Bittersweet escrita por Ana Paula Puridade, Lua


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi, meninas, tudo bom?
Perdoem a demora, acabei de chegar do trabalho e vim correndo postar. Espero que gostem do capítulo, Ana e eu escrevemos com muito carinho pra vocês.
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632251/chapter/8

NARRAÇÃO DA BONNIE

— Senti tanto a sua falta! — Caroline me abraçou forte por longos segundos e eu fiquei feliz em retribuir o abraço. Estávamos sozinhas na minha casa, sua voz estava trêmula e senti uma lágrima quente cair no meu ombro.

— Caroline, — murmurei, — Se você chorar eu vou chorar também.

— Ok, desculpa, desculpa. Sem choro. — ela me soltou, limpando as lágrimas das bochechas. — É que eu fiquei tão preocupada. Não conseguíamos te enc...

— Care, — interrompi. — Tá tudo bem agora. Eu estou aqui, não é?

— Olha só pra mim, — ela respirou fundo. — Eu deveria estar te consolando, mas em vez disso você é que está.

Segurei a mão dela e sorri, tentando fazê-la se sentir melhor.

— Também senti muito a sua falta. E sabe o que? Não preciso de consolo, preciso de um banho quente.

Ela riu.

— Ok, eu vou te preparar um banho e enquanto isso você pode começar a ir arrumando suas coisas, que tal?

— Ótimo. — assenti.

Ela subiu as escadas indo para o banheiro e eu sentei no sofá, deixando cair a mochila pesada que eu carregava, respirei fundo puxando de dentro o grande livro até meu colo, era o grimório do Clã Gemini que eu havia trazido comigo, eu não conseguia para de imaginar que tipo de feitiços havia ali e quanta vantagem poderia nos dar sobre Kai, talvez tivesse até uma forma de reverter o feitiço que ele lançou em Elena. Eu não queria ter falsas esperanças e nem criar expectativas, pode ser que não tivesse nenhum jeito de desfazer, mas Kai se baseou em algo e pode ter sido num feitiço desse grimório.

[...]

“Isso é muito poderoso.” Damon tinha dito. “É melhor guardar em um lugar seguro.”

Ele estendeu a mão pra mim, esperando que eu entregasse o livro a ele, mas neguei com a cabeça e continuei segurando.

“Eu vou guardar comigo.” falei. “Kai não pode entrar na minha casa, não foi convidado.”

O vampiro tomou uma profunda respiração e sentou numa poltrona em frente ao sofá que eu estava.

“Quanto a isso, nós conversamos e achamos que é melhor você ficar aqui.”

Eu franzi o cenho.

“Ficar aqui, tipo, hoje?”

Damon encarou Stefan, que apenas o encarou de volta, depois encarou Caroline, que acenou com a cabeça, como se o encorajasse a dizer algo, então ele voltou os olhos para mim.

“Ficar aqui, tipo, morar aqui.” ele concluiu.

“Por quê?” perguntei dando uma boa olhada nos três. “Aqui qualquer um pode entrar.”

“Podemos resolver isso, além do mais, na sua casa você vai estar sozinha, a gente sabe que você consegue se proteger, mas aqui estaremos Stefan, Caroline e eu, é segurança a mais caso algo aconteça.”

Mirei o chão pensando naquilo, procurando razão no que ele disse e também... Espera um pouco...

“Você disse ‘Caroline’?”

Damon revirou os olhos.

“Parece que ela resolveu trazer a antiga pensão de volta e decidiu ser a primeira hospede. Mas eu não sei se isso é bem uma hospedagem porque ela passa pouco tempo no quarto dela e muito tempo na cama do Stefan e os barulhos não são nada...”

“Damon!” Stefan jogou uma almofada nele.

“Ele não está falando sério, Bon.” Care lançou a ele um olhar furioso e depois virou para mim, me olhando mais branda. “Eu queria estar por perto caso tivessem alguma informação sua.”

“E a faculdade?” perguntei.

Ela deu de ombros.

“Eu não conseguia me concentrar nas aulas com minha melhor amiga estando sequestrada.”

Eu quis sorrir pra ela, agradecida por se preocupar e pelo carinho, mas Damon falou antes disso.

“E então? É só por um tempo, só até resolvermos esse problema e nos livramos do Kai.”

“E vai ser ótimo ter outra garota por aqui.” Care adicionou com um sorriso.

[...]

Eu acabei aceitando. Mais que isso, também concordei em trancar a faculdade durante algumas semanas porque Damon mencionou a possibilidade de Kai aparecer lá e machucar mais pessoas. E agora Care e eu estávamos aqui na minha casa para buscar algumas coisas, roupas principalmente.

— Você ainda esta sentada aí? — Caroline surgiu outra vez nas escadas.

— Desculpa, comecei a pensar e esqueci completamente. — levantei, trazendo junto o grimório.

— Tudo bem, — ela tirou o livro de mim. — Eu levo isso lá pra cima, você pode ir e tomar o seu banho quente.

Eu entrei no banheiro, plenamente consciente de que ela estava pisando em ovos perto de mim. Em outra situação ela perguntaria no que eu pensava, mas dessa vez estava sendo cautelosa ao meu redor desde que me perguntaram o que Kai tinha feito. Era muito fácil fingir na presença de Kai porque eu queria escapar dele, mas fingir na frente dos meus amigos não era tão fácil assim, eles me conheciam bem, sabiam quando eu estava escondendo algo e quando eu mentia.

[...]

“Eu poderia te abraçar até amanhã, sabia?” disse Damon enquanto estávamos na sala de estar da Mansão Salvatore minutos depois de eu retornar. Caroline estava sentada no outro sofá junto a Stefan, ela secava as lágrimas enquanto sorria me olhando. Damon passou um braço em volta do meu ombro, me puxando um pouco mais próximo a ele, mas parou quando um curto gemido de dor escapou de mim.

“Você tá machucando ela, seu bruto.” Caroline falou.

Os olhos de Damon me examinaram preocupados de ele ter mesmo me machucado e acabaram parando no meu braço dolorido.

”Está inchado.” Stefan falou. “Então não foi agora, faz algum tempo.”

“Foi Kai.” Damon sibilou de maxilar travado e levantou com raiva, passando a mão no cabelo.

“Não foi ele.” Falei. “Quer dizer, mais ou menos, eu machuquei quando estava fugindo.”

“Dói?” Stefan se aproximou e segurou meu braço, examinando-o.

“Só quando alguém aperta ou quando eu forço.” Respondi.

“Não está quebrado, só levou uma pancada forte, uns remédios vão melhorar.”

“Falando nisso, como conseguiu fugir?” Caroline perguntou.

“Quem estava fugindo era ele. Vocês estavam perto, de algum jeito ele ficou sabendo e se preparou pra ir embora, então eu aproveitei a fuga dele pra fazer a minha.”

Senti todos os olhares da sala se voltarem para mim, me olhando atentos, antes de eu começar a falar.

“Bem, quem estava fugindo era ele. De algum jeito ele ficou sabendo que vocês estavam vindo e se preparou para ir embora, então eu aproveitei a fuga dele pra fazer a minha. Fingi que passava mal e quando ele se distraiu, agarrei o volante.”

“E?”

“E o carro bateu.”

Os olhos de Caroline se arregalaram tanto que parecia que iam saltar das órbitas.

“Você bateu o carro?! Poderia ter ganhado mais que um machucado, Bonnie, poderia ter morrido. Sabe o risco em que se colocou?”

“Caroline!” exclamei.

“Dessa vez eu vou ter que concordar com a Barbie.” Disse Damon, fazendo-me revirar os olhos. “Mas por outro lado,” ele adicionou. “A situação com Kai já era arriscada, cada dia perto dele era um risco. Você fez o que tinha que fazer.”

Pelo menos isso ele entendia.

“O que ele queria que você fizesse? Ele machucou você?” perguntou Stefan.

Foi aí que fiquei tensa, me encolhi no sofá e meus batimentos ficaram irregulares, o que não passou despercebido pela audição sobrenatural dos três vampiros na sala.

“Bonnie?” Damon chamou.

“É o Kai,” fingi dar de ombros. “O que vocês acham que ele queria? Feitiços e magia.”

“Exceto que agora ele mesmo pode fazer feitiços.”

Engoli em seco encarando Damon. Porque ele estava pressionando?

“Eram feitiços específicos.”

“E pra que serviam?” O Salvatore mais velho sustentou meu olhar consciente de que eu estava escondendo alguma coisa. Eu queria que ele parasse de perguntar, eu não queria contar porque quando me lembrava do que Kai fez me sentia suja, sentia vergonha de mim e do que iam pensar, me sentia frágil, inútil e indefesa, sentia medo que acontecesse de novo e nojo do meu próprio corpo. Quando pensava no que Kai fez... Eu tinha vergonha até de dizer a palavra. Estupro. Foi isso que ele fez, ele me estuprou.

“Damon, a Bonnie acabou de chegar, dê um tempo a ela.” Stefan falou e eu suspirei agradecida. “Nosso maior problema agora é Kai, temos que estar preparados pra quando ele voltar e vir atrás dela.”

“Hm, eu acho que ele pode vir atrás de outra coisa” falei. Então eu mostrei a eles o grimório e o rumo da conversa mudou completamente.

[...]

Quando entrei em meu quarto, Caroline não estava lá, provavelmente estava na sala ou na cozinha. Ela tinha separado uma muda de roupas para mim em cima da cama, jeans e camiseta que eu logo vesti, em seguida peguei uma bolsa de viagens, colocando dentro algumas calças, camisas, roupas intimas, frascos de perfume e coisas que talvez eu fosse precisar, depois desci as escadas e encontrei Care na sala falando ao telefone.

— É claro... Até parece... Se fizer isso eu vou te matar... Sim, ela tá aqui na minha frente... É claro que tenho certeza... Cala a boca!... Arg, já estamos indo, tchau. — Ela bufou e desligou o celular.

— Era o Damon?

— Quem mais me irritaria assim em dois segundos?

—O que ele queria?

— Perguntou por que estávamos demorando, como se não tivéssemos acabado de sair de lá. — ela revirou os olhos. — Além disso, liguei pro Matt e falei que você está de volta, ele foi lá te ver e Damon, como sempre, quer arrancar o pescoço dele.

— Matt! — eu sorri. — Estou com saudades dele.

Caroline ia falar alguma coisa, mas então ela olhou a bolsa de viagem pendurada em meu braço bom.

— Vai levar só isso? Essa bolsa é muito pequena.

— A bolsa não é pequena, Caroline. — Rolei os olhos, indo para a porta com ela me seguindo. — Além do mais, não vou ficar na casa dos Salvatore pra sempre e se eu precisar de algo posso vir aqui pegar.

Em outras circunstancias ela me diria pra fazer uma mala enorme, encheria de vestidos e coisas frufrus, mas dessa vez ela não insistiu, acho que estava com medo de que se falasse muito, eu acabaria cortando-a, me afastando ou ficando tensa, como aconteceu quando Damon começou a perguntar o que Kai queria. Talvez ela achasse que eu até desistiria de ficar na casa dos Salvatore se ela pressionasse, mal sabe ela que um dos motivos de eu ter aceitado ficar lá foi porque eu também estava com medo.

— Falando nisso, — ela sussurrou, olhando para os lados enquanto dirigia o carro. — Onde deixou o grimório?

— Achei mais seguro deixar em casa, por enquanto.

— Fez bem. Outras pessoas além de Kai podem se interessar por esse livro, Lily é uma delas.

— Lily? Até parece que daríamos a ela.

— Talvez tenhamos que dar.

Virei para a loira e franzi o cenho.

— Por quê?

— Bom... É que Damon fez um acordo com ela.

— Que acordo?

A vampira se mexeu desconfortável no banco do carro e encarou a estrada por dois segundos antes de continuar.

— Não sabíamos como te encontrar, então Damon pediu pra Lily a sua localização. Em troca... — ela parou.

— Em troca... O quê? O que ela quer, Caroline?

— É isso que não sabemos, ela disse que por enquanto não queria nada, mas que os Salvatore ficariam em divida com ela. Quando ela precisar, virá até eles.

— Ah, Deus. — gemi de frustração. — Essa mulher é louca, sabe-se lá o que ela vai pedir. Damon não deveria ter aceitado.

— Eu não posso culpar ele. Na verdade fiquei até bem surpresa. — Care murmurou. — Stefan me disse que Damon tinha medo de você guardar rancor dele, ele não queria que você o odiasse. E Deus sabe que eu vi com meus próprios olhos que ele não descansou até você voltar. As vezes eu acho que ele fica frustrado, sabe? Ele teve que fazer uma escolha e escolheu que preferia ter você por perto durante os próximos 60 anos do que Elena. Damon é um cara de instintos e o instinto dele foi te salvar. Acho que isso confunde ele... Acho que isso confunde até eu.

Aquilo me confundia também. E agora que Caroline falou isso, o assunto não ia querer sair da minha mente, principalmente porque eu sabia que não foi apenas uma vez que Damon fez essa escolha. Quando Kai ofereceu Elena de volta em troca de que parassem de me procurar, Damon recusou. Ele tinha me escolhido em vez dela pela segunda vez.

[...]

Quando entrei na casa dos Salvatore, Matt estava sentado num sofá parecendo prestes a pular no pescoço de Damon, mas assim que me viu, o loiro deu um sorriso enorme e veio até mim, me abraçando forte e me tirando do chão.

— Eu estava morrendo de saudades de você. — disse ele.

— Também estava com saudades de você. — falei sorrindo enquanto ele me colocava de volta no chão. — Eu vi os cartazes que você mandou colocar na cidade, achei genial. Obrigada.

Ouvi Damon bufar, como se dissesse que os cartazes eram inúteis. Matt e eu o ignoramos.

— Eu teria colocado o país todo atrás de você se pudesse.

Caroline se meteu entre a gente toda sorridente outra vez.

— Sabem o que isso significa? — perguntou. — Festa!

— Sem chance, Barbie. — Damon se intrometeu. — Bonnie tem que descansar, ela ainda nem dormiu.

— Não tinha pensado nisso. — ela colocou as mãos na cintura. — O que você acha, Bonnie?

Eu encolhi os ombros.

— Não estou disposta pra uma festa cheia de gente hoje. — falei. — Mas também não quero dormir... Acho que voto em fazermos nossa própria festa, só a gente.

Caroline sorriu elétrica, quase como se pudesse dar pulinhos de alegria.

— Ótimo, — ela falou. — Vou lá em cima pedir ajuda do Stefan em algumas coisas. Matt, você pode pegar na cozinha o número da pizzaria? Acho que deixei em cima do balcão. Damon, você pode... Não, esquece, você não está convidado.

— Ei! — ele protestou. — A festa é da Bonnie, ela decide se estou convidado.

— Que seja, — ela bufou antes de sair em direção às escadas.

— Eu já volto, — disse Matt, indo para a cozinha.

Quando eles saíram, eu encarei Damon, que estava sentando no sofá com um copo vazio na mão. Me aproximei e sentei ao lado dele.

— Quer que eu te convide para a minha festa?

— Como se eu quisesse comer pizza e jogar Monopoly com um bando de adolescentes.

— Nós jogávamos bastante Monopoly quando estávamos presos juntos.

Ele sorriu, lembrando.

— Só nós dois era mais divertido.

— Você diz isso porque não tinha testemunhas pra ver você roubando no jogo.

— Eu não roubava, você é que é péssima jogadora.

— Ok, — cruzei os braços. — Vamos ver isso hoje. Se eu vencer, v...

— Ah, boa tentativa, mas vai ter que fazer mais que isso pra eu vir comer pizza na sua festa.

Eu bufei e revirei os olhos. Até parece que eu ia implorar pela presença dele.

— Bonnie. — chamou.

— O quê?

— Eu estou feliz por você estar de volta.

Aquilo me fez querer sorrir. Eu não entendi porque fiquei feliz de ver ele admitir aquilo pra mim, mas fiquei. Foi instantâneo.

— Obrigada. — falei. — Obrigada por me salvar. Eu acho que ainda não agradeci isso.

Ele sorriu e acho que esse foi um daqueles momentos que a Caroline falou que ele ficava frustrado porque, apesar do sorriso, ele baixou o olhar pra longe de mim. Eu suspirei mentalmente. Isso estava começando a ficar um pouco embaraçoso demais pra mim. Piorava o fato de ele estar agora bem ao meu lado, eu sentia o cheiro dele e isso estava me desconcertando. Não sei se Damon percebeu, mas quando voltei do Mundo Prisão estava usando um casaco dele. Não era intencional, ele era minha única companhia lá e quando se foi eu ficava perto das coisas dele pra não me sentir sozinha. Acabei decorando esse cheiro cítrico, mas também doce, viril, porém suave. E acabei sentindo falta também.

— O que você disse? — Damon perguntou.

— O quê?

— Você estava falando do meu cheiro?

Senti meu rosto aquecer de vergonha no mesmo instante e meus olhos quase arregalaram. Ah, Deus. Por favor, que eu não tenha dito isso em voz alta.

— Eu estava calada, não falei nada disso. — tentei mentir, mas o tremor na minha voz e meus batimentos errados me entregavam.

Ele deu um enorme sorriso malicioso.

— Ah, falou sim. Disse que sentia falta do meu cheiro, eu ouvir muito bem... Agora me diz, que cheiro eu tenho, Bonbon?

Eu estava estática com o embaraço e não ajudava o fato de que ele não parava de me olhar com aquele sorriso de canto e me encarar com aqueles olhos claros. Mas então eu me dei conta de que era o Damon! Deixar as pessoas embaraçadas era exatamente o que ele fazia e agora estava se divertindo me deixando envergonhada também. Acabei dando uma pequena risada.

— Você tem cheiro de mar. — falei pra ele, mesmo nunca tendo visto o mar pessoalmente.

— E o mar tem cheiro de que? — perguntou parecendo insatisfeito com a minha resposta.

— De força e liberdade.

Ele franziu o cenho.

— E à que cheira força e liberdade?

— À você.

— Isso tá abstrato demais pra mim. Eu tenho cheiro de liberdade?

— Se liberdade significa uísque e bourbon velho... — disse Matt, entrando de volta na sala e olhando Damon de cara feia.

— Agora acho que entendo o que você quis dizer, Bonnie. — começou Damon. — Quando o Mutt aparece, eu sinto cheiro de fracasso. Deve ser o cheiro dele.

Eu bufei.

— Ah, parem. Ninguém aqui tem nove anos.

Os dois passaram a se ignorar, então Damon levantou e foi encher o copo que tinha em mãos. Eu percebi que Matt estava entretido com algo no celular, então baixei o rosto devagar e sussurrei, sabendo que só Damon poderia me ouvir.

— Damon, você vem?

Com o canto dos olhos eu percebi que ele estava me olhando e sorrindo como se dissesse "Não vai ser tão divertido sem mim, não é?". E eu sorri de volta...

E teve um significado abstrato

[...]

NARRAÇÃO DO DAMON

Bonnie mal havia chegado e Caroline já queria fazer uma festa! Nada contra festas, mas tudo contra Caroline. Claro que não seria comemoração ao estilo da loira, Bonnie preferiu apenas algo entre nós, mas conhecendo Caroline Forbes não demorou para aparecer com uma lista de coisas pra Stefan, Matt e eu fazermos.

Consegui pouco tempo para conversar com Bonnie, desde que ela se soltara de meus braços todos partiram pra um mini-interrogatório e depois Caroline ficou com ela a cada segundo. Depois chegou Matt e impossibilitou qualquer aproximação minha ou de Stefan para conversar com Bonnie por mais de cinco minutos. Porém, mesmo com pouca conversa, eu estava aliviado ao perceber que o sonho que eu tive não era real, Bonnie não estava me odiando, ela ainda era a minha melhor amiga, nada havia mudado entre nós.

Internamente eu me sentia muito orgulhoso de Bonnie, quando ela nos contou o que havia feito para conseguir escapar eu mal pude acreditar, ela tinha posto a vida dela em perigo! Poderia ter morrido, ou adquirir ferimentos que levariam muito tempo para serem cicatrizados, um braço machucado não era quase nada comparado ao perigo que ela correu. E eu estava vendo, mais uma vez, o quão forte e destemida Bonnie é, sempre achando um jeito de salvar-se e salvar a todos nós. E eu estava admitindo para mim mesmo que, sim, eu admirava a bruxinha.

Já era noite quando entrei no meu quarto e me joguei na cama bebendo o meu melhor uísque. Dessa vez não para tentar ficar bêbado, mas para comemorar que Bonnie estava de volta, tudo estava de novo em seu devido lugar. Kai iria aparecer em algum momento, eu iria torturá-lo lentamente, fazê-lo suplicar pela morte sem ter um pingo de piedade, o torturaria ainda mais e quando ele não tiver mais nenhuma força, cravaria uma estaca de madeira em seu peito e depois queimaria o corpo, matando-o de uma vez por todas.

Estava passando os canais da TV de um para o outro, mas nada prendia minha atenção. Caroline e Matt não se desgrudavam de Bonnie e Stefan tinha ido caçar coelhinhos. O tédio já estava me consumindo. Então ouvi a porta de baixo bater e meu irmão subiu as escadas.

— Algum coelhinho perguntou seu nome? — perguntei sabendo que estava passando pela frente do meu quarto.

— Um me perguntou, o nome dele era Damon, foi tão incrível arrancar a cabeça dele.

Não, com certeza não estou sendo boa influencia para o Stefan.

— Acho que você tem passado tempo demais comigo.

— Achei que quando eu chegasse você estaria lá embaixo com a Bonnie. — disse ele ignorando meu comentário e entrando em meu quarto.

— A Barbie e o Donovan não saem de perto dela. E se eu ficasse lá teria que disputar a atenção dela com os dois... E você sabe como a Caroline é possessiva.

— Hm, — ele murmurou. — E como você se sente com relação à volta da Bonnie?

Como eu me sentia? Feliz. Aliviado. Conseguia respirar de novo. A volta da Bonnie foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos tempos, saber que ela não está mais em perigo nas mãos do desgraçado do Kai, me faz me sentir bem de novo, mas eu não admitiria isso para o Stefan.

— Me sinto bem, — dei de ombros. — Fico muito contente em saber que a Bonnie está de volta que está segura das maluquices do Kai.

Stefan me observava como se estivesse buscando algo a mais que eu não havia dito, sinceramente isso estava me enchendo.

— O que foi? — bufei.

— Nada, eu também me sinto feliz e aliviado em ter a Bonnie conosco novamente, tenho certeza que a partir de agora as coisas mudarão para melhor, principalmente para você.

Franzi a testa.

— Por que diz isso?

Já mencionei como eu odeio esse lado psicólogo do Stefan?

— Por nada, — ele desconversou. — Você estava mal e culpado, mas agora acho que com a volta da sua melhor amiga você se sinta melhor, ou eu estou enganado?

— Sim, estou me sentindo muito bem. Olha, Stefan, se você quer falar alguma coisa é melhor falar de uma vez. Não gosto desses joguinhos de malucos.

Ele ergueu as sobrancelhas e riu.

— Não é nenhum joguinho, só fiz uma simples pergunta, não sei por que te incomodou tanto.

— Aham, então tá, se você queria me irritar conseguiu.

— Não, muito pelo contrário, vim te fazer um grande favor.

— Que favor? — fiquei confuso. — Eu não preciso de nada.

— Claro que precisa e irei resolver isso agora mesmo.

Stefan saiu sem nem ao menos me responder o que ele iria fazer. Consegui ouvi-lo descendo as escadas, usei minha audição vampiresca para ouvir o que ele estava fazendo.

— Galera, — disse ele. — Que tal uma rodada de bebida para comemorar a volta de Bonnie?

— Eu topo! —disseram Caroline e Matt juntos.

Não fazia sentido, Stefan estava convidando o pessoal para beber sem nem ao menos me dizer nada? E Bonnie não podia beber, ela estava tomando antibióticos, a menos que... Ah, Stefan, você merece seu cabelo de herói.

— Eu não posso ir, antibióticos mais álcool não é uma boa combinação. — disse Bonnie.

— Não precisa beber Bon, você pode beber um suco, anda, vamos? — sério que Caroline iria acabar com o plano de Stefan?

— Care, não podemos exigir nada de Bonnie, ela precisa descansar. Se quiser pode ir com o Stefan que eu fico aqui com ela. — Donavan, que cara insuportável!

— Não, de jeito nenhum, podem ir se divertir. Estou cansada logo vou me deitar, nada vai me acontecer.

— Damon está em casa, se algo acontecer ele pode aguentar até nós chegarmos. — disse Stefan.

— Vão tranquilos, eu vou ficar bem!

[...]

— Olha a bruxinha está finalmente sozinha, será que hoje o fim do mundo?

Bonnie se virou para mim e sorriu.

— O velho e terrível senso de humor de Damon Salvatore, senti falta disso.

— Bonnie Bennett dizendo que sentiu falta do meu cheiro e meu senso de humor no mesmo dia? Acho que vou pegar mais antibióticos. — nós dois rimos. — Eu te entendo Bonnie, quando alguém me conhece é difícil não sentir minha falta, afinal de contas sou inesquecível.

Ela revirou os olhos

— Esqueci como o seu ego era maior que esta casa.

— Aí está a velha Bonnie Bennett.

— Acho que não sobrou muito da velha Bonnie em mim, — disse ela involuntariamente, mas pareceu se arrepender logo em seguida e acabou desviando o olhar.

— Por que diz isso? — perguntei.

— Bom é... — ela deu de ombros indo sentar no sofá. — Por nada, quando você passa dias sequestrada por um sociopata você muda, não? Eu nunca me imaginei atuando tão bem e consegui.

Podia atuar bem na frente dele, mas não na minha. Bonnie estava me ocultando algo, havia acontecido alguma coisa além do que Kai querer utiliza-la em feitiços.

— O que Kai fez a você? O que aconteceu que você não nos contou?

— Não aconteceu nada, — ela jogou as mãos pra cima, bufando. — Se você quiser continuar com esse assunto é melhor eu ir me deitar.

Bonnie havia se irritado muito com a minha pergunta, isso só demonstrava que havia algo além do que ela nos contou. Eu realmente não queria pressioná-la, ela estava cansada e eu não queria deixa-la ainda mais, então decidi não fazer mais perguntas. Pelo menos não hoje.

— Tudo bem, então vamos assistir um filme. — falei, indo até a TV.

— Que filme?

— O Guarda Costas. — disse pondo o DVD.

— Sério Damon? O Guarda Costas? Assistimos mil vezes em 1994.

— Então agora será mil e uma vezes, — sorri pra ela e me joguei na outra ponta do sofá. — Aproveite Bonnie, sabe quantas mulheres dariam a vida para assistir um filme comigo?

— Eu não sou uma delas. Você realmente não presta, Damon Salvatore!

— Sabe o que está faltando? — coloquei a mão no queixo fingindo pensar. — Panquecas!

— Ah, não. — ela fez careta. — Eu odeio suas panquecas, Damon.

— Por isso mesmo, espera aqui, já volto com panquecas ao estilo Damon Salvatore que você odeia!

— Ah mas não mesmo, é capaz de você fazer aqueles dentinhos de vampiro só para me irritar.

— Essa é a intenção!

A preparação das panquecas foi basicamente nos relembrando as parte divertidas de 1994, era como se estivéssemos lá ainda, eu colocava as musicas que Bonnie odiava, enquanto ela tentava desligar o som. Admito que sentia falta desses momentos, principalmente de irritar Bonnie.

— Quem diria que um dia eu, Bonnie Sheila Bennett, estaria na casa de um vampiro, comendo panquecas com rosto de vampiro e assistindo o guarda costas com um vampiro... Acho que é muito vampiro, não? — ela sorriu.

— Quem diria que um dia eu, Damon Salvatore, estaria na sala de minha casa, com uma bruxa que odeia minhas panquecas e quem diria que um dia nós seriamos melhores amigos? Mas eu te entendo, me ter como melhor amigo é um prazer que muitas querem.

— Seu ego está me sufocando.

— Não posso negar que minha beleza é única.

Ela revirou os olhos e voltou sua atenção para a TV, passando a prestar atenção no filme, minutos depois ela dobrou as pernas e as colocou no sofá e alguns minutos mais tarde os olhos dela estavam vítreos e sonolentos como se as pálpebras estivessem pesando uma tonelada.

— Bonnie...

Ela me interrompeu

— Calado Damon, essa é a melhor parte. — ela arrumou a postura e abriu bem os olhos como se estivesse cheia de energia.

Suspirei e deitei-me no sofá ao lado dela, não demorou muito para que eu acabasse pegando no sono e quando acordei a bruxinha também já havia dormido, ela estava com toda encolhida com a cabeça encostada no braço do sofá e o filme já tinha acabado. Estiquei as pernas me levantando e desliguei o aparelho de TV e DVD, então percebi que o sono de Bonnie não era tranquilo, ela parecia inquieta e pensei até que estivesse acordada, mas me dei conta que ela estava tendo um sonho ruim.

— Bonnie, — me aproximei, ajoelhando-me no sofá ao lado dela. — Bonnie, acorda.

Ela não me respondeu, em vez disso pareceu ainda mais aflita e começou a murmurar coisas baixo demais para eu ouvir. Fiquei em silêncio, esperando o momento em que ela fosse falar outra vez, até que novamente ela começou a murmurar e eu tive que usar toda minha audição pra entender.

— Kai, por favor, não faz isso.

É claro. Tinha que ser ele.

Eu coloquei a mão no ombro dela, segurando com cuidado pra despertá-la.

— Bonnie, não é o Kai, sou eu, Damon.

Ela começou a se mexer ainda mais. Estava tendo pesadelos com ele, provavelmente sobre o que não quis nos contar. Eu engoli em seco, quando um pensamento me passou pela mente. Provavelmente se ela percebesse iria falar até o fim do mundo, ia dizer que invadi a privacidade dela e que eu não deveria ter feito aquilo. Mas eu queria ajuda-la, fazê-la se sentir bem e ter um sono tranquilo e eu não ia conseguir fazer isso se não soubesse o que tinha acontecido. Foi por isso que, quando ela finalmente ficou quieta por alguns instantes, eu aproveitei para segurar sua mão e me conectar com os pensamentos dela. Eu entrei em seu sonho pra descobrir o que ela escondeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oooohhhh, Damon fez isso, e agora?
Espero que tenham gostado do capítulo e não achado confuso.
Lembrando que ainda tem muuuuuita coisa pra acontecer na história, muitas surpresas e reviravoltas. Esperamos que sejam pacientes e que curtam essa jornada com a gente até o final.
Beijos mil.
Até a vista e não esqueçam de comentar o que acharam, viu? Comentários deixam a gente mais alegre e com mais vontade de continuar *-*