Como recuperar o tempo perdido? escrita por bells


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Bom gente eu estive lendo os comentarios e reparei que já se formaram dois grupos #timeLeo e #timeChris
hahahahha, algumas leitoras são muito radicais. Bom só queria dizer que não dá pra agradar todo mundo e que a historia já está direcionada, mas posso dizer que vai ter um final feliz.... só vai demorar um pouco em chegar. Espero que ninguem me odeie!

TAMBÉM QUERIA AGRADECER AS NOVAS RECOMEÇÕES!!!! OBRIGADA SISI13 E ALEXANDRA FIGUEIREDO! AMEU SUAS RECOMENDAÇÕES!



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CHRISTIAN POV

Depois do fatídico acontecimento no apartamento da amiga de Anastásia, as coisas foram se ajeitando. Descobri o motivo da doença de Emma e isso acabou comigo. Me senti o ser mais miserável da fase da terra, seu eu tivesse ficado com ela, nada disso teria acontecido. Emma seria uma criança saudável e eu teria visto meus filhos crescerem. Hoje seriamos uma família feliz. Mas não foi isso que aconteceu, minha Ana sofreu muito e por minha causa teve que levar uma gravides de risco sozinha e depois criar duas crianças.

Passei dias me sentindo muito mal, provavelmente me sentiria mal pelo resto da minha vida, por ter causado tanta dor as pessoas que mais amo. Mas depois de ouvir essa história, decide fazer o possível para compensar meus filhos e a Anastásia. Faria o que fosse necessário para vê-los felizes e de preferência ao meu lado.

Logo no dia seguinte fiquei de falar com a Ana, queria iniciar logo as mudanças. Não foi fácil, ela continua sendo a mesma criatura teimosa e orgulhosa, mas consegui chegar a um acordo. Eu sabia que ela aceitaria o apartamento e, a pesar de não ter gostado muito, teria que esperar um pouco para contar aos meus filhos que sou o pai, por enquanto, seria apenas o “tio Christian”.

Eu também consegui contar à Anastásia sobre a Sofia. Ela ficou um pouco surpresa, mas pareceu não se importar muito com apresenta-la aos meninos, no final das contas, eles eram irmãos. Já estava planejando como os apresentaria, me agarraria a primeira oportunidade.

Tal oportunidade apareceu bem antes do que imaginei. Naquele dia fui falar com o médico de Emma, consegui arranjar tudo. Emma teria o tratamento dela e ainda seria avaliada por outros especialistas, o que me deixaria mais tranquilo. Quando saí do hospital passei na casa da Elena para pegar minha filha, queria passar a tarde com ela já que tirei o dia livre. Então a ideia veio, queria ter meus três filhos comigo, então liguei para Anastásia. Ela pareceu receosa no começo, mas acabou aceitando, passamos parte da tarde juntos. Devo dizer que passar algum tempo junto dela foi melhor do que eu pensei. Tivemos um pequeno desentendido, mas nada que eu não pudesse concertar. Foi lindo perceber que ela não tinha mudado nada, continuava sendo a mesma menina teimosa e orgulhosa, mas corava quando era elogiada. E uma das melhores partes do dia foi o fato dela ter aceitado o apartamento não podia me sentir mais feliz. Eu já tinha os apartamentos em mente, todos eles perto do meu, botei algumas casas para despistar, eu sabia que ela não escolheria por ser longe e caras demais. Só precisava que ela escolhesse para deixar tudo pronto.

Não perdi tempo e no dia seguinte fui até o apartamento carregado de fotos e especificações sobre os apartamentos. Ana escolheu aquele que ela considerou menos custoso, outra de minhas táticas, já que esse era o mais próximo do meu apartamento. Conhece-la me deu algumas vantagens.

Depois que o apartamento estava escolhido podia começar a fazer minhas pequenas mudanças, teria menos de duas semana, mas confio em meu pessoal e eu sabia que eles conseguiriam deixar tudo pronto antes do dia da mudança.

O dia da mudança chegou e agradeci aos céus que as coisas estivessem prontas, seria uma surpresa para meus filhos, tinha certeza que eles amariam. O apartamento estava todo mobiliado e o quarto de meus filhos foi decorado para satisfazer o gosto de cada um. Fiz questão de ir com eles na mudança, queria poder ver o rosto de meus filhos ao entrar nos quartos. As crianças enlouqueceram ao ver o apartamento, começaram a correr pela sala gritando que o lugar era enorme lindo. Meu coração encheu de alegria ao vê-los assim. Mal podia esperar que entrassem nos quartos.

Eu estava feliz olhando para os meus filhos correndo pelo apartamento, mas quando olhei para a varanda, minha felicidade morreu um pouco. La fora estavam Anastásia e Leo, os dois estavam próximos e pareciam tão à vontade e íntimos, que eu me senti um intruso só por estar olhando. Decidi então voltar a atenção aos meus filhos novamente. Ver Anastásia com outro homem me machucava, mas não tinha o direito a reclamar, fui eu quem foi embora. No momento o mais importante eram meus filhos, mas eu juro que irei reconquista-la e formar minha família.

Segui os meninos até o corredor que leva aos quartos. Eu esperava que Anastásia estivesse junto, mas ela estava ocupada com outra coisa.... Eles entraram no quarto da Emma antes. Eu não os conhecia muito bem ainda, mas tinha reparado em algumas coisas. Emma adorava bonecas e a cor lilás, já que a maioria da roupa dela era dessa cor e como ela é minha princesinha, decidi fazer um quarto de princesa lilás e enchi ele de bonecas e outros brinquedos. Emma pareceu adorar o quarto, saiu correndo e olhou por todos os lados.

_ Olha só Noah!! É uma cama de plincesa! – Gritou minha filha. _ E tem até um castelo! É o quarto mais lindo que eu já vi!

Meu coração se enchei de alegria ouvindo suas palavras. Ela tinha gostado do que eu tinha feito para ela, isso bastava para me deixar feliz. Depois de correr pelo quarto inteiro, minha filha foi até a porta e gritou chamando a mãe, ela perguntou se podia ficar com esse quarto e eu ri por dentro. Anastásia apareceu rapidamente, mas sozinha. O namoradinho dela deve ter ido embora. Ela não parecia saber o que dizer, já que não tinha conhecimento sobre os quartos, então decidi responder por ela, dizendo que o quarto era dela e o que estava em frente do Noah.

Noah amou seu quarto assim como sua irmã. Eu sabia que ele gostava de carrinhos e isso foi o bastante, quando achei a cama em forma de carro que corrida, não pensei duas vezes antes de compra-la, eu sabia que ele iria gostar. Os dois ficaram distraídos, cada um em seu quarto e eu estava extasiado pela alegria deles. Mas minha alegria não durou muito, Anastásia aproveitou a distração de meus filhos e veio me reprender. Eu até entendia seus motivos, eu deveria tê-la avisado, mas suas palavras me machucaram, principalmente saber o que ela pensava sobre mim. Eu achei que ela me conhecesse melhor para pensar que eu era apenas um riquinho mimado. Mas se era isso que ela pensava eu iria mudar a opinião dela, iria fazer ela perceber que eu sou um homem, um homem capaz de cuidar dela e dos meus filhos, não um riquinho mimado.

[...]

No momento estava em meu escritório pensando no que tinha acontecido, ainda estava chateado pelas palavras a Anastásia, mas no momento só queria faze-la mudar de ideia sobre mim, só não sabia como.

_ Espero que esteja pensando em como resolver o assunto dos japoneses. – Disse Elliot entrando na minha sala.

_ Você deveria bater antes de entrar na sala dos outros, principalmente a do seu chefe. – O reprendi.

_ Estamos de mal humor? Achei que ficasse feliz depois de mostrar o apartamento aos filhos e à Anastásia.

_ Estava... _ Respondi me levantando e andando pela sala.

_ O que aconteceu? – Perguntou Elliot sentando no sofá.

Contei tudo o que tinha acontecido no dia, desde ter visto Anastásia e Leo na varanda, até a bronca que ela me deu e o quanto suas palavras me machucaram. Eu não costumo me abrir com as pessoas, mas Elliot é meu melhor amigo e sabe de todo minha história. Se tem alguém que pode me ajudar, é ele.

_ Bom, devo admitir que suas palavras foram um pouco fortes, mas ela tinha seus motivos. Você tem que entender, ela passou todos estes anos cuidando dessas crianças sozinha e agora você aparece do nada querendo dar o céu e a terra a eles. Você deveria ter avisado, pelo menos. – Ele tinha razão, eu já sabia disso.

_ Eu sei, eu pensei nisso, mas acabei me empolgando e esquecendo de falar com ela sobre isso.

_ E como você pensa concertar isso? – Perguntou ainda sentado.

_ Não sei, realmente não sei.

_ Bom você poderia começar a contar pra ela antes de fazer alguma coisa relacionada com os meninos e pedir desculpas sempre ajuda.

_ Vou fazer isso, só estou dando um tempo.

_ Muito bem, vejo que está aprendendo. – Disse, claramente, rindo de mim.

_ Imbecil! Agora vai me dizer o motivo de tanta felicidade? – Perguntei curioso, fazia dias que notava Elliot mais feliz, sorrindo à toa e sem reclamar do trabalho.

_ Não sei do que você está falando. – Tentou disfarçar, mas eu notei sua ansiedade.

_ Não me faça de trouxa, eu conheço você. – Elliot riu sem graça e se levantou.

_ Estou saindo com alguém.

_ Vai me dizer que essa felicidade toda é por causa de mulher?

_ Não é qualquer mulher. Ela é especial. – Disse com um sorriso bobo no rosto.

_ Especial? Meus Deus. Nunca pensei ouvir essas palavras de você. Até onde me lembro, mulheres eram apenas diversão momentânea, sem complicados relacionamentos.

_ Bom, pessoas mudam... – Disse constrangido. _ Eu realmente gosto dela, até pensei em um futuro juntos.

_ Fico feliz por você, amigo. Mas posso saber o nome dessa mulher tão especial? – Perguntei curioso. Elliot ficou calado por algum tempo, parecia não querer me dizer quem era. Será que eu a conhecia?

_ Bom, o nome dela é Kate. – Kate? Não podia ser, podia? _ Kate kavanag. – Concluiu.

_Kate Kavanag? A melhor amiga da Anastásia? A madrinha de meus filhos?

_A mesma.

_ Você está de brincadeira. – Não que eu tivesse nada contra, mas logo ela?

_ Não, estamos saindo à quase duas semanas.

_ Mas como isso aconteceu?

_ Bom, eu fiquei encantado com ela desde a primeira vez que a vi no restaurante. Eu apenas voltei mais algumas vezes no almoço e no jantar... – Disse, claramente constrangido e eu comecei a rir.

_ Era por isso que você inventava desculpas para não almoçar comigo! – O acusei. Leo apenas sorriu aceitando a acusação. _ Bom acho que era por uma boa causa. Meus parabéns, espero que tudo dê certo.

_ Obrigado, irmão! Vocês deveriam se conhecer, você vai gostar dela.

_ Qualquer dia. Ela parece ser uma boa pessoas e meus filhos a adoram.

_ Marcaremos um dia, você pode chamar a Anastásia.

_ Acho que isso não vai acontecer muito cedo, quase certeza que ela me odeia e ela tem namorado.

_ Primero, eu não acho que ela te odeie, você não chegaria perto dos filhos dela tão facilmente; segundo, pelo que você me contou, vocês tiverem uma história e não uma que se esquece facilmente; por último, namoros não são para sempre é só você se esforçar um pouquinho. – Disse sorrindo pra mim.

_ Você está me aconselhando a terminar com um namoro? – Perguntei não acreditando.

_ Não, estou te aconselhando a lutar! Eu sei que você ainda a ama e tenho quase certeza que ela sente o mesmo, só está escondendo seus sentimentos para se proteger.

_ Tenho medo de fazer alguma coisa que estrague meu progresso, principalmente com meus filhos, as coisas estão indo bem, não quero que Anastásia dificulte minha aproximação.

_ Só vai com calma. Ela precisa de tempo, ainda está se adaptando com a ideia de você estar de volta com a vida dela.

_ Eu sei. Juro que vou ter ela de volta, ou vou enlouquecer no processo! – Disse e Elliot riu de mim. _ Agora da pra parar de rir de mim e ir trabalhar? - O expulsei da minha sala.

Passei o resto do dia trabalhando. Tinha acumulado muitas coisas desde o incidente com a Emma, tanto que pulei o almoço. Já eram quase seis horas da tarde quando terminei de assinar alguns papéis, ainda estavam faltando algumas coisas, mas as terminaria no dia seguinte, quando meu telefone começou a tocar. Quando olhei para a tela e fiquei surpreso, a pessoa me ligando era Anastásia. Não duvidei um segundo e atendi o telefone rapidamente.

_ Alô?

_ Oi Christian. Está ocupado? Não quero te incomodar, é só que... – começou a se desculpar.

_ Não estou ocupado, pode falar. Aconteceu alguma coisa com as crianças? – perguntei preocupado.

_ É que as crianças queriam te ver. Me pediram para te chamar para o almoço, se você já não tiver planos é claro. – Disse parecendo constrangida.

_ Claro que não. Quer dizer, eu posso sim, adoraria jantar com vocês. – Disse sem conseguir conter a felicidade. _ Que horas que eu posso passar aí? – Perguntei querendo que ela disse: Agora mesmos.

_ Acho que ás 19 horas está bem. Vou fazer macarronada, a favorita dos meninos. – Minha favorita também, adoro a macarronada dela.

_ Certo, eu chego aí ás 19 horas. Até logo, Anastásia.

_ Até logo. – E desligou o telefone.

Não posso explicar o quão feliz estava me sentindo, meus filhos queriam me ver. Eles não sabiam que eu era o pai e, mesmos assim, querem me ver. Se as coisas continuarem assim, logo poderíamos contar que eu era o pai deles. A única coisa que me incomodou foi a voz da Ana, ela nunca falava comigo de forma animada ou feliz, ela sempre era educada e apenas isso. Mas desta vez ela parecia incomodada. Será que ela não queria que eu fosse? Talvez ela só estava fazendo isso para deixar os filhos felizes. Ela ainda deve estar chateada comigo.

Me forcei a parar de pensar nisso e me concentrar no fato de que, daqui a pouco estaria perto de meus filhos e a pedido deles. Terminei de arrumar os papeis que seriam usados na reunião no dia seguinte, peguei minhas coisas e saí. Mandei minha empregada me passar os recados por mensagem, os veria depois que saísse da casa de Anastásia. Saí da empresa e Taylor já me esperava na porta. Eu sei que Emma tem uma dieta diferenciada, mas depois de ler as indicações que Anastásia me mandou, descobri que ela pode comer algumas sobremesas de vez em quando. Assim decidi comprar uma torta de maça e outra de morango, já que eram as menos doces e tinhas frutas. Peguei as duas tortas e, finalmente, em dirigi ao apartamento.

Quando cheguei subi direto, já que o porteiro me conhece. Dentro do elevador pensei que talvez tivesse sido melhor ter avisada. Eu sabia que Anastásia não parece ser o tipo de pessoa que gosta de surpresas. Mas já era um pouco tarde, o elevador tinha parado no andar dela. Toque a campainha e um minuto depois ela abriu a porta.

_ Acho que você não precisa ser anunciado. – Disse um pouco chateada.

_ Desculpa, conheço o porteiro, mas prometo me anunciar da próxima vez. – Disse em forma de desculpa.

_ Não, tudo bem, não vai ser necessário, pode entrar. – Disse e abriu caminho para que pudesse entrar.

_ Crianças! – Gritou Anastásia e no segundo seguinte meus filhos apareceram correndo pela sala.

_ Tio Chlistian! – Gritaram os dois correndo na minha direção.

_ Oi baixinhos! – Disse me agachando e abraçando os dois. _ Como estão?

_ Eu tô bem, tio e a Emma também. – Respondeu Noah pelos dois.

_ Que bom, fico muito feliz. E estão gostando do novo apartamento? – Perguntei.

_ Siiiim! É muito legal e tem um motononão de coisas, dá até pla colé pela sala! – Disse minha filha entusiasmada.

_ Serio? E a mãe de vocês não se importa com isso? – Perguntei, sabendo que provavelmente ela não estava a favor desse comportamento.

_ A mamãe não gosta, mas agente colé quando ela não está olhando. – Disse olhando pros lados para ter certeza de que a mãe não estava por perto. Anastásia tinha saído, provavelmente em direção à cozinha.

_ Vocês deveriam obedecer à sua mãe, ela sabe o que é melhor para vocês.

_ Eu sei, tio. Mas a gente colé só de vez em quando. – Respondeu meu filho. Eu não me contive e ri da resposta dele.

_ Bom, mas tenham cuidado. – Os adverti.

_ Tudo bem. – Responderam ao mesmo tempo.

_ O jantar vai ficar pronto daqui a pouco. – Disse Ana entrando na sala. _ Meninos, vocês não tinham uma coisa para entregar ao Christian? – Perguntou aos meninos.

_ Sim! – Disseram e correram pelo corredor. Olhei para Anastásia em busca de uma resposta.

_ Eles tem um presente para você. – Respondeu. Se eu já me sentia feliz antes, agora eu estava quase gritando de tanta alegria.

_ Um presente? – Perguntei ainda extasiado com a notícia.

_ Aham! Sinta-se honrado, eles não fazem isso para qualquer pessoa. Apenas Kate, Leo e eu já ganhamos presentes. – Respondeu sorrindo.

_ Pode acreditar que estou me sentindo.

Meus filhos apareceram correndo novamente pela sala, Anastásia olhou feio pra eles, mas não disse nada. Os dois carregavam folhas de papel. Me perguntava qual seria o presente.

_ Olha tio Chlistian, a gente fez pra você. – Disseram e me entregaram as folhas. Olhei pra cada uma delas, detalhe por detalhe.

Os dois tinham desenhos feitos por eles. Emma tinha desenhado um jardim com árvores e flores, no meio haviam 3 bonequinhos que podia identificar sendo Emma, Noah e eu. O de Noah era diferente, ele tinha desenhado carrinhos em uma pista de corrida e nós dois sentado na arquibancada. Eram desenhos muito bons para crianças de 3 anos.

_ Você não gotou, tio? – Perguntou Noah, mas eu não entendi a pergunta. Eu estava muito feliz, mais do que feliz. _ Porque está cholando?

Chorando? Passei minha mão pelo rosto e percebi que estava realmente chorando. Não sei quando começou, mas os presentes de meus filhos realmente me comoveram, eu já ganhei muitos presentes na minha vida, a maioria eram presentes vazios, muito caras, mas sem sentimento nenhum. Os únicos presentes que chegaram a tocar meu coração tinham sido os da Anastásia. Ainda me lembro do primeiro presente que Ana me deu.

FLASH BACK ON

Era o nosso primeiro – e último – dia dos namorados juntos. Eu nunca tinha namorado antes, apenas ficava com garotas, por, no máximo, duas ou três semanas. Então eu não fazia a menor ideia do que deveria fazer. Passei uma semana pensando no que comprar para ela. Liguei para Elliot, que na época morava em Londres, e pedi ajuda. Ele me disse para não me estressar e comprar algum colar cara para ela, todas as mulheres gostavam desse tipo de coisas. Eu sabia que Ana não era esse tipo de garota, mas no momento era a única ideia que tinha.

No mesmo dia, passei em uma joalheria e compre um colar para ela, era bonito e delicado, assim como ela, eu sabia que ela não gostaria de algo muito grande e extravagante. Corri até a casa dela disposto a leva-la para jantar e entregar meu presente. Dirigi rapidamente e em alguns minutos já estava de pé na porta de sua casa, toquei a campainha e ela apareceu sorrindo lindamente para mim.

_Oi amor. – Disse ainda sorrindo.

_Oi amor. Esta pronta? – Perguntei.

_Sim, só vou pegar meu casaco. – Disse entrando em casa e saindo alguns segundos depois.

_Onde vamos? – Perguntou dentro do carro.

_É surpresa. – Respondi.

_Nossa, agora estou curiosa. – Disse animada, quase quicando no assento do banco, me fazendo rir.

Quando chegamos ao restaurante, Ana me olhou chocada e animada ao mesmo tempo.

_Vamos jantar aqui? – Perguntou sorrindo.

_Sim, achei que você fosse gostar, lembro que você me disse que gosta de velejar. – O restaurante que eu escolhi era, na verdade, um barco que navegava enquanto servia os clientes, achei uma ideia maravilhosa. _Gostou?

_Amei! – Disse me abraçando.

O jantar foi ótimo, passamos a noite conversando e rindo das histórias um do outro. Contei sobre minha infância e ela me contou sobre a sua, mas nem mesmo as histórias mais tristes conseguiram estourar a bolha onde nos encontrávamos. Estávamos comendo a sobremesa quando decide entregar meu presente.

_Tenho um presente para você. – Disse entregando a caixinha. _Espero que você goste, eu nunca fiz isto antes e não sei bem como agir no dia dos namorados.

Ana abriu a caixa com muito cuidado e seus olhos se abriram quando viu o que tinha dentro.

_Nossa, Christian! É lindo. – Disse segurando o colar em suas mãos. _Deve ter sido muito caro, eu não posso aceitar uma coisa dessas, eu... – Ela tentou recusar, mas eu não iria permitir.

_Nada disso, é um presente você não pode devolver. – Disse me levantando. Peguei o calar de suas mãos e o coloquei em seu pescoço. _Fica lindo em você. – Disse voltando ao meu lugar.

_Obrigada, eu amei. – Disse desistindo, finalmente. _Eu também tenho um presente para você. – Disse corando.

_Sério? Você não precisava ter me comprado nada.

_Claro que precisava. – Disse segurando uma caixinha. _Mas vou logo avisando que não é nada demais, nem chega perto do presente que você me deu, é apenas... – Começou a falar rapidamente como se estivesse se desculpando pelo presente.

_Ana, chega! Me dá logo, estou morrendo de curiosidade.

Ana me entregou a caixinha e eu a abri rapidamente. No interior, enrolado em um papel azul, havia um pequeno avião de metal, era parecido com o avião que eu pilotava.

_Eu o vi em uma loja semana passada, não sabia o que comprar pra você, mas assim que vi esse aviãozinho, eu sabia que você ia gostar.- Disse ainda parecendo constrangida, mas eu não conseguia olhar pra ela, ainda analisava o pequeno avião em minhas mãos. _Sei que não é grande coisa, mas...

_É perfeito. – Consegui dizer e olhei pra ela. _ É o melhor presente que eu já ganhei. Obrigado.

_Eu duvido muito... – Disse baixinho.

_Pois acredite, é o melhor!

_Que bom que você gostou, eu gravei as nossas iniciais e a data de hoje na parte de baixo. – Completou. Virei o avião e reparei na gravação: C & A (03/2011)

FLASH BACK OFF

Ainda guardo o avião que ela me deu, esse foi o melhor presente que eu tinha ganhada até então, o primeiro que tinha significado alguma coisa. Um presente que valei muito, não pelo preço, mas pelo que significava. E agora Noah e Emma tinham me dado mais um.

_ Não é nada, só estou feliz, eu gostei muito. Obrigado, são os melhores presentes que eu já recebi.

_ Selio? – Perguntou Emma.

_ Sim! Os melhores. – Os dois sorriram com a minha resposta.

_ A gente fez polque você foi embola tliste o outro dia. – Disse Noah.

_ Nesse caso, estou duplamente agradecido, porque não estou mais triste.

_ Oba! - Gritaram os dois.

_ Bom, agora vamos jantar, já está tudo pronto. – Disse Anastásia chamando nossa atenção.

Os quatro andamos até a sala de jantar, achei que fossemos comer na bancada da cozinha, mas Ana parecia ter ajeitado tudo da melhor maneira possível. Ajudei a colocar as crianças na cadeirinha e me sentei. Eu estava sentado na cabeça da mesa, com Emma e Noah a cada lado, enquanto Anastásia estava sentada ao lado da Emma.

Foi divertido comer com meus filhos e ajuda-los com a comida. Também pude notar algumas diferenças entre eles. Emma era toda uma menininha comendo, segurava o garfo de jeito certo e enrolava o macarrão o melhor que podia, já o Noah fez uma bagunça enorme, botando mais comida do que podia na boca e deixando a metade cair na mesinha. Perdi as contas de quantas vezes eu ri durante o jantar, quem visse de fora acharia que somos uma família de verdade. Anastásia permaneceu calada grande parte do jantar, apenas reprendia as crianças quando brigavam ou faziam muita sujeira, mas também ria muito com as ocorrências dos meninos.

Terminamos de jantar e eu ajudei a levar a louça à cozinha, mesmo Ana dizendo que não era necessário.

_ Mamãe, agola a gente pode blincar com o tio Chlistian? – Perguntou Noah entrando na cozinha.

_ Bom se ele quiser, podem sim. Mas antes tem que escovar os dentes. – Respondeu Anastásia

_ Quê blinca com a gente, tio? – Perguntou Emma.

_ Claro que sim, mas antes vão fazer o que a mãe de vocês mandou. – Disse sorrindo e os dois saíram correndo em direção ao corredor.

Anastásia se virou e se concentrou a lavar a louça. Reuni toda a coragem que podia e me juntei a ela.

_ Não precisa lavar a louça, você pode esperar pelas crianças na sala. – Disse quando comecei a pegar os pratos sujos.

_ Eu sei que não precisa, mas eu quero ajudar. – Ficava nervoso perto dela, apenas sua presença me fazia suar que nem um adolescente apaixonado. Eu queria poder toca-la e abraça-la como antes, mas eu sabia que não podia, não por enquanto. O que eu precisava fazer agora era me desculpar. E era isso que iria fazer.

_ Eu queria te pedir desculpas. – Para minha surpresa dizemos isso ao mesmo tempo. Anastásia soltou uma pequena risada e olhou pra mim. Eu estava em choque.

_ Eu errei com você ontem, não deviria ter gritado assim com você e muito menos dizer as coisas que eu disse. Eu sei que você só quer fazer as crianças felizes, é meu principal objetivo também – Disse suspirando. _ Acho que eu fiquei com ciúmes. _ Ciúmes de mim? Por causa das crianças? _ Eu nunca pude dar a elas tudo o que você deu. Quando vi o quão felizes eles estavam eu me senti mal por não ser capaz de dar isso à elas. Desculpa. – Pediu baixinho.

_ Se tem alguém que precisa se desculpar, sou eu. Eu deveria ter te avisado, fiz tudo pelas suas costas. Eu sinto muito. Suas palavras me machucaram, mas depois eu entendi que você não queria dizer aquilo, só estava chateada. E saiba que você não tem motivo nenhum pra ter ciúmes de mim. Eu posso ter dado um momento de felicidade pra eles, mas você faz essas crianças felizes todos os dias, eu só quis ser responsável de um pouco dessa felicidade. – Quando terminei pude ver uma lagrima escorrendo pelo canto de seu olho. Meu coração gritava para secar a lagrima e abraça-la, mas eu me contive.

_ Obrigada. Não vou te proibir de dar presentes à eles, só peço que se controle um pouco e que me avise se for alguma coisa muito grande ou descontrolada. – Nesse momento ela olhou diretamente pra mim. _ Além do mais, acho que as crianças iriam adorar receber presentes do pai delas. – Quando suas palavras chegam em mim eu não consegui entender, passei alguns segundo analisando o que ela disse para, finalmente, entender o que ela queria dizer.

_ Você está falando sério? Podemos contar que eu sou o pai deles? – Ela apenas balançou a cabeça e desta vez eu não consegui me controlar e a abracei. _ Obrigado! Não faz ideia de como isso me deixa feliz.

_ De nada, eles gostam muito de você. Você até ganhou um desenho... Só peço para me deixar falar antes, Ok?

_ Tudo bem. – Respondi animado. Nesse momento as crianças chegaram correndo até a cozinha e Anastásia se liberou do meu abraço.

_ Plonto! – Gritou Noah. _ Agola a gente pode blincá?

_ Podem, mas a mamãe precisa contar uma coisa pra vocês antes. – Disse pegando nas mãozinhas deles e andou até a sala eu fui andando atrás deles. _ Vocês lembram o que a mamãe falou sobre o papai de vocês? – Perguntou.

_ Falo que ele mola muito longe, por isso não pode visitar a gente. – Disse Emma meio triste, o que partiu meu coração. Mas isso mudaria logo.

_ Bom, o pai de vocês não mora mais longe, ele está morando bem pertinho.

_ Selio? – Perguntou Noah

_ A gente pode ir visitar ele? – Disse Emma em seguida.

_ Bom, não vai ser necessário, ele que veio visitar vocês.

_ Cadê ele? – Perguntaram os dois. Ana olhou pra mim e eu soube que estava na hora de entrar na conversa.

_ Estou bem aqui. – Eles me olharam confusos. _ Eu sou o pai de vocês.

_ Você é nosso papai? – Perguntou Noah, ainda um pouco confuso.

_ Sou. – Respondi começando a ficar um pouco assustado. Os dois ficaram de pé na minha frente sem dizer nada, apenas olharam para a mãe que confirmou minha resposta. Será que eles não tinham gostado da notícia? Eles não queriam que eu fosse o pai deles? _ Vocês não estão felizes com a notícia? – Perguntei não querendo ouvir a resposta. Meu coração estava começando a se contorcer, mas antes de começar a chorar que nem uma criança, Emma correu na minha direção e me abraçou.

_ Papai! – Disse com seu rostinho no meu pescoço. Noah veio logo em seguida e me abraçou do mesmo jeito. Tendo os meus dois filhos em braços consegui relaxar. Comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. Nunca me senti mais feliz. Olhei para Anastásia e ela nos olhava com um sorriso no rosto e com algumas lagrimas nos olhos.

_ Você vai ficá com a gente pla semple?. – Perguntou minha filha, separando seu corpo do meu.

_ Pra sempre. Nunca mais vou me separa de vocês. – Respondi com convicção. Os dois gritaram e sorriram de alegria.

_ A gente tem um papai agola, mamãe. – Disse Noah descendo de meu colo e indo em direção à mãe.

_ Vocês sempre tiveram um, ele só estava um pouco longe. – Responde.

_ Agola você vai molá com a gente? – Perguntou Emma segurando minhas bochechas com a duas mãozinhas.

Nesse momento voltei a ficar nervoso. O que eu diria a eles? Não podia contar a verdade, que eu era um filho da puta, que largou a mãe deles, por isso não estive com eles esse tempo todo. Como explicar isso à uma criança de três anos?

_ Não filha, seu pai não pode morar com a gente, ele tem a casa dele.

_ Mas mamães e papais molam juntos. – Contrapôs Noah.

_ Não sempre, meu amor. As vezes papais e mamães não podem morar juntos. – Os dois pareceram tristes com a resposta. _ Olha, papai pode não morar com vocês, mas vocês podem ir pra casa dele, sempre que for possível. – Disse para tentar acalma-los. Os dois olharam pra mim para que eu confirmasse o que a mãe tinha acabado de falar.

_ Sempre que quiserem e se a mãe de vocês aceitar, é claro. – Respondi feliz. Adoraria ter meus filhos morando comigo, mas isso não seria possível por enquanto. Tê-los na minha casa por pelo menos uns dias, bastaria por enquanto.

_ Obá! – Gritaram os dois. _ Podemos ir hoje? – Perguntou minha filha.

_ Hoje não, meu amor. Vamos deixar o pai de vocês organizar um pouco antes, OK? – Respondeu Anastásia. Eu quase gritei que podiam, mas ela tinha razão, eu ainda tinha que acertar algumas coisas antes de poder levar meus filhos ao meu apartamento.

_ Tudo bem. – Respondeu minha filha um pouco triste. _ Papai? – Ela se virou pra mim. _ A Sofia é nossa irmãzinha? – Perguntou. Ela era mesmo muito esperta.

_ Sim, ela é. – Respondi.

_ Eu tenho outla irmã? – Perguntou Noah, parecendo um pouco chateado. _ Não é justo, são duas meninas, vou sé o único menino.- Reclamou meu filho fazendo eu a Ana rirmos.

_ Você sabe porque você é o único menino? – Perguntei a ele. Ele apenas sacudiu a cabeça negando. _ Porque você é o mais velho e vai cuidar das suas duas irmãs agora. – Disse tentado convencê-lo que seria uma coisa boa ser o único menino. Eu tinha visto como ele protegia a Emma, e sabia que não seria diferente com a Sofia.

_ Polque eu sou um menino folte, ne papai? – Nunca iria cansar de escutar essa palavra.

_ Claro que é, muito forte. – Disse sorrindo pra ele. _ Eu e você vamos cuidar muito bem das suas irmãs.

_ E da mamãe também, né? – Perguntou.

_ Sim, da mamãe também. – Respondi olhando para Ana. – Meu filho sorriu e disse que seria o melhor irmão do mundo. Eu sabia que assim seria.

_ Meninos está ficando tarde, vocês ainda têm que tomar banho. – Disse Ana interrompendo nossa conversa.

_ Só mais um pouquinho, mamãe. – Reclamou meu filho.

_ Eu sei que vocês querem passar mais tem com o pai de vocês, mas vocês também precisam dormir. – Disse de forma doce, como sempre. Nunca vi ela gritando com as crianças ou falando de mal jeito, como a Elena fazia com a Sofia, mesmo ela tendo apenas 1 ano.

_ Papai pode dar banho na gente? – Perguntou Emma e eu quase gritei que sim, mas isso dependia da Anastásia.

_ Você sabe como dar banho em crianças? – Perguntou baixinho olhando pra mim.

_ Sempre dei banho na Sofia, acho que consigo lidar com os dois. – Respondi cheio de orgulho. Elena, nunca gostou de fazer essas coisas, sempre dizia algo sobre estragar as unhas ou molhar o cabelo e deixava as empregados ou eu fazer tudo.

_ Tudo bem, se precisar de ajuda é só me chamar. As coisas estão no banheiro do Noah, é lá que os dois dormem. – Meus dois filhos gritaram de alegria e correram em direção ao banheiro. Eu fui atrás com um grande sorriso no rosto.

_ Vai lapido, papai! – Gritou minha filha, me apressando. Eu ri e entrei no quarto.

Ao entrar vi meus dois filhos, já tentado tirar as roupas. Emma estava com a beça presa na camiseta, enquanto Noah estava jogado no chão tentando tirar as calças. Me segurei muito para não cair na gargalhada e me aprecei em ajudar meus filhos. Ajudei primeiro a Emma, já que ela parecia mais encrencada e logo depois ajudei o Noah. Quando os dois estavam sem roupas os levei até o banheiro, agarrei duas toalhas e os produtos para o banho. Achei que seria divertido dar um banho de banheira neles, assim poderíamos brincar um pouco, espero que Anastásia não se incomode.

Fiquei brincando com meus filhos enquanto a banheira estava enchendo. Eles ficavam me fazendo perguntas sobre meu trabalho, minha casa e sobre a Sofia, eles estavam tão entusiasmados, que prometi que os levaria na minha casa para que pudessem brincar com ela. Terei que conversar com a Ana sobre isso. Quando a banheira ficou pronta, botei os dois lá dentro. No começo deu muito certo, lavei os cabelos deles e seus corpos, mas uma vez que terminei a parte da limpeza, a brincadeira começou. Noah e Emma decidiram que eu era um pirata e que os dois eram meninos perdidos tentando salvar o Peter Pan. Devo dizer que foi muito divertido e eu acabei muito molhado.

_ Agora eu sei porque a demora. – Disse Anastásia entrando no banheiro.

_ O papai é um pilata, mamãe. – Disse Emma batendo as mãozinhas na agua.

_ Eu percebi, mas está na hora desses meninos perdidos saíram da agua. Vamos! – Disse pegando as toalhas em cima da cadeira. _ Acho que você vai precisar de uma também. – Disse olhando pra mim. Eu sorri em resposta.

Anastásia pegou a Emma enquanto eu peguei o Noah, eu fiquei secando os dois e ela foi atrás dos pijamas. Eu me imaginava fazendo isso todos os dias, só faltava Sofia para ser perfeito. Depois de botar os pijamas neles, os dois se ajeitaram na cama do Noah.

_Conta uma histolinha pla gente!? – Perguntou meu filho animado.

_Claro! Que tipo de historinhas vocês querem?

_Do Peter Pan. – Disseram os dois ao mesmo tempo. Eles realmente gostam do Peter Pan.

_Eu não sei nenhuma história do Peter Pan. – Os dois pareceram decepcionados com a minha resposta. _Mas posso contar uma história nova. O que vocês acham?

_Que história? – Perguntou Emma curiosa.

_A história do Pequeno Príncipe. – Disse lembrando das histórias que a minha mãe me contava quando eu era uma criança. Eu adorava o Pequeno Príncipe e esperava que meus filhos gostassem também.

_O Pequeno Plíncipe? – Perguntou Emma novamente, que parecia receptiva à nova história, diferente de Noah, que ainda parecia descontente.

_Sim, é uma história sobre um príncipe, que era pequeno, assim como vocês. Ele viaja por planetas através do universo e tem uma amiga raposa.

_Ele viaja pelo univelso, que nem os astlonautas? – Perguntou Noah, parecendo, finalmente, interessado pela história.

_Que nem um astronauta. – Confirmei.

_Então, querem ouvir? – Os dois apenas balançaram a cabeça e se ajeitaram na cama para ouvir a história. _Era uma vez um piloto de aviões, ele era um homem solitário em sem amigos que viajava pelo mundo em seu avião. Até que um dia o avião dele estragou no meio do deserto, ele estava sozinho e teria que concertar o avião sem ajuda. Sem conseguir arrumar o avião, ele adormeceu e quando acordou no dia seguinte, encontrou um menino de pé ao lado dele. “Por favor... Desenha-me um carneiro...”. Pediu o menino. O piloto se levantou e olhou para o menino que estava vestido como um príncipe, um pequeno príncipe. Ele ficou surpreso ao ver que o menino parecia muito bem, nem cansado ou sedento, a pesar de estarem no meio do deserto, sem cidades por perto... – Assim continuei contando a história até que eles dormiram.

_Já dormiram? – Perguntou Anastásia entrando pela porta.

_Acabaram de dormir.

_Acho que eles não vão mais precisar do leite. – Disse segurando duas mamadeiras. Eu sorri e os dois saímos do quarto. Tínhamos que conversas e não queria acordar as crianças.

Andamos até a cozinha onde Ana guardou as mamadeiras na geladeira.

_Eles devem ter gostado da história, nem pediram o leite. Normalmente, eles não dormem sem a mamadeira.

_Estava contando a história sobre o pequeno príncipe. A historia que...

_A história que sua mãe contava para você. – Disse ela, completando minha frase. _Eu lembro, você me contou que botava um cobertor nas costas e fingia ser o pequeno príncipe, quando as outras crianças fingiam ser o super homem. – Disse sorrindo.

Falar sobre minha mãe e minha infância sempre foi difícil para mim. Minha mãe era melhor mãe do mundo, me botava na cama e contava milhares de histórias. Ela conseguia suprir o amor que não recebia do meu pai. Mas um dia as coisas mudaram. Ela começou a se afastar, não era tão carinhosa como antes, eram estranhos os momentos em que ela demonstrava seu amor por mim. Nunca soube o motivo da mudança.

_Eu era uma criança esquisita. – Disse sem graça por ela lembrar disso e Ana riu lindamente, mas parou logo em seguida.

_Conseguiu terminar a história? – Perguntou mudando de assunto.

_Acho que nem cheguei na metade, eles dormiram muito rápido.

_Acho que a animação os deixou cansados, geralmente demora um pouco mais para eles dormirem.

_Obrigado. – Disse me aproximando dela.

_Por que? – Perguntou.

_Por me deixar ser o pai deles. Eu sei que te machuquei muito, você não faz ideia do quanto me arrependo disso, mas eu prometo a você que vou ser o melhor pai do mundo e vou estar sempre aqui para eles... – Disse esperando que ela acreditasse. _... e para você.

_Não precisa se preocupar comigo, mas me deixa feliz saber que você quer realmente isto e que vai dar seu melhor. Espero que cumpra a sua promessa, porque se não cumprir e machucar meus filhos, eu mesma acabo com você. – E lá estava ela, de novo, uma Anastásia que eu não conhecia, uma Aa disposta a fazer qualquer coisa para proteger seus filhos e uma Ana que me apaixonava do mesmo jeito ou mais.

_Como já disse antes, jamais faria nada para machuca-los. – Ela assentiu com a cabeça e saiu da cozinha indo em direção a sala. _Sobre levar as crianças para minha casa, queria saber se vou realmente poder fazer isso. Eu quero que elas passem algum tempo com a Sofia, no final das contas são irmão e devo admitir que tê-los em casa seria incrível.

_Não tenho porque negar, se você prometer cuidar bem deles e cuidar dos remédios e alimentação da Emma. Além do mais, eles botaram a ideia na cabeça e não vão esquecer facilmente. – Disse seria.

_Gostaria que você confiasse um pouco mais em mim. – Disse magoado. _Não como se eu não soubesse cuidar de crianças, eu cuido da Sofia quase que sozinho.

_Desculpa, a pesar da minha confiança em você não ser das melhores, eu sei que você vai cuidar bem deles. Mas eu sou mãe, faz parte se preocupar.

_Um dia vou recuperar a confiança que você tinha e mim, é uma promessa. – Ana me olhou por alguns segundos, mas antes de que pudesse responder o celular dela tocou. Ela me deu as costas e foi atender a ligação. Não conseguia ouvir o que elas estavam falando, mas podia vê-la sorrindo, ela devia estar falando com o idiota do namorado dela.

_Acho que está ficando tarde, você deveria ir. – Disse, ficando seria de novo, o que me irritou um pouco, estávamos indo tão bem.

_Seu namoradinho está chegando? Por isso está me expulsando? – Perguntei irritado.

_Primeiro, não permito que fale assim do Leo, se você quer que a gente tenha um bom relacionamento, é melhor começar a respeitar meu namorado. É segundo, o único motivo que te permite estar nesta casa são meus filhos, considerando que eles já estão dormindo, não vejo motivo para você continuar aqui. – Disse, claramente, se contendo.

_Achei que ainda tivéssemos coisas para conversar. – Insisti.

_Eu acho que já falamos tudo o que devíamos e se tiver outra coisa, podemos discutir outro dia, já esta tarde. – Respondeu, me deixando magoado. Ela não me queria perto dela, só me tolerava pelas crianças. Hoje até pensei que seu ódio por mim estava se esvaecendo, mas ela deixou claro que só suportava minha presença pelos filhos. _Christian, eu não quero brigar, já disse que quero manter um bom relacionamento com você, pelos nossos filhos, mas para isso temos que respeitar os limites do outro. Como já disse, os meninos podem ficar na sua casa, não vou me opor, só precisamos combinar o dia. Tudo bem?

_Certo, você tem razão, mas levar as coisas de forma pacifica. E vou arrumar tudo no meu apartamento para receber os meninos e eu te aviso.

_Perfeito.

_Ok, acho que agora eu deveria ir embora. Obrigado por tudo Anastásia. Não podia estar mais feliz depois de hoje.

_De nada, só fiz o que era certo. – Eu apenas assenti com a cabeça e fui andando até a porta. Ana me seguiu e abriu a porta para mim.

_Boa noite, Anastásia.

_Boa noite, Christian. – Ela fechou a porta e eu andei até o elevador.


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Notas finais do capítulo

Até aproxima! Espero que tenham gostado.