A Rainha do Egito escrita por Lumina


Capítulo 2
Águas do Nilo


Notas iniciais do capítulo

Oi oi!

Capítulo novinho procês! Pensei que não fosse postar tão cedo, mãs... Ledo engano. Não consigo me conter. ^-^'
Espero que vocês gostem de lê-lo!

Um beijo!

E, claro, boa leitura. ♥



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A luz refletia nas águas do Rio Nilo. Joquebede, com água até a cintura, ainda mantinha as mãos estendidas, com o espaço de onde estivera o cestinho de junco entre elas momentos antes. Soluço. As lágrimas lhe escorriam pelo rosto enquanto o corpo parecia querer ceder, mas o espírito e a fé se mantinham firmes como uma rocha.

– Cuide dele, meu Deus... Cuide dele - ela susurrou em prece ao fitar os céus, erguendo as mãos - A vida do meu filho a ti pertence. Sempre pertenceu.

Os gritos distantes vindos da vila, ao sul, a alarmaram. Ela se virou.

Miriã, sua filhinha, ainda estava escondida entre a abundante vegetação que crescia próxima ao rio. Joquebede se aproximou, saindo da água.

– Venha, minha querida - ela se dirigiu à menina, pegando-a pela mão - Temos que nos apressar.

E realmente tinham. Não faltava muito para que os soldados do faraó se dirigissem ao Nilo para dar continuidade ao seu propósito sombrio. Logo mais, sob as ordens de Seti I, o senhor do Alto e do Baixo Egito, milhares de meninos hebreus perderiam suas vidas nas águas, atirados ao rio como forma de evitar uma futura rebelião de escravos.

O pranto ao longe pareceu aumentar, fazendo com que o coração de Joquebede pesasse. Ela apertou a mão de Miriã e, ainda com os pensamentos voltados para pequeno cesto levado pela correnteza, correu sem olhar para trás.

~

Naquelas mesmas águas, no momento em que o disco luminoso de Rá descia no horizonte e o tingia com os mais lindos tons de dourado, a princesa Teti se refrescava, pensativa. Enquanto Anippe, sua dama de companhia, falava sobre os mais diversos assuntos para distraí-la, sua mente estava distante. Ela se sentia entorpecida.

Aqueles foram dias difíceis, não havia como negar. E por mais que o assunto não lhe dissesse diretamente respeito, seu coração apertava quando as memórias afloravam. Teti sentia profundamente a falta de Aziza, sua amiga e primeira dama de companhia, que dias atrás partira para os braços de Anúbis devido a uma grave doença.

Aziza, que era lépida e radiante, deixara em vida um saudoso marido e uma filha ainda pequena. O coração da princesa doía por ambos. Zaid, o viúvo, era o sacerdote do palácio e um homem de bem, tão brilhante em seu ofício que aprazia o próprio rei. Era também um pai amoroso e se esforçava a cada dia para que Nefertari, sua filha, tivesse uma vida plena e feliz. A menina, por sua vez, era uma criança adorável e muitas mulheres do harém sentiam verdadeiro prazer em cuidar dela quando Zaid estava ocupado, porém ainda jovem demais para compreender que a mãe havia falecido.

A princesa sentiu um calafrio. Eram tempos difíceis e, por que não dizer, sombrios. Seu pai, o faraó, estava cada vez mais incomodado com o crescente número de escravos. Temia uma rebelião. Mas como, como em nome de todos os deuses, aquele povo se viraria contra seus opressores? Aquilo era demais para Teti. Já não bastava que fossem castigados, maltratados e mal alimentados? Não bastava que o faraó lhes tirasse a dignidade, teria que tirar também seus filhos?

– Princesa, a senhora está me ouvindo?

A voz de Anippe dissolveu seu devaneio.

– O que foi, Anippe? - Teti perguntou, um tanto cansada.

A dama apontou para algo à sua frente. O olhar da princesa seguiu a direção que o braço de Anippe indicava, iluminando-se de curiosidade quando viu do que se tratava: um pequeno cesto de junco se encontrava adiante, enroscado na vegetação proxima ao rio. Um som abafado vinha de dentro dele. Parecia com...Não, não podia ser. Num impulso, a princesa correu na direção do cestinho, espalhando água.

– Princesa Teti, espere...! - Anippe exclamou, porém em vão. Ainda assim, decidiu acompanhar sua senhora.

Teti abriu o cesto e um sorriso iluminou seu rosto. Anippe, logo atrás, cobriu as mãos com a boca, surpresa.

– É um menino, um lindo menininho - a princesa disse em tom emocionado, enquanto tomava o bebê nos braços e o embalava, tentando acalmá-lo - Shhh, não chore.

Teti estendeu o dedo indicador e, com cuidado, acariciou o rosto do menino. Para a sua surpresa, ele estendeu uma de suas mãozinhas e segurou o dedo dela. O sorriso da princesa não poderia ser mais radiante.

– Que bebê mais adorável! Não é a coisa mais linda, Anippe?

– M...Mas esse é um dos bebês dos hebreus - Anippe disse ao observar o tecido de que era feito o manto que envolvia a criança, que certamente não era egípcio.

– Sim, ele certamente é hebreu. Mas não posso deixá-lo aqui.

– Entregue-o ao seu pai, senhora - a dama sugeriu abruptamente - É o melhor a se fazer.

– Se eu entregá-lo ao meu pai, ele vai mandar matá-lo - Teti respondeu, surpresa, apertando o menino contra o peito.

– Mas esse foi o destino reservado aos filhos dos escravos, princesa - Anippe continuou - É o decreto do próprio faraó. Não podemos desafiar o Hórus vivo.

– Muito me admira vê-la falando dessa forma - A princesa a encarou, incrédula.

– Desculpe, não foi a minha intenção - a dama disse, olhando para baixo - Eu só estou tentando ser leal ao rei.

– Você também deve ser leal a mim, Anippe. Não se esqueça disso.

Anippe inclinou a cabeça, em sinal de subserviência. Por dentro, estava queimando.

– E o que pretende fazer, senhora?

– Se os deuses o enviaram a mim, eu não deixarei que nada lhe aconteça - Teti disse, sorrindo, ao olhar ternamente para o menino - E eu o chamarei de Moisés, porque das águas o tirei.

Sim, ela cuidaria de Moisés. Se antes não fora agraciada com um filho, fruto de seu próprio ventre, agora era contemplada pelos deuses com aquele presente... E não deixaria que nada de mal lhe ocorresse.

Ao sair da água, a princesa continuava a embalar o menino. Porém, por mais que tentasse acalmá-lo, ele não parava de chorar.

– Pelos deuses, como chora! - Anippe exclamou.

– Tadinho, deve estar faminto - Teti disse, preocupada - Talvez se minha mãe puder ceder uma das amas de leite de Ramsés...

– Um menino hebreu sendo cuidado por uma das amas do príncipe? A senhora não está pensando em levar um filho de escravos para o palácio, está?

Anippe não podia acreditar no que a princesa dizia. Estaria a filha de Seti ficando louca?

– É exatamente isso o que vou fazer - a princesa respondeu, resoluta - Mas nisso eu concordo com você, Anippe. Moisés não partilhará as amas de Ramsés... Ele terá a sua própria.

O cenho de Teti se franziu. Mas onde poderia encontrar uma ama fora do palácio, se todas ali já estavam a serviço de sua mãe, a rainha?

Onde? – a princesa pensou alto, olhando distraidamente a paisagem enquanto refletia.

De repente, seus olhos pousaram em uma figura pequenina, quase oculta pela alta vegetação que beirava as águas. Era uma linda menina, que a olhava dividida entre a curiosidade, a admiração e uma pontinha medo. Teti, gentil, fez um sinal para que ela se aproximasse.

– Se me permite, senhora... - a menininha disse timidamente ao se aproximar, mas foi interrompida por Anippe.

– Como se atreve a se dirigir à filha do rei?

– Anippe, deixe a menina falar - a princesa a interrompeu - Está tudo bem.

Teti, então, se dirigiu bondosamente à menina, que identificou como sendo hebreia.

– O que você dizia, querida?

– Se... Se a senhora quiser, eu posso buscar uma ama hebreia pro bebê.

– Você o conhece? - a princesa perguntou, ainda em tom gentil.

– Não, eu apenas estava passando e o ouvi chorar - a menina respondeu, engolindo em seco - Deve estar com fome.

– É verdade - Teti concordou – Vá, sim, buscar a ama e diga que ela tem autorização para me procurar no palácio.

A menina deu um sorriso tímido e, para a sua surpresa, a princesa sorriu de volta.


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Notas finais do capítulo

Tcham tcham! E é isso por hoje. =D

Nos falamos nos comentários!
Beijocas!



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