A Jornada do Príncipe escrita por Andy


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores! ♥
Primeiramente, mil perdões pela demora. Sei que estou postando muito tarde hoje. Mas é que essa semana aconteceu uma coisa horrível comigo. No domingo passado, eu comecei a passar muito mal e acabei sendo hospitalizada. Depois de vários exames, descobriram que eu estava desenvolvendo um quadro de apendicite, e eu precisei ser operada em caráter de emergência. Fiquei internada até quinta-feira de tarde. Agora estou em casa e estou bem melhor, mas mesmo assim ainda estou um pouquinho fraca. Por isso, não pude revisar este capítulo tantas vezes quantas geralmente faço. Espero que esteja bom mesmo assim. E é por isso também que estou postando tão tarde. Me desculpem! Mas sinceramente, eu fico feliz só de estar conseguindo postar hoje. No hospital, eu fiquei preocupada com isso. Aliás, vocês não sabem o quanto os comentários de vocês me alegraram! Enquanto estava lá, naquela cama horrorosa, sentindo dor e com febre, eu pedi o celular da minha mãe para ler os comentários de vocês. Isso me fez muito bem, eu até me senti melhor. O carinho de vocês, o entusiamo, as palhaçadas... Vocês me fizeram sorri no momento em que eu mais precisava. Obrigada! ♥
Sem mais enrolação, espero que gostem do capítulo! Não quero deixar vocês no suspense, haha! Quanto aos comentários do capítulo anterior, eu li todos e faço questão de responder, mas não sei se consigo responder todos de uma vez. Como eu disse, estou meio fraca ainda. Não aguento ficar muito tempo na frente do computador. Sejam pacientes, tá? ^^
E não se preocupem com os próximos capítulos, eu já tenho bastantes escritos. Se não atrasei essa semana, também não atraso mais, haha!
Bom capítulo! Obrigada por tudo! ♥



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Gimli!

Legolas e Madlyn correram em direção ao anão ao mesmo tempo e se ajoelharam um de cada lado dele. Legolas olhou furioso para ela:

— Afaste-se dele! — Ele puxou o arco das costas e preparou uma flecha. — Agora! — Os olhos dele ficaram vermelhos, como se ele fosse chorar, mas não havia lágrimas. — Eu não sei o que você fez com ele, mas...! — Ele não conseguiu concluir a frase.

Madlyn arregalou os olhos e se levantou, erguendo as mãos acima da cabeça e afastando-se lentamente. Olhando nos olhos de Legolas, ela não teve dúvidas de que ele atiraria, caso ela não obedecesse.

— Eu não fiz nada! Por favor, acredite em mim...

Thranduil se adiantou em direção a Eöl:

— Eu vou dizer mais uma vez... Dê o fora daqui! E leve suas malditas crias com você!

Eöl apenas sorriu sarcasticamente e levou a mão ao cabo da espada, como se estivesse pronto para lutar com Thranduil. Nesse momento, porém, os outros elfos da sala reagiram, puxando os arcos das costas, e ele pareceu mudar de ideia, deixando a mão cair.

— Legolas, por favor... Gimli precisa de nós! — Madlyn ainda suplicava.

— Ninguém precisa de você! Vá embora! — Legolas mantinha o arco pronto, mirando no meio dos olhos da elfa.

— Por favor...

— O que está esperando, Eöl? — Thranduil estreitou os olhos. — Que eu dê a ordem de tiro?

— Majestade! — Aitetauri veio correndo, seguido por Alassëa e por pelo menos mais duas dezenas de elfos, que compunham seu esquadrão.

— Nós ouvimos uma comoção. — Alassëa, com a flecha já pronta no arco, analisava o ambiente.

Thranduil apenas olhou de volta para Eöl e ergueu a mão sugestivamente, indicando que estava pronto para dar o comando. Eöl trincou os dentes, mas não se moveu. Maeglin se ergueu, levando a mão às costas para buscar o arco. Thranduil começou a abaixar a mão, e Legolas notou, pela postura dele, que o comando era para ele também. Ele encarou Madlyn com olhos assustados, e ela lhe fez uma súplica com o olhar.

— BASTA!

Legolas se sobressaltou, e a flecha sem querer escapou de seu arco. Ela passou voando por Madlyn, provocando um corte superficial em seu rosto. Ela ergueu a mão para o local, do qual um fino filete de sangue começou a escorrer. Legolas arregalou os olhos e deixou o arco cair a seus pés.

A voz imponente que tinha dado aquela ordem tinha vindo da porta. Todos, exceto Legolas e Madlyn, que ainda olhava para ele com olhos cheios de mágoa, olharam naquela direção. Uma figura muito alta, fisicamente semelhante a um elfo, mas com uma postura muito mais nobre se aproximou, envolta em uma aura dourada. Seus passos largos ecoaram por todo o pavilhão de Greenwood. Os elfos verdes imediatamente baixaram as armas e se curvaram, à exceção de Legolas, que não se moveu. Eöl e Maeglin permaneceram em pé por alguns segundos a mais, mas logo se curvaram tambérm, um pouco de má vontade.

— Basta. — Ele repetiu, numa voz grave. Depois, fez um sinal com as mãos para que os elfos se reerguessem, e eles obedeceram.

— Meu senhor Luindos, eu... — Thranduil se adiantou, falando num tom humilde que Legolas jamais esperaria ouvir do pai. Mas o arauto de Mandos* ergueu a mão para impedi-lo, e ele se calou.

— Legolas Verdefolha... — Luindos se voltou para Legolas, sorrindo. Então Legolas finalmente tirou os olhos de Madlyn, como se estivesse acordando de uma espécie de transe e olhou para ele, confuso. — Um dos pouquíssimos elfos a contemplarem a face de Mandos e retornarem para a Terra-Média! Fico feliz que tenha chegado em segurança a Tirion.

Syndel olhou para Legolas, chocada. Se ele havia visto Mandos, isso quer dizer que ele quase havia morrido na Terra-Média. Legolas ficou apenas olhando para Luindos por um momento, sem saber o que fazer. Por fim, vendo que o outro esperava uma resposta, ele pigarreou para limpar a garganta e disse, num tom baixo:

— Obrigado.

O sorriso de Luindos se ampliou.

— Creio que você não saiba quem eu sou. Muito prazer. Meu nome é Luindos. Sou o arauto de Mandos, juiz dos Valar.

Legolas arregalou os olhos e fez menção de se curvar, mas Luindos dispensou a formalidade com um gesto de mão.

— Eu estou aqui porque, você sabe, você trouxe alguns probleminhas com você...

Legolas enrijeceu e olhou brevemente para Gimli, e de volta para o Maia. Thranduil correu até ele, interpondo-se entre ele e Luindos:

— Meu senhor, por favor. Meu filho não fazia ideia do que estava fazendo, ele foi tão enganado quanto...

— Acalme-se, Thranduil, filho de Oropher. — Luindos falou, num tom calmo. — Legolas não será penalizado por nada. Afinal, ele é um herói. — Ele sorriu novamente para Legolas. E então voltou os olhos para Gimli. — É verdade que o anão é um caso... Peculiar. Nós precisamos decidir o que fazer com ele.

Legolas se moveu inquieto e se agachou para ficar junto do amigo. Discretamente, ele aproveitou a chance para pegar o arco que havia deixado cair. Luindos não deixou de notar e riu levemente.

— Não se preocupe, jovem Verdefolha! Eu não tenho a intenção de fazer mal ao mestre Gimli. Apesar de ter sido obrigado a deixá-lo nesse estado.

— Você fez isso a ele? — Legolas ignorou o olhar da mãe, que parecia lhe censurar por seu jeito de falar desrespeitoso.

— Receio que sim. Aulë pediu que Gimli permanecesse em estado de hibernação até que seu caso fosse julgado. Entenda, ele já desobedeceu às ordens de Eru antes. Ele achou que seria muita audácia permitir que um de seus filhos andasse livremente pelas terras que Eru guardou para seus Primogênitos, sem que houvesse antes um julgamento formal que lhe desse permissão para isso.** Mas Gimli não está sofrendo, não se preocupe. Quando ele despertar, estará exatamente como estava antes, talvez até melhor. Eu vim buscá-lo para levá-lo para a morada de Aulë, onde ele aguardará o julgamento.

— Não! — Legolas abraçou Gimli como uma criança abraça um brinquedo do qual não quer se separar.

Thranduil olhou para o filho, e depois para Luindos:

— Meu senhor, existe a possibilidade de Gimli ter permissão para ficar aqui conosco, em Greenwood? Eu assumo a responsabilidade por ele. — Ele fez uma mesura, formalizando a oferta.

Luindos olhou de Thranduil para Legolas, em dúvida.

— Esse anão é muito importante para você, não é, Legolas?

Legolas apenas assentiu. Luindos suspirou e fechou os olhos, franzindo a testa e levando a mão à região entre as sobrancelhas, como se estivesse se concentrando muito em um pensamento. Ele permaneceu assim por vários minutos, e Legolas aproveitou o momento para olhar melhor para Gimli. De fato, o rosto do anão estava bastante sereno, como se dormisse. Por fim, Luindos reabriu os olhos, sorrindo:

— Está bem. Gimli pode ficar aqui. Cuide bem dele, Legolas.

Legolas ensaiou um sorriso:

— Obrigado. Eu vou.

— Acredite-me, pelo que Aulë me disse, é até bom que Gimli permaneça adormecido. Ele vinha tendo umas ideias... Perigosas. — Antes que Legolas tivesse a chance de perguntar que “ideias” eram aquelas, Luindos se virou para Madlyn, fechando a cara. — No entanto... O anão é o menor dos nossos problemas aqui.

Madlyn se encolheu e Eöl se aproximou dela quase protetoramente.

— Nós estávamos nos perguntando por quanto tempo você seria capaz de continuar fugindo. — Luindos continuou. — Estamos todos curiosos... O que finalmente a fez se conscientizar e vir receber seu julgamento?

Madlyn não conseguiu evitar olhar brevemente para Legolas e Luindos seguiu seu olhar, erguendo uma sobrancelha.

— Eu creio que você saiba a gravidade dos crimes que cometeu, não é verdade?

Ela assentiu.

— Infelizmente, nós nunca tivemos um caso semelhante, e os Valar estão divididos sobre como proceder. A vontade de Eru não está clara para nenhum de nós. — Luindos começou a andar lentamente pelo pavilhão enquanto falava. Os elfos permaneceram imóveis, acompanhando-o com os olhos. — Nós precisaremos de mais tempo antes de poder decidir. — Ele sorriu ironicamente. — Ao contrário do que considero sensato, é provável que você tenha algum direito de defesa, afinal. De todo modo... — Ele se voltou para ela. — Eu vim buscá-la para que seja confinada no Palácio de Mandos, onde aguardará o julgamento, seja ele qual for.

— Se o anão permanecerá em Greenwood, então eu exijo que Erin permaneça em Nan Elmoth. — Eöl se empertigol, olhando para Luindos com firmeza.

— Como? — O arauto se voltou para ele, franzindo as sobrancelhas.

— Se um anão receberá tratamento especial, imagino que uma Primogênita de Eru tenha ainda mais direitos que ele. Erin é minha filha. E se ela será obrigada a aguardar julgamento, eu exijo que o faça em minha casa, que é o lugar dela.

Luindos o encarou. Por alguns instantes, ele se limitou a ponderar suas palavras ousadas, pensando em qual seria a melhor forma de responder.

— Eu não creio que o senhor tenha muito crédito para “exigir” qualquer coisa que seja dos Valar, Eöl Elfo-Escuro.

— Os Valar não têm nada a ver com os julgamentos proferidos pelas leis dos elfos. — Maeglin se aproximou do pai a passos largos, colocando-se protetoramente à frente de Madlyn. — Diante de Eru, nós somos todos iguais.

— E não creio que qualquer das minhas ações possa ser considerada uma ofensa aos Valar. — Eöl acrescentou.

— Mas as ações de Erin sim. Uma imensa ofensa.

— Isso ainda não foi julgado. — Maeglin replicou. — E creio, meu senhor, que faz parte da justiça de Mandos o princípio da presunção da inocência, até que seja provado o contrário?

Luindos trincou os dentes e fechou os olhos, concentrando-se para ouvir a voz de Mandos em seu coração. Desta vez, ele demorou ainda mais a falar. Enquanto isso, Madlyn se virou lentamente para olhar para Legolas de novo. Ele, que estava olhando para ela, desviou rapidamente o olhar. Ele ainda permanecia agachado ao lado de Gimli. Madlyn quis se juntar a ele, mas sabia que não tinha esse direito.

Os outros elfos olhavam em expectativa para Luindos. Os guardas de Greenwood, muito quietos, tentavam entender o que estava acontecendo. Oropher olhou discretamente para o neto. Legolas parecia prestes a se desmanchar a qualquer momento. Ele estremeceu levemente quando Luindos finalmente falou:

— Que assim seja. — Seu tom de voz foi calmo, mas pareceu alto demais ao ecoar no silêncio do pavilhão. — Mandos diz que Erin pode permanecer no pavilhão de Nan Elmoth até ser convocada para sua defesa. — Ele meneou a cabeça, parecendo decepcionado. — Esta é a primeira vez que uma decisão de meu mestre me faz questionar sua competência, se me for perdoada a expressão de minha opinião.

— E se me for permitido exercer a autoridade que aqui me cabe... — Thranduil iniciou, com sua voz grave. — Eu exijo que Nan Elmoth se retire do meu pavilhão imediatamente, senão eu me verei obrigado a utilizar a força. — Com um gesto de cabeça, ele deu o comando aos guardas, que imediatamente prepararam seus arcos.

— Justo. — Luindos sorriu levemente para ele.

Eöl cerrou os dentes e se voltou para Madlyn, pondo as mãos em seus ombros. Sem muita delicadeza, ele começou a empurrá-la em direção à saída do pavilhão.

— Maeglin. — Chamou, num tom ríspido. O filho o seguiu sem questionar.

— Legolas! — Madlyn tentou se virar, estendendo a mão na direção do elfo, mas Eöl a puxou de volta com um movimento brusco.

Legolas não olhou enquanto os três elfos-escuros se retiravam. Quando eles enfim desapareceram de vista, Luindos suspirou, parecendo cansado. Ele respirou fundo e se voltou para Thranduil:

— Mil perdões por esta cena. Nós precisávamos agir rápido, entenda. Há muitos anos que estávamos esperando que Erin aparecesse para pagar por seus crimes.

— Entendo perfeitamente.

— Nesse caso, acho que por ora meu trabalho está feito. Vamos torcer para que os Valar sejam sensatos em suas decisões.

Ele se voltou em direção à porta, e estava a alguns passos do corredor quando Legolas chamou:

— Espere!

Luindos se virou para olhar para ele novamente.

— Quando será o julgamento... De Gimli?

O arauto sorriu gentilmente.

— Creio que não deve demorar muito, meu jovem. Talvez alguns dias, se alguns dos Valar forem demasiado teimosos, como imagino que serão.

Legolas engoliu em seco e se levantou, empertigando-se.

— Se... Se de fato eles forem... Teimosos. — Ele se calou, hesitando.

— Sim?

— Eu quero que leve uma mensagem a Mandos... Por favor.

Luindos esperou, olhando para ele.

— Diga a ele que se não houver lugar para Gimli em Aman, então eu abdico do meu lugar também.

— Legolas! — Syndel estendeu a mão para o filho, mas Thranduil a segurou. Ele também olhava chocado para Legolas.

— Diga a ele que se Gimli não puder ficar aqui, então eu quero ser enviado de volta à Terra-Média com ele. — Ele olhou nos olhos de Luindos, para que não pudesse haver dúvidas a respeito de sua decisão. — E, lá, desejo morrer como um homem mortal, quando ele partir.

Luindos abriu um largo e caloroso sorriso e fez uma breve reverência.

— Seus sentimentos são nobres, Mestre Verdefolha. Eu garanto que sua mensagem será devidamente transmitida a meu mestre.

— Obrigado.

O arauto fez mais uma reverência e se retirou.


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Notas finais do capítulo

*Mandos, relembrando, é o juiz dos Valar. Como os Valar raramente entram em contato direto com os elfos, é comundo que eles tenham arautos, isto é, mensageiros, que falam e por vezes lutam em seu nome. Em “A Razão do Rei”, no epílogo, eu criei essa personagem, Luindos, que seria o arauto de Mandos. Em “O Silmarillion”, se não me engano, apenas o arauto de Manwë, o maior dos Valar, aparece. Os arautos são Maiar, uma espécie de "Valar” inferiores.

**Aulë, o ferreiro, é um dos Valar. Segundo consta em “O Silmarillion”, foi Aulë quem criou os anões. Aulë havia visto nos pensamentos de Eru, Pai de Todos, que um dia os elfos e os homens, filhos de Eru, viriam à Terra-Média. E Aulë, como todos os Valar, amava os filhos de Eru mais do que tudo, e estava ansioso por sua vinda. Porém Eru não havia deixado que os Valar vissem QUANDO seus filhos finalmente chegariam, e Aulë começou a ficar impaciente. Então, como ele conhecia os pensamentos de Eru e sabia como seriam os elfos, ele decidiu criar, com barro e pedras, sua própria versão dos filhos de Eru. Mas Aulë era um ferreiro. Suas mãos eram boas para criar montanhas e formações rochosas, mas não possuíam a delicadeza necessária para criar algo tão perfeito quanto os elfos... E assim surgiram os anões. Literalmente cópias malfeitas da imagem dos elfos que habitava o pensamento de Eru. Quando Eru soube o que Aulë havia feito, ficou furioso. Aulë então quis destruir os anões, mas Eru se apiedou deles e ordenou que Aulë apenas os deixasse em estado de hibernação debaixo da terra até que os elfos surgissem na Terra-Média, de forma que os filhos de Aulë não teriam o privilégio de caminhar por lá antes dos Primogênitos. Além disso, Eru determinou que haveria uma divergência eterna entre os anões e os elfos. E foi assim que surgiu a famosa rivalidade entre as duas raças. Nesse trecho, portanto, Gimli tornou ao estado de hibernação em que seus ancestrais ficaram antes de os elfos surgirem na Terra-Média para que os anões fossem finalmente libertados por Aulë.