A Rainha do Egito escrita por Lumina


Capítulo 1
O Tesouro da Rainha


Notas iniciais do capítulo

Oi, todos! :D

Primeiro capítulo pra vocês!
Já tenho algum material pronto e queria ter postado tudo concluído, mas decidi me adiantar um pouco pra ver como as coisas evoluem. Se houver um feedback bacaninha, vou seguir em frente (feliz e saltitante, diga-se de passagem) com esse projeto! :)

Sem mais delongas, espero que se gostem, se divirtam e se emocionem, assim como eu enquanto escrevo essa história.

Com vocês, o começo.

Boa leitura! ♥



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O sol estava a pino no Vale das Rainhas. O constante martelar provindo das escavações ecoava na cabeça de Richard Brooks, intensificando a dor de cabeça já acentuada pelo calor. O suor lhe escorria copiosamente pela testa. Com um suspiro pesado, pegou um lenço já maculado pela poeira do local e enxugou o rosto.

– OK, rapazes! Pausa pro almoço! - ele exclamou, erguendo os braços - E tratem de forrar bem esses estômagos. Nosso tesouro não vai se escavar sozinho.

Os homens - um misto de pesquisadores da equipe de Brooks e humildes trabalhadores egípcios em busca de um dinheirinho a mais - se dispersaram, descontraindo e conversando entre si. Muitos cumprimentaram Richard ao passar, aos quais ele respondia ora com um aceno com a cabeça, ora com gestos encorajadores e piscadelas simpáticas. Ele sorriu consigo mesmo. Os seus homens o respeitavam, assim como ele os respeitava.

~

Sentado em uma mesa mais ao fundo do refeitório improvisado, Richard encarava o prato à frente com a refeição frugal ainda intacta. Seu humor esfriara mais rápido do que a comida.

– Sem fome, Rick? - uma voz de forte sotaque latino, divertida e familiar chegou aos seus ouvidos, enquanto uma mão apertava amigavelmente seu ombro.

Benjamin Reyes, seu amigo dos tempos universitários e companheiro naquela empreitada, sentou-se ao seu lado, tirando do rosto seus característicos óculos escuros.

– Apenas preocupado, Ben - Richard respondeu, afastando o prato.

– Não é com aquela história dos investidores, é? - Ben perguntou ao notar a expressão do amigo - Qual é, Rick? Relaxa! Você sabe como são os Brockman. Trabalho sob pressão, "tempo é dinheiro" e essas merdas. É assim que os ricaços funcionam, meu irmão.

– É, eu sei...Eu sei.

E era justamente por saber como os ricaços funcionavam que o receio de Richard aumentava cada vez mais. Estavam no deserto há dias e, ironicamente, não encontraram nada além de areia e pó. A tumba da rainha Nefertari, razão pela qual estavam ali, era por si só um tesouro inestimável: suas paredes com magníficas ilustrações egípcias e o teto estrelado eram de tirar o fôlego, pintados com extrema maestria por algum escravo hebreu que possuia nas mãos algo muito maior do que a força bruta cruelmente exigida de seu povo pelo faraó Ramsés II.

Contudo, ele não podia simplesmente arrancar paredes e teto dali, mostrando-os aos seus investidores como resultado de suas pesquisas. Droga! Se ele ao menos encontrasse alguma jóia, uma mínima peça de ouro antigo que fosse...Mas não. Todas as preciosidades e pertences estimados pela rainha estavam longe, fora do alcance de suas mãos, expostos no British Museum. Exceto um.

Sabia-se que quando Nefertari se tornou sua noiva, Ramsés lhe deu uma belíssima pulseira cravejada de pedras preciosas como prova de sua estima, ornamentada com um pingente que representava a própria deusa Ísis esculpida em ouro puro. Muitos pesquisadores gastaram verdadeiras fortunas em busca daquele artefato, que fora o primeiro dos inúmeros e extravagantes presentes que o faraó oferecera à sua rainha.

A idéia da pulseira de Nefertari há tempos permeava os pensamenos de Richard, como um sonho. Se encontrada, não seria nada menos do que um dos maiores achados arqueológicos da atualidade, mas, para ele, também seria a cereja do bolo de sua carreira. Ele simplesmente tinha de encontrá-la.

Um burburinho fora do refeitório o arrancou de seus pensamentos.

– Mas que merd...? - ele se levantou, estreitando os olhos para enxergar melhor.

– Céus, espero que ninguém tenha saído na porrada por causa de religião de novo - Ben disse, passando a mão pelos cabelos escuros.

Um dos pesquisadores, rapaz loiro e baixinho, aproximou-se correndo.

– Sr. Richard, tem alguém passando mal lá fora. É melhor ir dar uma olhada...E rápido.

~

Não demorou muito para que Richard descobrisse o motivo de tamanha comoção. Ao se aproximar do centro pequena multidão que se formara, avistou uma figura sendo amparada por alguns homens.

– Pra trás, deixem ele respirar! - um deles dizia, tentando dispersar o amontoado de gente.

– Samuel, o que tá acontecendo? - Richard se aproximou em meio às pessoas e agachou-se ao lado do rapaz, que improvisara um leque com vários papéis e abanava o indivíduo.

– Este senhor surgiu de repente, Sr. Brooks - Samuel respondeu, ainda abanando - Ele afirmou querer apenas um pouco de comida pra poder seguir viagem, mas acabou desfalecendo.

Richard observou o velho, que trajava vestes puídas e humildes, aparentemente fraco demais devido ao calor e exaustão. Seus olhos estavam semicerrados e leves suspiros escapavam de seus lábios ressequidos.

– Levem-no para minha tenda - Richard falou em tom decidido - E deixem o homem descansar.

~

O dia fora tão atarefado que a noite os pegou de surpresa, chegando de mansinho com suas estrelas cintilantes. Logo o brilho da luz artificial juntou-se a elas, enquanto algumas barracas eram erguidas e parte do material era guardado para ser utilizado na manhã seguinte.

Richard, sentado e bem agasalhado devido ao frio noturno do deserto, soprou o seu café e tomou um gole, pensativo, enquanto observava a tumba de Nefertari ao longe.

Onde você escondeu a sua pulseira, rainha?– ele pensava consigo mesmo - Onde?

– Pensativo, eh?

Ele encarou os joelhos de Benjamin, que acabara de chegar, recobertos por jeans escuros e gastos.

– Deixe-me adivinhar..."Apenas preocupado" - Ben falou em tom brincalhão, enquanto o amigo se levantava.

– Escuta, Ben, você veio aqui só pra tirar uma com a minha cara ou...? - Richard tentou utilizar seu melhor tom repreensivo, mas Benjamin era à prova de repreensões. Diante disso, deixou escapar um sorriso involuntário e cansado, expelindo ar pelo nariz.

– Relaxe, irmãozinho - ele também sorriu - só vim dar um aviso. Ou, se preferir, pode me acompanhar. Não sou garoto de recado, você sabe.

O sorriso de Ben se alargou, acompanhado de uma piscadela.

– Sou garoto de entrega.

~

O ambiente dentro da tenda de Richard estava cálido e acolhedor. Luzes bruxuleantes provindas de uma lareira portátil iluminavam lugar, banhando-o em suaves tons alaranjados e também o aquecendo. Sentado perto dela estava o velho que fora socorrido mais cedo, recebendo assistência do Dr. Philip Tatch, o médico da equipe.

– Ele está bem - Philip se dirigiu a Richard e Ben enquanto guardava o estetoscópio na maleta - só um pouco desidratado e cansado. Nada que uns bons goles d'água, repouso e uma alimentação reforçada não resolvam.

– Obrigado, Phil - Richard apertou a mão do colega - Ele está em condições de conversar?

– Sim, claro - Phil se dirigiu à saída - Ele mesmo pediu pra chamá-lo. Só não forcem muito, ok?

Richard assentiu e ergueu o polegar. Após a saída do médico, ele caminhou em direção ao idoso, seguido de perto por Benjamin. Lembrou-se de, no meio do caminho, agarrar um de seus próprios agasalhos, pendurados desajeitadamente em um suporte.

– Como está se sentindo, senhor...? - ele perguntou, entregando um grande casaco caqui ao homem.

– Samir - ele completou, recebendo o agasalho - Estou bem, filho, obrigado por tudo o que tem feito por este velho.

Richard ficou surpreso com o semblante de Samir. Mesmo fraco, havia algo em seu olhar que queimava como as chamas da lareira. Seus modos inspiravam uma dignidade e gratidão tão genuínas que, quando percebeu, viu que sentia simpatia por aquele senhor.

Conversaram durante durante o que lhes pareceu uma hora, ele, Ben e o velho. Samir lhes contara um pouco sobre suas andanças e como fora parar ali, buscando um pouco de comida para que pudesse seguir com sua jornada de mercador. Os pesquisadores também falaram um pouco de si, explicando o que faziam e por que estavam ali.

– Oh, sim, eu vejo - ele disse em seu tom profundo e respeitoso enquanto segurava o tablet que Richard lhe entregara, mostrando uma ilustração de como seria a pulseira Nefertari - Devo dizer que vocês não são os primeiros a procurar pela jóia da rainha, filhos.

– É, sabemos - Ben disse em tom cansado - Mas não podemos desistir. Quem não arrisca, não petisca, não é mesmo?

Samir pareceu não entender o provérbio proferido por Benjamin. Percebendo a situação, Richard tentou manter o rumo da conversa.

– Hã...O senhor sabe algo sobre ela? - ele perguntou com certo receio, mas ainda esperançoso de que o mercador tivesse ouvido algo sobre o artefato em suas peregrinações - Uma mínima informação que seja?

– Certamente - o velho disse, fazendo com que o queixo de Ben cedesse e o estômago de Richard revirasse de surpresa - Mas temo que o que eu saiba não lhes leve ao caminho pelo qual anseiam percorrer.

– Qualquer coisa que puder nos dizer já será de grande ajuda, seu Samir - Ben afirmou em um anormal tom sério, quase que de súplica. Richard concordou.

– Muito bem - disse o mercador, enquanto os pesquisadores se acomodavam em duas grandes poltronas próximas a onde ele estava sentado - Eu vou lhes contar uma história que meu pai me contou quando eu era menino, e que o pai dele lhe contou quando ele tinha a mesma idade.

– Já estou curtindo - Ben gracejou, voltando ao seu normal.

Richard deu uma leve cotovelada nas costelas do amigo para que ele se calasse.

Com um sorriso paciente, Samir continuou.

– Essa é a história de um tesouro - ele explicou em tom reverente - Não um tesouro qualquer. Ele não pode ser visto e nem tocado... Mas tem o poder de atravessar gerações. E, como toda preciosidade, é capaz de tornar mais ricos aqueles que o possuem.

Richard sentiu arrepios lhe percorrerem o braço. Aquilo era só o começo.


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Notas finais do capítulo

E isso é tudo, pessoal!
[Looney Tunes feelings, hihi]

Espero que tenham gostado. ♥



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