Alguém Como Você escrita por Belyhime


Capítulo 1
Capítulo I - You Are Not Alone




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Syaoran parou o carro e observou o sinal fechado, a luz que emanava do semáforo estava mais brilhante do que de costume. Observou o movimento de pedestres e imaginou suas histórias de vida, quais segredos, conquistas e perdas cada uma das pessoas tinha dentro de si. Logo seus pensamentos ficaram distantes, e refletiu sobre uma pessoa que a muito não encontrava. Sentia-se ansioso, e ao mesmo tempo hesitante. Sabia que esta pessoa era especial, e que sempre faria parte de sua vida e pensamentos. Amou-a, amou-a intensamente, amou-a durante anos. Houve momentos que achou que não suportaria a saudade, a dor e a culpa.

Another day has gone
I'm still all alone
How could this be
You're not here with me
You never said good-bye
Someone tell me why
Did you have to go
And leave my world so cold

Ele ainda a amava, para falar a verdade, ele sempre a amaria. Esse sentimento foi abafado e negado por muito tempo, a mágoa e a culpa foram as únicas companhias que tivera presente em seus dias durante anos. E agora, como uma fênix, o passado e todo o sentimento deixado para trás ressurgiu das cinzas.

Quando as perdeu, achou que iria desmoronar, mas isto não aconteceu pois sabia que ela precisaria dele, e ele tinha que se manter vivo e bem, para um dia recebe-la novamente em seus braços. Acontece que com o passar dos anos, a esperança de seu retorno esvaiu-se, e o lugar que lhes cabia em seu coração ficou oco, vazio.

Everyday I sit and ask myself
How did love slip away
Something whispers in my ear and says

That you are not alone
I am here with you
Though you're far away
I am here to stay

Quando já não lhe restava esperanças de seu retorno, odiou-a. Odiou-a por deixá-lo tão desamparado e sozinho, odiou-a por a ter conhecido, odiou-a pela beleza que possuía, odiou-a por ter conquistado seu coração, odiou-a por continuar amando-a, odiou-a por não deixa-lo dormir, odiou-a por não ter lhe ensinado o que era a perca, odiou-a por não estar ao seu lado no momento que mais precisava, odiou-a por ter se tornado um homem tão fraco, tão sentimental, tão vulnerável. Odiou-a principalmente por não conseguir odiá-la.

Afinal, como poderia odiá-la? Nunca fora do tipo simpático e social, que faz amigos facilmente. Ela mostrou-lhe o mundo, mostrou-lhe o cosmos, mostrou-lhe a complexidade dos seres humanos, a magia do universo, e principalmente mostrou-lhe o que era amar. Como poderia odiar a pessoa que o fez infinitamente feliz?

You are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart
You are not alone

'Lone, 'lone, why, 'lone

Just the other night
I thought I heard you cry
Asking me to come
And hold you in my arms
I can hear your prayers
Your burdens I will bear
But first I need your hand
Then forever can begin

Se reergueu, superou em partes as perdas que sofreu, casou-se e teve filhos. Mas todas as noites, antes de dormir, pensava e relembrava a vida que costumava ter com ela, os planos que fizeram e conquistas que alcançaram juntos. Ela sempre esteve presente em seus pensamentos. Lembrava-se com exatidão de cada detalhe do seu rosto e do seu corpo. Em alguns momentos pudera até sentir seu cheiro. Lembrava-se de como era bom sentir as carícias e as palavras doces que trocavam. Sorriu ao se lembrar do seu sorriso, aquele sorriso tão doce e verdadeiro, aquele que parava o tempo. Mesmo sem querer admitir, naquele momento soube que nunca fora capaz de esquecê-la, e nunca seria, por mais que se esforçasse. Ela foi, e continuaria sendo o amor da sua vida.

O sinal abriu e Syaoran apertou o volante, nervoso. Lembrava-se como se fosse ontem de como a conheceu.

Syaoran estava em semana de provas, e como de costume, enfiado em pilhas de livros mofados e empoeirados da pequena biblioteca da faculdade de Tomoeda-Tóquio, onde cursava Administração. Apertou as têmporas, apesar de ter facilidade com os números, sentia-se cansado. Suspirou constatando que ainda faltava três capítulos para terminar.

— Estatística!

Syaoran quase caiu da cadeira com o susto, olhou para a garota que quebrara o silêncio da biblioteca. Olhou para os lados apenas para confirmar que ela estava falando com ele.

— Você é bom? Cursa administração, não é mesmo?

Ela deve ser louca. Quem mais grita em biblioteca desta forma? Syaoran continuou a encarar a garota.

— Lee, estou falando com você! Dá para responder?

Putz! Ela sabia seu nome, provavelmente ele deveria conhece-la, só não se recordava de onde.

— O gato comeu a sua língua ou é surdo mesmo? Vamos, preciso de ajuda com essa matéria.

Syaoran suspirou e olhou para a garota com desdém.

— De onde você me conhece? E pare de gritar como louca.

— Hello! Você é capitão do time de futebol, o tão cobiçado Lee Syaoran, e eu sou a líder de torcida. Poxa! Sério que não me reconheceu? Kinomoto Sakura, faço fisioterapia no prédio AOK.

— Cobiçado? – Gargalhou brevemente - Não costumo reparar muito em pessoas, desculpe. Pode me dar licença agora? Está me atrapalhando.

Sakura olhou para ele boquiaberta. Quem ele pensava que era?

— Preciso de ajuda com bioestatística, todos falam que você é um dos melhores da sala. Por favorzinho?

— Estatística é a coisa mais simples do mundo, se você se dedicar por algumas horas consegue dominar a matéria, deixa de se preguiçosa e parasita.

Syaoran já ia voltando aos estudos, mas um certo punho de uma certa garota irritante bateu fortemente na mesa.

— Preguiçosa? Parasita? Quer trocar de lugar? Você não tem ideia do que é anatomia, fisiologia, biomecânica! – Sakura deixou sua bolsa sobre a mesa e sentou-se empurrando Syaoran – Se mexa! Dá um espacinho. Vamos, desde o capítulo um.

A garota tomou o livro das mãos de Syaoran, e começou a virar as páginas. Olhando assim de perto, Syaoran pôde reparar em seu rosto. Seus cabelos eram castanhos claros, a pele alva e branquinha, a boca era pequena e carnuda, mas o mais incrível era a tonalidade dos olhos: verdes vivos. Poderia até compará-los a esmeraldas. Ela era bonita, surpreendentemente bonita.

— Qual é o seu nome mesmo? – Exclamou, e como resposta recebeu um empurrão.

Syaoran olhava para a fazenda a sua frente, ainda estava em seu carro. Já havia um tempo que havia chegado, mas não tivera coragem de entrar. Eram tantas lembranças, boas e ruins. Apenas observava o local, pensando que Sakura estaria esperando-o.

Everyday I sit and ask myself
How did love slip away
Something whispers in my ear and says

That you are not alone
I am here with you
Though you're far away

I am here to stay

Sentia-se incomodado, sua mente estava cheia e seu corpo pesado demais. E o motivo do incômodo era óbvio: Conversariam. Ele sabia que aquela conversa seria difícil, porém necessária. Sonhara tanto com aquele momento, ensaiou tantas vezes o que falaria a ela, mas agora parecia que tudo que havia imaginado e planejado durante anos, não lhe serviria de nada.

Como explicaria o que acontecera naquela noite? Como poderia esperar que ela o perdoasse? Como explicaria que seguiu com a sua vida, que se casou com outra mulher, que se deitara com várias outras, que tivera dois filhos? Como falar que não a esperou? Como falar que com o tempo, perdeu a esperança de tornar a vê-la? Como lhe pedir perdão pelo que fez? E como podia pedir perdão por lhe ter tirado o que tinha de mais precioso na vida? Como falar que, apesar de tudo, nunca deixou de amá-la? Com certeza, tudo isso lhe pareceria contraditório.

You are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart
You are not alone

Whisper three words and I'll come runnin'
Fly...and girl you know that I'll be there
I'll be there

Abriu a porta do carro e saiu, encostou-se no automóvel e voltou a observar a fazenda. O lugar continuava o mesmo de como se lembrava. A estrada ainda era de terra, e as árvores que comtemplou a vinte anos atrás continuavam ali para lhe fazer companhia. Encarou a propriedade. Era vasta. E estava vazia.

Lembrou-se de como gostava daquela fazenda, e de como fora feliz ali, mesmo que por pouco tempo. Lembrou-se dos animais e as plantações as quais cultivava, e de como aquela casa estava sempre cheia, já que demandava um grande número de funcionários para tomar conta de tudo.

You are not alone
I am here with you
Though you're far away
I am here to stay

You are not alone
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart

Nunca teve coragem de vende-la, mas não fazia sentido morar sozinho naquele local, já que tudo de bom que acontecera nele lhe foi tirado. Por isso, manteve alguns poucos funcionários, apenas para manter a conservação do local, afinal uma parte importante e preciosa da sua vida, aconteceu ali.

Lembrou-se da noite que pediu Sakura em casamento, e de como já tinha em mente morar naquela fazenda.

A lua estava cheia, seus raios inundavam o céu e era a única fonte de iluminação naquela noite escura de Tomoeda.

Syaoran estava em seu carro, e Sakura estava ao seu lado, no banco de carona. Estavam de frente para uma casinha amarela, era onde Sakura morava. Syaoran viera deixa-la em casa, depois de uma festa de despedida dos formandos da faculdade.

— Entregue, mademoiselle – exclamou, puxando o freio de mão. Olhou para sua namorada e abriu um sorriso fraco.

— Obrigada, senhor Lee – Sakura respondeu, sorrindo para Syaoran. Como ele amava aquele sorriso, e como ela não economizava nem um pouquinho em mostra-lo – Tem certeza que você está bem? Me parece preocupado.

— Sim, não vamos mais falar disso, está bem? – Pegou delicadamente o rosto de Sakura e olhou-a nos olhos - Boa noite, minha flor, durma bem – inclinou-se, beijando-a suavemente nos lábios.

Trocaram alguns beijos e carícias, até perceberem a luz da cozinha acesa, sinal de que Touya estava acordado, esperando pela irmã.

— Touya está me esperando, sabe como ele é – a garota novamente sorriu - Tchau, até amanhã – disse, dando um beijo rápido no namorado.

A menina ia saindo do carro, mas foi surpreendida com a mão de Syaoran segurando firmemente seu pulso, puxando-a para perto dele. Olhou assustada, Syaoran tinha algo diferente nos olhos. Esteve estranho durante a noite inteira, silencioso demais. A garota sabia que havia algo incomodando o rapaz. O olhar dele suavizou, e ele sorriu. Syaoran não era muito de sorrir, era um rapaz sério. Para quem não o conhecia, julgava-o antipático.

— O que foi, Syaoran? O que está acontecendo? – Fitou-o intensamente, reparando em cada expressão do namorado.

Syaoran pegou as mãos pequenas e delicadas de Sakura, levou-as aos lábios e beijou-as de forma rápida, quase desesperada. Fechou os olhos e abraçou a menina. Era só isso que ele queria, abraça-la para sempre. Ela era tudo que ele tinha, o amor dela era a única coisa que era verdadeiramente seu, mataria e morreria por ela.

— Eu te amo, Sakura. Não importa o que falem, e o que aconteça. Quero ter você comigo, pelo tempo que me for dado – sussurrou, ainda abraçando sua flor.

— Por quê está me dizendo isso? – Sakura afastou-se, manteve distância suficiente apenas para olhá-lo nos olhos. Não gostou do tom dele – Você tem que me dizer as coisas, Syaoran – Acariciou carinhosamente o rosto que tanto amava.

— Eu sei, eu sei – suspirou, tinha que contar-lhe – Recebi uma ligação hoje pela manhã. Sou um Lee, Sakura, preciso ocupar o lugar que me é destinado.

Sakura sentiu os olhos marejarem. Sabia que aquele dia chegaria, mais cedo ou mais tarde. Syaoran era um membro da família Lee, filho de Chang Lee, era o seu dever assumir o cargo de líder do clã mais renomado da China e dirigir as empresas Lee. Ele a deixaria. Era a tradição, o líder deveria casar-se com a noiva escolhida pelos anciões, e dar herdeiros para o clã. Droga! Ela sabia que um dia isso aconteceria, então por quê sentia-se tão magoada?

Syaoran fitava aquele par de esmeraldas brilhando com as lágrimas prestes a cair. Sentiu um aperto no coração.

— Oras! Então o que você está esperando? Você precisa ir para a China, e assumir o cargo e comandar aqueles velhos chatos – Sakura fez uma careta, mas logo sorriu, não importava as circunstâncias, ela sempre sorria e mostrava o melhor de si. Syaoran a amava, desejava-a mais que tudo – Você precisa ir Syaoran, sei que parece triste. Mas você ficará bem. Nós sabíamos desde o início que esse dia chegaria, não tem como correr. Eu ficarei bem também.

Sakura ia saindo novamente do carro, e novamente o rapaz teve que puxá-la para dentro. Syaoran gargalhou brevemente, olhou para frente, mas logo voltou a fitar Sakura.

— Acha que se livrará de mim assim tão fácil? – Riu ao ver o olhar confuso de Sakura – Eu já te disse, Sakura: Te amo e te quero. Acha mesmo que deixaria você por um bando de velhos?

— M-mas...

— Irei me ausentar por um ou dois meses, preciso resolver a minha situação na China. Não será fácil, Sakura. Terei que brigar e enfrentar a minha família, mas prometo-lhe: Voltarei. Voltarei para te buscar e nós iremos nos casar – olhava para a menina, que tinha os olhos arregalados com sua declaração – Eu sei que esse não é o pedido de casamento ideal, mas não tive tempo de comprar um anel, mas prometo que quando eu voltar falarei com seu pai e o seu irmão, e faremos tudo conforme a tradição manda – Syaoran deixou de mirar a menina, olhou ao redor de seu carro, abriu o porta-luvas e tateou até encontrar um pedaço de arame, pegou delicadamente a mão de Sakura e moldou o arame em seu dedo anelar – Você aceita... se casar comigo?

Sakura não sabia o que responder. Olhava ora para Syaoran, ora para o anel improvisado em seu dedo. Ele estava mesmo lhe pedindo em casamento? Ou era uma miragem?

— Antes eu achava que você era minha fraqueza, o pilar que me sustenta. E é Sakura, você é o meu pilar. Mas não é a minha fraqueza, e sim a minha força – Olhava intensamente para a moça, que não segurava mais as lágrimas, levantou a mão, acariciando o rosto belo de sua namorada – Seja minha força, minha luz, minha vida, meu amor. Seja minha. Case-se comigo.

Sakura sorriu e puxou-lhe em um abraço apertado. Naquele momento, soube que seria para sempre sua. Como os deuses foram bons com ele, colocando aquela mulher na sua vida. Tinha sorte por tê-la ao seu lado.

— Quem se importa com anéis de noivado e tradição? Esse anel de arame é perfeito! Eu só quero ser sua, Syaoran, só quero me casar com você e ter uma vida tranquila – Disse Sakura contra o peito do namorado, que lhe afagava os cabelos e sorria.

— Prometo não te deixar sozinha, e prometo que poderá vir ao Japão quando quiser, e ficar o tempo que quiser – Exclamou Syaoran, dando beijos rápidos na testa de Sakura.

Ficaram assim, abraçados e curtindo o momento por longos minutos. Syaoran, apesar de saber que enfrentaria a família e teria problemas, sentia-se feliz. Seus pensamentos foram interrompidos ao sentir Sakura se afastando quase que bruscamente. Olhou para ela.

— Mas... E a sua noiva? Provavelmente já escolheram uma noiva para você. E a família? Como pode enfrentá-los? Eles podem te banir, Syaoran. Eu não quero que isso aconteça – Olhou seriamente para o namorado. Conhecia as tradições, e sabia que a família Lee era rica e influente, Syaoran era um só, e a família, dezenas.

Syaoran suspirou. Sim, já escolheram uma noiva para ele, e esta era Meiling, sua prima. Mas a amada não precisava saber disso.

— Quem escolhe a minha noiva sou eu – franziu a testa, observando o semblante triste da namorada – Sou o herdeiro direto, lembra-se? Meu pai é o irmão mais velho, e eu sou seu único filho homem. Não se preocupe, não serei banido.

Sakura observou o rosto sereno de Lee. Sim, não deveria preocupar-se. Daria tudo certo, e eles se casariam, teriam filhos e viveriam uma vida tranquila. Abriu aquele sorriso, aquele que parava o trânsito, aquele que Syaoran simplesmente amava. Valeria a pena a briga com os anciões, e valeria a pena todos seus esforços para estar com Sakura. Beijou-a na boca, imaginando o que o futuro planejou para eles.

Suas lembranças foram interrompidas com a imagem de um carro vindo em direção a saída da fazenda. Sentiu o coração sair pela boca. Era ela? Mas não podia ser, Sakura não dirigia, era muito distraída para isso. Observou carro cada vez mais perto. E então relaxou, não era ela. O automóvel se aproximou, agora lentamente. A porta se abriu, e uma mulher morena saiu de dentro dele.

— Syaoran?

A voz dela continuava melodiosa, como se lembrava. Era Tomoyo Daidouji, prima e melhor amiga de Sakura. Devia imaginar que sua querida flor não estaria sozinha na China.

Tomoyo mudara, desde a última vez que se encontraram, estava madura, seu cabelo antes preto agora apresentava alguns fios brancos. Afinal, o tempo a tocou. Observou-a andando em sua direção, com um sorriso tímido no rosto.

— Tomoyo – Disse, em um tom amistoso.

— Você... está tão diferente – Tomoyo olhava-o, e em um impulso abraçou-o carinhosamente. Sentira tanta falta do amigo.

Syaoran retribuiu ao abraço da sua amiga, sentira falta da presença e das palavras sempre sábias de Tomoyo. Afastaram-se e sorriram.

— Ficou um velho bonito!

Syaoran gargalhou, também sentira falta do bom humor de Tomoyo.

— Você também está diferente, está mais... ahn – Como falar para uma mulher que ela estava mais velha do que quando a encontrou da última vez? Não precisou pensar muito, a morena logo riu e completou.

— Velha, idosa, caindo aos pedaços, eu sei. É a lei da vida, não? – Tomoyo ria.

Syaoran também sorriu e acenou positivamente com a cabeça.

— E o seu filho? Está bem? – Indagou a morena.

— Filhos – Syaoran corrigiu, lembrando-se dos garotos – Tenho dois filhos, Chang e Jin. Chang está na faculdade Tomoeda-Tóquio, lembra-se? – Sabia que Tomoyo lembrava, pois a morena cursara música na universidade onde ele e Sakura fizeram seus cursos – E Jin ainda é criança, está no ensino regular.

— Imagino que são tão dedicados quanto o pai – Declarou Tomoyo, sorrindo.

Syaoran sorriu, lembrando-se com carinho de seus meninos.

— E Eriol? – Indagou, lembrando do amigo inglês, cursaram algumas disciplinas juntos quando estavam na faculdade.

Tomoyo sorriu ao lembrar-se do marido.

— Recusa-se a se aposentar, continua dando aula.

Syaoran sorriu. Mas logo ficou sério e encarou a propriedade. Seus olhos ambarinos tornaram-se opacos.

— Você... está bem?

Não, não estava bem.

— Sim, é só que... – Syaoran não tinha mais os olhos em Tomoyo. Olhava para a casa ao longe, que um dia habitou com Sakura. Lá estava ela, esperando por ele, depois de tanto tempo. Pedira tanto aos Deuses para viver aquele momento, e agora simplesmente não sabia o que fazer.

— Vai ficar tudo bem, Syaoran – Tomoyo colocou uma de suas pequenas mãos no ombro do amigo, tentando lhe transmitir confiança. Em vão.

— Eu só... não sei o que fazer, Tomoyo – Syaoran encarou-a, e a mulher pôde perceber que seus pensamentos estavam distantes.

Sonhara tanto com aquilo, pedira tanto aos Deuses para lhe proporcionar um encontro com Sakura. E lá estava ele, a alguns metros de distância do amor de sua vida. E agora não sabia o que fazer e nem o que falar.

— Eu desejei tanto esse momento, desejei tanto reencontrá-la, abraça-la, beijá-la e lhe pedir perdão. Mas conforme o tempo passou, já não tinha esperanças. Não entenda mal, Tomoyo, eu nunca deixei de pensar nela, de querê-la e de amá-la – Olhou novamente para a casa – Eu a amo. Mais que tudo. Mas faz mais de vinte anos... é muito tempo e... agora estou aqui, a poucos metros dela e estou hesitando avançar. Eu estava ansioso, sabe? Quando recebi sua ligação eu fiquei muito surpreso, e fiquei realmente feliz, pois o momento o qual sonhei, finalmente chegou. Mas agora... eu simplesmente não sei o que fazer.

Tomoyo ouviu atentamente as palavras do amigo. Suspirou. Sabia que aquele momento não seria fácil. Entendia o lado de Syaoran. Por muito tempo não entendeu, e culpou-o pelo que havia passado. Mas agora, finalmente entendia. E sentia compaixão pelo amigo. Ele sempre se culpou por tudo que aconteceu. Imaginou que o choque ao saber que ela estava de volta o abalou intensamente. Não era para menos. Não estava sendo fácil para Sakura, mas para Syaoran também não estava.

— Sakura entenderia caso não queira esse encontro, Syaoran – Encarou novamente os olhos do amigo, que agora transmitiam dor – Sakura sabe de tudo, ela compreenderia seus motivos. Ela sabe que sofreu durante anos, e sabe que se culpa, e sabe que continua sofrendo, e ela também sabe que depois de tanto tempo as coisas mudaram entre vocês e que você seguiu a sua vida.

— A questão não é essa, Tomoyo. Eu sei que Sakura entenderia. Mas nós precisamos conversar, não acha? Eu devo isso a ela. Eu devo explicações, e devo principalmente pedir-lhe perdão por... por...

Sua voz falhou, e sentiu as lágrimas virem aos olhos. Não choraria.

— Por quê se culpa tanto, Syaoran? Você não teve culpa.

Tomoyo apertava as mãos na altura do peito, olhava com pesar para o velho amigo. Sabia que aquele assunto sempre fora delicado, lembrou-se da última vez que se encontraram e de como o amigo ficou emocionalmente abalado.

— Eu tive, você sabe que eu tive – Syaoran deu uma pausa e olhou demoradamente Tomoyo, e por fim falou em um tom determinado – Nós precisamos conversar, Tomoyo.

A morena acenou positivamente com a cabeça. Precisava encerrar aquela conversa.

— Tome o tempo que precisar aqui fora, está bem?

Despediram-se e Syaoran observou o carro da amiga se afastar em direção a cidade. Encarou novamente a propriedade. Precisava entrar.

You are not alone
(You are not alone)
I am here with you
(I am here with you)
Though you're far away
(Though you're far away)
I am here to stay
(You and me)

Syaoran observava o corredor do segundo andar da casa. Era onde ficavam os quartos, o escritório e a biblioteca. Olhou com certa nostalgia para os móveis e quadros pendurados na parede. Seus olhos logo fixaram em uma única porta, a última. Andou lentamente pelo corredor longo até parar de frente para esta porta. Encarou-a. Era de madeira maciça, pintada num tom lilás com pequenas flores de cerejeira estampadas na madeira. Lembrava-se com exatidão o dia que Sakura desenhou as flores manualmente, pedindo-lhe para pintar as que já estavam prontas.

You are not alone
(You're always in my heart)
I am here with you
Though we're far apart
You're always in my heart
You are not alone

Subiu um pouco os olhos e encarou uma pequena peça de plástico pendurada na porta, onde havia uma boneca e abaixo desta, uma frase. Sentiu os olhos marejarem imediatamente ao ler.

“Aqui dorme uma princesa”

Sorriu de forma triste, lembrando-se de seu botão de flor, sua pequena princesa. Por um momento esqueceu de Sakura, e o que viera fazer ali. Imagens de sua pequena florzinha formaram-se em sua mente.

Not alone
You are not alone, you are not alone
Say it again
You are not alone, you are not alone
Not alone, not alone

Sentiu a primeira lágrima descer por sua face. Não queria chorar, mas haviam feridas que nunca cicatrizaram e nunca cicatrizariam em seu coração. Colocou a mão trêmula na maçaneta da porta, mas alguma coisa dentro de si o impedia de girar e adentrar no cômodo. Sentia uma dor fina e desesperada no peito. Sabia que se entrasse, não a encontraria.

Encostou a testa na porta, sentindo as lágrimas correrem livremente pelo rosto enquanto soluçava.

Syaoran estava sentado no parapeito da janela e observava a lua cheia que iluminava a ilha de Hong Kong, era uma noite sem nuvens, o corpo celeste parecia maior e mais brilhante.

Sorriu levemente ao observar a grande cidade iluminada pelas luzes de neon dos estabelecimentos e faróis dos carros. Hong Kong, a cidade que nunca dorme. Agora, entendia perfeitamente o velho ditado.

Seu coração estava inquieto, por isso o sono não lhe envolveu naquela noite. Olhou para dentro de seu quarto, o cômodo era espaçoso e bonito, não era luxuoso como os cômodos da mansão Lee, mas era tão confortável quanto.

Procurou pelo corpo de Sakura e o encontrou enrolado entre as cobertas. Era incrível que em pleno verão, a esposa sentisse tanto frio. Observou-a ressonar baixinho. Tentou sorrir, mas algo lhe incomodava e sabia perfeitamente o que era.

Por mais que tentasse o contrário, seus deveres como líder do Clã Lee estavam-no afastando cada dia mais de sua querida flor. Eram muitas responsabilidades, trabalhava o tempo inteiro, e sem contar nas inúmeras viagens que fazia para o estrangeiro. Por fim, não estava conseguindo conciliar a vida profissional e a vida pessoal. Não estava conseguindo cumprir com a promessa que fez a Sakura: Estava deixando-a sozinha por tempo demais.

Fazia cinco dias que retornara de uma viagem de dois meses que fizera pela América do Sul, e dali a dois dias embarcaria em uma nova viagem rumo a Europa, e era provável que esta demorasse ainda mais. Resumindo: Dois meses na América do Sul, sete dias em Hong Kong, e mais dois a quatro meses na Europa. Isso estava matando-o por dentro. Sete dias foi o tempo que conseguiu ficar com Sakura. Sete dias. Sete dias. Sete dias.

Encostou a cabeça na parede tentando encontrar uma forma de fazer com que tudo fosse diferente. Levar Sakura junto? Não. Ela não aceitaria. E não era justo com a esposa, que estava finalmente se adaptando aos costumes do país e aprendendo língua nativa.

O que ele poderia fazer para mudar esta realidade? Precisava encontrar novos fornecedores e compradores para expandir ainda mais os negócios da família, e não podia confiar a tarefa aos seus cunhados, primos ou tios, pois desta forma não estaria exercendo sua função de líder do Clã.

O que faria? Era a pergunta que martelava em sua mente.

Desceu do parapeito da janela e foi em direção a cama, mas antes deu uma última olhada na lua e as estrelas que a cercavam. Deitou-se ao lado de Sakura e aninhou seu corpo ao dela. Inspirou o aroma de flores que emanava de seus cabelos curtos e sedosos, sentiu-se extasiado. Tudo que desejava no momento era paz, gostaria de ter o poder de mudar as coisas. Queria mais que tudo se afastar do mundo dos negócios e ter uma vida tranquila. Desejava estar em uma ilha deserta, onde as únicas pessoas que a habitasse fossem ele e Sakura. Era só isso que desejava, uma vida tranquila com sua flor.

— Me perdoe, minha flor.

Sussurrou em seu tom mais doce. Beijou delicadamente a nuca da esposa, e para sua surpresa, Sakura remexeu entre seus braços.

— Pelo quê?

Apoiou-se em um dos cotovelos, constatando que Sakura estava desperta. Ela não lhe encarava, mas sabia que seus olhos esmeraldinos estavam abertos.

— No que estava pensando, sentado ali? – Indagou Sakura, ainda sem encará-lo.

— Te acordei? Me desculpe.

Sentiu o corpo de Sakura virar-se para encará-lo. Mesmo com o quarto escuro, o brilho dos olhos esmeraldas eram visíveis. Não tinha certeza, mas achava que a esposa sorria.

— Eu sei quando meu marido não está na cama.

Gargalharam baixinho. Syaoran deitou-se e encarou Sakura, aquele era um dos momentos que sentiam como se fossem um, pois enxergavam a alma um do outro.

— No que estava pensando? – Perguntou Sakura pela segunda vez, a moça tinha ideia do que passava pela mente do marido, mas queria ouvir da boca dele.

O rapaz suspirou sentindo-se derrotado, não tinha como esconder e nem disfarçar seus sentimentos. Esticou o braço, até alcançar o abajur e acendê-lo. Ambos se sentaram na cama, de frente para o outro.

— Estou lhe deixando sozinha... de novo.

O coração de Sakura acelerou ao observar os olhos de Syaoran tornarem-se opacos. Ele sofria.

— Viajarei daqui dois dias e não sei quanto tempo ficarei fora, estou faltando com a minha palavra quando lhe pedi em casamento – Disse o rapaz de uma vez.

Sakura sabia perfeitamente que esta distância estava sendo ainda mais difícil para o marido, pois sabia como Syaoran a amava, por vezes achou que este amor não era saudável, pois tinha certeza que se um dia faltasse a ele, isso o destruiria.

— Não foi esta vida que lhe prometi e... – Sentiu os dedos de Sakura lhe tapando a boca.

— Não me sinto solitária, juro! Não tem com o que se preocupar, você vai, mas você volta... igual a um ioiô – Sakura sorriu para o marido e o encarou carinhosamente – Tenho a companhia de sua mãe, e de Meiling também, elas não me deixam me sentir sozinha.

Syaoran encarou a esposa. Como uma garota tão pequena e frágil podia ser tão perfeita? Como podia ser tão otimista quando ele próprio não era? Como podia apoiá-lo e incentivá-lo a cumprir seu dever de líder do Clã? Sakura era tão linda, e seu jeito de ser o encantava cada dia mais. Pegou as mãos dela entre as suas e apertou-as delicadamente.

— Não basta, Sakura – beijou-lhe os dedos.

Fitou o rosto sereno da esposa, seu semblante lhe transmitia paz e tranquilidade. Sakura era sua vida, não suportaria perdê-la. Sentiu quando a esposa lhe tocou o rosto em uma carícia suave.

— Você está sempre comigo – Sentiu sua mão ser envolvida pelas de Sakura, que levou até a altura do peito, sentia as batidas do coração de sua flor na palma da sua mão – No meu coração, e nos meus pensamentos.

Sakura abriu seu melhor sorriso, aquele que amava, aquele que parava o tempo. Syaoran também sorriu, e puxou-a lentamente para perto dele. Sakura aninhou-se ao peito do marido, exalando o cheiro maravilhoso que Syaoran possuía.

— Além do mais... agora terei um pedacinho de você para me fazer companhia – Disse a garota, ainda abraçada ao homem que amava.

Syaoran franziu a testa, sem entender a declaração da esposa. Sakura o encarou ainda apoiada em seu corpo.

— Eu... tenho quase certeza que estou grávida e... Desculpe não te contar antes, acontece que fiz três testes de farmácia e deu positivo, mas estou esperando o resultado do exame de sangue e...

Syaoran já não lhe ouvia.

— Syaoran? – Chamou Sakura, percebendo que o marido tinha os pensamentos longe.

Syaoran absorvia a informação. Grávida. Sakura estava grávida. Ele seria pai.

— Grávida? Co-mo assim? Como aconteceu?

Sakura franziu a testa, Syaoran não era de fazer perguntas estúpidas.

— Sério que você não sabe? Bem, quando uma mulher e um homem fazem amor...

— Sim, sim, sim Sakura... eu sei como – Disse, balançando a cabeça de um lado para o outro se dando conta da pergunta idiota que fizera.

Sakura riu, ao perceber a confusão do rapaz. A notícia o pegou desprevenido. Pai, seria pai. Pai. Pai. Pai. Syaoran ora ria como bobo, e ora ficava sério. Por fim, pegou o rosto de Sakura entre suas mãos e encarou aqueles olhos tão lindos. Beijou-lhe a testa.

— Você está grávida – Disse em voz alta e sorriu.

— Sim, grávida, prenha, embuchada... como preferir. Teremos um bebê!

Ambos riram. Syaoran sentia-se o homem mais feliz do mundo, agora sim eram uma família completa, Sakura carregava uma vida em seu ventre e ele se tornaria pai.

Mirou o ventre da esposa, ainda não apresentava nenhum relevo, era uma gravidez de poucas semanas. Tocou a ponta dos dedos na barriga de Sakura, sentia-se extasiado com a notícia. Inclinou a esposa e ergueu a camisola que a mesma usava, afim de ter um melhor acesso ao ventre da garota. Aproximou-se e beijou suavemente a pele alva e branquinha de Sakura.

— Oi bebê – Disse, mirando a barriga de Sakura – Eu sou o seu pai. Eu sei que você ainda não pode me ouvir, mas quero que sinta que será a criança mais amada do mundo. Eu e a mamãe estamos esperando por você.

Sakura sorria e chorava em silêncio, ouvindo com atenção cada palavra de Syaoran.

— Se você for um menino, jogaremos bola e lhe ensinarei artes marciais, e se você for uma menina, bem... também lhe ensinarei artes marciais, é de extrema importância uma mocinha saber se defender nos dias de hoje. Se quiser brincar de boneca ou jogar bola, tudo bem, não importa... – Syaoran beijava delicadamente o ventre da esposa, que não parava de chorar. Sorriu, sorriu para a vida, para os Deuses – Passearemos juntos muitas vezes, e lhe levarei para a Disney, gosta da ideia? Ah! E não se preocupe, quando tiver em tempo, papai irá cozinhar papinhas gostosas para você, ninguém merece comer as gororobas da mamãe, não acha? Ai! – Reclamou, ao receber um cascudo de Sakura – Não importa, faremos muitas coisas juntos. Trate de crescer com saúde, está bem? Estamos lhe esperando.

Sorriu verdadeiramente. Por fim, encarou Sakura, que tentava inutilmente secar as lágrimas que teimavam em cair. Pegou o rosto delicado entre as mãos.

— Obrigado.

Sakura não aguentou e jogou-se nos braços de Syaoran enquanto chorava mais e mais. Ouvir Syaoran conversando com o bebê mexeu muito com seu coração. Naquele momento, sentiu seu amor pelo marido transbordar. Deus! Como o amava. Abraçaram-se com carinho

— Te amo, te amo – Declarava ainda contra o peito de Syaoran, que apenas a abraçava.

Syaoran por sua vez, aproveitava ao máximo aquele momento à três. Afastou-se de Sakura, afim de encarar-lhe.

— Se for uma menina, poderíamos chama-la de Nadeshiko, como a sua mãe, e se for um menino, Fujitaka, o que você acha?

Sakura arfou, emocionando-se ainda mais. Seus pais morreram em uma escavação arqueológica um pouco antes dela começar a faculdade, homenageá-los desta forma sempre fora sua vontade.

Sentia Syaoran secar as lágrimas que caíam de seus olhos. Chorava, chorava sim, mas de felicidade. Sakura acenou positivamente com a cabeça, incapaz de pronunciar uma única palavra.

Abraçaram-se novamente. Sakura sorria, enquanto se acalmava. Syaoran fazia carinho em seus cabelos.

— Cancelarei minhas viagens, ficarei com vocês – Declarou o rapaz, ainda com o rosto colado ao pescoço da esposa.

Surpresa, Sakura se afastou.

— Você não pode, tem que cumprir com a agenda e...

— Shhh! Falarei com os anciões, eles irão entender – Syaoran encarava Sakura de forma profunda.

— Não precisa, amor – Sakura sorriu, enlaçando os dedos de Syaoran nos seus – Posso ficar aos cuidados de sua mãe, irmãs e Meiling, e também... Tomoyo desembarca em Hong Kong daqui uma semana, ela vem para ficar comigo até o nascimento do nosso bebê.

— Fico feliz que Tomoyo venha – Syaoran pegou o rosto da esposa entre as mãos e sorriu - Mas eu já estou decidido, ficarei com vocês

— Eu só acho que não é...

Syaoran beijou-lhe, impedindo que continuasse a frase. Logo afastou-se.

— Não quero perder uma única consulta, um único ultrassom. Ficarei com vocês.

Sakura suspirou, não conhecia ninguém mais teimoso que o marido. Talvez Touya... não, nem ele. Por fim, sorriu feliz. Pelo menos teria Syaoran ao seu lado por uns meses.

Beijaram-se com amor. Syaoran inclinou Sakura sobre a cama, sem tirar seus lábios dos dela. O gosto daquela mulher era delicioso, nunca cansaria de provar. Inclinou-se sobre o corpo dela, tomando cuidado com seu ventre. Amaram-se.

Syaoran sentia as lágrimas quentes que teimavam em sair de seus olhos. Chorava e soluçava desesperadamente com as lembranças da noite que soubera da gravidez de Sakura, que soubera que sua pequena e amada Nadeshiko estava a caminho.

Seus dedos apertavam a madeira do berço onde tantas vezes observou seu pequeno anjo dormir. Olhava para aqueles lençóis vazios e sentia como se algo apertasse suas entranhas tamanha era sua dor. Tocou o móbile de borboleta e se lembrou da filha estendendo os pequenos bracinhos em uma tentativa de alcançar o brinquedo em movimento. Sem querer quebrou uma das borboletas, tamanho era sua força. Caiu de joelhos e apertou a peça quebrada contra o peito, enquanto apoiava sua cabeça nas grades do berço, acreditando assim que a dor diminuiria. Doce ilusão.

— Eu sabia que estaria aqui.

Arregalou os olhos. Sentiu o corpo gelar ao reconhecer a voz que lhe assombrou os sonhos por mais de vinte anos. Era ela, era Sakura.

You just reach for me girl
In the morning, in the evening
Not alone, not alone
You and me, not alone
Together, together


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Notas finais do capítulo

Olá queridinhos(as)!

A música apresentada no decorrer da história se chama You Are Not Alone, de Michael Jackson. Eu AMO essa música, e ela é perfeita para o contexto do capítulo.

Essa história terá em torno de três capítulos, cada uma com uma música diferente.
Mas enfim, ficaram curiosos para saber do passado do nosso casal e o motivo de não terem ficado juntos?! Ótimo! Aguardem o próximo capítulo, eu garanto que vocês terão algumas surpresas.

Eu tenho uma boa parte do segundo capítulo escrita, tentarei postar no máximo até mês que vem, mas depende do meu desempenho na faculdade. haha
POR FAVOR, comentem! Eu quero MUITO saber a opinião de vocês! Críticas e elogios, são muito bem-vindos.

Um beijo, até breve!



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