vão estar a salvo? Estão usando-te, senhor Rush. Prometeram proteção a eles para conseguirem-te. Quando não precisarem mais de ti, o jogarão fora.

Jefferson soltou uma gargalhada.

—Eles podem ter pagado toda a pesquisa, mas ainda sou eu quem está na posse da maior parte da bomba e dos meios de lança-la. – Revelou. – Eles sabem que se eu desconfiar de qualquer coisa, mando uma carga para a Casa Branca imediatamente.

—Agora sim está melhorando. – Jean cochichou e mais uma vez foi agredido por Chris.

—Espero que assim já tenha conseguido mostrar que não estou aqui para dialogar. – Jefferson pegou seu comunicador. – Farvel, alle sammen. – Despediu em dinamarquês precário.

—Não! – Margareth protestou. – Não vou deixar que faça isso! Também não estou aqui para dialogar!

—Isso é muito feio vindo de uma rainha. – Zombou.

Margareth, então, deu um golpe de caratê nele para tentar tirar o comunicador de sua mão que quase o derrubou. Porém, antes que conseguisse dar o segundo, Jefferson pegou uma arma de choque de dentro do casaco e eletrocutou a soberana do Reino da Dinamarca. Ela desmaiou e a arma caiu no chão. Todos viram a cena embasbacados.

—É isso o que acontece quando tenta se meter com a gente. – Jefferson se vangloriou.

—Não! – Dessa vez foi a vez de Harold gritar. – Ninguém pode mexer com a rainha!

Harold conseguiu pegar a arma de choque antes de Jefferson e o eletrocutou, o deixando desmaiado também. Depois disso ninguém moveu um músculo ou sequer respirou por alguns segundos.

—Está bem... – Carol quebrou o silêncio. – O que a gente faz agora?

—Não dá mais para enviar mensagem. – Hyun-Ae apontou. – Esse computador realmente não vai ligar e não temos como entrar na sala dele.

—Será que não tem outro lugar onde podemos ligar o computador de novo? – Ed perguntou.

—Não tem. – Klaus negou. – Nos projetos aqui é o único lugar de onde sai energia e internet, mas parece que eles modificaram para chegar aos escritórios deles também. Contudo, é muito arriscado irmos para algum desses escritórios. Rush com certeza fechou o dele, os Murray, Khumalo e Tanaka tem grandes chances de estar nos deles e Moore pode acordar em qualquer instante. Inclusive, pode já até ter feito isso.

—Teremos que mandar de dentro da JGMB. – Harold concluiu – Podemos abrir a porta pelo painel ao lado dela e chegaremos mais rápido se formos pelo túnel secreto. – Ele pegou um dos braços da rainha Margareth. – Alguém poderia me ajudar a carrega-la até lá embaixo?

Ed, sem dizer nada, segurou o outro braço da rainha e ajudou Harold a carrega-la. Porém, os dois tiveram que fazer isso por pouco tempo, já que do lado de fora já tinha trezentos guardas os esperando.

—Mas...

Ed não conseguiu concluir a frase, pois David Moore saiu do meio da multidão batendo palmas lentamente.

—Parabéns. Nunca imaginei que chegariam tão longe. – Ele percebeu o estado de Margareth. – Oh, parece que estamos quites agora, não é mesmo?

—Você estava desmaiado... – Arícia começou surpresa.

—Usou o tempo verbal correto. Estava desmaiado. Não estou mais. – Começou. – Consegui sair de minha pequena “prisão” faz pouco tempo, mas foi o suficiente para ver o que estavam tramando e seguir Rush. Agora, se fosse vocês encararia a realidade antes que fosse tarde demais. Essas armas não são de mentira...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Lembrando que futuramente sairá o epílogo, que contará com a presença de alguns personagens que espero não estarem esquecidos. Mal posso esperar para publicá-lo e então poder começar a escrever uma nova fic. Só não sei se vai ser a das Crônicas dos Kane que já está na minha cabeça há um tempo ou uma original superbacana que tive a ideia hoje!
Até a próxima, ;)!