Em passos largos ele entrou em casa e quando estava prestes a entrar em seu quarto ouviu o choro de uma criança e logo identificou que seria Rebeca tomando por um sentimento que até então era desconhecido ele sentiu medo de que algo tivesse acontecido a pequena. Ao entrar no espaço notou que a babá não estava ali e foi então que viu a menina sentada à beira da cama segurando seu pequeno urso de pelúcia.

_ Rebeca.

Ela se escondeu perto dele como se tivesse fugindo de alguém ruim e ele para tranquilizá-la pegou a menina e fez com que ela olhasse para ele.

_ O que houve meu anjo?

_ Tinha um monstro, eu vi!

_ Onde?

Rebeca apontou para o armário e ele foi em direção ao lugar para mostrar a ela que ali não havia nada e que tudo não passava de um sonho ruim.

_ Viu? Não está mais aqui.

Quando sentou novamente perto da menina ela já tinha o semblante mais calmo.

_ Mas eu vi!

_ Você teve um sonho ruim, mas eu vou ficar aqui até você dormir. Tudo bem?

Ela assentiu e deitou dormindo logo em seguida.

Rebeca era muito parecida com a mãe, analisou ele enquanto a menina dormia. Pouca coisa lembrava seu pai, para dizer a verdade não conseguia ver nenhum sinal dele nela, por isso durante muito tempo duvidou que ela pudesse ser filha dele. Então por um segundo imaginou “e se ela fosse sua filha?” Nunca tinha imaginado ter um filho com Helena, mas realmente existia essa possibilidade, pois durante às vezes eles que estiveram juntos tinham se descuidado da proteção.

A verdade é que apesar de tudo não conseguia sentir a mesma repulsa que vezes sentia pela mãe dela. Com aquela menina era diferente, nas poucas vezes que esteve junto dele sentiu um carinho tão natural como talvez sentisse um pai.

Ao pensar nisso foi inevitável o riso, pois naquele momento se comportava exatamente a um pai herói que socorria seu filho depois de um pesadelo. Tocando de leve na face rosada de Rebeca ele sorriu com ternura e desejou ter uma filha como aquela garotinha sapeca!

***

Helena estava cansada demais, mas antes de repousar tinha que dar um beijo em sua filha. Não aguentava mais de saudade daquele pedacinho de gente! Lentamente abriu a porta e entrou no quarto que estava iluminado apenas com a luz do abajur, ao se aproximar mais da cama se deparar com Rafael que parecia tão a vontade junto a Rebeca.

Não estava preparada para isso, mas a cena foi tão terna que ela ficou parada por alguns segundos vendo pai e filha juntos. Rafael ainda não sabia disso e não tinha planejado contar isso a ele. Até que ponto seria justo deixar alguém sem saber que tinha um filho? Mas a situação era diferente, ele tinha lhe enganado da maneira mais cruel e isso não tinha perdão!

Parecendo pressentir sua presença ele abriu os olhos e a encarou sonolento.

_ Hora de acordar, belo adormecido?

Apesar de engraçado o comentário foi severamente sarcástico! Ele apenas levantou ajeitando o paletó e sorriu.

_ Sua filha estava chorando porque teve um pesadelo... Eu vim ajudar a menina já que a mãe dela estava interessada mais em dar um novo golpe no meu irmão.

Foi-se o tempo que Helena tinha sido uma menina boba e medrosa, por isso não perdeu tempo e o atingiu no rosto com uma tapa. Estava farta de tantas ofensas! Uma hora elas tinham que acabar, então que fosse já!

_ Meça suas palavras, Rafael!

Parecendo não satisfeito com a tapa que tinha recebido ele foi de encontro a Helena e segurando seu braço com firmeza trouxe-a em direção ao seu corpo. Pressentindo a intenção dele ela começou a se debater na tentativa de se livrar daqueles braços.

_ Me solta!

_ Não era assim que você estava com o Armando?

_ Com o Armando era diferente! Ele era atencioso, mas você é um bruto. Me larga!

Quanto mais fazia força para se desviar, mais Rafael a pressionava contra seu corpo até que ela sem alternativas ficou totalmente imobilizada quando teve seu corpo pressionado contra a porta.

_ O que você esta fazendo?

_ Você pode beijar meu irmão, mas duvido que seja com a mesma paixão de quando a gente se beija!

_ Eu...

Helena não teve mais como fugir ao sentir seus lábios serem tocados pelo dele e se entregou completamente.

“Ela estava perdida! Mas era tão bom sentir aqueles braços envoltos ao seu corpo”

E ela voltou ao passado quando era aquela garota totalmente apaixonada e se entregou com paixão, esquecendo totalmente dos enganos, das mágoas e apenas o beijou com paixão.

Seu corpo gritava pelo dele, era como uma necessidade! Ela o abraçava com ansiedade e procurava demonstrar tudo o que sentia. Por mais que tentasse negar ainda sentia aquela paixão que a consumia totalmente. Mas se tudo fosse novamente um engano? Não! Não podia se deixar enganar novamente!

Ela o empurrou com mais forças do que possuía e Rafael se afastou dela.

_ Nunca mais faça isso! _ disse ela limpando os lábios com as costas das mãos enquanto tentava manter o controle sobre a adrenalina que percorria seu corpo.

_ Tem certeza, Helena? Porque ainda que tua boca diga isso o que você demonstrou foi outra coisa.

_ Eu não demonstrei nada! Você me forçou a aceitar teu beijo e fique sabendo que eu não senti absolutamente nada!

Rafael voltou em passos lentos em direção a ela e parou segurando seu queixo fazendo com que ela o encarasse.

_ Pois fique sabendo que não acredito! Mas também não me importo afinal para mim isso não significou nada!

Dizendo essas palavras ele saiu deixando-a inquieta em seus pensamentos.

“Não podia novamente se entregar aquele sentimento ou estaria perdida!”

Olhou para Rebeca que dormia profundamente e retornou ao seu quarto onde se atirou na cama olhando para o teto e nos pensamentos estava o momento de agora a pouco. Como tinha sido maravilhoso está novamente junto a ele! Ainda o amava demais e desejava poder ficar junto de Rafael!

Mas não podia ficar nutrindo essa utopia, afinal ele mesmo havia dito que aquilo não passava de uma coisa sem significado. Era melhor esquecer aquilo, então virou para o lado e sem retirar a roupa acabou caindo num sono profundo.

***