Recomeçando - Peeta e Katniss escrita por Zoey


Capítulo 8
A Capital.


Notas iniciais do capítulo

_|||_

Oi gente!

Eu quero agradecer imensamente a Jamiles Eaton por ter recomendado a fic. Jamiles, muito obrigada! Eu fiquei muito feliz! :)
Também quero agradecer a todos os comentários de vocês. Muito obrigado gente, eles são muito importantes para mim.
Bem...
Pessoal eu acabei escrevendo muito novamente e tive que cortar algumas coisas, mas n tirei muito para não ficar desfocado. Mas ele continuou grande e deixei assim mesmo.
Eu não postei antes pq uma virose chata me pegou de jeito. Tô parecendo um zumbi de The WalKing dead.
Mas enfim...
Espero que gostem. :)



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Sento sobre os meus calcanhares para descansar um pouco e fecho os meus olhos para sentir a brisa fria da manhã tocar o meu rosto. O vento sopra entre as árvores do Meadow, fazendo uivos tristes chegarem até os meus ouvidos. Com um pouco de esforco levanto do chão e passo o meu braço nos meus olhos para enxugar o suor que ainda escorre da minha caminhada na floresta. Me abaixo e pego o meu arco e os meus dois esquilos que estão sobre as pedras. Sair cedo para a floresta tem as suas vantagens, mas depois de algumas horas caçando o meu corpo só pede por mais um pouco de sossego. É hora de voltar para casa.

Quando volto para a vila me surpreendo por ver Peeta sentado no sofa, ele costuma esta na padaria esse horário. Eu olho para o seu rosto e ele esta completamente distraído, perdido em seus próprios pensamentos. Eu vejo sobre a sua face uma sombra de tristeza, que me deixa preocupada. Será que algo ruim aconteceu? O pensamento me faz arrepiar e Peeta sobressalta quando ele percebe a minha presença.

—Katniss?

—Oi. - Respondo desconfiada.

Peeta esta ansioso, eu posso sentir . Ele me olha em silêncio apertando uma mão na outra e eu observo o seu gesto nervoso. Peeta não consegue esconder alguma coisa por muito tempo de mim. Depois de cinco anos juntos, nao importa qual bom mentiroso ele possa ser, eu conheço Peeta até estando do avesso.

—Aconteceu alguma coisa Peeta?

Peeta arregala um pouco os olhos e antes que ele possa me responder, uma agitação na cozinha chama a minha atenção. Quando giro a minha cabeça vejo Haymitch em pé, olhando para mim. Sua expressão também não me agrada, o que me deixa ainda mais preocupada.

—Ora, veja quem chegou! Se junte a nossa festa privada queridinha - Haymitch diz segurando uma garrafa cheia de whisky .

— Eu quero saber o que está acontecendo. - Exijo aos dois.

Haymitch enche um copo e caminha em minha direção. Ele se abaixa, então os nossos olhos acabam ficando na mesma altura.

—Vamos todos passear docinho. É isso o que esta acontecendo. - Ele diz me deixando doente com o hálito forte de álcool.

—Passear? - Pergunto confusa.

Peeta suspira e passa a mão pelo cabelo.

—A presidente Paylor ligou para Haymitch, Katniss. Ela quer todos os vencedores para um jantar amanhã na capital.

O que?!

Eu corro os meu os olhos de Peeta para Haymitch. O que significa isso?

—Por que? E que jantar é esse? - Continuo perguntando atras de respostas e todos os meus nervos começam à tremer.

Haymitch me olha com desgosto.

—Eu não sei. Eu sei que é obrigatório a nossa presença. E tem mais, vamos ter que pegar o trem ainda hoje.- Ele responde.

Hoje?

Eu sinto as minhas pernas fraquejarem e o meu coração começa a palpitar. O que a presidente Paylor pode querer? Eu não quero ir para à capital e nem Peeta esta preparado para isso, vai ser um pesadelo para nos dois.

— Eu e Peeta não vamos. Ela não pode decidir isso da noite para o dia e exigir a nossa presença - Digo nervosa.

Haymitch me olha fazendo uma linha fina com os lábios .

—Vai ter que ir mesmo não querendo queridinha.- Ele respira fundo.- Paylor não decidiu da noite para o dia como você disse. E hoje não foi a primeira vez que ela ligou , eu já sabia desde a semana passada, a uns cinco dias atrás.

Cinco dias atrás. Ele sabia a cinco dias atrás. As últimas palavras ficam ecoando na minha cabeça. Eu olho sem acreditar e pisco os meus olhos um par de vezes para Haymitch.

—Cinco dias e você só nos conta hoje?! - Berro.

Haymitch da de ombros e eu fecho os meus olhos para tentar controlar o meu temperamento que esta por um fio, mas a voz de Peeta me obriga a abri-los novamente.

—Porque você escondeu isso da gente Haymitch? - Peeta grita furioso.

Haymitch bate o fundo da garrafa sobre a mesa me fazendo pular. E seus olhos estao nos fuzilando. Agora ele está zangado.

—Podem tratar de se acalmar os dois e parem de fazer tantas perguntas! Eu não falei antes porque achei que poderíamos nos livrar dessa, mas Paylor faz questão da nossa presença. - Haymitch toma um gole direto da garrafa. - Vocês acham que eu gosto de ir para à capital? Não meus queridos, eu não gosto! Eu fui obrigado à acompanhar várias crianças para a morte todos esses anos. Conversei com elas, jantei com elas sabendo qual seria o destino que teriam. Como vocês dois eu também só tenho lembranças ruins daquele lugar. - Haymitch grita.
Ele anda por nós dois e atravessa à sala parando na porta.

—Se arrumem. Meio dia passo aqui para irmos para a estação. - Ele fala e vai embora.

Quando a porta se fecha atrás de mim, o meu peito começa a doer e quando olho para Peeta ele tem a cabeça sobre as mãos. Ele esta assustado, com certeza temendo ter alguma memoria enquanto estivermos lá. Eu caminho ate ele e me abaixo na sua frente. Ele olha para mim.

—Ei, vai ficar tudo bem. Não se preocupe.

Peeta suspira.

—Eu estou com medo de acabar tendo uma recaida. Eu não quero sentir aquelas sensações novamente Katniss. -Peeta toca o meu rosto.- Tenho tanto medo de machucar você de alguma maneira.

Ele olha fundo nos meus olhos e eu posso sentir cada centímetro do seu medo e da sua dor. Preciso tranquiliza-lo. Então, devagar eu me aproximo do seu rosto e encosto a minha testa junto a dele.

—Escuta, vamos ver o que Paylor quer e voltaremos logo para casa. Qualquer coisa que você sentir chamaremos o Dr. Aurélius. Não vou deixar nada acontecer com você Peeta. Eu prometo.

Peeta me abraça apertando os seus lábios no meu pescoço. O seu cheiro e o seu toque me fazem tão bem, que eu nao quero ser a primeira a me afastar. Só quero está aqui, nos seus braços e acalmar a minha angústia.

—Eu preciso tanto de você . - Ele sussura .

—Eu também preciso de você Peeta - Faço uma pausa.- Mas do que você imagina. - Digo e deixo as lagrimas fluírem dos meus olhos. Eu não posso deixar Peeta perceber o quanto estou aflita, isso só faria ele se sentir pior. Por Peeta, tenho que manter o controle.

Na hora marcada Haymitch passa em casa, e segurando forte a mão de Peeta seguimos todos em silencio para a estação. As 12:30 em ponto, o trem parte. Peeta e eu decidimos ficar no meu antigo quarto de tributo, ja que estamos acostumados a ele. Enquanto Haymitch decide cochilar no seu já conhecido aposento, aproveitando ao máximo à luz do dia. Já que para ele a noite é escura de mais para se dormir.

As seis e meia somos chamados para jantar. Quando sentamos a mesa, Haymitch explica que o trem também pegará Beetee, Enobria e Johanna. E só veremos Annie na capital, já que ela é o filho estão sobre a custódia da presidente Paylor. Depois de tudo o que passou, Annie não teve condições emocionais e psicológicas para criar uma criança sozinha. Sem Finnick, a ajuda de Paylor tem sido essencial .
Um funcionário da capital entra trazendo as nossas refeições, e me distraio da conversa de Haymitch. Fico satisfeita quando vejo os pratos de comida. Afinal depois de tantas preocupações em um dia, comer vai me fazer muito bem.
Já alimentados, Peeta pega a minha mão e me leva para a sala de estar. Eu preferiria ir para o quarto e dormir, mas Peeta está sem sono e inquieto entao deito no seu colo e ficamos conversando enquanto ele brinca com os fios do meu cabelo. Eu fico tão relaxada com seu toque que o cansaço me vence e adormeço.
Quando o trem para na estação, Peeta me acorda e avisa que ja estamos no distrito sete. Ainda atordoada do sono, passo a mão no meu rosto e me sento no sofá. E nos viramos juntos, olhando para a entrada quando a voz de Johanna ecoa por todo o vagão.

—"Droga! Será que nem depois de Snow morto a capital vai me deixar em paz! Que inferno! " - A voz de Johanna ecoa.

—É incrível como Johanna consegue ser discreta.- Murmuro e Peeta balança a cabeça rindo.

Em questão de segundos ela surge na porta e fica nos observando com seus imensos olhos castanhos. Eles pulam do meu rosto para o de Peeta. Ela parece bem.Johanna não esta mais com a aparência esquelética que tinha quando nos encontramos da ultima vez. Sua pele está corada e os seus cabelos estão do mesmo modo que ela usava no quarter quell. Johanna voltou a ser Johanna.

—Vejam só, os meus velhos companheiros de guerra. -Johanna diz se sentando ao meu lado e joga as pernas longas sobre a mesa de canto.

—Você parece muito bem Johanna. - Eu digo.

—Você também não está nada mal! - Ela responde me olhando. - E aí , como está a vida de casados? Já enjoaram de olhar tanto um a cara do outro?

Peeta olha para mim e sorrir.

— Quando a gente amar, não tem como enjoar Johanna. - Peeta responde segurando a minha mão.

Johanna franze as sobrancelhas.

—Ah, fala sério vocês dois. Quanta melaçao. -Ela faz uma careta.- E o que a presidente Paylor quer com a gente afinal?

—Só vamos saber quando chegarmos na capital. - Peeta Murmura.

Johanna torce a boca em desgosto.

—Hipócritas malditos. Odeio tudo o que envolve a capital. - Diz Johanna. -E Annie ainda esta na capital?

—Até onde nos informaram, ela esta.- Respondo.

Ela vira os olhos e olha para Peeta.

— E você Peeta ? Mesmo depois de casado ainda tenta arrancar a cabeça de Katniss?

Peeta fica estático sem nem ao menos piscar, e todo o meu rosto começa a queimar.Eu olho para Johanna e uma pancada de ódio me atinge. Sim, ódio, muito ódio e uma vontade descontrolada de soca-lá. Mas me lembro de Peeta, e quando me viro para ele os seus olhos estão desolados.

—Eu poderia ter passado a noite sem essa Johanna. - Peeta fala triste. - Bem, acho melhor eu me deitar Katniss. -Ele murmura e caminha para fora do vagão.

—O que eu disse de mais? - Ela se defende.

Olho com desprezo para Johanna e corro atrás de Peeta. Enquanto passo pela porta encontro Haymitch vindo em minha direção.

—O que Peeta tem? - Ele pergunta.

Eu aponto para a porta do vagão.

—Johanna e a sua língua defeituosa. - Digo e Haymitch levanta as sobrancelhas. Eu deixo ele e sigo para o quarto.

Quando entro Peeta está deitado de costas, olhando para o teto. Eu me aproximo e subo na cama, deitando ao seu lado.

—Você está bem? - Pergunto preocupada.

—Eu não sei. - Ele murmura me puxando para os seus braços e beija o meu cabelo. -Essa viagem está mexendo muito comigo. Estou aflito.

Levanto o rosto para olhar os seus olhos.

—Ignore a Johanna. É uma desmiolada que não filtra uma palavra que saí daquela boca.

—Eu sei, não estou chateado com ela. Mas esse assunto me machuca. Eu só queria que chegasse o dia em que esses flash back desaparecessem para sempre, Katniss. Tentar ter uma vida normal.

Eu também, penso comigo mesma. Mas a verdade é que nunca teremos uma vida normal, não depois do que passamos.Mas eu queria encontrar uma maneira de tirar esse sofrimento e esse medo que fazem Peeta ficar tao vulnerável, mas como?
Eu sinto o meu rosto úmido. E de repente sou tomada por uma necessidade desesperada de ter os seus braços mas apertados em volta de mim. Então eu aperto Peeta contra o meu corpo e encosto a minha cabeça sobre o seu peito.

—Obrigado por não desistir de mim. É só por você que eu tento melhorar a cada dia. Você é tudo o que eu tenho, Katniss.

Enxugo os meus olhos e olho para o seu rosto.

—Eu sou sua mulher, nunca vou desistir você. - Murmuro e ele finalmente sorri.

—Estou tao sobrecarregado. -Ele susurra triste.

Eu beijo os seus lábios.

—Vamos dormir. O dia hoje foi longo e amanhã promete o dobro. - Eu digo.

Peeta balança a cabeça confirmando.

—Boa noite senhora Mellark.

Sorrio.

—Boa noite senhor Mellark. -Digo e ele rir novamente, o que me deixa feliz.

Peeta volta a me envolver em seus braços e afunda o nariz no meu cabelo. Eu fecho os meus olhos e me entrego em um sono profundo ao lado do meu garoto assustado.

Não! Meu grito ecoa nas paredes do quarto e me acorda de mais um pesadelo. Estou sufocada e o ar falta em meus pulmões. As lembranças do pesadelo assombram a minha mente e sinto todo o meu corpo arrepiar. Estávamos na arena e um pássaro gigante aparecia e encravava seu bico afiado no coração de Peeta, e ele morria em meus braços. A lembrança me estremece, abraço as minhas pernas e coloco a cabeça no meu joelho. Só foi um pesadelo Katniss. Eu repito.

Quando olho para o lado a cama esta vazia, corro os meus olhos para o relógio em cima da cômoda e já passam das oito. Tomo um banho rápido e visto a primeira roupa que encontro na bolsa. Pronta, caminho pelo trem a procura de Peeta. Quando entro no vagão restaurante encontro todos reunidos. Todos sentados a mesa tomando café da manha, inclusive Beetee e Enobaria. Provavelmente embarcaram durante a madruga. Peeta sorrir quando me ver e puxa a cadeira vazia que está ao seu lado e me serve um xícara de chocolate quente .

—Você estava dormindo tão profundamente que não quis acorda-la. -Peeta sussurra e me beija.

—Tudo bem. - Toco o seu rosto com a ponta dos dedos e ve-lo bem faz o meu coração se tranquilizar. Mesmo sabendo que só foi um pesadelo ainda consigo sentir todo o pânico.

Eu tomo um gole do chocolate quente e volto a olhar ao redor da sala e os meus olhos param em Beetee que esta sentado a umas três cadeiras distante de mim. Ele esboça um sorriso e eu retribuo. Eu sei que Beetee é um homem de espirito bom. Gosto dele, mas não consigo evitar que as lembranças me assombrem, principalmente quando estamos todos indo para a capital. Eu não gosto de me sentir assim, mas mudar isso é praticamente impossível. E a ligação entre Gale, Beetee e as bombas estarão marcadas para sempre em mim.

—Oh, criatura! Acorda! -Johanna grita, estalando os dedos na minha frente.

Eu me assusto.

—O que você quer? - Respondo, curta e grossa.

Olho para o seu rosto esperando uma expressão sarcástica , mas ela me encara firmemente com os braços dobrados sobre a mesa.

—Olha garota, gentileza nunca foi a minha praia, mas Haymitch puxou a minha orelha. Não que eu me importe com isso, mas Peeta é meu companheiro então... eu conversei com ele sobre ontem. - Retruca Johanna.

Levanto as minhas sobrancelhas surpresa. E quando olho para Peeta ele confirma balançando a cabeça.

— Acho que o medico de cabeça fez algum progresso afinal. - Digo sem acreditar.

Johanna estreita os olhos para mim.

—Aquele estupido? Na me faca rir! -Ela gargalha e em seguida fica seria. -Não vá se acostumando não, e gora ja chega com essa história porquê já ficou chato. - Ela murmura e sai da mesa.

Eu fico embasbacada encarando a porta que ainda balança pela passagem de Johanna e sem acreditar no que acabou de acontecer sacudo a minha cabeça e término o meu chocolate.Eu só posso está realmente ficando louca.


O trem finalmente começa a diminuir a velocidade e não demorou muito para as primeiras imagens da capital surgirem pelas janelas. Peeta segurou a minha mão e quando descemos na estação fomos recebidos pela nova secretaria da Presidente Paylor, Alba. Ela nos levou diretamente para a mansão e nos acomodou cada um em nossos devidos quartos. Na hora do jantar, Peeta e eu fomos levados por um funcionário ate os corredores e deixados em uma imensa sala de jantar.
Assim que entrei, olhei em volta a procura de Haymitch, mas não o encontrei. Ele e Annie ainda não tinha chegado. Beetee e Enobaria que ja estavam sentados a mesa me cumprimentaram com um aceno de cabeça, enquanto Johanna andava de um lado para o outro dentro da sala como um animal enjaulado. Ela estava inquieta e a sua agitação começou a ter efeitos negativos sobre mim. E para piorar, um cheiro doce e repugnante de rosas invadiu as minhas narinas fazendo todo o meu corpo queimar em ânsia. Institivamente os meus olhos correm pela sala até encontrar o maldito foco. No canto da parede um gigantesco vaso cheios de rosas brancas e vermelhas enfeitavam o ambiente. O meu coração começou a pular e um pânico descontrolado tentou me dominar de todas as maneiras. E sobre um grande esforço mental tentei manter o controle por Peeta. Fechei os meus olhos para me desligar daquele momento, mas os gritos de Johanna que começaram a ecoar em volta de mim fizeram dessa uma missão verdadeiramente impossível.

—Imagina a cara de Snow se ele visse a gente jantando aqui na sala dele - Johanna rir e grita. -Snow, fantasma do inferno! Apareça para mim, quero rir de sua cara maldito! - Johanna berrava com as mãos em forma de concha sobre a boca.

—Louca, cala essa boca! -Enobaria gritou .

Johanna se virou como um cão selvagem e pulou sobre Enobaria, mas Haymitch entrou na sala a tempo e agarrou Johanna pela cintura.

—Eu vou pegar você e te mostrar quem é a louca sua cara de serrote. - Johanna grita furiosa se debatendo nos braços de Haymitch.

—Chega Johanna! -Haymitch grita.

Johanna olha como um bestante prestes a devorar Enobaria, mas por alguma força desconhecida ela se acalma e Haymitch a salta. E de repente algo inacreditável acontece. A porta se abre, e um pequeno furacão de cabelos cor de bronze, e menos de um metro e meio de altura entra correndo pela sala e para bem na frente de Peeta. Os seus astutos olhos verde-mar correm para o meu rosto e eu fico paralisada. Reconheceria esses olhos em qualquer lugar. Finnick. Só pode ser o filho de Finnick.

Peeta se aproxima dele e afaga o cabelo cor de bronze e ele corre direto para os seus braços. Peeta sorrir e beija a cabeça do menininho. Eu olho para ele.O homem ansioso e aflito que estava aqui ate poucos segundo atrás simplesmente desapareceu. E um Peeta sorridente e feliz surgiu do nada e esta aqui bem na minha frente. Toda a angustia evaporou quando ele viu o menino.

Quando eu vejo essa cena a realidade bate na minha cara. Peeta precisa de uma criança ao lado dele, isso é óbvio. Vai ser essencial para a sua recuperação ser completa. Peeta precisa ser pai e eu estou privando ele desse benefício, porque não vou poder lhe da esse filho. Eu nunca vou colocar um criança nesse mundo. O chão falta aos meus pés e lagrimas queimam os meus olhos prontas para descerem. Todos se aproximam para brincar com o pequeno. Tenho que admitir que é incrível a sua semelhança com Finnick e pelas minhas contas ele deve esta na faixa de seus cinco anos.Ate Johanna sede aos encantos do lindo menino que já possui o encantamento natural do seu pai, meu amigo.

Alba, a secretaria da presidente Paylor entra na sala e sorrir quando ver o pequeno Finnick.

—Ai esta você, vamos querido está na hora de dormir. Me desculpem ele fugiu do quarto.

— Tia Alba! - O pequeno Finnick diz com a sua voz de criancinha e corre para os bracos da secretaria de Paylor.

—É o filho de Finnick Odair, não é mesmo? - Peeta pergunta a Alba.

Ela sorrir.

— Sim, esse anjo lindo é o filho de Finnick e Annie. -Ela se vira para a criança. -Vamos meu amor?- Ela volta a nos olhar. - A presidente Paylor se juntara em breve a vocês. Com licença. - Alba diz e fecha a porta.

—O filho de Finnick é lindo. - Johanna murmura.

— Que pena que ele não teve a chance de conhecer o próprio filho. Tiraram dele esse direito da forma mas cruel. -Peeta diz e caminha triste ate a janela.

Eu fico calada, não consigo dizer nada. As palavras travam na minha garganta e todos os meu momentos de cumplicidade com Finnick passam pela minha mente. As nossas conversas, seus olhos que me encantavam, seu carisma, seu jeito sedutor , a sua determinação. Tudo ficou na lembrança. Nunca mais verei o meu amigo e nem vou rir de suas brincadeiras bobas.

A porta da sala se abre novamente e tento me recompor quando a presidente Paylor entra acompanhada de sua equipe.

— Boa noite. Desculpem a demora, se sentem por favor. - Paylor diz. - Infelizmente, Annie Cresta não poderá se junta a nos hoje.

—Ela esta bem? - Peeta pergunta preocupado.

—Fisicamente ela está ótima, nossa maior dificuldade é a sua saúde mental. As vezes a mente dela se torna um abismo profundo. E para traze-la de volta requer muito esforço de todos. -A presidente Paylor diz.

Só Finnick tinha o dom de trazer Annie de volta em segundos. Penso triste. Peeta assente com a cabeça e se senta em uma cadeira ao meu lado, sem olhar para mim. Eu mordo o interior do meu lábio tentando da algum rumo a minha mente inquieta e começo a olhar os nós dos meus dedos que estão sobre a mesa. Eu olho de canto para Peeta, e o seu silêncio começa a me assustar. Peeta não esta bem.

A presidente Paylor pede a nossa atenção e todos param para escuta - lá.

—Eu quero agradecer a presença de todos vocês aqui hoje. Eu sei que vocês prefeririam não esta aqui, mas espero que compreendam que foi por um motivo de forca maior. Uma boa causa em memoria de todos que lutaram por suas liberdades e a liberdade de toda Panem. -Paylor diz e Johanna interrompe.

—Eu não tenho problema nenhum em esta aqui. E adoraria que Snow vivesse de novo, mas só por um minuto. Queria ter o prazer de ver aquela cara de coruja assistindo a gente reunidos mais uma vez na mansão dele. - Johanna rosna.

Todos presentes na sala se viram para Johanna, e a presidente Paylor atira um olhar de desaprovação para ela.

—A senhorita Mason já terminou? - Pergunta Paylor.

—Ah, claro, pode continuar . - Responde Johanna.

Paylor decide ignorar Johanna e volta sua a tenção ao resto de nós.

— Como eu estava dizendo, a algum tempo estamos planejando criar memoriais em homenagem a todos que perderam as suas vidas na guerra. Minha ideia principal é criar memoriais em cada distrito. Cada distrito terá como homenageado todos os seus vencedores participantes dos jogos vorazes e eles assim representarão cada pessoa que também perdeu sua vida lutando por dias melhores. E aqui na capital também será erguido uma copia de todos os memoriais presentes nos distritos. Todos serão eternizados. Isso é o que eu quero. São planos que eu queria a aprovação de cada um de vocês para serem concretizados.

— E por que precisa da nossa aprovação? - Pergunta Enobria.

— Vocês sao símbolo da força e merecem o respeito e a admiração de todos.-Paylor sorrir.- Também quero anunciar que todas as arenas serão destruídas.

As arenas destruidas.

Eu posso ver as expressões de surpresa no rosto de todos.Felizes? chocados? aliviados? Não posso dizer o que eles estão pensando, porque todos ficaram calados, mas saboreio as palavras da presidente Paylor. As arenas destruidas. Finalmente as arenas serão destruidas. Depois de tanto sangue inocente derramado o pesadelo chegou ao fim.
Será mesmo que chegou ao fim? Mas até quando? Quem nos garante que o próximo governante depois de Paylor não será sanguinário como Snow. E se ele decidir construir novas arenas e os dias negros voltarem? Essa é a realidade. Nunca temos garantia do amanhã. Nunca teremos a garantia de paz.
Mas assim é decidido, os memoriais serão em breve erguidos e as arenas destruidas. Quando finalmente recuperam a voz, Beetee começa a expor para Paylor sobre suas novas obras tecnologicas que irão favorecer ainda mais cada distrito. Eu não consigo prestar atenção direito no resto do assunto, minha mente esta agora completamente voltada para Peeta que não tocou no jantar. Eu posso sentir Haymitch me observando, ele já percebeu o comportamento de Peeta e também está preocupado.

—Peeta você está bem? - Pergunto com a voz mais baixa do que eu queria.

Peeta não me olha. Ele fixa os olhos o tempo inteiro no prato intocado, mas os seus lábios se movem.

—Katniss, eu vou para o quarto. Por favor fique aqui.

A voz de Peeta é embargada. E abruptamente ele levanta da mesa, me assustando.

— Me perdoem, mas não me sinto muito bem. - Ele diz em uma voz quase inaudível e sai em passos largos fora da sala.

E o meu coração se despedaça.

Já com os olhos em lágrimas levanto da mesa e corro atrás de Peeta. Todos me olham assustados, mas não me importo.

—Katniss! - Johanna grita.

—Não, Johanna. Ela sabe o que fazer. - Haymitch murmura e é a ultima coisa que escuto antes de atravessar a porta.
Corro pelo corredor, mas não vejo sinal de Peeta. Se ele não foi para o quarto como vou encontra-lo nesse lugar monstruoso?! Coloco as minhas mãos sobre a minha cabeça em um gesto desesperado. Eu preciso encontra-lo. Seguindo os meus extintos corro para o quarto e suspiro pesadamente soltando os meus ombros antes de abrir a porta e entrar.

E la esta o meu garoto assustado, curvado, tremendo o seu corpo inteiro e suas mãos agarradas a uma cadeira.

—Nao! -Eu grito entre minhas lagrimas.

—Saia, Katniss! -Ele rosna para mim.

Eu corro em direção a Peeta e o abraço por trás, formando um x apertado com os meus braços sobre o seu peito e encosto minha cabeça nas suas costas.Seu corpo treme sobre os meus braços, mas aos poucos toda tensão vai indo embora. E sinto ele relaxar. De repente pingos mornos vão caindo sobre os meus braços. Peeta esta chorando.

Ele se vira devagar e fica frente a frente comigo. Eu afasto o cabelo loiro e úmido de sua testa e limpo o suor dos seus olhos.

—Por que você ficou Katniss? Eu mandei você sair. -Ele diz com a voz cansada.

— Eu já disse que não vou deixar você. Não me importa o que você fale.

Ele fica em silêncio e me abraça contra o seu peito. A sensação dos seus braços em volta de mim me adormece e ficamos assim, sem ter pressa de nos separar. Depois de algum tempo pego a mao de Peeta e o guio para cama. Nós deitamos e ele me rodeia com os braços por trás e beija o meu cabelo.

—Amanhã estaremos em casa. - Eu digo apertando os seus bracos contra o meu peito.

— Amanhã. - Peeta repete.

Peeta finalmente relaxa e sinto a sua respiração pesar. Ele dormiu. E dormir para mim está fora de questão. Eu viro o meu rosto para olha - lo e Peeta começa a se mexer, mas não acorda. E com cuidado para não balançar a cama, levanto e caminho ate a janela. Cruzo os meus braços olhando para cima, para o céu cinzento da Capital. Odeio esse lugar com todas as minhas forças, mas definitivamente não quero pensar sobre isso agora, e sim em algo que esta me correndo desde cedo. O que vou fazer quando Peeta realmente querer um filho? Eu vi sua reação e o efeito que o filho de Finnick teve sobre ele. Eu não quero ser egoísta e tirar isso de Peeta, mas também não vou poder lhe da essa felicidade. Então, o que vai acontecer? Depois de tudo eu vou perde-lo? Sera esse o meu futuro?

As lágrimas me visitam novamente e Finnick vem a minha mente tambem. Ele morreu sem nem ao menos saber que seria pai. Ele ficaria tao feliz se estivesse aqui. Ele, Annie e o seu menino. Mas Finnick nunca conhecera o seu filho. Nunca mais pegara não mão de Annie e a tranquilizara depois de uma crise. Nunca mais. Annie e o seu filho estão sozinhos.
E é isso que me apavora.

Se eu aceitar ter um filho e a guerra voltar? O que vou fazer? Se eu perder Peeta ou levarem um filho meu? Eu não vou aguentar. Eu não vou suportar passar por isso.

Eu viro e olho para Peeta dormindo, e me lembro de como estamos todos marcados com traumas e sequelas. Nenhuma criança merece uma vida dessas, nunca teremos uma vida normal. Snow fez questão de deixar a sua marca de terror nas nossas almas permanentemente.

E não tem como mudar isso.

A arena nos desordenou para sempre.


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Notas finais do capítulo

Vocês perceberam que tem uma passagem de tempo no capítulo? Eu coloquei na fala de Katniss, logo no início.
Então foi isso.
Comentem por favor! Digam o que acharam. Eu fico muito feliz quando vocês falam suas opiniões.
Fantasminhas cadê vocês?
Apareçam!
Gente é isso, comentem mesmo que não tenham gostado. Por favor!
Muita luz para vocês!
Beijaoooooo ;)