O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

I'm back bitches! .q



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/637255/chapter/35

SHIELD TEAM

– Ok, Jemma, eu sei o quanto sou amado, agora você já pode me soltar – o inglês brincou com sua compatriota, que estava agarrada ao seu pescoço e ainda chorava.

Os demais estavam igualmente aliviados, embora fossem bem mais contidos na demonstração.

– Temos que ir embora – Victoria “quebrou o momento”, e estava nitidamente nervosa.

– Você sabe pilotar, darling ? – Hunter indagou cheio de sarcasmo, recebendo um revirar de olhos como resposta – Então vamos esperar a May – concluiu igualmente mal-humorado.

– Levanta seu inútil, você sabe pilotar – a ruiva ralhou com Tripp que ainda estava grogue pelas drogas e tinha um braço quebrado.

– Ele não irá tocar nisso, eu não pulei num maldito rio pra morrer nesse pseudo-avião – o britânico e a mulher iniciaram uma discussão mais ao longe, da qual ninguém, com exceção deles, estava muito interessado em participar.

Simmons checava os ferimentos de Bobbi, embora Hunter tenha feito um bom trabalho ao remendá-la, e a loura apenas dormia num colchão que ele improvisara com muito esmero. Mike vinha logo atrás, trazendo Skye desacordada nos braços, mas os olhos deduravam que ele aguardava mesmo era Katherine.

O som característico do teletransporte de Gordon calou todos os presentes no quinjet, Victoria e Hunter inclusos no pacote.

– Que merda é essa ? – a ruiva sussurrou de forma impaciente.

– O que eles estão fazendo aqui ? – Hunter se “uniu” a sua oponente. Torcia para aqueles Inumanos não estarem sugerindo o que ele estava pensando.

Mike foi a pessoa a ir falar com eles, passando Skye para os braços de Fitz antes. Não confiava naquelas pessoas e, possivelmente, nunca fosse confiar.

– O que é isso ? – questionou para Jiaying, impedindo qualquer aproximação dos demais ao veículo.

– Não temos um lugar seguro para ir, Coulson disse que poderíamos ficar na base, que ele iria nos conseguir novos passaportes e uma nova vida – a chinesa respondeu pacientemente, sem desviar os olhos do moreno a sua frente.

– Não tem espaço para todos – Mike admitiu, já que nas suas contas adicionou Katherine, May, Coulson e Ward, e definitivamente, vinte pessoas não caberiam ali.

– Quantos cabem ? –

– Três do seu grupo – respondeu sem vacilar.

– Mike... – Simmons choramingou ali atrás, ela e seu complexo de querer salvar todos, mesmo correndo o risco de morrer durante o processo.

– Três pessoas ou o combustível não será suficiente para nos levar até a base e você sabe muito bem disso, Jemma – Mike respondeu sem tirar os olhos da chinesa a sua frente, havia deixado para ela a escolha.

– Wanda, Pietro e Eric – enfim respondeu, tendo os três a olharem com confusão.

– Não vamos sem vocês – os garotos falaram em uníssono, já Wanda apenas a olhava, atônita.

Jiaying estava tentando poupar os filhos e mandava Eric por ele estar ferido, caso tivessem que escapar, ele os atrasaria. Era uma escolha bem técnica na realidade.

– Vamos para outro país, quando vocês chegarem na base, Gordon vai saber o local e nós iremos encontrá-los, eu prometo – a mulher falou na direção deles, tocando no braço do filho antes de o puxar para um abraço, fazendo o mesmo com sua filha, que ainda a encarava sem esboçar nenhuma reação.

Erin despedia-se de Eric quando Katherine chegou, a mulher passou reto por todos, sem falar absolutamente nada. Ajoelhou-se ao lado de Skye, checando se a garota estava bem, e após constatar isso, foi até o painel, pôr o quinjet no ar, não queria saber de nada, só desejava ir para o mais longe quanto possível daquilo tudo. Não tinha a mínima intenção em permitir que sua filha fosse feita de rato de laboratório.

– Ei, ei, May e Ward ? – Hunter tentou “contê-la”, mas não foi tão necessário assim já que poucos instantes depois o som de sirenes foram ouvidas. May e Ward, de fato, estavam chegando, e eles vinham muito bem acompanhados, por cerca de dez viaturas. Gordon se teletransportou, levando o restante do grupo consigo, enquanto Mike empurrava Pietro, Wanda e Eric para dentro do quinjet, vendo ao longe a dupla ser perseguida pelos oficiais.

– Katherine! – o negro chamou, mas quem saiu no “socorro” deles foi Pietro. Com sua supervelocidade tirou primeiro May, para em seguida tirar Ward, deixando uma ambulância desgovernada, e em alta velocidade, para os oficiais suíços lidarem.

– Vamos! – todos gritaram enquanto a porta do quinjet se fechava de forma custosa, ou era a impressão que seus corações ansiosos tiveram.

Ainda ouviram os tiros ricochetearam na carcaça da aeronave, antes dessa ficar completamente invisível no céu, utilizando o cloaking.

Não foi até estarem numa altitude segura para todos soltarem o ar preso nos pulmões, num misto de alívio, adrenalina e medo.

Se entreolharam e o pensamento geral era “e agora ?

PHIL

Robert Gonzalez estava rumando perigosamente para a lista negra de Coulson, quanto tempo levava para organizar uma operação de resgate ?! Começava a achar cinco horas um exagero.

Tinha noção que aquele detetive meia-boca não conseguiria segurá-lo por muito mais tempo ali. A essa hora, a notícia de que haviam superpoderosos por aí, já deveria ser de conhecimento público e isso inclui todas as agências de inteligência do mundo, e qual é a agência que não quer um trunfo feito esse ?! Pessoas com poderes... Já até imaginava o que eles fariam com elas, as usariam como armas, típico.

O som de algo que parecia uma furadeira, o tirou dos seus devaneios, olhou para o teto de forma desconfiada, quase como se tentasse se convencer que aquilo não era fruto da sua imaginação. Vai saber né? Depois de tanto tempo naquela sala de interrogatório, tudo era possível. Mas quando um pozinho branco começou a cair sobre a mesa na qual estava algemado, teve absoluta certeza que aquilo era real, só teve tempo de abaixar-se, escondendo pelo menos a cabeça e parte do corpo debaixo da mesa, antes que uma bola de concreto despencasse do teto. Um agente rapidamente desceu pelo mesmo, tirando as algemas de Coulson e o passando uma corda, na qual Phil rapidamente se pendurou, foram içados vinte segundos depois. Tudo havia sido perfeitamente cronometrado. Ainda puderam ver o detetive Riffel entrar na sala de interrogatório feito um furacão, amaldiçoando a tudo e a todos, mas felizmente, já era tarde demais.

Coulson e o agente responsável pelo seu resgate foram puxados até a segurança do jatinho, lá Gonzalez os aguardava com um sorriso confiante.

– Pensei que não viesse mais, agente Gonzalez – Coulson admitiu, meio ofegante pelos recentes eventos.

– Tenha um pouco mais de fé, agente Coulson – respondeu num ar sério – Mas é inegável que temos sérios problemas – salientou, arqueando as sobrancelhas. Phil sabia exatamente a que “problemas” ele se referia, mas preferia não falar disso por hora, precisava saber se todos estavam bem.

– Rádio ? – questionou e o homem apenas o indicou o painel.

Pôs na frequência segura da SHIELD e fechou os olhos, fazendo uma prece silenciosa – Agente Pryde ? – chamou por Katherine, afinal, se tudo tivesse ocorrido como o esperado, ela estaria pilotando o quinjet naquele momento.

Demorou cerca de trinta segundos para enfim ter uma resposta – Phil C. ? – Hunter, que “servia” como copiloto, foi a pessoa a responder, num ar descontraído que não condizia com a atual situação deles.

– Hunter, estão todos bem ? May e Ward ? – questionou com certo nervosismo, pulando um batimento cardíaco enquanto aguardava a resposta.

– Sim, todos bem, toda família SHIELD foi resgatada – o inglês brincou, e ao fundo era possível ouvir diversas vozes, aquele quinjet estava uma enorme bagunça.

Coulson suspirou aliviado, o que não durou muito tempo.

– Nem todos – May falou, tirando o aparelho da mão de Lance, ela falava com a voz sussurrada, talvez porque Skye enfim havia acordado e ninguém ali queria presenciar como seria a queda de 30.000 pés.

– Como assim ? –

– Miles nos salvou e ele foi pego, Phillip – resumiu, cruzando os olhos brevemente com os de Katherine, que, pela primeira vez, parecia minimamente interessada naquela conversa.

– Vamos recuperá-lo, mas antes vamos reagrupar, ok ? Encontro vocês em Neverland – finalizou, mas ainda ficou com o gancho do rádio nas mãos, apertou o botão uma última vez – Eu te amo Linda – concluiu e só então desligou, recebendo olhadelas de esguelha dos presentes. Era um sentimento libertador enfim “assumir” aquele relacionamento, então não se importou e apenas jogou-se na cadeira ao lado de Gonzalez. Aquela viagem ainda seria longa.

SKYE

A medida que foi recobrando a consciência, ia recordando dos recentes eventos; a forma que perdeu completamente o controle, Miles partindo, a injeção e a completa escuridão que se sucedeu. Ainda sentia-se tonta pelo sonífero e um pouco lesada, mas isso não a impediu de reparar naquela formação de quadrilha que estava espremida dentro daquele “pequeno” quinjet. Pequeno se comparado ao bus pelo menos. Apoiou-se sobre as mãos e forçou o corpo para cima, sentando-se vagarosamente, enquanto suspirava.

– Dia difícil ? – uma loira, até então estranha, a intercalou. A mulher estava sentada bem próxima a si e tinha um sorriso gentil sobre os lábios, embora parecesse estar com muita dor – Bobbi – se apresentou por fim.

– Skye – a garota deu um sorriso fraco e apenas concordou – O que aconteceu ? – perguntou, umedecendo os lábios e estreitando os olhos para ter um foco melhor de todos os presentes.

– As agências de inteligência estão nos caçando – Morse respondeu sem tentar abrandar a situação.

Ela fizera aquilo, pusera todas aquelas pessoas em risco, pelo que ?! Um término. Sentia-se a pessoa mais egoísta do mundo. Será que aquela mulher estava machucada por sua causa ? Possivelmente, e mesmo que não fosse o caso, o mínimo que poderia fazer era se desculpar. – Me perdoe, eu não queria nada disso... É só esse poder idiota, eu não sei controlar isso... – iniciou sua onda de desculpas, estava genuinamente arrependida.

– Não tem problema estar com medo, só não deixe que ele lhe domine – Harpia a aconselhou de forma terna.

– Não é tão simples assim – sussurrou e abraçou-se ao próprio corpo, vendo Wanda a alguns metros, sentada na outra extremidade, com os olhos vazios. O mesmo olhar que tinha após espancar Raina até a morte. Pietro estava ao seu lado e tentava fazê-la beber algo, sem muito sucesso.

Vasculhou mais uma vez o quinjet, notando pela primeira vez que Lincoln, Miles, Jiaying e Coulson não estavam ali. Ao dar-se conta disso, foi como se tivesse acabado de inalar formol, seus pulmões pareciam queimar e se tornou incapaz de respirar... Eles estavam mortos ?! O formigamento, o maldito formigamento, iria começar a tremer aquele negócio. Não, não podia fazer aquilo, iria matar a todos!

– Jemma – sibilou, tentando controlar o máximo que podia, mas o coração batia descompensado dentro do peito – Jemma! – gritou quando a britânica não a escutou da primeira vez. Não apenas Simmons a encarou, como todos os presentes, afinal, ficou um pouco difícil não notar que aqueles leves tremores não se tratavam de uma mera turbulência.

– Merda – Hunter sussurrou ali atrás. Katherine deixou o quinjet no piloto-automático e também se juntou aos demais, mas evitou se aproximar de Skye. May que até então descansava, também acordou e olhava com confusão para a garota, enquanto todos os demais pareciam muito nervosos para formular qualquer frase... Todos aqueles olhares sobre si não estavam melhorando em nada a situação.

– Skye, você tem que controlar isso, por favor – a médica ajoelhou-se ao lado da jovem, os olhos esbugalhados dela deduravam todo seu nervosismo.

– Eu não posso, não sei como... – Skye choramingou, respirando pela boca como se isso fosse surtir algum efeito, estava tentando não matar aquelas pessoas, não em trabalho de parto! – Me ponha para dormir de novo, Jemma – pediu de forma suplicante, os olhos já marejados. Sentia-se tão vulnerável, como se outro alguém tivesse se apoderado do seu corpo.

– Você ainda tem traços do sonífero no seu sistema, se lhe dermos outra dose você pode entrar em coma ou ter uma parada cardio-respiratória – a médica tentava explicar, atrapalhando-se nas próprias palavras, já que não poderia dar-se ao luxo de ser extremamente científica.

Coma, parada ? Não queria morrer, ou queria ? Lembrar de Miles a tirava qualquer certeza que pudesse ter sobre esse tema, sua única certeza era que não desejava matar ninguém dali.

Fechou os olhos e apenas sentiu as vibrações (como Jiaying havia a ensinado) mas ao contrário de dirigi-las para algum objeto, dirigiu-as para o próprio corpo, forçando-se a pará-las, e até conseguiu, mas os efeitos colaterais se propagaram em forma de hematomas sobre sua pele, mais exatamente suas mãos, braços e abdômen, que foram tomados por manchas arroxeadas por toda sua extensão, até pensou em perguntar o que diabos era aquilo mas perdeu a consciência antes disso. Nenhuma novidade até aí.

**

Acordou da sua nova rotina, desmaiar, e apoiou-se na lateral da cama para levantar. Movia-se tão vagarosamente que parecia ter sido atingida por um trem, cada partícula do seu corpo protestava, inundada por uma dor excruciante, não se importou muito, aquela dor ainda não se comparava a dor do seu coração partido.

– Você está bem ? – a voz de Katherine a atingiu e só então notou-a ali, sentada a alguns metros de distância.

– É difícil dizer, não tenho algo com o qual comparar – admitiu e forçou um sorriso fraco – Onde estamos ? –

– Neverland – Kate iniciou – Um lugar seguro – concluiu.

– Eles estão mortos ? – não precisava ditar a quem se referia, obviamente seriam as pessoas que não estavam dentro do quinjet.

– Lincoln – havia pesar na voz da morena, e esse pesar logo estavam nos olhos de Skye, em forma de lágrimas. – Isso não é tudo – acho que Katherine tentava prepará-la para algo que, na concepção de Skye, seria pior que a morte de Lincoln.

– Fale –

– Miles está sob custódia, está sendo acusado de cyberterrorismo, entre outras coisas – a Inumana decidiu não se prolongar na longa lista de acusações que o rapaz estava enfrentando, pelo único motivo de tê-los ajudado. – Eles querem que nós nos entreguemos – finalizou, erguendo os olhos, encontrando os de Skye na mais profunda escuridão. O rosto da menina era uma máscara indecifrável, era difícil determinar se ela estava em choque, ou apenas pensando, talvez um pouco de ambos.

– Temos que resgatá-lo – sussurrou com a voz falha.

– Se entregar não é uma alternativa – Katherine logo tratou de deixar “claro” aquele contrato. A ajudaria, contanto que não tivesse nenhuma ideia estúpida de trocar sua vida pela de Miles, o que seria bem do feitio de Skye.

– Se eu tivesse absoluta certeza que acabaria em mim, não tenha duvida que eu trocaria minha vida pela dele – afirmou com frieza –Não é só o Miles que está em risco... Todos vocês também estão – concluiu baixo, fitando as mãos sobre o colo.

Hackear as emissoras não seria nenhum problema, estava mais preocupada com o que diria assim que estivesse ao vivo. Só teria uma oportunidade para “exonerar” os Inumanos, não poderia estragar tudo, Miles dependia de si.

Katherine pareceu concordar com aquele plano e já levantava-se da poltrona, a fim de preparar tudo para quando Skye concluísse seu “discurso” – Todos saberão quem você é depois que fizer isso, tem certeza ? – foi a única pergunta que ela a fez.

– Sim – respondeu e trincou os dentes, não tinha certeza se desejava ser a “cara” dos Inumanos naquele embate, mas que outra opção tinha ?! Sair matando mais pessoas até conseguir resgatar Miles ?! Viver como um bicho acuado? Estava cansada, nesse estágio da sua vida poucas coisas importavam.

SHIELD TEAM

Katherine preparou a sala e só então compartilhou o plano de Skye com os demais. As reações foram bastante diversas, como o esperado num grupo tão heterogêneo.

– Ela não fará isso – Coulson foi o primeiro a esbravejar.

– Isso é colocar um alvo nas próprias costas – Hunter concordou.

– Eu acho uma forma inteligente de contra-atacar – Fitz se pronunciou e Jemma concordou.

– Assim as pessoas poderão saber o lado dela – completou o raciocínio do melhor amigo.

– Ninguém vai se importar com o lado dela, as pessoas estão assustadas e pessoas assustadas irão a crucificar antes de a dar o direito a dúvida – Barbara opinou.

– Pelo menos ela está tentando nos libertar, não é você que terá que viver como um animal, sempre com medo do que estará na próxima esquina – Pietro rebateu com voracidade.

– Ela pode até conseguir libertar vocês, mas ela estará marcada para o resto da vida, é o rosto dela que aparecerá em rede nacional – Mike retrucou de forma impaciente, não gostava nada daquele plano.

– É a decisão dela, deveríamos respeitar – May foi a diplomática do grupo.

E sem delongas todos debatiam seus pontos de vistas, completamente avulsos a entrada arrastada de Skye no recinto, passou algum tempo olhando-os, pegando por cima suas respectivas opiniões.

– Vocês deveriam discutir assuntos que possam realmente interferir – falou, sobrepondo a baderna instaurada no lugar.

Todos calaram-se, encarando-o de forma envergonhada.

– Isso é loucura – Coulson externou sua opinião.

– Minha loucura e com todo o respeito, mantenham-se fora disso – respondeu de forma pedante e virou-se para Katherine – Já está pronto ? –

A mulher apenas concordou, indicando a sala de reunião onde a câmera e o computador já estavam a postos, apenas esperando os jornais entrarem no ar para cortam-lhe as transmissões.

Caminhou até lá, passando no meio de todos, sentia-se exausta e por mais estressada que estivesse, duvidada que conseguiria mover sequer uma caneta com seu poder. Ocupou a poltrona a frente da câmera e lia mais uma vez o papel onde rabiscara um discurso, estava prestes a vomitar quando Katherine lhe chamou a atenção, erguendo a palma no ar e fazendo uma contagem regressiva com os dedos.

P.O.V SKYE

5, 4, 3, 2, 1.

“Boa noite” iniciei, voltando os olhos para o papel que estava sobre a mesa “Eu sou a garota do vídeo” ok, aquilo estava minimamente ridículo, parei de ler aquela idiotice e fitei a câmera, suspirando antes de prosseguir “Eu não sou um monstro e também não pedi por isso: esse poder, essa responsabilidade, essa vida... Me foi dado, eu não tive escolha, mas sabe de uma coisa ? Por que eu deveria me esconder, viver nas sombras ? Eu não cometi nenhum crime, eu não machuquei ninguém, diferentemente das pessoas que estão me caçando, como se eu fosse algum tipo de serial killer... Na minha concepção, só há três motivos para eles me quererem com tanta veemência; ou querem me matar, ou querem me transformar numa arma de guerra ou estão com medo que os demais Inumanos se revelem, acabando com essa farsa de que pessoas que habilidades não existem, que tudo são truques de mágica... Nós existimos, nós estamos no meio de vocês! Aceitem isso. Admito, se não fosse pelo “incidente” eu seria mais uma a viver nas sombras, com medo desse tipo de reação, mas eu acho que viver com medo não é viver, e eu não quero viver com medo, ninguém deveria. Então, caso as autoridades queiram me acusar de alguma coisa, que façam isso diante de um corte, de forma transparente e que me seja dado o benefício da dúvida, afinal, a Justiça é para todos, certo ?! Para esse acordo, só faço duas exigências, que Miles Nichols responda em liberdade e que eu seja a única mencionada no processo, para todos os efeitos, meus amigos serão irrelevantes. Eu ficarei sabendo da decisão de vocês e perdão pela intromissão.” finalizei, tirando todo o ar dos pulmões ao final.

Katherine cortou a transmissão, num estado que beirava o choque, estava branca feito o papel de parede que adornava a sala.

– Eles não serão justos, Skye – falou, sentando-se diante de mim.

– Eu sei – anunciei monocromaticamente. Não era ingênua ao ponto de considerar receber um tratamento justo.

– Então por que está fazendo isso ? – quis saber, num ar desesperado.

– Você não entenderia... – tentei mudar de assunto, mas Katherine não desistiria tão facilmente, estava cansada das minhas técnicas evasivas, precisava de pelo menos uma resposta franca. Talvez ela conseguisse uma, era exaustivo reprimir tudo aquilo.

– Me explique! – exigiu de forma autoritária.

– Eu sei porque eu não consigo controlar isso! – respondi de forma alterada, levantando-me da poltrona e ficando de costas para a mulher, fechei os olhos antes de prosseguir – Eu estou brava comigo o tempo inteiro, eu odiei cada momento da minha maldita vida, e quando eu finalmente amei algo, olha o que aconteceu... Eu não estava mentindo quando eu te disse que destruo tudo ao me redor, você não entende ?! Eu estou salvando vocês - falei um tanto contrariada por ela não notar a obviedade daquilo, eu fazia aquilo para salvá-los de mim. - Eu quero ser presa, eu tenho que ser responsabilizada por algo – declarei e tinha plena consciência que parecia mentalmente instável por dizer algo do tipo, mas era como eu me sentia.

– Você não se puniu o suficiente ? – Kate inqueriu num ar mais brando, forçando-me a encará-la – Você não pode mudar o passado, Skye, mas você tem um futuro brilhante a sua frente e eu te prometo, eu não vou a lugar nenhum – declarou com ternura – Eu sei o que é ser forçada a fazer coisas terríveis, a ter sangue em suas mãos, eu saí do controle do John, mas minhas memórias estão intactas e eu luto todos os dias contra o impulso de desistir, eu me agarrei ao pensamento de que eu posso fazer certo dessa vez, eu posso ajudar as pessoas... Não sei, corrigi o que eu fiz errado, você também pode – tentou me dissuadir, sem muito sucesso.

– Você estava sendo mentalmente controlada, Katherine, qual é a minha justificativa ? – indaguei com sarcasmo.

– Você foi manipulada, forçada a fazer algo contra sua vontade – respondeu sem titubear.

Dei um riso nasalado, abaixando a cabeça – Eu costumava me dizer isso também... Mas dizer uma coisa muitas vezes, não o torna verdade. Eu poderia não ter atirado, eu poderia ter fugido, não havia ninguém me ameaçando à mira de uma arma, eu não tinha motivo, eu escolhi isso. Eu o matei, não HYDRA, eu. – falei de forma neutra. Kate, como previsto, ficou sem ter o que dizer. Não a culpava, que argumento conseguiria contestar aquela premissa ? Tudo que eu disse era verdade, e mesmo que ela não quisesse admitir, Katherine sabia.

– E no que essa sua ideia vai ajudar, Skye ?! – acho que ela queria me fazer enxergar algo, possivelmente o quanto aquela ideia parecia ridícula para ela.

– Eu gosto do Ward, você deveria namorá-lo – anunciei, era inútil tentar me justificar, ninguém entenderia. A abracei, finalizando com um beijo sobre sua bochecha – Tudo vai ficar bem – a certifiquei, me afastando em seguida. Ninguém mais morreria por minha causa, ou se machucaria por minha causa, aquela era minha vez de ajudá-los.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Faço mais povs da menina Skye, or no ? Meio que ando gostando mais desse lance em primeira pessoa ultimamente.
Como eu demorei séculos pra atualizar, ficou um pouco grande, meu método de pedir desculpa. Sem previsão para o próximo capítulo, sorry, culpem minhas dp's :(



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O outro lado da moeda : Skye" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.