Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 12
Capitulo 11




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—Argh! – arfei, tentando recuperar o ar depois de se arremessada mais uma vez, por um monstro de quase três metros de altura com o qual eu estava lutando.

Para ser mais específica, eu estava lutando com um ogro, uma criatura grande, feia, desajeitada e sem nenhum cérebro, pois ele atacava aleatoriamente, sem pensar nas consequências, mas que no momento estava me dando muito dor de cabeça, pois aquela desgraça não morre de jeito nenhum!

Mary Anne separou todo mundo em quartetos, seis grupos ao todo, com um trio, porque Dylan ainda estava na enfermaria, e adivinha quem pertencia a esse trio?Se você pensou em mim, você acabou de ganhar um prêmio... mentira não ganhou nada, mas pelo lado bom, eu fiquei com Alex e Ally, que eu já estou acostumada a treinar com eles, então fica tudo mais fácil.

Eu acho...

Eu saí rolando, até que eu conseguisse me firmar para voltar a ficar em pé e voltar a encarar meu mais odiado adversário... não, ele está em segundo lugar, tem outro adversário que eu odeio mais, e que tudo o que eu mais quero é mostrar para certo alguém que ele não é o centro do universo.

Mas mudando de assunto, desde o dia em que fomos "registrados" no grande computador da Ordem e havíamos escolhido as nossas armas já havia se passado três semanas. Estávamos tendo treino todos os dias, e sempre eram treinos variados e quase nunca se repetiam da mesma forma que era um tipo de professor diferente para nos ensinar cada coisa. Até mesmo Anthony estava dando aulas pra gente de vez em quando, ele agia como substituto quando um dos nossos instrutores saía em uma missão ou algo do tipo.

Como Kayla havia sugerido cada um havia escolhido a arma que melhor se encaixaria na personalidade da pessoa. Ally havia escolhido um chicote, que se ela apertasse um botão ele se eletrizava e dava choque no seu alvo, ou ele criava vários espinhos, que seriam mortais, dependendo do lugar que o chicote estivesse enrolado. Alex, havia escolhido uma espada, longa e prata com dourado, e como eu já disse antes, é uma arma que realmente te combina com ele, embora eu não sei se essa espada faz algo de diferente das demais, ele não quis contar. Dylan – que depois de sair da enfermaria havia ido até a Sala das Armas e escolhido a sua – havia escolhido duas espadas de caça, ou simplesmente duas facas de caças curvas e afiadas, que são do tamanho do meu cotovelo até as pontas dos meus dedos. E eu, é claro, que fiquei com a minha linda e misteriosa foice negra, ao qual eu descobri que tem o nome de Black Rose, o que até faz sentido por ela ser preta e ter vários desenhos de rosas no cabo da mesma.

Nesse exato momento, estamos tentando não ser mortos, por um ogro, que deve ter achado que estamos invadindo seu território, o que é pura mentira, pois não é nossa culpa termos sido literalmente jogados aqui dentro.

Dentro da Arena Escura.

Elric tinha razão, depois da primeira vez lá, você não quer voltar tão cedo.

A Arena Escura, é um lugar onde a maior parte dos Iniciados ficam treinando, para aprenderem a se defender de um monstro, quando sairmos para fazer patrulha ou em uma missão. É uma grande arena, que se encontrava no subsolo, ela criava cenários e monstros holográficos para que a gente lutasse e treinasse com eles, só que a tecnologia desse lugar é a mais avançada de todas, e se você entrar lá você tem que lutar para sobreviver, quase que literalmente.

Às vezes era fácil esquecer que era tudo mentira, uma projeção, quando esta sendo atacada e esta sentindo as dores de cada impacto.

Quando íamos para a Arena Escura para treinar, nós vestimos uma espécie de roupa de proteção negra, que tem um painel quadrado na região do tórax, que de acordo com que você vai lutando e se machucando, ele vai se acendendo mostrando a gravidade dos seus "ferimentos". É claro que não nos machucávamos de verdade, mas eles faziam questão de por um traje que simula uma possível dor, durante a batalha. Verde é para os ferimentos leves, Amarelo é quando você tem que começar a ficar mais atento que a coisa está ficando séria – e é quando seu corpo começa a doer pra caramba –, e Vermelho que é quando você morre na simulação, e dói pra caramba.

E no momento, eu estou no Amarelo.

Se eu for arremessada ou atingida por qualquer coisa mais uma vez, meu painel vai ficar Vermelho e eu vou ser considerada morta na simulação. Game Over.

E eu não posso deixar isso acontecer.

E nem vou.

Minha equipe, considerada a equipe C – porque foi a terceira a ser formada – ou equipe vermelha se você preferir, era muito boa na questão de ofensiva, pois todos os quatro integrantes usam armas de curto alcance, o que dificulta um pouco pro nosso lado, para a defensiva.

Nós aprendemos que não podemos atacar todos de uma vez quando estados lutando contra um inimigo. Então, ficamos trocando de posições, e cada hora um tenta atacar o máximo possível e não se deixar ser atingido. Tentamos ser mais objetivos e mais centrados, e é por isso que nesse momento eu estou atacando na linha de frente – vale ressaltar, que estou sozinha – enquanto os outros três contornam ele e o atacam por trás.

Nesse exato momento, eu estou tentando não morrer, eu ainda tenho muito o que viver, e algumas pessoas metidas a besta pra quebrar a cara, e eu não posso fraquejar em um momento como esse, por isso eu respirei fundo mais uma vez e ataquei novamente. Como certa vez, um cara de olhos verde esmeralda havia ressaltado: eu sou muito veloz. Eu me aproveitei dessa minha vantagem, e usei dessa velocidade para chegar ao meu alvo mais rapidamente. O ogro tentou me atacar com a clava que ele possuía na mão, mas eu me joguei no chão e deslizei sobre os joelhos, chegando perto dele o suficiente para traçar um arco com a minha foice e cortar as pernas desse ogro. Ele começou a oscilar e a cambalear, então eu dei um pulo pra trás, no exato momento em que Dylan apareceu do nada – virou fantasma, e só aparece quando quer – e pulou nas costas do ogro, jogando todo o peso do seu corpo para empurra–lo pro chão, e Ally enrolou o seu chicote no mesmo, o fazendo criar espinhos, fazendo o chicote ficar preso perfeitamente no pescoço dele, e junto com Dylan fez ele ir pro chão. Alex decidiu dar uma de "eu sou demais" e pulou, com a sua espada em punho descendo ela sobre a cabeça do ogro, assim a cortando fora e fazendo com que sangue de ogro voasse pra tudo que é lado, e acredite isso não é nem um pouco legal.

Um sangue verde e gosmento, que eu tenho certeza, se fosse de verdade demoraria um bom tempo para conseguir tirar essa gosma e o odor do nosso corpo. E se nesse momento isso fosse de verdade eu ia fazer Alex engolir aquele troco por se dramático e me sujar com aquele sangue nojento.

O cenário, que antes era sombrio e totalmente deserto, com algumas árvores mortas e entulhos espalhados, começaram a desaparecer, se desintegrando, junto com o ogro que explodiu em vários pedaços que pareciam pequenos cristais flutuantes. Totalmente contraditório, um ogro virar vários cristais, mas tudo bem, não sou eu que crio essas simulações... então... sei lá, vou fingir que isso é totalmente normal e acontece todo dia.

E por um lado e fico feliz, porque o sangue de ogro que havia respingado em mim, evaporou junto com todo o resto.

A Arena Escura tem esse nome por ter o formato de uma arena de verdade– um formato oval – , com arquibancadas que ficam dispostas fora da arena, para que quem está de dentro não possa ver quem esta sentado lá fora, uma forma de fazer quem esta treinando não se distrair com outras coisas ou outras pessoas. Além de que quando a Arena esta desligada, é somente um lugar enorme e escuro, sem falar que a maioria dos cenários criados para o treino serem mais sombrios, ajudando no "clima" certo para o treino. As pessoas ficam mais motivadas a lutarem a sério, e torna tudo mais realista, se te colocarem em um lugar que você vai lutar entre a vida e a morte, e esse lugar colaborar com o clima, ou seja, um cenário sombrio vai fazer a pessoa que esta nele sentir mais "medo" do que sentiria se fosse em um lugar claro e feliz.

—Parabéns – uma voz alegre nos parabenizou, nos viramos e vimos Mary Anne caminhando até a gente – Vocês são a primeira equipe de Iniciados desse ano, que conseguiram derrotar um ogro sem que ninguém "morresse" – ela fez aspas com a mão – Além de que trabalharam muito bem em equipe.

—Obrigada – respondemos em coro pelo elogio, afinal, mesmo estando convivendo com ela em poucas semanas, já aprendemos que ela raramente faz elogios.

—Uma das coisas mais importantes que todo Guardião deve saber é quando atacar e quando recuar. Pois, mais corajoso é aquele que perdoa seu inimigo, e não aquele que o mata – ela aconselhou–nos – Mas isso não vem ao caso agora, pois isso é só uma simulação, mas eu quero que estejam preparados para qualquer imprevisto, pois não é sempre que vocês vão lutar contra um monstro grande e que não tem consciência do que faz. Às vezes, as pessoas mais perigosas estão do seu lado – ela fez uma pausa, enquanto olhava o seu tablet digital, que mais parecia somente uma tela de vidro, mas quando você ligava uma serie de imagens preenchia a tela – Vocês estão dispensados.

—EBA! Almoço! – Dylan gritou, levantando os braços pra cima e saindo correndo da Arena Escura, feito um doido.

—Nossa, parece que não dão comida pra ele – Ally comentou depois de nos despedirmos de Mary Anne e seguirmos atrás de um esfomeado Dylan.

—Acho que mesmo se déssemos toda a comida do mundo para ele, ele ainda teria fome – eu disse fazendo todos rirem.

Nós seguimos direto para o refeitório, e lá encontramos Elric sentado na mesma mesa de sempre e um Dylan apressado e esfomeado que já estava comendo. Eu, Ally e Alex também pegamos as nossas comidas e nos sentamos para desfrutar só almoço junto com os outros dois. Foi um almoço bem tranquilo, nós conversávamos sobre vários assuntos aleatórios, dentre eles Elric nos contou que iria treinar conosco na parte da tarde. Hoje, nós iríamos correr um pouco na pista que tem do lado de fora e atrás da Academia, eu realmente gosto dos dias que temos esse tipo de atividade, tenho sempre que me esforçar muito para ir até o final e não desistir no meio do caminho, e esse tipo de sentimento é um que você só entendi quando está lá, correndo, lutando para chegar ao fim, porque as vezes parece que aquela pista não tem fim, e as vezes é realmente um martírio tentar chegar na linha de chegada.

Nos ainda tínhamos uma hora, antes da maratona de exercícios começarem, então eu decidi ir ver Seth, eu estava com saudades, mesmo que eu o tenha visto ontem. Eu sinto falta de ter ele no meu quarto comigo, não que fosse proibido ter animais no quarto, mas é que eu quase não fico no meu quarto, eu praticamente só volto para dormir, então, eu não tenho tempo para cuidar dele como eu tinha antes, então decidi deixar ele aos cuidados da Dona Flora, uma senhora super simpática que cuida de todos os animais residentes da Ordem, como outros animais de estimação ou os cavalos de raça nos estábulos.

Os cavalos daqui são maravilhosamente lindos e treinados, quando eu montei a primeira vez, eu senti uma conexão forte com um macho preto da raça puro–sangue inglês. Ele era muito lindo e majestoso, e quando eu consegui montar nele, Dona Flora ficou super feliz, porque de acordo com ela, Zeus – esse era o seu nome – era um cavalo antissocial e não deixava ninguém montar nele, apesar de que ele é o cavalo mais rápido de toda Ordem e o mais resistente também. Desde esse dia, toda vez que eu visito Seth eu dou uma passadinha onde ele fica e dou cubos de açúcar pra ele, pois qualquer raça de cavalo ama cubos de açúcar.

Seth ficava em um jardim quase ao lado dos estábulos, na verdade ta mais para uma enorme estufa do que um jardim, pois ele era rodeado por vidros temperados que permitiam que a luz do sol entrasse. Era um lugar maravilhoso, e ainda possuía uma fonte com dois anjos no meio do mesmo. Eu me dirigi até ela, e fiquei a observando até que eu sinto algo subir nas minhas costas, me viro e vejo Seth que se sentou no meu ombro. Ele havia sentido a minha presença, e vindo até mim, me saldando com um abraço com as suas pequenas patinhas.

Eu fiquei quase toda a minha hora livre, com Seth, e acabou que não deu tempo de ir visitar Zeus, mais tarde eu voltaria para dar os seus cubos de açúcar. Quando eu já estava saindo da estufa, para ir para o meu quarto me trocar para a próxima aula, avistei Dona Flora, entrando na mesma com uma bacia com algumas frutas, ela deve ter vindo alimentar os animais que vivem nessa estufa, pois Seth não é o único a morar aqui, e com certeza ele deve ter feito alguns amigos interessantes aqui. Eu parei para cumprimenta lá e roubar uma uva da sua vasilha de frutas e dar a Seth. Ao contrário do que todos pensam, Seth gosta mais de uvas do que bananas, um estereótipo de que todos os macacos só comem banana, e isso é uma mentira que você aprende depois que você passa a conviver com eles.

Eu me despeço de Seth e Dona Flora, e corro para o meu quarto para colocar um short cinza e uma camiseta branca, e tênis de corrida, além de proteção nos joelhos e cotovelos, para a próxima aula. Ao chegar lá, vejo Ally, Alex e Dylan já se alongando, ao longe eu podia ver meu irmão fazendo flexão na barra. Me juntei ao meus amigos e comecei a me alongar, até que o senhor Phillips – nosso treinador –, se juntou a nós e como sempre mandou começarmos com uma leve corrida e ir acelerando aos poucos para aquecermos.

O Sr. Phillips costuma ser um cara muito mal–humorado e não tolera nenhum tipo de erro, e para ele se você não consegue sobreviver a pista de corrida, você não vai conseguir sobreviver ao mundo real quando for a hora. Na minha opinião, é só uma forma de fazer com que a gente se esforce mais para no futuro não morrermos facilmente, e por isso se você cai na pista de corrida ou alguma coisa te acerta, ele manda você terminar a volta e fazer cem flexões e depois mais cem abdominais. Isso aconteceu comigo a primeira vez que eu tive essa aula com ele, Ally, Alex e Dylan também, e no final estávamos tão doloridos que nós prometemos a nós mesmos que nunca mais iríamos errar, porque a dor no abdômen, nos braços e nas pernas no outro dia, dava a impressão que eu ia morrer a qualquer momento ,e eu não quero passar por isso hoje.

A pista de corrida era enorme, do tamanho de um campo de futebol e talvez um pouco maior que isso. É de deixar qualquer um desanimado para fazer qualquer coisa somente depois de vê–la.

Elric se juntou a nós e ficou do meu lado direito, corremos juntos no início, mas depois ele apertou o passo e disparou na frente. Um claro convite para uma competição. Então, eu fiz igual a ele e ultrapassei os meus amigos, lutando para alcançar ele, nós dois sempre competimos assim, e ele não pareceu surpreso ao me ver chegando perto dele depois de um tempo.

De repente a pista começou a mudar: paredes se erguiam do nada, obrigando você a escalar ou a passar deslizando por baixo delas – e é por isso que eu coloquei joelheiras e cotoveleiras, já imaginava que esse treinamento não ia ser comum –, vários outros obstáculos que nos obrigavam a desviar, pular ou deslizar, sempre que alguma coisa era lançada contra a gente ou alguma coisa aparecia do nada no nosso caminho. Sempre eram coisas aleatórias, não havia nenhum padrão, por mais que você desse diversas voltas na pista ela sempre mudava, então não tinha como você prever o que ia acontecer.

Quando já estávamos quase no fim, canhões surgiram do chão e começaram a lançar balões de água, era como se fosse uma simulação de armas de fogo atirando em você, se for acertado você está morto... Tecnicamente.

Elric estava um pouco à frente, junto com uma garota que eu não conheço. Os obstáculos acabaram me atrasando um pouco e ele acabou ganhando uma vantagem com isso, já que ele já havia corrida nessa pista diversas vezes e estava preparado pra tudo, sem falar que seus reflexos são muito bons, uma coisa que eu tenho que treinar mais...

Embora meu irmão estivesse ganhando de mim eu estava feliz na posição que eu estava, porque digamos que se fosse uma corrida eu chegaria em terceiro, mas aí alguém começou a me alcançar e tentar me ultrapassar, eu olhei para o lado e me deparei com Anthony, que apesar de estar suando não demonstrava estar cansado com as quatro voltas e meia que demos na pista. Ele me encarou, e reconhecimento se passou em seus olhos e depois um sorriso maroto de canto surgiu em seus lábios e ele apertou o passo, logicamente tentando me passar.

Ah mais não vai mesmo! , pensei me forçando a correr mais rápido.

Eu amo correr, amo a sensação de liberdade que os ventos no meu rosto trazem quando estou em alta velocidade. É como... Se eu fizesse parte daqueles ventos, mas estivesse lutando contra eles, querendo ir para o lado contrário do que eles estão indo, somente para me divertir, me sentir livre, me sentir viva. Junto com toda aquela adrenalina que essa pista de corridas me proporciona, com todos os obstáculos e as dificuldades, que pra mim, representam obstáculos da vida que temos que superar ao longo dela.

Mas eu não posso pensar em nada disso agora, eu tenho que me concentrar para não ser atingida por nenhum desses projeteis, e ser mais rápida.

Mais rápido.

Muito mais rápido.

Eu não sei como, mas tirei forcas suficientes para conseguir ir mais rápido, meus pulmões queimavam, pedindo descanso, que eu não posso dar a eles agora, faltando tão pouco para terminar. Depois eu volto, pra pegar um dos meus pulmões que eu deixei lá atrás, em alguma parte da pista, durante a terceira volta.

Consegui alcançar Anthony, e ele me laçou um sorriso como se estivesse me parabenizando por isso, eu lancei um sorriso de voltar ao ver uma coisa que se levantava ao seu lado, e ele não tinha visto. Um canhão de balões d'água surgiu um pouco mais a frente, e por Anthony estar distraído acabou acertando ele. A força do balão d'água contra forca que ele estava fazendo ao correr, fez com que seu corpo se lançasse pra trás e rolasse durante um tempo até parar totalmente. Eu olhei para trás e vi ele completamente frustrado e me olhando mortalmente, como se a culpa dele ter sido atingido tenha sido minha.

Talvez seja um pouco minha culpa no final das contas, já que fui eu que o distraí, mas ninguém mandou prestar atenção em mim daquele jeito! Bem feito!

—Boa sorte da próxima vez! – gritei pra ele, me deleitando com a sua expressão de raiva, mas sua expressão mudou para um sorriso zombeteiro, e eu entendi que sorriso era aquele, porque eu o havia dado um sorriso exatamente igual antes dele ser atingido. Me virei pra frente a tempo de ver um balão voando e depois atingindo o meu peito em cheio – Oh merda! – reclamei caída no chão, olhando pra o céu, sem vontade nenhuma para levantar.

Alguém tampou o meu sol, e depois que meus olhos se acostumaram vi Anthony me olhando sorrindo, com uma mão estendida, eu a aceitei e ele me puxou pra cima me ajudando a levantar.

—Boa sorte da próxima vez – ele repetiu minhas palavras me fazendo bufar de irritação e depois de soltar sua mão eu passei por ele batendo o meu ombro com o seu e depois fui me juntar ao meu irmão que comemorava com a garota ao seu lado por terem chegado ilesos. Ele me viu molhada e frustrada e começou a rir, e embora ele não tenha feito nenhum comentário idiota sobre o fato deu ter sido atingida sua risada me fez querer dar nele um soco bem dado pra ele engolir aquela risada maldita.

O bom é que esse balão d'água refrescou um pouco o meu corpo e tirou um pouco do calor que eu estava sentindo causado pela corrida.

Agora eu ia ter que ficar depois da aula para pagar as flexões e as abdominais, e Elric, como prêmio por ter chegado em primeiro lugar e não ter sido atingido nenhuma vez seria dispensado da próxima corrida que tivéssemos, que provavelmente será amanhã, então amanhã ele ficaria atoa, enquanto nós corríamos mais uma vez na Pista de Corrida da Morte.

Que mundo injusto!

Sr. Phillips nos deu um momento para recuperarmos o fôlego e beber água, depois ele retomou ao treinamento, e agora iríamos treinar pontaria com adagas. Os alvos estavam dispostos no lado de dentro da pista de corrida, como se aproveitassem o espaço, e então formamos filas para revezarmos e praticarmos. Eu me juntei à fila em que Ally e Alex já estavam e logo depois meu irmão se posicionou atrás de mim. Nós temos cinco chances para tentar acertar o alvo, depois você passava para o final da fila e esperava chegar a sua vez de novo, e assim começa o ciclo interminável – pois só termina depois que o treinador se cansar de ficar deitado debaixo de um guarda-sol com seus fones ouvidos e sua revista preferida.

Alex não tinha uma boa pontaria, e conseguiu acertar somente uma vez, Ally já era um pouco melhor e conseguiu acertar duas vezes no segundo circulo maior e uma vez no circulo que contorna o centro do alvo, quando chegou a minha vez, reparei que Anthony estava na fila ao meu lado, com o olhar concentrado no mesmo, ele encarou o alvo por mais alguns segundos, mirou, levou a sua primeira adaga um pouco atrás do seu corpo, pegando impulso e logo depois ele a lançou e a acertou no meio do alvo.

Exatamente no meio.

Como alguém pode ter uma mira tão perfeita? Eu me questionava ao vê-lo repetir o mesmo processo de ates e lançar a adaga mais uma vez, acertando no meio do alvo novamente, com milímetros de diferença da primeira adaga. Balancei a minha cabeça tentando me concentrar novamente no meu alvo, e depois de alguns segundos respirando fundo algumas vezes eu mirei, levei meu braço um pouco atrás, pés separados e olhos fixos no alvo, respirei fundo novamente e...

Lancei à primeira.

Isso! Pensei alegre comigo mesmo ao ver que eu havia conseguido acertar na linha de fora no meio do alvo. Na minha primeira tentativa! Sou demais! Alguém ai viu isso?É... Parece que não. Dei de ombros pra mim mesma e voltei a lançar as minhas adagas e depois de muita concentração eu consegui fazer com que outras três acertassem próximo a primeira, no mesmo circulo, uma foi em cima da linha que separa o circulo do meio do alvo e o segundo círculo. Olhei para Anthony na exata hora que ele lançou a sua última adaga, ela cravou firmemente no centro, junto com as outras quatro. Que droga! Como alguém pode acertar perfeitamente e consecutivamente no meio do alvo?

Ele viu que eu o observava – obviamente com cara de retardada mental – e com raiva de mim mesma por demonstrar isso a ele me virei e joguei a minha última adaga com força e sem sequer mirar ou olhar para o meu alvo antes

Acertei.

Acertei o meio!

Eu só... joguei e acertei bem no meio. Como eu consegui fazer isso?Sem mirar ou me preparar psicologicamente antes de fazer tal coisa?! Acho que fui movida pela raiva, e se foi isso realmente eu provavelmente não vou conseguir acertar o meio do alvo novamente... a menos que alguém me irrite... Acho que é só ele estar ao meu Aldo que eu fico irritada e pensar nisso acabou melhorando os meus ânimos, já que ele parece estar sempre perto de mim, então significa que vou estar sempre irritada e que minhas chances de acertar o meu alvo precisamente aumentam com isso. Uipi!Ganhei meu dia!

Nós praticamos mais algumas vezes, e depois o Sr. Phillips passou alguns exercícios para aprendermos a dar mortais e outros tipo de saltos e cambalhotas que pode salvar nossas vidas uma luta. Nisso, eu posso dizer com certeza que eu sou boa, sempre fui boa com essas coisas, e teve uma época em que teve aulas de parkour na Academia e eu e Ally fomos as melhores da turma. Finalmente um ambiente mais familiar pra mim, em que eu me sinto mais confortável.

Essa parte da aula foi muito tranquila, e passou rapidamente, quando fui perceber o Sr. Phillips liberou a gente para ir para os chuveiros.

—Srta. Moore? – a voz do treinador chamou a minha atenção.

—Sim? – me virei e o encarei, ele levantou uma sobrancelha, como se me questionasse e cruzou os braços em frente ao corpo.

—Não está se esquecendo de nada? – ele perguntou, eu olhei para trás dele e observei algumas das pessoas que estavam na aula de deitarem no chão esperando o Sr. Phillips para começarem a pagar as flexões e abdominais.

—Droga – murmurei, já indo até onde os outros estavam – Desculpe, senhor.

—Que isso não se repita – ele me avisou, na certa ele esta achando que eu estava tentando fugir, mas eu não estava, juro que havia esquecido.

—Muito bem! – ele disse depois que eu me deitei – Vamos começar. Um! Dois! Três...

E assim começa minha tortura.

Te odeio, Anthony Makalister!


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Notas finais do capítulo

Esse cap foi divertido não? Eu achei...

Bom espero que tenham gostado!

Até o próximo cap!

Bjss da Angel



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