A Orfã Black escrita por BlackPotter


Capítulo 22
No Alçapão


Notas iniciais do capítulo

HEEEY!
EU CHEGUEI COM UM BIG CAPITULO!
eu sei que sou um amor de pessoa e juntei dois capitulos!
ISSO MESMO!
2!
APROVEEITEM!



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A princípio na outra manhã, os alunos de Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cento e cinquenta pontos menos do que no dia anterior?

E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter, seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais uns dois panacas do primeiro ano.

Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a de mais odiado. Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas. Para todo lado que Harry ia, as pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo. Os de Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas.

“Obrigado, Potter, ficamos lhe devendo essa!”

Nicoly por outro lado apenas pegava sua varinha girando-a entre os dedos, fazendo alguns alunos se afastarem já que provalvemente todos conhecia o quão boa era em transfiguração. E entre se afastar e ter alguma parte de seu corpo modificado, todos escolheriam o mais longe possível. E apesar de nem estar na noite do acontecimento muitos ainda a olhavam acusadoramente e ela devolvia um olhar de deboche característico de sua família como se os desafiassem a fazer algo contra seus amigos com ela por perto.

— Eles vão esquecer dentro de umas semanas. Fred e Jorge já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles As coisas não poderiam estar piores — disse Rony

— Eles nunca perderam cento e cinquenta pontos de uma tacada, ou perderam? — retrucou Harry, infeliz.

— Bom... Não — admitiu Rony.

Era um pouco tarde para consertar o estrago, mas Harry jurou mentalmente nunca mais se meter em coisas que não eram de sua conta. Bastava de espiar e espionar. Sentia tanta vergonha que foi procurar Olívio para oferecer sua demissão do time de Quadribol, mesmo com Nicoly falando o quão idiota essa ideia soava.

— Se demitir? — trovejou Olívio. — Que bem faria isso? Como vamos poder recuperar os pontos se não conseguirmos vencer no Quadribol?

Mas até mesmo o Quadribol perdera a graça. O resto do time não queria falar com Harry durante os treinos e quando precisavam se referir a ele chamavam-no de “o apanhador'' e Nicoly mesmo que tentasse não podia fazer nada a não ser olhar para os outros jogadores de forma decepcionada.

Hermione e Neville estavam sofrendo também. Não estavam apanhando tanto quanto Harry, porque não eram tão conhecidos, mas ninguém falava com eles, tampouco. Hermione parara de chamar atenção nas aulas, mantinha a cabeça baixa e trabalhava em silêncio..

Nicoly estava na biblioteca folheando sem interesse algo sobre a Revolta dos Duendes e enquanto isso Hermione estava tomando os pontos de astronomia de Rony. Ate que Harry entrou correndo recendo um olhar indignado da bibliotecária e contou-lhes o que ouvira no corredor enquanto voltava do dormitório.

— Snape então conseguiu — exclamou Rony. — Se Quirrell contou a ele como quebrar o feitiço antimagia negra...

— Mas ainda temos Fofo — lembrou Hermione.

— Talvez Snape tenha descoberto como passar pelo cachorro sem perguntar ao Rúbeo — disse Nicoly, correndo os olhos pelos milhares de livros que os rodeavam — aposto como tem um livro por aqui que ensina como se passar por um cachorrão de três cabeças. E então, o que vamos fazer, Harry?

O brilho de aventura voltava a iluminar os olhos de Rony e Nicoly, mas Hermione respondeu, antes que Harry pudesse fazê-lo.

— Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.

— Mas não temos provas — disse Harry. — Quirrell está apavorado demais para nos apoiar. Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar. Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós? Não é bem segredo que nós o detestamos, Dumbledore vai pensar que inventamos isso para ele ser despedido. Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape, e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa. E não se esqueçam que nós nem devíamos saber da Pedra nem de Fofo. O que vai exigir muita explicação.

Hermione pareceu convencida, mas não Rony e muito menos Nicoly que choramingou:

— Se déssemos só uma espiadinha...

— Não — respondeu Harry decidido — já demos muitas espiadinhas.

Nicoly bufou irritada. Harry era muito teimoso mas pelo jeito ele esquecera que ela era 10 vezes pior, pensou atrevida.

E, e pensando isso, Nicoly puxou um mapa de júpiter para perto e começou a aprender os nomes das luas.

Na manhã seguinte, Harry Hermione e Neville receberam bilhetes à mesa do café da manhã. Diziam a mesma coisa:

“Sua detenção começará às vinte e três horas.

Aguardem o Sr. Filch no saguão de entrada.

Professora Minerva”.

No furor provocado pela perda de pontos, todos esqueceram que ainda tinham detenções a cumprir..

Às onze horas da noite eles se despediram de Rony e Nicoly no Salão Comunal e desceram com Neville para o saguão de entrada.

Rony adormecera em sua cama pouco tempo depois. Ela e Rony estavam no dormitório masculino á escuras, esperando os amigos voltarem enquanto Nicoly estava deitada na cama de Harry estava próxima de dormir também quando Rony gritou alguma coisa sobre faltas no Quadribol e Nicoly virou rápido para o lado e viu Harry o sacudindo com força para acordá-lo. Em questão de segundos, porém, seus olhos se arregalaram quando Harry começou a contar a ele, Nicoly e a Hermione o que acontecera na floresta.

Harry nem conseguia se sentar. Andava para cima e para baixo na frente da lareira. Continuava a tremer.

— Snape quer a pedra para Voldemort... E Voldemort está esperando na floresta... E todo esse tempo pensamos que Snape só queria ficar rico.

— Pare de repetir esse nome! — disse Rony num sussurro de terror como se Voldemort pudesse ouvi-los.

Harry nem o escutou.

— Firenze me salvou, mas não devia ter feito isso. Agouro ficou furioso... Falou de interferência naquilo que os planetas anunciaram que ia acontecer. Eles devem estar indicando que Voldemort vai voltar. Agouro acha que Firenze devia ter deixado Voldemort me matar. Imagino que isso também esteja escrito nas estrelas.

Quer parar de dizer esse nome! — sibilou Rony.

— Portanto só preciso esperar que Snape roube a pedra — continuou Harry febril — então Voldemort vai poder voltar e acabar comigo. Bem, quem sabe Agouro vai ficar feliz.

Nicoly que já estava começando a ficar tonta com Harry andando de um lado para o outro puxou-o e o abraçou afagando os cabelos rebeldes fazendo Harry parar de tremer aos poucos.

Hermione parecia muito assustada, mas teve uma palavra de consolo.

— Harry, todo mundo diz que Dumbledore é a única pessoa de quem Você-Sabe-Quem já teve medo. Com Dumbledore por perto, Você-Sabe-Quem não vai tocar em você. Em todo o caso, quem disse que os centauros tem razão? Isso está me parecendo adivinhação, e a Professora Minerva diz que adivinhar o futuro é um ramo muito inexato da magia.

O céu havia clareado antes de terminarem de conversar. Foram se deitar exaustos, e com as gargantas ardendo.

Fazia um calor de rachar, principalmente na sala das provas escritas mas por sorte Nicoly sabia controlar algumas rajadas fracas para refrescá-los na sauna que parecia ser a sala de aula. Os alunos tinham recebido penas novas e especiais para fazê-las, previamente encantadas com um feitiço anti-cola.

Houve exames práticos também. O Professor Flitwick os chamou à sala de aula, um a um, para verificar se conseguiam fazer um abacaxi sapatear na mesa. A Professora Minerva observou-os transformarem um camundongo em uma caixa de rapé e conferiu pontos pela beleza da caixa e a de Nicoly recebeu a mais alta: Com as cores da Gryffindor e um lancinho preto na tampa, e os descontou quando a caixa tinha bigodes. Snape deixou-os nervosos, bafejando em seu pescoço enquanto ironicamente tentavam se lembrar como fazer a poção do esquecimento.

O último exame foi de História da Magia. Uma hora respondendo a perguntas sobre velhos bruxos gagás que inventaram caldeirões automexíveis e estariam livres, livres por uma semana maravilhosa até saberem os resultados dos exames.

Quando o fantasma do Professor Binns mandou-os descansar as penas e enrolar os pergaminhos, Harry não pôde deixar de dar vivas com os colegas.

— Foi muito mais fácil do que pensei — comentou Hermione, quando eles se reuniram aos numerosos alunos que saíam para os jardins ensolarados. — Eu nem precisava ter aprendido o Código de Conduta do lobisomem de 1637 nem a revolta de Elfric, o Ambicioso.

Hermione sempre gostava de repassar as provas depois, mas Rony disse que isso o fazia se sentir mal. Assim, caminharam até o lago e se sentaram à sombra de uma árvore. Os gêmeos Weasley e Lee Jordan faziam cócegas nos tentáculos de uma lula gigante, que tomava sol na água mais rasa e Nicoly ficou tentada á ir também mas estava cansada demais para isso.

— Acabaram-se as revisões — suspirou Rony, contente, esticando-se na grama. — Você podia fazer uma cara mais alegre, Harry, temos uma semana inteira até descobrir se nos demos mal, não precisa se preocupar agora.

Harry esfregava a testa.

— Eu gostaria de saber o que significa isso! — explodiu aborrecido. — Minha cicatriz não para de doer, já senti isso antes, mas nunca com tanta freqüência.

— Procure Madame Pomfrey — sugeriu Hermione.

— Eu não estou doente — respondeu Harry. — Acho que é um aviso... Significa que o perigo está se aproximando...

Mas não terminou a frase pois Nicoly aproximou-se e deu outro beijo agora na bochecha fazendo Harry ficar vermelho e nem de longe era pelo calor.

E perguntou risonha:

— E agora? Melhorou?

Harry apenas acenou constrangido.

Rony não conseguiu se preocupar.

— Harry, relaxe. Hermione tem razão, a Pedra está segura enquanto Dumbledore estiver por aqui. Em todo o caso, nunca encontramos nenhuma prova de que Snape tenha descoberto como passar por Fofo. Ele quase teve a perna arrancada uma vez, não vai tentar outra tão cedo. E Neville vai jogar Quadribol na equipe da Inglaterra antes que Hagrid traia Dumbledore.

Harry concordou, mas não conseguiu se livrar da sensação que o atormentava de que esquecera de fazer alguma coisa, algo importante. Quando tentou explicar o que sentia, Hermione disse:

— Isso são os exames. Acordei a noite passada e já tinha lido metade dos meus apontamentos sobre Transfiguração quando me lembrei que já tínhamos feito a prova.

Harry tinha certeza de que a sensação de inquietude não tinha nada a ver com os estudos. Acompanhou com os olhos uma coruja planar pelo céu azul em direção à escola, uma carta no bico.

Mas de repente Harry pôs-se de pé de um salto.

— Onde é que você está indo? — perguntou Rony sonolento.

— Acabei de me lembrar de uma coisa — estava branco — Temos que ver Rúbeo agora.

— Por que? — ofegou Nicoly, correndo para alcançá-lo.

— Vocês não acham um pouco estranho — disse Harry, subindo, às carreiras, a encosta gramada — que o que Rúbeo mais quer na vida é um dragão, e aparece um estranho que por acaso tem ovos de dragão no bolso, quando isso é contra as leis dos bruxos? Que sorte encontrar Rúbeo, não acham? Por que não percebi isto antes?

— Do que é que você está falando? — perguntou Rony, mas Harry correndo pelos jardins em direção à floresta, não respondeu.

Hagrid estava sentado em um cadeirão na frente da casa: tinha as pernas das calças e as mangas enroladas e descascava ervilhas em uma grande tigela.

— Olá — disse, sorrindo — terminaram os exames? Têm tempo para um refresco?

— Temos, obrigado — disse Rony, mas Harry o interrompeu.

— Não, estamos com pressa. Rúbeo, preciso lhe perguntar uma coisa. Sabe aquela noite que você ganhou o Norberto? Que cara tinha o estranho com quem você jogou cartas?

— Não lembro — respondeu Hagrid com displicência — ele não quis tirar a capa...

Viu os quatro fazerem cara de espanto e ergueu as sobrancelhas.

— Não é nada de mais, tem muita gente esquisita no Cabeça de Javali, o pub do povoado. Podia ser um vendedor de dragões, não podia? Nunca vi a cara dele, ele não tirou o capuz.

Harry se abaixou ao lado da tigela de ervilhas.

— O que foi que você conversou com ele, Rúbeo? Chegou a mencionar Hogwarts?

— Talvez — disse Hagrid, franzindo a testa, tentando se lembrar — E... Ele me perguntou o que eu fazia e eu respondi que era guarda-caça aqui... Depois perguntou de que tipo de bichos eu cuidava... Então eu disse... E disse também que o que sempre quis ter foi um dragão... Então... Não me lembro muito bem... Porque ele não parava de pagar bebidas para mim... Deixa eu ver.. Ah, sim, então ele disse que tinha um ovo de dragão, e que podíamos disputá-lo num jogo de cartas se eu quisesse... Mas precisava ter certeza de que eu podia cuidar do bicho, não queria que ele fosse parar num asilo de velhos... Então respondi que depois do Fofo, um dragão seria moleza...

— E ele pareceu interessado no Fofo? — perguntou Nicoly finalmente entendendo o que Harry quis dizer e, tentando manter a voz calma.

— Bom... Pareceu... Quantos cachorros de três cabeças a pessoa encontra por aí, mesmo em Hogwarts? Então contei a ele que Fofo é uma doçura se a pessoa sabe como acalmá-lo, é só tocar um pouco de música e ele cai no sono...

Hagrid, de repente, fez cara de horrorizado.

— Eu não devia ter-lhes dito isto! — exclamou. — Esqueçam que eu disse isto! Ei, aonde é que vocês vão?

Harry, Rony e Hermione não se falaram até parar no saguão de entrada, que parecia muito frio e sombrio depois da caminhada pelos jardins.

— Temos de procurar Dumbledore — falou Harry — Rúbeo contou àquele estranho como passar por Fofo e quem estava debaixo daquela capa era ou o Snape ou o Voldemort, deve ter sido fácil, depois que embebedou Rúbeo. Só espero que Dumbledore acredite na gente. Firenze talvez confirme, se Agouro não o impedir. Onde é a sala de Dumbledore?

Eles olharam a toda volta, na esperança de ver uma placa apontando a direção certa. Nunca alguém lhes havia dito onde trabalhava Dumbledore, tampouco conheciam alguém tivesse sido mandado à sala dele. Mas estranhamente algo dizia para Nicoly que ela sabia, mas parecia que isso havia sido apagado de sua mente.

— Acho que teremos de... — começou Harry, mas inesperadamente ouviram uma voz do outro lado do saguão.

— Que é que vocês estão fazendo aqui dentro?

Era a Professora Minerva McGonagall, carregando uma pilha de livros.

— Queremos ver o Professor Dumbledore — disse Hermione enchendo-se de coragem.

— Ver o Professor Dumbledore? — a Professora Minerva repetiu, como se isso fosse uma coisa muito suspeita para alguém querer fazer — Por quê?

Harry engoliu em seco. “E agora?”

— É uma espécie de segredo — disse, mas desejou na mesma hora que não tivesse dito, porque as narinas da Professora Minerva se alargaram.

— O Professor Dumbledore saiu faz dez minutos — informou ela secamente — recebeu uma coruja urgente do Ministro da Magia e partiu em seguida para Londres.

— Ele saiu? — exclamou Harry frenético — Agora?

— O Professor Dumbledore é um grande mago, Potter, o tempo dele é muito solicitado.

— Mas é importante.

— Alguma coisa que você tenha a dizer é mais importante do que o Ministro da Magia, Potter?

— Olhe — disse Harry, mandando a cautela às favas — professora... É sobre a Pedra Filosofal...

Seja o que for que a Professora Minerva esperava, certamente não era isso. Os livros que levava despencaram dos seus braços, mas ela não os apanhou.

— Como é que vocês sabem? — deixou escapar.

— Professora, acho... Que Sn... Que alguém vai tentar roubar a pedra. Preciso falar com o Professor Dumbledore.

Ela o olhou com uma mescla de choque e desconfiança.

— O Professor Dumbledore volta amanhã — disse finalmente. — Não sei como descobriu sobre a Pedra, mas fique tranquilo, não é possível ninguém roubá-la, está muitíssimo bem protegida.

— Mas, professora...

— Potter, sei do que estou falando. — Curvou-se e recolheu os livros caídos — Sugiro que vocês voltem para fora e aproveitem o sol.

Mas eles não voltaram.

— É hoje à noite — disse Harry, quando teve certeza de que a Professora Minerva não podia mais ouvi-los. — Snape vai entrar no alçapão hoje à noite. Ele já descobriu tudo o que precisa e agora tirou Dumbledore do caminho. Foi ele quem mandou aquela carta, aposto que o Ministro da Magia vai levar um choque quando Dumbledore aparecer.

— Mas o que é que podemos...

Hermione perdeu a fala. Harry, Nicoly e Rony se viraram, Snape estava parado ali.

— Boa tarde — disse com suavidade.

Eles o encararam.

— Vocês não deviam estar dentro do castelo num dia como este — falou com um sorriso estranho e torto.

— Estávamos... — começou Harry, sem fazer ideia do que ia dizer.

— Vocês precisam ter mais cuidado. Andando por aqui assim, as pessoas vão pensar que estão armando alguma coisa. E Grifinória realmente não pode se dar ao luxo de perder mais nenhum ponto, não é mesmo?

— Mas é claro professor, apenas estávamos indo para a biblioteca pegar alguns livros, não podemos deixar de ter certeza de nossas notas, não é mesmo? — perguntou Nicoly com o olhar de falsa inocência.

— Se é isso porque seus amigos a olham de forma tão surpresa?

— Porque talvez estejam intimidados com sua presença de morcegão — respondeu maldosamente, era uma má hora para seu lado Slytherin aflorar-se.

— 10 pontos a menos para a Gryffindor pela insolência e só não dou detenção pois tenho coisas mais importantes e fique avisado, Potter, se ficar perambulando outra vez à noite, vou providenciar pessoalmente para que seja expulso. Bom dia para vocês.

E saiu em direção à sala de professores. Lá fora, nos degraus de pedra, Harry virou-se para os outros.

— Certo, isto é o que vamos fazer — cochichou com urgência. — Um de nós tem que ficar de olho no Snape, esperar do lado de fora da sala de professores e segui-lo se ele sair. Hermione e Nicoly, é melhor vocês fazerem isso.

— Por que nos?

— É óbvio — disse Rony. — Você pode fingir que está esperando pelo Professor Flitwick sabe, como é — e fazendo voz de falsete — “Ah, Professor Flitwick. Estou tão preocupada, acho que errei a questão catorze b...” e Nicoly pode dizer que a Hermione á arrastou para lá...

— Ah, cala a boca — disse Hermione, mas concordou em vigiar Snape.

— E é melhor ficarmos no corredor do terceiro andar — disse Harry a Rony — Vamos.

Mas não foi como planejado, assim que Nicoly e Hermione chegaram deram um encontrão com Snape no corredor que alegou trazer Flitwick e as duas escaparam.

— Sinto muito, Harry — lamentou-se Hermione. — Snape saiu e me perguntou o que eu estava fazendo, então disse que estava esperando Flitwick, e Snape foi buscá-lo, e me mandei, não sei aonde ele foi.

— Bom, então acabou-se, não é? — disse Harry.

Os outros dois olharam para ele. Estava pálido e seus olhos brilhavam.

— Vou sair daqui hoje à noite e vou tentar apanhar a Pedra primeiro.

— Você ficou maluco! — exclamou Rony

— Você não pode! — disse Hermione. — Depois do que a Professora Minerva e Snape disseram? Vai ser expulso!

— E DAÍ? — gritou Harry — Vocês não percebem? Se Snape apanhar a pedra, Voldemort vai voltar! Vocês não ouviram como era quando ele estava tentando conquistar o poder? Não vai haver Hogwarts para nos expulsar! Ele vai arrasar Hogwarts, ou vai transformá-la numa escola de magia negra! Perder pontos não importa mais, vocês não entendem? Acham que ele vai deixar vocês e suas famílias em paz, e Grifinória ganhar o campeonato das casas? Se eu for pego antes de conseguir a pedra, bem, vou ter que voltar para os Dursley e esperar Voldemort me encontrar lá. E só uma questão de morrer um pouquinho depois do que teria morrido, porque eu nunca vou me aliar aos partidários da magia negra! Vou entrar naquele alçapão hoje à noite e nada que vocês dois disserem vai me impedir! Voldemort matou meus pais, estão lembrados?

E olhou zangado para eles.

— Por mim, tudo bem - disse Nicoly com um sorrisinho e os três olharam-na de forma espantada — É claro se eu for junto oras!

Harry já ia negar mas Hermione o interrompeu.

— Você tem razão, Harry — disse Hermione com uma vozinha fraca.

— Vou usar a capa da invisibilidade, foi uma sorte tê-la recuperado.

— Mas ela dá para esconder nós quatro? — perguntou Rony.

— Nós... Nós quatro?

— Ah, corta essa, você não acha que vamos deixar você ir sozinho? Como a Nicoly mesmo disse.

— Claro que não — disse Hermione com energia. — Como acha que vai chegar à Pedra sem nós? É melhor eu dar uma olhada nos meus livros, talvez encontre alguma coisa útil.

— Mas se formos pegos, vocês três vão ser expulsos também.

— Não se eu puder evitar — disse Hermione, séria. — Flitwick me disse em segredo que tirei cento e vinte por cento no exame. Não vão me expulsar depois disso.

— E não acho que Minerva quer expulsar sua aluna favorita não é? Mas fique tranquilo, por você vale a pena porco-espinho. — disse dando uma piscadela para Harry que a puxou para um abraço apertado.

Depois do jantar os quatro se sentaram, nervosos, a um canto do Salão Comunal. Ninguém os incomodou, afinal nenhum aluno de Grifinória tinha mais nada a dizer a Harry. Esta era a primeira noite que isto não o incomodava. Hermione folheava suas anotações, esperando encontrar um dos feitiços que queriam anular. Harry e Rony não falavam muito apenas observavam divertidos Nicoly fazer alguns flocos dançarem por cima de suas cabeças.

A sala foi se esvaziando à medida que as pessoas iam se deitar.

— É melhor apanhar a capa — murmurou Rony, quando Lee Jordan finalmente saiu, se espreguiçando e bocejando.

Harry correu até o dormitório às escuras. Puxou a capa e então seus olhos bateram na flauta que Hagrid lhe dera no Natal. Meteu-a no bolso para usá-la em Fofo, não se sentia muito animado a cantar.

E correu de volta ao Salão Comunal.

— É melhor vestirmos a capa aqui para ter certeza de que cobre nós quatro. Imaginem se Filch vir os pés da gente andando sozinhos.

— O que é que vocês estão fazendo? — perguntou uma voz a um canto da sala.

Neville saiu de trás de uma poltrona, agarrando Trevo, o sapo, que parecia ter feito uma nova tentativa para ganhar a liberdade.

— Nada, Neville, nada — respondeu Harry, escondendo depressa a capa às costas.

Neville olhou bem para aquelas caras cheias de culpa.

— Vocês vão sair outra vez.

— Não, não, não — disse Nicoly. — Não vamos, não. Por que você não vai se deitar, Nev?

Nicoly olhou para o relógio de parede junto à porta. Não podiam se dar ao luxo de perder mais tempo, Snape talvez estivesse naquele instante mesmo tocando para adormecer Fofo.

— Vocês não podem sair — disse Neville — vocês vão ser pegos outra vez. Grifinória vai ficar ainda mais enrolada.

— Você não compreende — disse Harry — isto é importante.

Mas Neville estava claramente tomando coragem para fazer alguma coisa desesperada.

— Não vou deixar vocês irem — disse, correndo a se postar diante do buraco do retrato. — Eu... Eu vou brigar com vocês.

— Neville — explodiu Rony — se afaste desse buraco e não banque o idiota...

— Não me chame de idiota! Acho que você não devia estar desrespeitando mais regulamentos! E foi você quem me disse para enfrentar as pessoas!

— Foi, mas não nós — respondeu Rony exasperado. — Neville, você não sabe o que está fazendo.

Ele deu um passo à frente e Neville largou Trevo, o sapo, que desapareceu de vista.

— Vem, então, tenta me bater! — disse Neville, erguendo os punhos. — Estou esperando!

Harry voltou-se para Hermione.

— Faz alguma coisa — pediu desesperado.

Hermione se adiantou.

— Neville — disse ela — eu realmente lamento muito.

Ela ergueu a varinha.

Petrificus Totalus! — falou, apontando para Neville.

Os braços de Neville grudaram dos lados do corpo. As pernas se juntaram. Com o corpo inteiro rígido, ele balançou no mesmo lugar e, em seguida, caiu de cara no chão, duro como uma pedra.

Hermione correu para desvirá-lo. Os maxilares de Neville estavam trancados de modo que ele não podia falar. Somente os olhos se moviam, mirando-os aterrorizados.

— O que foi que você fez com ele? — sussurrou Harry.

— O Feitiço do Corpo Preso — respondeu Hermione infeliz. — Ah, Neville, me desculpe.

— Tivemos de fazer isso, Neville, não temos tempo para explicar — disse Harry.

— Você vai entender mais tarde — disse Rony, enquanto passavam por cima dele e se envolviam na capa da invisibilidade.

Mas deixar Neville deitado imóvel no chão não parecia um bom presságio. No estado de nervosismo em que estavam, cada sombra de estátua lembrava Filch, cada sopro distante do vento parecia o Pirraça assombrando-os.

Ao pé do primeiro lance de escada, encontraram Madame Nor-r-ra, esquivando-se sorrateira quase no alto.

— Ah, vamos dar um pontapé nela, só desta vez — cochichou Nicoly no ouvido de Harry, mas Harry balançou a cabeça.

Enquanto subiam cautelosamente contornando a gata, Madame Nor-r-ra virou os olhos de lanterna para eles, mas não fez nada.

Não encontraram mais ninguém até chegarem à escada para o terceiro andar. Pirraça se balançava a meio caminho, soltando a passadeira para as pessoas tropeçarem.

— Quem está aí? — perguntou de repente quando se aproximaram. E apertou os olhos negros e malvados. — Sei que está ai, mesmo que não consiga vê-lo. Você é um vampiro, um fantasma ou um estudante nojento?

E ergueu-se no ar e flutuou, tentando ver alguém.

— Eu devia chamar o Filch, eu devia, se alguma coisa está andando por aí invisível.

Harry teve uma ideia repentina.

— Pirraça — disse num sussurro rouco — o Barão Sangrento tem suas razões para andar invisível.

Pirraça quase caiu, em choque. Recuperou-se a tempo e saiu planando a trinta centímetros dos degraus.

— Desculpe, Sua Sanguinidade, Sr. Barão, cavalheiro — disse untuoso. — Falha minha, falha minha, não o vi, claro que não, o senhor está invisível. Perdoe o velho Pirraça essa piadinha, cavalheiro.

— Tenho negócios a tratar aqui, Pirraça — cochichou Harry — Fique longe deste lugar hoje à noite.

— Vou ficar, cavalheiro, pode ter certeza de que vou ficar — prometeu o Pirraça, erguendo-se no ar outra vez. — Espero que os seus negócios corram bem, Barão, não vou perturbá-lo.

E, partiu ligeirinho.

— Genial, Harry! — cochichou Rony.

Alguns segundos depois estavam lá, no corredor do terceiro andar – e a porta já fora aberta.

— Bom, aqui estamos — disse Harry baixinho — Snape já passou por Fofo.

A visão da porta aberta por alguma razão parecia causar neles a impressão do que os aguardava. Debaixo da capa, Harry se virou para os outros dois.

— Se vocês quiserem voltar, não vou culpá-los. Podem levar a capa, não vou precisar dela agora.

— Não seja burro acha mesmo que iremos voltar? — respondeu Nicoly.

— Vamos com você — disse Hermione.

Harry empurrou a porta.

Quando a porta rangeu baixinho, chegaram aos seus ouvidos rosnados surdos. Os três focinhos do cachorro farejaram furiosamente em sua direção ainda que o bicho não pudesse vê-los.

— O que é isso nos pés dele? — sussurrou Hermione.

— Parece uma harpa — respondeu Rony. — Snape deve tê-la deixado aí.

— Ele acorda no momento em que se deixa de tocar — disse Harry. —Bom, aqui vai...

Levou a flauta de Hagrid aos lábios e soprou. Não era realmente uma música, mas as primeiras notas os olhos da fera começaram a se fechar. Harry nem chegou a tomar fôlego.

Lentamente, os rosnados do cachorro cessaram, ele balançou nas patas e caiu de joelhos, depois se estirou no chão, completamente adormecido.

— Continue tocando — Rony preveniu a Harry enquanto saíam de baixo da capa e deslizavam para o alçapão. Sentiram o bafo quente e fedorento do cachorro ao se aproximarem de suas cabeçorras. — Acho que vamos conseguir abrir a porta — disse Rony, espiando por cima do dorso do cachorro. — Quer entrar primeiro, Hermione? Nicoly?

— Não, eu não!

— Estou muito bem aqui...

— Tudo bem — Rony cerrou os dentes e passou com cautela pelas pernas do cachorro. E abaixando-se puxou o anel do alçapão, que se abriu.

— O que é que você está vendo? — perguntou Hermione, ansiosa.

— Nada... Só escuridão... Não tem como descer, teremos que nos jogar.

Harry, que continuava a tocar a flauta, fez sinal para atrair a atenção de Rony e apontou para si mesmo.

— Você quer ir primeiro? Tem certeza? — disse Rony. — Não sei qual é a profundidade dessa coisa. Dá a flauta para Hermione manter Fofo adormecido.

Harry passou a flauta a ela. Naqueles minutinhos de silêncio, o cachorro rosnou e se mexeu, mas no instante que Hermione começou a tocar, ele tornou a cair em sono profundo.

Harry passou por cima de Fofo e espiou pelo alçapão. Não viu nem sinal de fundo...

Baixou o corpo pelo buraco até ficar pendurado pelas pontas dos dedos, Então olhou para Rony no alto e disse:

— Se alguma coisa acontecer comigo, não me siga. Vá direto ao corujal e mande Edwiges ao Dumbledore, certo?

— Certo.

— Vejo você daqui a pouco, espero...

E Harry soltou os dedos. E Nicoly se aproximou para ouvir o que aconteceria..

— Tudo bem! — gritou Harry. — A queda é macia, pode pular!

Nicoly seguiu-o imediatamente. Caiu esparramada ao lado de Harry.

— O que é isso? — foram suas primeiras palavras.

— Sei lá, uma espécie de planta. Suponho que esteja aqui para amortecer a queda. Venham, Hermione e Rony!

A música distante parou. Ouviu-se um latido alto do cachorro, mas Hermione já pulara. Ela caiu do outro lado de Harry e logo depois Rony caiu ao lado de Nicoly.

— Devemos estar a quilômetros abaixo da escola — comentou.

— É realmente uma sorte que esta planta esteja aqui — disse Rony.

Sorte? — gritou Hermione. — Olhem só para vocês dois.

Ela se levantou de um salto e lutou para chegar à parede úmida. Teve de lutar porque, no momento em que chegou ao fundo, a planta começou a se enroscar como as gavinhas de uma trepadeira em volta dos seus tornozelos. Nicoly já se sentia sufocada com a planta apertando sua barriga tentou congelar a planta, mas por mais que tentasse a planta era mais forte do que o gelo e o quebrava facilmente. Quanto a Harry e Rony, suas pernas já tinham sido bem atadas por longos galhos sem que eles notassem.

Hermione conseguira se desvencilhar antes que a planta a agarrasse para valer. Agora observava horrorizada os três lutarem para se livrar da planta, mas quanto mais se esforçavam, mais depressa e mais firme a planta se enrolava neles.

— Parem de se mexer! — mandou Hermione. — Sei o que é isso. É visgo do diabo!

— Ah fico tão contente que você saiba como se chama, é uma grande ajuda — resmungou Nicoly, tentando impedir que a planta se enroscasse em seu pescoço.

— Cala a boca, estou tentando me lembrar como matá-la! — disse Hermione.

— Bom, anda logo, não consigo respirar! — ofegava Harry, lutando com a planta que se enroscava em torno de seu peito.

— Visgo do diabo, visgo do diabo... O que foi que a Professora Sprout disse? Gosta da umidade e da escuridão...

— Então acenda um fogo! — engasgou-se Harry.

— É... É claro... Mas não tem madeira... — lamentou-se Hermione, torcendo as mãos.

— VOCÊ ENLOUQUECEU? — berrou Rony. — VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É?

— Ah, certo! — disse Hermione e, puxando a varinha, sacudiu-a, murmurou alguma coisa e despachou um jato daquelas chamas azuis que usara em Snape contra as plantas.

Em questão de segundos, sentiram a planta afrouxar e se encolher para longe da luz e do calor. Torcendo-se, ela se desenrolou dos seus corpos, que puderam se levantar.

— Que sorte que você presta atenção às aulas de Herbologia, Hermione — disse Harry, quando se juntou a ela ao pé da parede, enxugando o suor do rosto.

— É — comentou Rony — e que sorte que Harry não perde a cabeça numa crise, “não tem madeira”, francamente.

— Por ali — disse Nicoly, apontando um corredor de pedra que era o único caminho que havia.

Só o que podiam ouvir além de seus passos eram os pingos abafados da água que escorria pela parede. O corredor começou a descer e Nicoly se lembrou de Gringotes. Com um sobressalto, lembrou-se dos dragões e o que guardava seu cofre. Se topassem com um dragão, um dragão adulto... Norberto já fora bastante ruim.

— Você está ouvindo alguma coisa? — Rony cochichou.

Harry apurou os ouvidos. Um farfalhar acompanhado de ruído metálico parecia vir de um ponto mais adiante.

— Você acha que é um fantasma?

— Não sei... Para mim parecem asas.

— Há luz à frente, estou vendo alguma coisa se mexendo.

Chegaram ao fim do corredor e depararam com uma câmara muito iluminada, o teto abobadado no alto. Era cheia de passarinhos, brilhantes como jóias, que esvoaçavam e colidiam pelo aposento. Do lado oposto da câmara havia uma pesada porta de madeira.

— Você acha que nos atacarão se atravessarmos a câmara? — perguntou Rony.

— Provavelmente — respondeu Harry — eles não parecem muito bravos, mas suponho que se todos mergulhassem ao mesmo tempo... Bom, não tem remédio... Vou correr.

Tomou fôlego, cobriu o rosto com os braços e atravessou a câmara correndo. Esperava sentir bicos afiados e garras atacando-o a qualquer minuto, mas nada aconteceu. Alcançou a porta incólume. Baixou a maçaneta, mas a porta estava trancada.

Os outros dois o seguiram. Fizeram força para abrir a porta, mas ela nem sequer se moveu, nem mesmo quando Hermione experimentou o seu feitiço Alorromora.

— E agora? — perguntou Rony.

— Esses pássaros... Não podem estar aqui só para enfeitar — disse Hermione.

Eles observaram os pássaros voando no alto, brilhando.

— Brilhando?

— Eles não são pássaros! — Harry exclamou de repente. — São chaves! Chaves aladas, olhem com atenção. Então isso deve querer dizer... — e olhou à volta da câmara enquanto os outros dois apertavam os olhos para enxergar o bando de chaves no alto — olhem! Vassouras! Temos que apanhar a chave da porta.

Mas eram centenas!

Rony examinou a fechadura.

— Estamos procurando uma chave bem grande e antiga, provavelmente de prata, como a maçaneta.

Cada um apanhou uma vassoura e deu impulso no ar, mirando o meio da nuvem de chaves. Tentaram agarrá-las, mas as chaves encantadas fugiam e mergulhavam tão rápido que era quase impossível apanhar uma. E Nicoly era artilheira sua maior habilidade era lançar, não apanhar.

Mas não era à toa que Harry era o mais jovem apanhador do século. Tinha um jeito para localizar coisas que os outros não tinham. Depois de um minuto trançando pelo redemoinho de pernas, ele notou uma chave grande de prata que tinha uma asa dobrada, como se já tivesse sido apanhada e enfiada de qualquer jeito na fechadura.

— Aquela ali! — gritou para os outros — Aquela grandona... Ali... Não... Lá... Com as asas azul-forte. As penas estão todas amassadas de um lado.

Rony precipitou-se na direção que Harry apontava, bateu no teto e quase caiu da vassoura.

— Temos que cercá-la! — gritou Harry, sem tirar os olhos da chave com a asa danificada. — Rony, você cerca por cima. Hermione, fica embaixo e não deixa ela descer e Nicoly pelo outro lado, e eu vou tentar pegar. Certo, AGORA!

Rony mergulhou, Hermione disparou para o alto, a chave desviou-se dos dois, Nicoly mirou certeira mas no ultimo minuto desviou fazendo a chave ir de encontro para única saída. Ou não. Já que Harry estava exatamente para onde ela voou.

Eles pousaram em seguida e Harry correu para a porta, a chave a se debatendo em sua mão. Enfiou-a na fechadura e virou-a, deu certo. No instante em que ouviram o barulho da lingueta se abrindo, a chave tornou a alçar vôo, parecendo agora muito maltratada depois de ter sido apanhada duas vezes.

— Estão prontos? — Harry perguntou aos três, a mão na maçaneta da porta. Eles fizeram um sinal afirmativo com a cabeça.

Ele escancarou a porta.

A câmara seguinte era tão escura que não dava para ver absolutamente nada. Mas, ao entrarem nela, a luz inesperadamente inundou o aposento, revelando uma cena surpreendente.

Estavam parados na borda de um enorme tabuleiro de xadrez atrás das peças pretas, que eram todas mais altas do que eles e talhadas em um material que parecia pedra. De frente para eles, do outro lado da câmara, estavam dispostas as peças brancas. Harry, Rony, Nicoly e Hermione sentiram um leve arrepio, as peças brancas e altas não tinham feições.

— Agora o que vamos fazer? — sussurrou Harry.

— É óbvio, não é? — falou Rony. — Temos que jogar para chegar ao outro lado da câmara.

Por trás das peças brancas eles podiam ver outra porta.

— Como? — perguntou Nicoly, nervosa.

— Acho que vamos ter que virar peças.

Ele se dirigiu a um cavalo preto e esticou a mão para tocar seu cavaleiro. No mesmo instante, a pedra ganhou vida. O cavalo pateou o tabuleiro e seu cavaleiro virou a cabeça protegida por um elmo para olhar Rony.

— Temos que nos unir a vocês para chegar ao outro lado?

O cavaleiro preto confirmou com a cabeça. Rony virou-se para os outros dois.

— Isto exige reflexão — disse. — Suponho que a gente tenha que tomar o lugar de quatro peças pretas...

Harry, Nicoly e Hermione ficaram quietos, observando Rony refletir. Finalmente ele disse:

— Agora não vão se ofender, mas nenhum dos dois é tão bom assim em xadrez...

— Não estamos ofendidos — interrompeu Harry depressa — diga o que vamos fazer.

— Bom, Harry, você toma o lugar daquele bispo, Nicoly pode ser aquele peão e, Hermione, você fica ao lado dele substituindo a torre.

— E você?

— Vou ser o cavaleiro.

As peças pareciam estar escutando, porque ao ouvir isso, um cavaleiro, um bispo, um peão e uma torre deram as costas às peças brancas e saíram do tabuleiro, deixando três casas vazias, que logo os quatro ocuparam.

— No xadrez as brancas sempre jogam primeiro — explicou Rony, observando o tabuleiro. — É... Olhem...

Um peão branco avançara duas casas.

Rony começou a comandar as peças pretas. Elas se mexiam em silêncio, indo aonde eram mandadas.

— Harry, ande quatro casas para a direita em diagonal.

— Nicoly ande duas casas.

O primeiro choque de verdade que levaram foi quando o outro cavalo foi comido. A rainha branca esmagou-o no chão e arrastou-o para fora do tabuleiro, onde ele ficou deitado imóvel, de borco no chão.

— Eu tinha que deixar isso acontecer — disse Rony, parecendo abalado. — Assim você fica livre para comer aquele bispo, Hermione, ande.

Todas as vezes que eles perdiam uma peça, as peças brancas não mostravam piedade. Dali a pouco havia uma coleção de peças pretas inertes encostadas à parede. Duas vezes, Rony reparou em cima do lance que Harry, Nicoly e Hermione estavam em perigo. Ele próprio disparou pelo tabuleiro comendo quase tantas peças brancas quanto as pretas que haviam perdido.

— Estamos quase chegando — murmurou de repente. — Me deixem pensar... Deixe-me pensar...

A rainha branca virou o rosto vazio para ele.

— É... — continuou ele baixinho — é o jeito... Preciso me sacrificar.

— Não! — Harry, Nicoly e Hermione gritaram.

— Isto é xadrez! — retorquiu Rony. — A pessoa tem que fazer alguns sacrifícios! Dou um passo à frente e ela me come, isso deixa você livre para dar o xeque-mate no rei, Harry!

— Mas...

— Você quer deter Snape ou não?

— Rony...

— Olhe, se você não se apressar, ele já terá apanhado a Pedra!

Não havia opção.

— Pronto? — perguntou Rony, o rosto pálido, mas decidido. — Então vamos, agora, não se demore depois de ganhar a partida.

Ele avançou e a rainha branca o atacou. Golpeou Rony com força na cabeça com o braço de pedra e ele caiu com estrondo no chão. Hermione gritou, mas continuou parada em sua casa. A rainha branca arrastou Rony para um lado. Ele parecia ter sido nocauteado.

Trêmulo, Harry se deslocou três casas para a esquerda.

O rei branco tirou a coroa e jogou-a aos pés dele. Os meninos tinham ganhado o jogo. As peças se afastaram para os lados e se curvaram, deixando o caminho livre para a porta em frente. Com um último olhar desesperado para Rony, os três se precipitaram para a porta e para o corredor seguinte.

— E se ele...?

— Ele vai ficar bem — disse Harry, tentando convencer a si mesmo. — Que é que você acha que vai acontecer agora?

— Tivemos o feitiço da Sprout, o visgo do diabo. Flitwick deve ter encantado as chaves. McGonagall transfigurou as peças de xadrez para lhes dar vida. Faltam o feitiço de Quirrell e o de Snape.

Tinham chegado à outra porta.

— Tudo bem? — cochichou Harry.

— Vamos.

Harry empurrou a porta para abri-la.

Um fedor horrível entrou por suas narinas, fazendo os três puxarem as vestes para cobrir o nariz. Com os olhos lacrimejando, eles viram, deitado no chão diante deles, um trasgo ainda maior do que o que tinham enfrentado, desacordado e com um calombo ensanguentado na cabeça.

— Que bom que não precisamos lutar contra este aí — sussurrou Harry, enquanto, cautelosamente, saltavam por cima da perna maciça do trasgo. — Vamos, não estou conseguindo respirar.

Mas o trasgo não estava totalmente morto.

Antes que alcançassem a outra porta o trasgo levantou um pouco desnorteado brandindo um escudo e grunhindo de forma que apenas trasgos fazem.

— Agora é minha vez. — disse Nicoly com um brilho decidido nos olhar.

Harry que já percebeu o que ela queria dizer negou veemente.

— Não, não e não! Nada disso, há outra forma!

— Harry você sabe muito bem que não há! Vão e impedem que Snape roube a pedra! Hermione leve-o!

Hermione estava pronta para puxá-lo para a porta quando Harry fez uma coisa ainda mais inesperada naquele momento.

A beijou.

Pode ter sido um selinho curto. Mas significou muito para Nicoly.

— Fique bem! — gritou Harry da porta.

— Não prometo nada docinho!

E se virou para o trasgo que naquele momento de desnorteado não tinha mais nada, e já preparava para lançar seu próprio escudo em Nicoly. Mas ela foi mais rápida. Lançou uma rajada de neve tão forte que a deixou muito fraca. Nunca tinha usado seus poderes em tanta quantidade assim.

A rajada acertou o trasgo diretamente no peito o fazendo cair. Mas agora completamente morto.

Mas Nicoly já sem forças, caiu no chão desacordada.


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Notas finais do capítulo

Mereço rewiews?
to carente sabia?
:´) bjuz de purpurina azul.



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