Dois passos para o amor escrita por Carol Freitas


Capítulo 3
Biquíni azul




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– Bellaaa. Está pronta para irmos? Já arrumou suas coisas? – Disse Alice parando repentinamente ao meu lado - Espera! Não me diga que vai levar todos esses livros pra casa com você – Perguntou Alice no final da aula de literatura. Naquele dia, quando havia chegado na escola, fui novamente alvo dos comentários que me perseguiram ano passado. Entrei praticamente correndo na escola, a morena estar me esperando na frente do meu armário também não ajudou muito a diminuir os comentários.

– V-Vou. Você não os leva para casa? – Perguntei confusa. Como ela iria estudar se não levasse os livros? Mesmo que a bolsa ficasse mais pesada era fundamental.

– Claro que não! Os livros são super pesados. Como você consegue carregá-los o tempo todo? – Respondeu como se fosse obvio.

– Alice, pare de incomodar a garota – Comentou alguém parando ao nosso lado. Era uma loira escultural e muito bonita chamada Rosalie, também fazia parte das líderes de torcida. Pelo que eu sabia, era a garota mais cobiçada do colégio.

– Isso mesmo Alice, ao contrário de você Isabella realmente estuda em casa – Ouvi outra voz, dessa vez a mesma pertencia a uma linda menina de longos cabelos ruivos e olhos cor de chocolate. Se me lembrava bem, seu nome era Renesmee, ela havia vindo da Austrália. Sua voz possuía um leve sotaque. Não fazia parte das líderes de torcida, mas era a chefe do clube de teatro. Alice revirou os olhos com as falas das amigas.

– Quem ouve até pensa. Vocês duas também estão deixando seus livros aqui... – Rosalie deu de ombros.

– Bem, eu não quero estragar minha bolsa – Respondeu como se fosse obvio e mostrou a bolsa que provavelmente valeria tudo o que eu tenho no quarto junto.

– Isso! E minha bolsa já está cheia! – Completou Renesmee.

– Sua bolsa está cheia de mangás! Pra que você carrega tantos? – Questionou a loira.

– Eu posso precisar deles a qualquer minuto!

– Pra que exatamente você iria precisar deles?

– E se eu quiser ler um?

– Vamos deixar elas aqui e ir embora? – Perguntou Alice bem próxima de mim, me fazendo dar um pequeno pulo. Eu apenas assenti com a cabeça, um pouco vermelha e confusa pela quantidade de pessoas e falas ao meu redor.

Durante alguns dias continuei na mesma rotina, exceto pelo fato de que Alice adquiriu um estranho habito de me buscar em casa e levar para a escola. Todos os dias de manhã, ela estava pontualmente me esperando e eu nunca entendia o porquê disso. Charlie ficava feliz, parecia que finalmente sua filha estava agindo como uma garota normal para sua idade, finalmente tinha uma amiga.

Na escola, não haviam tantos comentários como antes. A visão de mim junto a Alice acabou por se tornar habitual, e logo fiz amizade com as outras garotas também. Rosalie era bastante extrovertida e amigável, apesar de não parecer. Ela vivia nos contando como conseguia manter o relacionamento entre os três namorados ao mesmo tempo o que acabava nos tirando boas risadas, até mesmo eu que não sabia muito do assunto acabava por rir de suas histórias. Renesmee era um amor de pessoa, eu também gostava de mangás e às vezes ficávamos discutindo qual era melhor ou qual personagem era preferido. Claro que ela conhecia dezenas a mais do que eu e muitas vezes falava sobre algum desconhecido, mas no geral ia tudo bem.

– Olhem meninas! – Alice chegou até nossa mesa correndo com um papel na mão – Formulário de autorização para viagem à La Push, uma pequena praia dentro de uma reserva indígena local. Todas vocês vão não é? – Elas assentiram.

– Claroooo que vou. La Push tem os meninos mais gatos da região. Quase morro com aquele tanquinhos – Essa fala foi de Rosalie, claro.

– O que? Você não acha que já tem gatos demais na sua vida, não? – Perguntou Renesmee rindo – Eu sempre gostei de La Push, e da última vez não pude ir. Então estou nessa também.

– Gatos nunca são demais, minha linda. E você Bella?

– E-eu não sei. Não gosto muito disso, praia e multidões – Disse um pouco sem graça, elas me olharam como se o mundo fosse acabar.

– Mas Bells, você tem que ir. Não será a mesma coisa sem você – Disse Alice com os olhos brilhando e para não ficar sem reação como sempre, me concentrei no sanduíche pela metade que ainda tinha em mãos.

–M-mas os testes estão se aproximando e eu quero me sair bem – Justifiquei-me numa tentativa de me livrar daquilo. Obviamente não funcionou e Alice novamente tentou me convencer.

– Você sabe de tudo, Bella. É mais inteligente do que nós três juntas em dobro – As meninas soltaram um pequeno “Ei” – Precisa se distrair e se divertir um pouco também – Parte de mim queria dizer o resto da verdade, que apesar de conhecer e falar bastante com ela, aquilo era diferente de sair com o resto da turma.

– Acho melhor você aceitar Bella. Alice sempre quis fazer amizade com você e agora que ela conseguiu não irá...

– Então, por favoooorrr Bellinha!

– O que é ótimo por que ela sempre pega provas de recuperação e... – Pude perceber um movimento da menor seguido de um ai da ruiva.

– Acho que ela não precisa saber disso, não é Nessiezinha... – Disse Alice com um sorriso no rosto, mas dava pra ver a intenção assassina por trás dos olhos azuis. Aquilo não era novidade para mim, sempre soube que ela pegava provas finais.

O intervalo acabou e nos dirigimos a nossa sala, enquanto pensava no assunto que fora levantado. Realmente não estava a fim de ir à La Push, apesar de gostar de praia. Odiava multidões e odiava os adolescentes antipáticos que enchiam os ônibus escolares fazendo brincadeiras mais do que sem graças. A única coisa boa que poderia render daquilo era ter a oportunidade de passar o dia inteiro com Alice. A morena com certeza havia alegrado sua vida nos últimos tempos. Era só vê-la que tudo parecia ficar mais bonito e iluminado.

O fim do dia letivo logo chegou e eu arrumei minhas coisas para ir embora com a morena. As outras logo se despediram e se dirigiram para suas casas. Rosalie com seu carro e Renesmee sendo buscada pelo pai. Parando para pensar agora, eu realmente nunca havia questionado para saber mais sobre elas e suas vidas.

– Muito beemm – Cantarolou Alice enquanto se aproximava de mim e me puxava pelo braço – Agora a senhorita vai me dizer porque realmente não quer ir à praia – Começou.

– J-já disse Alice. Eu tenho que estudar - Respondi sem olhá-la.

– Eu sei que não é só isso. E você também não está olhando nos meus olhos – Ela insistiu. Eu era um livro aberto e isso me irritava, ela me via com tanta clareza.

– Está bem. A verdade é que eu não gosto de usar biquíni. Não tenho o corpo bonito e por isso usá-los me incomoda profundamente – Confessei em voz baixa, certa de que Alice iria entender – ela era a rainha da perfeição.

– Ah, meu Deus! Venha comigo – Ela me puxou mais rapidamente para seu carro sem dizer mais nada. Abriu a porta para mim, como fazia todos os dias e ligou o carro. Só que dessa vez, ao invés de ir para sua casa, virou-se na direção oposta.

– Onde estamos indo? – Perguntei a ela, que deu de ombros.

– Para o meu apartamento – Respondeu simplesmente.

Uma dúvida se passou pela minha cabeça, não sabia que Alice tinha um apartamento. Pelo que eu sabia, ela era filha do Dr. Carlisle Cullen, o médico mais famoso de Seattle e um dos mais ricos da região. E sabia que eles atualmente estavam morando em outra cidade, mas me deixou surpresa o fato da mãe deixá-la morar sozinha dessa maneira, afinal, ela ainda era uma adolescente.

– Sei o que está pensando... Talvez eu poderia morar em um pensionato ou algo assim, mas acho legal já ter um espaço só pra mim. Tenho mais privacidade dessa forma – Ela explicou. Conclui que ela já devia ter levado outras pessoas ali, talvez até garotos. Esse pensamento me incomodou um pouco e olhei para a estrada, sem comentar nada a respeito do que a mesma havia dito - Bella?

– Sim.

– Algum problema? Se não quiser ir até minha casa, tudo bem. Posso levá-la de volta.

– Não há nada...

– Tem certeza? – Ela persistiu, provavelmente não havia acreditado em mim, mas afinal, como eu explicaria que me incomodei ao pensar que ela levara garotos até a sua casa? Não fazia sentido nenhum, nem mesmo para ali. Acho que é porque eu achava que talvez ela fosse muito nova para esse tipo de relação.

– Estou sim – Forcei-me a abrir um pequeno sorriso – O que vamos fazer lá?

– Eu quero te mostrar uma coisa – Sorriu divertida e ao mesmo tempo misteriosa – Não é surpresa, você já viu, mas vai ficar feliz em ver de novo.

– Não faço a mínima idéia do que possa ser – Admiti sorrindo.

– Você vai ver.

Andamos por mais umas ruas até chegar a um belo prédio que havia sido construído há pouco tempo. Provavelmente o apartamento havia sido um presente recente. Me perguntei se ela morava sozinha há muito tempo e se ela não se sentia sozinha. Talvez fosse normal para mim, mas pessoas como ela pareciam ser naturalmente sociáveis. Ela se identificou para o porteiro que a deixou entrar no estacionamento.

– Vamos! Moro no décimo andar – Ela saiu e antes que eu pudesse me mexer já havia aberto a porta do carro para mim mais uma vez. Acho que eu sempre ia corar com aquilo.

Subimos no elevador e logo estávamos em um belo corredor que dava para algumas portas, entre elas a de Alice. Me deparei com um apartamento grande e muito bem decorado. A maioria dos móveis era branca ou em tons vívidos de marrom. Mas eu podia notar, apesar de belo, parecia um pouco vazio.

– Você tem uma bela casa – Comentei impressionada.

– É – Respondeu dando de ombros – É um pouco grande, mas meus pais preferem assim. As vezes eles vêm a Forks e gostam de conforto – Ela segurou minha mão e me guiou pela sala enquanto eu observava a tudo, incrédula pela situação em que me encontrava. Tinha certeza que a maioria dos adolescentes daquela escola dariam um braço para estar em meu lugar.

Abriu uma porta no fim da sala e percebi imediatamente que aquele era seu quarto. Era todo branco e lilás, tudo tão meigo, delicado e sutil que não poderia pertencer a ninguém que não fosse ela. Um quarto que parecia pertencer a um anjo e anjo era a única palavra que parecia adequada para descrever a morena de olhos de safira.

– Esse é o meu quarto.

– É... É lindo – Comentei, ainda perdida em meus pensamentos.

Ela andou até duas portas de correr grandes que percebi se tratar imediatamente de um closet, um closet gigante por sinal, e entrou nele, voltando depois com alguns pacotes na mão que não percebi do que se tratavam até ela trazer.

– Comprei esses biquínis há algumas semanas, mas nunca cheguei a usá-los. Quero que experimente –os – Seu sorriso começava a exibir-se e eu recuei.

– De jeito nenhum. E-Eu te disse que não gosto de usar biquínis.

– Por favor, Belinha! Estamos só nós duas, o que tem de mais? Além disso, tem a ver com o que eu quero lhe mostrar! – Pediu com os olhos suplicantes, mas eu não iria ceder, mesmo diante daquele rosto angelical.

– E eu não quero ver! Não vou vestir isso! – Neguei mais uma vez.

– Está bem – Ela suspirou derrotada e me surpreendi com a velocidade que havia vencido. Olhei para ela e senti que foi o meu erro, pois ao ver a carinha triste retornando ao closet não pude resistir.

–Alice – Suspirei e passei os dedos nas têmporas – Está bem! Mas só um!

– Sério? Ebaaaa – Voltou dando pulinhos – Veste esse azul e volta aqui.

– Voltar aqui? – Repeti quase com um gemido.

– Sim – Ela percebeu meu desconforto e foi até lá dentro mais uma vez, voltando com um roupão em mãos – Vista isso se quiser.

Entrei no banheiro para me trocar. Senti que ia morrer de vergonha a qualquer minuto, só o fato de estar ficar nua em uma sala ao lado de onde ela estava já me fazia ficar sem ar, vermelha como um tomate. O biquíni era azul e muito bonito, mas não para mim. Não tampava nada e ainda ficava mostrando ainda mais evidentemente toda a magreza que eu tentei ocultar durante muito tempo.

– Bella, venha logo! – Ouvi sua voz me chamar e vesti o roupão e saí do banheiro ainda muito corada – Vestiu?

– Sim

– Venha até aqui – Ela estava ao lado da cama, fui até lá cautelosamente. Parei em sua frente, mas um pouco distante – Agora tire o roupão.

– O-o que? – Ela revirou os olhos – Vamos lá, Bella – Disse e puxou a faixa que prendia o tecido em minha cintura e suas mãos tentaram abri-lo e teriam conseguido se não fossem as minhas que se moveram rapidamente para impedi-la.

– Não faça isso! – Pedi e ela riu.

– Eu preciso ver o biquine! Qual o problema? – Disse e tentou novamente, parecia estar considerando aquilo uma brincadeira. Eu mais uma vez ia recuar se não fosse a cama atrás de mim que me fez cair e consequentemente puxá-la comigo.

Seu corpo caiu sobre o meu com uma das pernas entre as minhas. Ela erguia-se sobre os cotovelos e seus olhos estavam fixos em meus seios. Meu corpo esquentou instantaneamente e senti uma pulsação em meu baixo ventre. Alice agora olhava para meu rosto e pude ver sua face corada, era a primeira vez que a via daquela maneira. Estávamos tão próximas que podia sentir o hálito de menta fazendo cócegas em minha pele. Automaticamente fechei os olhos esperando pelo que viria a seguir.

– Bella...


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