Capítulo 3 - Friends For Demi

‘’Desde o primeiro dia que colocamos os nossos pés na Disney, nos tornamos inseparáveis. Eu, Miley e Demi. Amigas de verdade. Das três, Miley sempre foi ‘’A Bad Girl’’. Mandava todos irem para merda e não escondia sua opinião, não era falsa. Pelo contrário era leal, muito leal. Mas ela sempre teve um paradigma, nunca pode expor sua verdadeira personalidade. As pessoas mal sabiam o nome dela. Ela era Hannah Montana. Então, muitas vezes ao desabafar ela acabava se irritando, e descontando seus problemas em nós. Muitas vezes Demi não respondia na cara. Pelo contrário. Planejava vinganças contra Miley. Tudo furtivamente e infantilmente de sua parte. Desde adolescência Demi não era exemplo de boa pessoa. Sempre quando Miley perguntava se ela tinha algo haver com o desaparecimento de suas composições a mão, descoloração misteriosa dos seus cabelos ou até mesmo, uma foto intima sua que aparece na internet. Demi negava. Ela pode estar em baixo da terra agora, mas sem confessar. Daí ‘nossa amiga’ foi crescendo e desenvolvendo outro caráter. Um caráter mesquinho e ambicioso. ‘’

– Interessante sua história de vida, Srta. Gomez – Disse Sr.Dawn com uma expressão de tédio – Mas onde você quer chegar, no que isso ajuda?

Sr.Dawn e Mary conseguiram apoio das autoridades de Los Angeles para suas investigações. Os motivos seriam: ‘’Todos em Los Angeles, incluindo os policiais, adoravam Demi e queriam colaborar para chegar ao possível assassino ou sequestrador. ’’

Mas Jonathan sabia que era tudo questão de prestigio. A qual nível as autoridades de L.A não subiriam por participar e solucionar um caso de tamanho porte?

Tudo girava em torno disso hoje em dia. Tudo girava em torno de ‘’Eu sou melhor que você’’.

Logo de inicio conseguimos uma entrevista com Selena Gomez. Estávamos na grande delegacia de Los Angeles. Ocorria um temporal na rua. Seria Deus chorando a morte de Demi Lovato?

– Demi não era santa. – Disse Selena respondendo a pergunta do detetive com total convicção.

‘’Ela era. Ela é. Escorregadia. Não parava com um namorado sequer. Sequer queria ter namorados, mas gostava de caras que já tinham namoradas. Demi sempre foi amiga das lâminas. Cortava- se porque gostava, não porque o mundo caia sobre sua cabeça. Lovato nunca me respeitou. A garota nunca se respeitou. ’’

– As evidências estão todas em você. Você ainda não tem álibi concreto sobre a noite do crime, você está depondo contra Demi e você é citada no seu diário – Disse Mary com uma expressão de concentração. Pois decorou aquelas palavras para dizê-las e sentia-se orgulhosa de si mesmo. – Mas os fios de um cabelo negro encontrados na cena do crime eram de uma mulher com a cabeça raspada, ou de um homem com cabelos curtos.

Selena desviou seu olhar para as paredes.

Parecia ter chegado a uma conclusão.

– Prossiga Gomez – Disse o detetive.

‘’Então, Demi propôs um pacto. Primeiro ela cortou uma mecha dos nossos cabelos, cada uma das três. E enquanto eles continuassem iguais. Nossa amizade também. Nunca trairíamos umas as outras. Mas Demi foi à primeira, e depois trocou várias e várias vezes. E fez muitas coisas baixas. Muitas coisas. Depois Miley, mudou uma vez, e ficou irreconhecível. Mostrou o que realmente ela era. Mas eu continuo igual. ’’

– Que coisas são essas? – Perguntou Sr.Dawn intrigado.

– Coisas como... Não ser fiel ao parceiro. – Disse Selena, mas encarando para o piso.

– Está falando noivo de Demi? – Perguntou Mary, quase em um sussurro. Como se fosse ouvir um segredo em resposta.

– Eu não sei. – Diz Selena Gomez de súbito encarando Mary.

– Diga logo, senhorita. Não temos tanto tempo para você. – Disse Sr. Dawn, franzindo o cenho levemente.

– Joe Jonas. Eu tenho certeza. – Revela a morena com uma expressão de pesar e certeza.

– Como você tem certeza? – Pergunta Mary, intrigada.

– Porque eu era uma grande amiga dele. Amiga de cama.

‘’ Demi e Joe namoram por algum tempo. Foi bem em uma época de transição para Demi. O relacionamento deles era pouco ou nada estável. Eles discutiam bastante. Ele tinha certeza que ela a traia com seu irmão Nick Jonas, de quem Demi é amiga até hoje. Então quando eles brigavam: Joe vinha procurar consolo em mim. Ele acusava Demi de por soníferos no seu suco e ir até a casa de Nick Jonas para transar com ele. ’’

Selena praticamente cuspiu tudo aquilo. Reagiu como se alguém tivesse enfiado um espeto em seu coração. Estava ofegante. Estava suando. Algo não estava certo com Selena Gomez.

– Onde você estava na noite que Demi desapareceu? – Perguntou Sr. Dawn franzindo ainda mais o cenho.

– Eu... É... – Selena estava pensando demais na resposta. Estaria mentindo?

– Você quer uma água, senhorita? – Pergunta Mary preocupada.

Selena estava vermelha. Suando, mesmo que o clima estivesse frio.

– Estava com meu namorado, Justin... – A suspeita finalmente disse. Como se sofresse para indagar aquelas palavras.

– Pode confirmar o álibi? – Pergunta Sr. Dawn. Com um tom desconfiado de voz.

Antes que Mary ou Jonathan pudessem ganhar uma resposta... Apareceu. Abriu a porta de uma forma bruta. Entrou e deu um golpe com a palma da mão aberta na face de Selena Gomez. Tão forte que abriu o lábio da entrevistada. Era Miley Cyrus. Selena desabou da cadeira. Caindo de lado. Mais pelo choque do que pela dor. Cyrus tinha uma expressão de ódio e repulsa na face. Rapidamente Sr. Dawn agarrou a loira. Selena simplesmente estava paralisada no chão.

– Traíra! – Disparou Miley – Só por causa daquele seu namoradinho de merda!

Selena estava em silencio. Sem expressão. As duas por um segundo apenas se observaram, Indiferentes. Então Selena apenas ergueu a cabeça, ainda no chão. Não tentando oprimir Miley. Mas como uma dama que fora preparada a vida toda para isso. Miley arregalou os olhos. E voltamos para o inicio. As amigas de Demi.

– Eu vou acabar com você! – Miley se debatia e esperneava. – Me solta!

Então as entrevistas acabam por aquele dia.

****

14 Horas Antes...

– Sr. Dawn, eu gosto de mulheres.

Sr. Dawn ficou petrificado. Um momento de silêncio que parecia durar uma vida. Por um momento ele não era Sr. Dawn e sua ajudante demitida. E sim, um homem marcado pela vida e um moça com feridas precoces. E apenas pela expressão do homem, a garota desabou no chão e começou a chorar, soluçava. Para Mary era horrível ser diferente. Já Sr.Dawn sabia o que era derrubar barreiras. O detetive ficou de joelhos.

– Para, Mary. Não precisa deste drama. – Disse o homem com uma voz firme. Odiava dramas.

– Você não compreende! Ninguém compreende o fato de que eu tive de sair da casa de minha mãe tão nova... Eu nunca havia contado. Ninguém sabe... - e chorava mais ainda. - Então conte, conte para mim. – A voz de Sr. Dawn saiu como um sussurro. - Você não compreenderia... - Diga logo, pare de chorar. – Disse Sr. Dawn com uma expressão de interesse.

Então houve uma segundo de silêncio. Um segundo para Mary recompor-se

– Começou quando eu tinha treze anos...

‘’Eu dei o meu primeiro beijo em um garoto. Ele beijava muito bem por sinal. Levou-me em um pessegueiro que eu desconhecia em minha antiga cidadezinha. Ele foi tão cavalheiro, até me deu flores. Então nos beijamos. Era Outono. Um lindo por do sol. Ele escolheu o momento perfeito, tinha tudo para ser memorável. Ele era o tipo de menino perfeito para ter como namorado. Mas eu não gostei. Não senti nada. Então, comecei observar garotas e achá-las bonitas e sexys. Eu tirava fotos às escondidas de cada uma delas no banheiro. Em casa me masturbava com isso. Logo isso foi se tornando um vicio meu. Cada vez mais fotos em meu celular ‘Nokia Tijolão’. Não só em casa eu me satisfazia. Da casa de meus avós até o banheiro químico na praça. Então aos meus dezessete perto de fazer dezoito, minha mãe descobriu. Ela resolveu ver o que eu andava fazendo no meu celular. E viu tudo, absolutamente tudo. Ela nunca foi religiosa, mas ela tinha medo do que os vizinhos iriam pensar. Então me expulsou de casa. E eu desesperada vim para L.A com um pouco de dinheiro que meu irmão havia me dado, roupas e mais nada. Até conseguir um emprego com você e me estabelecer. ’’

Sr. Dawn estava chocado. Ouvir está história foi como um soco. Um Espancamento. Um atropelamento. Ele sabia que uma pessoa boa de verdade teria derramado uma lágrima de tristeza. Mas ele não o fez. Qual era o seu problema, afinal?

– Eu nunca vou esquecer a face dela, a repulsa – Longa Pausa – O ódio.

Ficaram ali. Em silêncio. Sr. Dawn se sentiu culpado por ter sido bruto com a ruiva. Quando Mary já estava dormindo ao seu lado, chegou uma mensagem:

‘’Você deveria ter empatia por quem gosta de você, por isso você é sozinho. Eu estou lhe ajudando. Valorize seus bens mais preciosos. ’’ – Good Thing

Se a história de Mary o matou, aquela mensagem havia o enterrado. Agora não lhe restava dúvidas. Estava sendo observado.

****

Agora

Sr. Dawn e Mary resolveram ir juntos buscar o celular de Demi. Caminhando. Fazia um lindo dia de sol. Mas a relação do detetive e sua – readmitida - companheira não estavam das melhores. Na maioria do tempo eles apenas ficavam em silêncio. Um tentando ligar os pontos, o outro, tentando acompanhar o ritmo.

– Tem algo que não estamos enxergando. – Disse Mary, apenas por dizer.

– Tem muita coisa que não estamos enxergando. Também não sei se apenas nossos olhos são capazes de enxergar além. – Respondeu Sr. Dawn. Olhando fixamente para frente.

Então ele teve várias resoluções: Selena matou Demi. Um dos amantes matou Demi. Bandidos sequestraram Demi e logo vão ligar pedindo resgate.

– Você já pensou em suicídio? – Perguntou Mary de súbito. Ainda sem encarar o detetive.

– Nunca – Respondeu na lata. – Sempre tive muita gente dependendo de mim, não posso ser covarde e deixar uma trilha de dor.

– Viver Dói muito. - Sem dor não há prazer, por isso vale a pena. – Respondeu ele, superficialmente. Como se não fosse importante. - Eu queria entender como você tem a resposta sobre tudo, sempre. – Ela olhou para o lado, viu crianças praticando vôlei na calçada.

O detetive não respondeu.

Então eles chegaram ao pequeno estabelecimento.

****

– Está aqui. – Disse Red entregando o celular em uma caixinha.

– Obrigado. – Respondeu Sr. Dawn com uma expressão do mais puro tédio.

Entregou uma quantia em dólares para Red.

– Tchau, Red. – Despediu-se Mary por educação.

E quando eles já estavam dando as costas, Red gritou:

– Mary, eu estou esperando você na minha casa. O tempo passa, mas os melhores amigos continuam. - Amizade unilateral? Pra mim você é só um conhecido. Fracassado. – Disse Mary.

Os dois haviam aberto um sorriso de orelha a orelha. Sr. Dawn estava perdido. Está era uma as piadas internas de Mary e Red. Dizer que eram meros conhecidos significava que os dois se amavam.

Mary e Red haviam se conhecido há bastante tempo em um dia desses. Onde Red protagonizou um evento especial na vida de Mary, em baixo de um pessegueiro. Não se tornaram namorados. Mas sim, dois melhores amigos.

– Vem você também, Jonathan. Vai ter bolo. – Disse Red.

Sr. Dawn apenas observou as paredes em resposta aquele convite.

****

Casa do Sr. Dawn

Mary estava impressionada com o tamanho da casa de Sr. Dawn. Tão diferente do seu apartamento barato.

A sala era ampla. Havia vários quadros de diferentes formas e tamanhos pelas paredes. A maioria era de Jonathan, sua falecida mulher e sua filha. Mas havia também artes randômicas, a qual Mary não curtia muito. Havia duas grandes janelas dos dois lados da casa, e o sofá era de um couro com qualidade. As paredes milimetricamente pintadas. O chão era amadeirado, dando um tom rustico para o lugar. Mary mal poderia esperar para bisbilhotar o segundo andar.

Aquele era o lar dos sonhos.

– Você vai ficar parada contemplando? – Perguntou Sr. Dawn de costas para Mary.

– É linda – Diz Mary com um brilho no olhar.

– Menos óbvia. Por favor. – Responde Sr. Dawn sentando-se no sofá.

– Vamos...

– Sim, Mary. Vamos analisar o celular de Demetria. – Diz ele dando a mínima para ela.

Esse é o Dawn que eu conheço, pensou Mary.

Havia algumas mensagens de semanas atrás no iPhone de Demi:

‘’VOCÊ NÃO SE SENTE MAL! Eu não tenho provas. Mas eu sei que você está com ele, sua vaca. Mas ele me ama ME AMA! Você é apenas prazer. ’’ – Número Desconhecido, 20 de Novembro 2014.

‘’Hoje eu estou chorando, CHORANDO. MAS POR VOCÊ! O que aconteceu com nossa amizade inabalável? Não era AMOR! NÃO ERA! Mas o destino chega para todas. ’’ – Número Desconhecido, 10 de Janeiro, 2015.

‘’ATÉ NESTE DIA! ATÉ! EU NÃO ACREDITO! EU O QUERO! Mas eu não o amo. Eu odeio. Odeio tudo. LARGA ELE! DEIXA-O! EU TI PEÇO! – Número Desconhecido, 21 de Janeiro, 2015.

‘’Ontem a noite foi demais, estou ficando molhado só de pensar em você. Mas eu quero que você só para mim na próxima vez. ’’ Primo do Coração, 22 de Janeiro, 2015.

E depois tinha um histórico de mensagens com o contanto ‘’Ele’’

Ele: ‘’E hoje que o corno retorna?”

Demi: ‘’Não fale assim dele. Eu o amo.’’

Ele: ‘’Mas é na minha cama, ou melhor, nas camas de um motel que você está toda noite. Semana sim, semana não.’’

Demi: ‘’Hoje não podemos nos estender muito, tudo certo com Selena? Hoje vamos ter convidado especial. ’’

Ele: ‘’Então está noite vou te dar o prazer que ele nunca vai te proporcionar. Vou te foder até você dizer chega. Deixa comigo, Selena é trouxa. Duas para mim está noite?’’

Ela: ‘’Não exatamente. Kkkkkk’’

Está última do dia 21 de Janeiro, dia do assassinato.

Mary estava pasma, não imaginava tudo aquilo.

– Eu não acredito. – Disse Mary – Eu conheço Demi Lovato.

Sr. Dawn achou graça.

– Não, você não conhece.

Então a fã de Demi Lovato ligou a TV.

‘’INFORMAÇÃO URGENTE!’’

– Foi encontrando o corpo do cantor Justin Bieber no lixão principal de Los Angeles – Disse o apresentador – Mas não de um jeito comum. O cantor foi encontrado desmembrado, com todas as suas partes do corpo separadas. As autoridades tem certeza que houve assassinato. E examinam a hipótese de haver alguma ligação com o caso Demi.