Pretending escrita por Aline Song


Capítulo 9
Engano


Notas iniciais do capítulo

Então, voltei! Dessa vez voltei rápido e com duas notícias, uma boa e outra ruim. A ruim é que, contando com esse, faltam apenas mais quatro capítulos e o epílogo pra fic acabar. Mas, até que pra uma shortfic, ela foi grandinha né? Agora a notícia boa: os capítulos já estão prontos! Sim, eu passei os últimos dias escrevendo, e terminei a fic, portanto, não vou demorar muito pra atualizar, e se vocês forem bonzinhos e comentarem bastante, prometo demorar menos ainda.
Sobre o capítulo de hoje: esse é o momento em que mudanças acontecem na história, e eu preciso muito saber a opinião de vocês. Então, POR FAVOR, comentem!
É isso, bom capítulo a todos.



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Capítulo 8

POV Tracey

Quando acordo com a luz do sol batendo em meu rosto, não reconheço o lugar onde estou. Minhas costas doem um pouco devido a posição pouco confortável em que me encontro. Percebo que não estou deitada em meu travesseiro, mas sim no peito de Luke. Nós dormimos na praia!

Alcanço o celular de Luke que está sobre o pano com a intenção de ver as horas, mas o que encontro me deixa ainda mais tensa. Inúmeras mensagens de Georgina, e algumas ligações perdidas também. Tenho vontade de lê-las, e depois de apagar todas, mas sei que não devo fazer isso, porque não sou baixa como ela. Apenas vou deixar que Luke lide com isso sozinho, e torcer para que essa noite que passamos aqui seja um sinal de que Georgina é realmente passado para ele.

– Luke, acorda. Eu preciso ir pra casa! – Luke se remexe sobre o pano na areia e demora a perceber o que está acontecendo. – Já é de manhã, meus pais vão me matar.

– Calma, vou dirigir rápido. Em quinze minutos te deixo em casa, eles nem vão te ver entrar.

– Você acabou de acordar, Luke. Se sair correndo por ai nós vamos sofrer um acidente!

– Tracey, relaxa. Não adianta nada ficar assim agora, não dá pra voltar atrás. Mas se você ficar ai reclamando, vamos nos atrasar mais. – eu paro por um momento e penso no que ele disse. Talvez Luke esteja certo.

– Ta bom, mas vamos logo, por favor.

Luke pega nossas coisas e nós vamos para o carro. Durante todo o caminho até minha casa nenhum de nós diz nada, mas o clima é totalmente diferente do de ontem. Não estamos tensos ou preocupados. Luke segura minha mão do mesmo jeito que fez quando viemos, mas agora ele sorri e as vezes canta baixinho junto com a música no rádio.

– Posso saber por que você está tão feliz a essa hora da manhã? – pergunto fingindo inocência.

– Você não imagina? – ele sorri pra mim.

– Não. Pode me contar?

– Porque você está aqui comigo a essa hora da manhã.

Mais cinco minutos e Luke estaciona duas casas antes da minha.

– Não vou parar na frente. Se tivermos sorte, seus pais ainda estão dormindo. Não queremos fazer barulho para acordá-los. – eu concordo com ele e me preparo para sair do carro. – Ei, não está esquecendo nada? – olho envolta me fazendo de desentendida e depois sorrio para ele. Então, Luke e eu nos beijamos pela primeira vez nessa manhã.

– Nós nos vemos na escola?

– Acho que não vou hoje. Você também não devia ir.

– E por que não?

– Passamos a noite toda fora, dormimos na areia fria. Você não quer um dia para descansar?

– Quero. Mas meus pais não vão gostar nada disso. Peça sua mãe para dar uns conselhos a minha, ok?

– Ok. Agora vem aqui. – Luke me puxa para mais um beijo, e outro depois dele.

– Luke, meus pais vão acordar daqui a pouco. Eu preciso ir. A gente se fala depois.

– Tudo bem, vai lá.

Eu saio do carro e Luke espera que eu dê a volta pelos fundos da casa para dar a partida. Entro pela porta da cozinha e levo o maior susto quando dou de cara com minha tia Quinn me encarando.

– Pensei que tivesse dito que ia voltar cedo.

– Não vai acreditar se eu disser que voltei e já saí de novo, não é?

– Não. A não ser que você diga que foi com o mesmo vestido que estava usando ontem.

– Me desculpe, tia. Luke quis me levar à praia, porque foi lá que nos encontramos pela primeira vez quando começamos a sair. Mas nós acabamos dormindo e só acordamos agora. – espero uma bronca horrível, mas tia Quinn apenas sorri para mim.

– Seu namorado é bem romântico.

– É, ele é sim.

– Olha só, Tracey, eu já tive a sua idade, e lembro bem como é namorar pela primeira vez, sei como você se sente. Quero apenas que saiba que quando precisar conversar com alguém sobre qualquer coisa, pode falar comigo.

– Obrigada, tia Quinn.

– De nada, meu anjo. Agora suba, não queremos que seus pais descubram que você não voltou depois de uma hora como eu disse a eles que faria. – eu abraço minha tia e agradeço mais uma vez por seu apoio.

– Tia, será que pode fazer mais uma coisinha por mim?

– Se estiver ao meu alcance.

– Pode convencer minha mãe a me deixar ficar em casa hoje? Minhas costas estão quebradas depois de passar a noite na areia. Preciso de uma cama.

Tia Quinn não diz nada, apenas abre um sorriso pra mim e eu entendo que posso contar com ela. Quando chego em meu quarto e me atiro em minha cama, sinto o alívio percorrer cada músculo cansado do meu corpo e me permito dormir com as lembranças da noite passada em minha mente.

POV Luke

Quando chego em casa, minha mãe e Tommy ainda estão dormindo, de modo que não preciso explicar onde passei a noite. Vou direto para meu quarto e nem troco de roupas antes de me deitar. Apesar de a noite ter sido boa, estou dolorido depois de ter dormido na praia. Antes de pegar no sono, fico refletindo sobre tudo o que aconteceu. É verdade que não fui capaz de dizer a Tracey sobre meus sentimentos por ela, mas depois de tudo o que aconteceu naquela praia, acredito que não seja mais necessário, e também acredito que ela se sinta da mesma forma que eu, senão fosse assim, não teria passado a noite toda ali comigo. Quando penso nisso a sensação que me toma é mais forte que qualquer outra, acho que estou feliz como estive poucas vezes. Pensei que soubesse o que realmente é estar apaixonado por alguém depois de ter passado tanto tempo com Georgina. Mas só Tracey foi capaz de me ensinar isso.

POV Tracey

Acordo já no meio da tarde e vou direto para o banheiro tomar um bom banho na esperança de que a água quente leve embora os resquícios de preguiça que ainda estão em meu corpo. Quando volto ao quarto me sinto ansiosa. Tenho vontade de ligar para Luke, mas não quero parecer desesperada ou controladora, então, decido que vou esperar que ele me ligue.

Uma hora se passa e nada, e eu começo a ficar preocupada. Na verdade, fico com medo de que ele tenha se arrependido. Aquela voz interior que insiste em me dizer para me preocupar com Georgina volta a falar, e agora que Luke não está comigo, tenho dificuldades para silenciá-la. Começo a pensar na hipótese de ele ter retornado suas ligações ou respondido suas mensagens. Penso no que eles podem ter conversado e se ele decidiu que é melhor dar uma nova chance a ela que ficar comigo.

Balanço a cabeça tentando espantar tantos pensamentos negativos. Decido que o melhor a fazer é sair de casa. Preciso tomar um ar, ver gente, me desligar um pouco de tudo isso. Deixo meu celular sobre a escrivaninha, confiando que quando voltar, terei uma ligação perdida de Luke.

***

Depois de andar por algumas quadras passo por uma cafeteria. Sei que cafeteria é essa. É onde Jake trabalha. Quando comecei a gostar dele, eu e Mollie viemos aqui várias vezes só para ficar vendo-o andando de lá pra cá atendendo as mesas. Sem pensar muito, decido entrar. Faz tempo que não venho aqui, mas tudo continua igual, exceto pelo fato de que Jake agora está no balcão, ao invés de estar servindo como costumava fazer. Caminho até lá e me sento em um dos bancos perto de onde ele está atendendo. Não sei por que estou fazendo isso, mas sinto vontade de conversar com ele. Quando me vê, Jake acena e pede para que eu espere. Sorrio de volta mostrando que entendi.

– E, ai Tracey, como você está? Faz tempo que não vem aqui.

– Pois é, tenho andado ocupada ultimamente.

– Sei, com os caras do time de lacrosse. – Jake parece um pouco ressentido, mas não dou importância a isso. Ele não tem nada a me cobrar. – Mas então, não foi à aula hoje, senti falta da minha dupla. Aconteceu alguma coisa?

– Na verdade não, eu só estava exausta. Tive uma apresentação de balé ontem a noite e cheguei tarde em casa. Resolvi tirar o dia para descansar.

– Entendi. Eu não sabia que você dançava balé. – A partir daí, Jake e eu começamos a conversar. Ele trás um café pra mim e outro pra ele, dizendo que está na hora do seu intervalo. Passamos quase meia hora jogando conversa fora até que um cara barrigudo faz sinal para ele nos fundos da cafeteria, apontando para o relógio. – Acho que minha folga acabou.

– Tudo bem, vai lá. Eu já estou indo também.

– Gostei que tenha vindo aqui, Tracey. Foi bom conversar com você.

– Eu também gostei, Jake. A gente se fala depois.

Ele não me deixa pagar pelo café, e depois de insistir um pouco eu acabo aceitando e vou embora. Confesso que foi legal conversar com Jake. Acho que desde que o conheci essa é a primeira vez que passamos algum tempo juntos fora da escola. Eu não estava errada, Jake é um cara legal. Não é estranho que eu tenha gostado dele por tanto tempo. Percebo então porque senti essa necessidade de falar com ele agora. Essa conversa com Jake foi como um encerramento, um ponto final. Apesar de ter gostado de passar esse tempo com ele, não senti o mesmo que sentia antes quando estava ao seu lado. Luke tomou para si tudo que pertencia a Jake dentro de mim. Agora, Jake Carter é apenas um amigo, e uma lembrança de um sonho adolescente que nunca se realizou.

Cansada de ficar zanzando pela rua sem rumo e sem vontade de voltar para casa, decido ir até a casa de Mollie. Para ser sincera, acho que já estava com essa ideia na cabeça desde que saí. Durante todo esse tempo, venho guardando tudo que sinto e penso em segredo. Mas estou tão sufocada que não posso mais segurar, preciso desabafar, preciso contar a alguém. Mollie é e sempre foi minha melhor amiga, embora acredite que ela vá se chatear por eu não ter dito nada antes, sei que vai entender minhas razões. Sei que vai me ouvir e me ajudar a ordenar meus pensamentos.

Caminho mais depressa até a casa de minha amiga, e quando chego, toco a campainha sem parar, até perceber que Mollie pode não estar sozinha em casa e que isso provavelmente pode estar irritando sua família. Paro bem na hora em que minha amiga surge na porta.

– O que aconteceu, Tracey? Onde é o incêndio?

– Desculpe. Seus pais estão ai?

– Não, só meus irmãos, mas eles estão com a babá. Entra. – entro e já vou subindo as escadas para o quarto de Mollie. – Por que faltou hoje?

– Estava cansada depois da apresentação.

– Milagre que sua mãe tenha te deixado faltar.

– Sim. Devo isso à tia Quinn.

– E como foi ontem a noite?

– Foi ótimo. Mas não é pra falar disso que vim aqui. Preciso conversar, Mollie. É importante.

– Eu sei. Percebi isso quando você tocou 500 vezes a campainha. Sobre o que quer conversar?

– Sobre Luke. – falo sem rodeios. Não preciso disso com Mollie. – Sobre eu e ele.

– Tudo bem. Comece.

Então, eu conto tudo a ela, desde o início. Conto sobre como Luke leu meu diário e me chantageou com as fotos das várias páginas em que eu falava de Jake. Conto sobre nosso acordo, sobre como nós dois combinamos de nos ajudar para que as duas partes fossem beneficiadas com o falso namoro. Conto sobre a festa na casa de Georgina, sobre como Luke passou a conquistar minha confiança aos poucos, como passou a ser importante para mim. Falo de cada momento que passamos juntos e de como percebi que estava me apaixonando. Falo sobre nosso primeiro beijo, como as coisas mudaram depois disso, como me sinto insegura sobre o que Luke sente por mim e como tenho medo de dizer a ele como eu me sinto. Conto sobre a última noite que passamos juntos e quando termino de falar percebo que estou chorando. Estou chorando porque finalmente estou tendo a oportunidade de externar todos esses sentimentos confusos, de dizer como me sinto e de confessar que não sei o que fazer. Mollie escuta tudo sem dizer uma palavra sequer, apenas deixa que eu fale e coloque tudo pra fora. Quando termino, ela me olha nos olhos e não consigo interpretar sua expressão.

– Tracey, não acredito que escondeu tudo isso de mim.

– Me desculpe, Mollie, não fique magoada comigo. Eu queria contar, queria mesmo. Mas fazia parte do acordo não contar nada a ninguém. Luke também não disse nada, nem para Mason.

– Eu não estou magoada com você. Estou preocupada que tenha guardado isso tudo durante todo esse tempo. Isso te faz mal, Tracey. – Mollie não está brava comigo, está preocupada. Esse é um dos motivos de tê-la escolhido como minha melhor amiga. – Vem aqui. – Ela me dá um abraço e eu choro mais um pouquinho em seu ombro. Depois ela se ajeita na cama e eu me deito com a cabeça em seu colo enquanto ela mexe em meus cabelos.

– O que eu faço, Mollie?

– Tracey, é tão simples. É tão fácil de enxergar essa resposta. Você tem que procurá-lo e dizer a ele como se sente.

– Mas... e se ele não sentir o mesmo? E se ele escolher Georgina?

– Luke já teve a chance de escolhê-la, e não fez isso. Você precisa confiar mais em você, amiga. Eu mesma já te disse, Luke gosta de você, basta olhar para vocês dois juntos para perceber isso.

– Você acha mesmo?

– Acho sim. Olha pra mim Tracey. – eu me levanto e encaro minha amiga. – Você o ama não é? Seja sincera comigo e, principalmente, com você mesma. Você o ama?

Não tenho coragem de dizer as palavras, mas afirmo com a cabeça que sim.

– Então vá e diga a ele. Vá agora, Tracey, não deixe que mais nada atrapalhe vocês. Nem Georgina, nem ninguém.

Ouvir as palavras de Mollie me faz sentir mais forte, corajosa. Enxugo minhas lágrimas, ajeito meus cabelos e me levanto da cama.

– Obrigada, Mollie. Obrigada por me entender e me ajudar.

– Não precisa agradecer. Agora vai, seja corajosa e dê orgulho pra sua amiga aqui. – ela ri e eu sorrio junto com ela.

Saio da casa de Mollie confiante e muito mais segura do que pensei que poderia estar. Estou decidida agora. Vou dizer a Luke o que sinto, e se Mollie estiver certa, ele vai retribuir. Toda essa confusão de sentimentos vai terminar hoje.

POV Luke

Faz quase uma hora que estou ligando para Tracy e não consigo falar com ela. Começo a cogitar a hipótese de telefonar para sua casa. Dormi demais essa tarde e acordei com Tommy pulando sobre minha cama. Fui obrigado a jogar uma partida de videogame com ele antes de poder procurar por Tracey. Procuro o número de sua casa nos contatos do meu celular e estou prestes a discar quando o interfone toca.

– Atenda pra mim, Luke. – minha mãe grita da sala de jantar.

Eu atendo e logo reconheço a voz. É Georgina quem está lá embaixo. Ela me pede para subir, mas eu digo que não. Como minha mãe e Tommy estão em casa, acho melhor não trazê-la aqui, principalmente porque os dois adoram Tracey e nunca foram muito fãs de minha ex-namorada. Digo a Georgina para que me espere no saguão do prédio e saio de casa.

Quando chego lá embaixo Georgina está diferente de como costumo vê-la todos os dias. Não fisicamente, mas na maneira de se portar. Seu jeito confiante desapareceu, ela está encolhida em um canto, sentada em um dos sofás e, quando me vê, não sorri.

– Oi.

– Oi, Georgina. Precisa de alguma coisa? – eu já imagino o que Georgina quer. Li todas as mensagens que ela mandou e ouvi os recados que deixou na minha caixa postal ontem a noite. Porém não quis respondê-los. Eu e Georgina não vamos voltar. Não a quero mais. Mas não quero machucá-la dizendo isso a ela. Estava esperando que ela tivesse amor próprio suficiente para deixar essa história pra lá.

– Preciso conversar com você, Luke. Não recebeu minhas mensagens? Meus recados?

– Recebi. Mas nós já conversamos ontem, eu já disse a você o que tinha a dizer Georgina.

– Mas eu não acredito nisso, Luke. Não acredito que prefere ela a mim. O que você viu nela? Tracey não faz seu tipo. Ela é tão sem graça, tão...

– Se quer continuar essa conversa, é melhor não tocar no nome dela.

– Está tão cego por ela assim? O que ela fez com você?

– Não estou cego, Georgina. Estou apaixonado por ela, é diferente, e não há nada que você possa me dizer que vá mudar isso.

– E o que você sentia por mim? Acabou assim tão rápido? Não sente mais nada? Não consegue se lembrar de tudo que passamos juntos? De todos os planos que fizemos?

– E por acaso você se lembrou disso quando ficou com Henry?

– Você disse que tinha me perdoado.

– E perdoei, mas isso não significa que esqueci. – respiro fundo, porque ainda continuo com a ideia fixa de que não quero brigar e discutir com Georgina. Como ela acabou de dizer, nós passamos por muitas coisas juntos, e pretendo preservá-las. Quero guardar boas lembranças de nosso relacionamento apenas. – Georgina, entenda, acabou.

– Não, Luke. Eu não entendo. Não aceito que você já tenha me esquecido completamente.

– Mas você precisa aceitar. Não vamos mais ficar juntos. Estou com Tracey agora e estou feliz com ela. Siga sua vida, Georgina, tente ser feliz também. Agora, vá embora, por favor.

– Eu não vou embora, Luke. Não sem antes fazer isso. – de repente Georgina fica na ponta dos pés e me beija. Sou pego de surpresa e não sei o que fazer. Por alguns poucos segundos retribuo seu beijo, faço isso como uma despedida definitiva de nosso antigo relacionamento, mas logo a afasto de mim novamente.

– Georgina, eu vou repetir pela última vez, por isso quero que você escute bem. Vá embora, acabou.

Seus olhos ficam marejados e eu digo a mim mesmo que, mesmo sentindo pena dela, não é motivo para ceder. Tracey está em algum lugar esperando por mim. Viro a costas em direção ao elevador e deixo Georgina sozinha no saguão.

POV Tracey

Vou andando até a casa de Luke com mais pressa do que fui à casa de Mollie. Quero resolver tudo entre nós dois logo, e também não quero correr o risco de perder a coragem no meio do caminho. Talvez a adrenalina de andar quase correndo até lá me faça ter ainda mais confiança.

Quando chego a porta do prédio de Luke estou exausta e ofegante. Paro por um tempo para respirar e percebo que não pensei no que vou falar, e eu detesto não saber como abordar um assunto. Fico quase dez minutos pensando em todas as maneiras de começar e todas as respostas possíveis de Luke, tentando ser o mais positiva em todas elas, depois me dou conta de que estou sendo mais paranoica do que costumo ser e paro com tudo isso. Respiro fundo e subo as escadas que me levam até o saguão.

O porteiro logo me reconhece como namorada de Luke pela vez que vim jantar aqui e me deixa entrar. Reparo bem se estou entrando com o pé direito e passo pelas portas de vidro do saguão. Olho em volta uma única vez e começo a caminhar em direção ao elevador, até que me dou conta do casal que acabei de ver com minha visão periférica.

Giro em meus pés lentamente, torcendo para estar enganada. Não pode ser. Mas é. Luke está beijando Georgina bem ali, no saguão de seu prédio. Aperto meus olhos para ter certeza do que estou vendo e infelizmente estou certa.

Não espero que eles se separem. Saio correndo dali torcendo para que eles não me vejam. Continuo correndo quando passo pelo porteiro e só paro duas esquinas depois. A essa altura preciso enxugar meus olhos para afastar as lágrimas. Me encosto no muro mais próximo e me pergunto como pude ser tão burra. Agradeço a Deus por não ter permitido que dissesse algo a Luke, afinal, do que adiantaria? Ele teria escolhido Georgina de qualquer forma.

Faço o caminho de volta para casa, dessa vez lentamente, e só assim percebo o quanto andei hoje. Fico agradecida por já estar anoitecendo. No escuro fica mais difícil de ver as lágrimas que insistem em escorrer esporadicamente. Quando passo novamente pela cafeteria de Jake me pergunto se não teria sido melhor que nada disso tivesse me acontecido. Se eu não estaria mais feliz gostando dele secretamente.

Chego em casa e encontro meus pais na sala vendo TV, tia Quinn vem da cozinha para falar comigo mas eu não respondo. Me tranco no quarto e permito que as lágrimas corram livres por meu rosto agora. Assim que fecho a porta noto meu celular vibrando na escrivaninha. É Luke. Deixo chamar até cair. Mais uma chamada não atendida para a lista. Quatorze no total. Todas dele. Não vou atendê-lo, não vou retornar. Não preciso ouvir suas desculpas, não quero ouvir de sua boca que chegamos ao fim. Eu vi, e para mim isso é mais que suficiente.


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Notas finais do capítulo

Galera, se vocês encontrarem algum erro no capítulo, me avisem que eu corrijo na hora. Eu revisei tudo depois que escrevi, mas como já faz alguns dias, não posso garantir nada haha. Espero os comentários de vocês. Xx.