Pretending escrita por Aline Song


Capítulo 12
É você


Notas iniciais do capítulo

Gente, quero, antes de tudo, pedir desculpas pela demora. Tinha dito pra algumas pessoas nos comentários que iria postar no fim de semana, mas tive uns problemas com a minha internet e não consegui postar. Hoje fiquei o dia todo ocupada, e só agora to tendo tempo.
Outra coisa que quero falar: eu tinha dito que esse seria o último capítulo antes do epílogo, mas uma leitora muito linda me sugeriu um capítulo bônus e eu to pensando em trabalhar nele. Vocês gostariam? Respondam hein hahaha
Bom, no mais é isso. Espero que vocês gostem desse capítulo e que ele compense a demora.



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POV Luke

As últimas semanas passaram voando. Treinos, campeonato, provas finais e eu mal pude perceber que o tempo estava passando tão depressa. Agora faltam duas semanas para a formatura e para os resultados de nossas últimas provas, depois disso, estaremos livres do ensino médio. Quando olho para trás e me lembro do primeiro dia desse ano letivo, fico pensando se, caso me contassem naquele dia que tudo isso aconteceria, eu acreditaria.

Depois que Tracey voltou, as coisas começaram lentamente a se encaixar. Nada mudou significativamente e, principalmente, nada mudou entre nós, mas tê-la por perto é o suficiente para tornar os dias normais de novo, para que tudo pareça estar em seu lugar novamente. Quando vou para o colégio todos os dias de manhã, sei que irei vê-la, e isso fez que com aquela mágoa, aquela raiva que me consumia fosse morrendo aos poucos.

Isso e a conversa que tivemos no vestiário. Conversa não, foi uma briga. Porém, tudo que dissemos foi necessário e, mais do que isso, foi o suficiente para que o clima entre nós finalmente evoluísse e as coisas voltassem a funcionar. Sei que disse a Tracey naquele dia que era tarde demais para nós, e sei que a machuquei, pude ver isso em seus olhos antes que ela deixasse o vestiário, mas naquela hora, eu ainda estava decepcionado demais, ainda guardava muito rancor para pensar na possibilidade de passar por cima de tudo e nos dar uma segunda chance. Agora, depois que consegui organizar meus pensamentos e tudo que estava sentindo com o retorno de Tracey, vejo as coisas de uma forma diferente. Além disso, Tracey disse que ama e, ouvir isso, ter essa certeza, fez com que muitas coisas mudassem dentro de mim.

Depois daquele dia, Tracey e eu não nos falamos novamente, mas a cada dia a sinto mais perto. Quando ela se senta conosco na hora do almoço como costumava fazer antes de partir, quando vai aos jogos de lacrosse e torce para nosso time, quando olho para ela na sala de aula, pensando que ninguém vai notar, e nossos olhares acabam se encontrando. É assim que sei que minha Tracey realmente está de volta, é assim que sei que posso perdoar seu erro, nosso erro, e que podemos tentar de novo.

– Quando é que você vai falar com ela? – Mason pergunta logo que se senta ao meu lado no banco.

– Falar o que e com quem?

– Falar com Tracey. Não é nela que está pensando?

– Como sabe disso?

– Cara, conheço você há anos. Acha que não consigo reconhecer sua cara de apaixonado que não sabe o que fazer?

– Você é um pouco maluco não é, Mason? – Mason ri da minha pergunta, demonstrando que não se importa com o que acabei de dizer.

– Não foge do assunto. Quando vai falar com Tracey?

– E por que acha que vou falar com ela?

– Acho que é o que deveria fazer. Vocês dois não deveriam ficar protelando tanto, basta olhar para vocês quando estão perto um do outro para ver que ainda se gostam. O que ainda estão esperando?

Não respondo a pergunta de meu amigo porque não tenho uma resposta para ela. Não sei o que estamos esperando, não sei por que ainda não conversei com Tracey. Sei que a quero de volta, talvez seja orgulho, talvez medo de errar novamente e estragar tudo, mas até agora, algo tem me impedido de dizer a ela o que quero.

– Cara, você se lembra por quanto tempo fiquei enrolando para assumir meu namoro com Vicky?

– Muito tempo.

– Pois é, muito tempo. E hoje que estamos juntos vejo quanto tempo desperdicei. Faltam apenas duas semanas para a formatura, depois disso não sabemos o que pode acontecer. Não corra o risco de perdê-la de novo, Luke. Não deixe que esse orgulho besta separe vocês dois.

– Sua vez, Crawford! – o treinador grita e me chama de volta para o treino. Amanhã é a final do campeonato. Meu último jogo com o uniforme de lacrosse de nosso colégio. Mais um encerramento, mais um ponto final. Enquanto corro de volta ao campo penso nas palavras de Mason e em como gostaria que Tracey estivesse ao meu lado amanhã.

Meu melhor amigo está certo e eu sei disso. Embora não esteja mais com raiva de Tracey e tenha conseguido esquecer o passado, ainda não fui capaz de deixar meu orgulho de lado e procurá-la. Mas agora é a hora de finalmente tomar uma decisão. Preciso dizer a ela como me sinto e, se Tracey estiver aqui no jogo de amanhã, direi tudo a ela.

POV Tracey

– Está dizendo que não vai ao jogo? – Mollie pergunta e logo depois coloca uma batata frita cheia de ketchup na boca.

– É isso mesmo que você ouviu. – estamos eu, Mollie e Vicky sentadas em uma das mesas da lanchonete mais próxima da escola, que está lotada por sinal. Todo mundo veste alguma coisa com as cores de nossa escola, todos se preparando para o jogo de lacrosse dessa noite. Os garotos do time não estão aqui. O treinador exigiu que eles chegassem bem cedo para se concentrar. Ao contrário deles, as líderes de torcida enchem duas mesas do local. Georgina parece radiante em seu uniforme, mas ela sequer olha para mim.

– Mas é a final do campeonato, você tem que ir. – Vicky insiste enquanto olha seu reflexo no celular para ter certeza de que a pintura que fez nas bochechas com as cores do time ainda está perfeita.

– Além disso, é o último jogo de Luke. O último jogo dele como capitão do time do colégio. Sabe como isso é importante para ele, Tracey. Como pode pensar em não ir? – É engraçado ver Mollie defendendo Luke agora e lembrar como ela estava brava com ele há algumas semanas. Tudo mudou quando contei a ela a verdade sobre o beijo que vi no saguão do prédio de Luke naquele fatídico dia.

– Eu estou cansada, é só isso. Estou cansada. – suspiro antes de falar e tomo mais um gole de meu refrigerante. – Tenho feito tudo que posso para me reaproximar de Luke, para tentar consertar as coisas, mas não está dando certo. Luke não me quer mais. Não adianta.

– Como pode dizer isso? Você é cega ou um pouco lerda? – Vicky pergunta desviando os olhos do celular para olhar pra mim.

– Sempre pergunto a mesma coisa a ela. – Mollie se junta a Vicky contra mim.

– Vão mesmo ficar me ofendendo?

– Não estamos ofendendo. – Vikcy fala com calma. – Estamos apenas tentando abrir seus olhos. É claro que Luke ainda te quer. Não vê o jeito como ele olha pra você?

– Sinceramente? Não. – Mollie e Vicky se encaram e reviram os olhos para mim ao mesmo tempo. – Vocês querem parar com esse complô contra mim, por favor?

– Não é possível que só você não veja isso, Tracey. – Mollie é quem insiste agora. – Luke nunca a perde de vista, está sempre procurando por você e, sempre que está por perto, é só para você que ele olha. – meu coração se aquece ao ouvir as palavras de Mollie, mas ainda assim não consigo me convencer.

– Então por que ele não fala comigo? Por que não pode me perdoar?

– Não sei. Orgulho, talvez.

– Pois, se ele pode ser orgulhoso, eu também posso. Não vou ao jogo.

– Pare de ser teimosa. – Vicky me encara séria – Essa pode ser sua última oportunidade. Um dos dois tem que ceder.

– Eu já cedi, Vicky. Ou se esqueceu de tudo que eu disse a ele no vestiário? Foi Luke quem disse que era tarde demais. Não vou mais correr atrás, se ele quiser, que venha falar comigo.

Vicky e Mollie se irritam, mas finalmente desistem de me convencer. Aquela velha voz que insiste em falar dentro de mim, me diz que se não for ao jogo, vou acabar me arrependendo, mas eu bato o pé e deixo meu orgulho falar mais alto. Não vou e pronto.

– Se não quer ir, não vá. – Mollie diz enquanto se levanta de nossa mesa acompanhada por Vicky. Agora está quase na hora do jogo e a lanchonete começa a esvaziar. – Mas espero que saiba que está cometendo um erro, de novo.

Minhas amigas vão embora e me deixam ali sozinha. Enquanto observo adolescentes entrarem e saírem animados com a possibilidade de vencermos o jogo essa noite, fico remoendo a decisão que estou tomando, a raiva que sinto de mim mesma por ser tão mesquinha, e de Luke por não ter dado o braço a torcer até agora.

– Espero não estar incomodando. – Georgina está sentada bem a minha frente na mesa. Eu mal a notei chegando.

– O que você quer?

– Conversar com você um pouquinho.

– Nós realmente temos alguma coisa pra conversar?

– É claro que temos. Luke sempre vai ser nosso assunto em comum. – Georgina apoia seu queixo nas mãos e sorri com malícia para mim. O que foi que eu fiz pra merecer?

– Não sei se sabe, mas eu não tenho mais nada com Luke há um bom tempo. Portanto, não tem com o que se preocupar.

– Não estou preocupada. Não sei se sabe, mas Luke terminou tudo comigo há algumas semanas. – encaro Georgina com a testa franzida, porque é admirável que ela esteja assumindo que levou um fora. Ela sorri de volta para mim como se estivesse dizendo que não se importa. – Tudo bem, já superei.

– Por que está me falando isso?

– Sabe quando foi que Luke disse que não queria mais sair comigo? – balanço a cabeça dizendo que não. – No dia em que você voltou. Exatamente no dia em que você voltou Luke percebeu que não queria ficar mais comigo, e algo me diz que com mais ninguém que não seja você.

Estou um pouco atordoada com as coisas que Georgina está dizendo, por isso, não sei o que responder. Poderia esperar que qualquer pessoa viesse dizer tais coisas para mim, menos ela.

– O que estou tentando dizer, Tracey, é que eu estava errada. Naquele dia no banheiro disse que você não podia competir comigo, mas você podia sim, tanto podia que ganhou. Luke é seu. – Ok, agora sim estou chocada.

– Luke e eu passamos por muitas coisas. Não é tão fácil assim.

– É mais fácil do que parece. Olha só, Tracey, não pense que é fácil para mim vir aqui te dizer essas coisas, se estou fazendo isso é só porque sei que já pisei muito na bola com Luke e quero recompensá-lo de alguma forma, portanto, preste atenção no que vou dizer: – Georgina aproxima seu rosto do meu fazendo com que eu não consiga desviar o olhar. Fico me perguntando como uma garota pode ser tão bonita e tão intimidadora tendo apenas dezessete anos. – não seja burra, Tracey. Não desperdice a segunda chance que está tendo. Ouvi você dizer às suas amigas que não vai ao jogo. Não faça isso. Vá até lá e mostre a Luke que se importa com ele. Não o perca, Tracey. Não cometa os mesmos erros que eu.

Georgina se levanta e volta a se juntar às suas amigas da torcida, saindo da lanchonete logo em seguida. Mais uma vez fico sozinha, agora com muito mais coisas para pensar. Georgina foi capaz de ter uma atitude altruísta e veio aqui me dizer tudo isso. Me pergunto o que o destino está tentando me dizer.

Por alguns minutos revivo em minha mente os meses que passei na Holanda pensando que eu e Luke nunca mais ficaríamos juntos, e agora estou aqui, prestes a desperdiçar a nova chance que tenho. Sem pensar em mais nada deixo a lanchonete torcendo para que não seja tarde demais.

POV Luke

Faltam apenas alguns minutos para o início do jogo e o campo está lotado. A maioria das pessoas aqui são estudantes do colégio, professores e pessoas da cidade, mas o time que vamos enfrentar hoje também trouxe um bom número de torcedores, suficiente para encher as arquibancadas.

– Então, finalmente chegou a hora. Está nervoso? – Mason pergunta enquanto nos aquecemos no gramado.

– Por incrível que pareça, não. Estou ansioso. Quero que o tempo passe logo, mas ao mesmo tempo, não quero que acabe.

– É difícil acreditar que esse é nosso último jogo pelo colégio.

– Nem me fale.

– Os olheiros das universidades que você se inscreveu vieram?

– Não de todas. E os das suas?

– Não de todas também, mas se algum deles gostar de me ver jogar, já é o suficiente. – não digo nada, apenas aceno para Mason, concordando enquanto observo as arquibancadas cada vez mais cheias. – Não dá para acreditar que você pode ir para Princeton.

– Está dizendo que não me acha inteligente o bastante?

– Cara, não é isso, mas...

– Eu sei, nem eu consigo acreditar que eles mandaram mesmo um olheiro para me ver. – digo e procuro o olheiro de Princeton sentado na arquibancada. Quando mandei uma carta de inscrição para lá, foi somente para agradar minha mãe, que por sinal, acaba de chegar de mãos dadas com Tommy e se sentar na segunda fileira. Eles acenam para nós que logo acenamos de volta. Vicky já está posicionada com as líderes de torcida repassando os últimos passos para a coreografia na hora do intervalo e Mollie está sentada logo atrás delas na primeira fila. Estão quase todos aqui, falta apenas uma pessoa.

– Isso aqui tá lotado, acho que não falta mais ninguém. – diz Mason, lendo meus pensamentos.

– Exceto Tracey. – mas acho que ela não vem.

POV Tracey

Como sou a pessoa mais azarada do mundo, é claro que peguei um engarrafamento há algumas quadras do colégio. Parece que a maior parte da população dessa cidade resolveu vir assistir ao jogo. É impressionante como esporte e competições mexem com os ânimos das pessoas. Porém, o que importa, é que depois de finalmente conseguir sair do lugar e chegar até o colégio, dei de cara com o estacionamento completamente lotado. Depois, tive que ficar dando voltas atrás de uma maldita vaga e, cheguei a ficar tão desesperada, que se meu carro não fosse tão novo e tão lindo, teria estacionado no meio da rua. Porém, felizmente, depois de muito rodar, encontrei uma vaga nada perto da entrada da escola. Por isso, agora estou correndo feito louca para conseguir chegar ao campo antes que o jogo comece.

Entro no colégio pela porta da frente, onde um dos zeladores direciona todo o público para uma passagem externa que nos levará até o campo, mas sei que se for por aqui, demorarei mais a chegar, principalmente porque terei de desviar de todas as pessoas. Assim que consigo, passo silenciosamente pelo zelador e vou direto até os corredores do colégio. Sei que passando por lá terei acesso direto aos vestiários e assim chegarei mais rápido às arquibancadas.

Passo pelo vestiário feminino ainda correndo, porém diminuo a velocidade porque estou cansada e porque ele está completamente vazio, nenhuma das líderes está aqui, e isso me faz pensar que já perdi minhas chances de chegar antes do jogo começar. Mesmo assim, caminho com pressa em direção ao campo e quando finalmente estou próxima o suficiente das arquibancadas, vejo que os times já estão em suas posições no campo, prontos para iniciar o jogo. Estico o pescoço a procura de Mollie e a encontro logo na primeira fila. Vou abrindo caminho até ela e ouvindo alguns insultos até conseguir alcançá-la, mas não dou a mínima. É um alívio quando finalmente estou ao seu lado e finalmente posso respirar.

– O que está fazendo aqui? Não disse que não viria?

– Mudei de ideia.

Imediatamente procuro por Luke entre os jogadores. Preciso que ela me veja antes que o jogo comece, preciso que ele saiba que eu vim, que estou aqui por ele. Como um ímã, meu olhar é atraído em sua direção, e o vejo bem no centro do campo. No mesmo momento Luke também se vira para mim e nossos olhares finalmente se encontram, me fazendo saber que valeu a pena vir até aqui hoje.

– Boa sorte. – digo para ele em um sussurro.

Então o apito toca e o jogo começa.

***

– Pare de roer as unhas, está me deixando mais nervosa do que já estou. – Mollie me diz enquanto presta atenção em cada detalhe do jogo sem sequer piscar. O jogo está acirrado, estamos apenas com alguns pontos à frente.

– E acha que eu não estou nervosa? – nesse momento observo as líderes de torcida fazendo seu trabalho: apoiar o time. – Como elas conseguem fazer isso com essa tensão?

– Quem é que entende líderes de torcida?

– As vezes acho que era melhor quando eu não entendia nada de lacrosse. – digo e o semblante de Mollie muda de sério para uma risada. – Pelo menos assim eu não ficava tão nervosa.

Mais alguns minutos e o time de fora acaba empatando de novo, acontece que agora faltam apenas segundos para que o jogo se encerre. Sinto um milhão de borboletas voando em meu estômago e mal consigo continuar sentada. Sei o quanto vencer este jogo é importante para Luke. Os olheiros das universidades vieram vê-lo jogar, e embora ele esteja melhor que nunca, ganhar seria como realizar um sonho.

– Eu não vou olhar, não vou olhar. – falo baixinho para Mollie e coloco as duas mãos no rosto, tampando meus olhos. Não sei se vou aguentar a ansiedade caso o tempo de jogo seja prorrogado.

– Deixa de ser boba, vai perder os minutos finais? – minha amiga pergunta, mas eu não respondo, permaneço com os olhos fechados. – Luke está com a bola.

Nesse momento não consigo me conter e tiro as mãos do rosto. A bola está com Luke e faltam apenas alguns segundos para o fim do quarto tempo. Acho que vou desmaiar. Luke então corre e desvia da defesa do time adversário, saltando e arremessando a bola em direção ao gol. Para mim, na arquibancada, é como se tudo estivesse em câmera lenta por alguns instantes, até que percebo que conseguimos. Luke marcou o ponto, e nós ganhamos o jogo!

O apito indicando que o jogo está terminado soa no mesmo momento em que arquibancada vibra com a vitória de nosso time. Todos de nosso colégio e de nossa cidade estão comemorando. Mollie me abraça e nós começamos a pular juntas feito duas crianças. Tudo está uma bagunça. A maioria das pessoas correu para o meio do campo, e como muita gente está usando as cores do time, não dá pra achar ninguém no meio de tanto tumulto.

Mollie me puxa mais para o centro, onde o as líderes de torcida e os garotos do time estão. Luke está sendo ovacionado por seus companheiros que o colocam nos ombros agora, e eu me sinto orgulhosa em vê-lo assim. Mason está vibrando de alegria quando encontra Vicky.

– Você foi demais, meu amor! – ela diz a ele, que logo a beija, tirando seus pés do chão. É impossível não se contagiar com tanta felicidade.

Mollie não está mais do meu lado. Começo a procurar por ela, mas a vejo bem distante comemorando no meio de um monte de gente, e acho engraçado como minha amiga tem facilidade para se enturmar. Continuo observando a pequena festa que acontece no campo da escola, quando Luke surge bem na minha frente. Por um momento, apenas nos encaramos, até que sinto a necessidade de dizer algo a ele.

– Belo arremesso.

– Obrigado. E obrigado por ter vindo. – ele se aproxima de mim e eu me sinto mais nervosa do que quando estávamos empatados com o outro time.

– Eu não poderia deixar de vir. – ficamos em silêncio de novo, mas eu não quero que o momento termine – você foi incrível hoje, Luke, parabéns.

Luke e eu por fim nos abraçamos, e eu percebo o quanto precisava disso, o quanto esperei por isso. Depois de tanto tempo sentir os braços de Luke me envolvendo novamente, senti-lo tão próximo de mim, só agora sei que estou em casa de novo.

– Obrigado. É como um sonho realizado. – permanecemos abraçados por mais alguns instantes, tentando transmitir dessa forma tudo o que não conseguimos dizer um ao outro, mas ambos sabemos que não podemos ficar assim para sempre.

– Bom, acho que a gente se vê por ai. – digo quando me afasto dele, sem saber lidar com a situação.

– A gente se vê.

POV Luke

Tracey se vira e começa a se afastar de mim. Ainda consigo sentir a emoção de estar abraçado com ela de novo, e junto com a adrenalina de acabar de vencer o campeonato estadual, é uma sensação incrível. Como disse a ela, é como realizar um sonho, e o mais importante é saber que ela está aqui vivendo isso comigo.

Por um momento, deixo que minha mente vague por uma lembrança minha e de Tracey de alguns meses atrás. Sentados em um balanço, numa praça bem longe desse colégio, quando não imaginávamos que tanta coisa pudesse acontecer, Tracey me fez uma pergunta que não soube responder naquele dia: “Faz o seguinte: pensa nos seus sonhos. Pensa em tudo que você quer conquistar um dia. Agora pense na Georgina. É ela que você quer ao seu lado quando seus sonhos se tornarem realidade?” Mas agora sei.

– Tracey! – chamo, e ela se vira de novo pra mim. – É você.

– O quê?

– Quando todos os meus sonhos se tornarem realidade, é você quem eu quero que esteja ao meu lado. É você, Tracey.

Não preciso dizer mais nada para saber que ela entendeu, para saber que ela também se lembra. Tracey sorri para mim, o sorriso mais lindo que já vi, e caminha em minha direção. Quando estamos frente a frente ela para e olha bem em meus olhos.

– Você tem certeza, Luke? Não acha que é tarde demais?

Me aproximo ainda mais dela, anulando totalmente a distância que restava entre nós e toco seu rosto, fazendo um carinho de leve e aproveitando esse momento para observar cada detalhe da expressão esperançosa de Tracey.

– Eu só estava sendo orgulhoso, e você estava certa. Não quero mais fingir, não quero mais esperar, eu também amo você Tracey.

Depois de tanto tempo, não há mais fingimentos, não há mais mentiras, nem sentimentos mascarados, ela está em meus braços agora e finalmente posso beijar Tracey de novo.

POV Tracey

Estamos novamente na mesma lanchonete de antes, a diferença é que agora a felicidade é tão grande, que as vezes parece nem ser real. Está ainda mais lotado. A escola inteira veio para cá depois do jogo, e para todos os cantos que olhamos, só dá pra ver gente comemorando.

– Conta de novo sobre o cara de Princeton. – peço para Luke pela terceira vez.

– Eu já disse. Ele veio falar comigo quando saí do vestiário e disse que posso ficar tranquilo quanto à bolsa, ela já é minha.

– Não acredito que vamos para a mesma universidade! – digo empolgada e Luke me dá um beijo, na frente de todos, o que me faz pensar mais uma vez que estou sonhando.

– Finalmente vocês se acertaram. – Mollie se aproxima de nós – ninguém aguentava mais olhar para a cara de sofrimento de vocês.

Nós dois rimos do jeito sincero de minha amiga e nem nos importamos em rebater. O clima aqui é o melhor possível essa noite. Mais tarde, Mason sobe em uma cadeira e faz o que ele chama de discurso da vitória, seguido por Luke e por mais alguns caras do time. As garotas da torcida colocam várias músicas na máquina e assim nós passamos quase a noite inteira comemorando. Luke está feliz como nunca o vi antes, quando olho em seus olhos é como se a felicidade pudesse transbordar deles.

– Gosto de te ver assim. – digo a ele quando ele estaciona o carro na porta da minha casa muito tempo depois.

– A culpa é toda sua. – ele se aproxima lentamente de mim, criando expectativa e, quando penso que vai me beijar, apenas acaricia meu rosto com o polegar. – Porque foi sincera comigo, e disse como se sentia. – e então ele me beija.

– Prometo ser sempre sincera daqui pra frente, se você prometer também.

– Eu prometo.

Luke continua bem próximo a mim, de olhos fechados, até que nossas testas se tocam e ele acaricia meu nariz com o seu.

– Não é bom quando estamos assim? Juntos?

– É perfeito.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Xx.