Bittersweet escrita por Ana Paula Puridade, Lua


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mais uma sexta feira e isso é sinônimo de que??
Mais um Capítulo de Bittersweet.
Todas as Sextas- Feiras temos Capítulo Novo não se esqueçam.
Agora vou parar de enrolação e deixar vocês lerem.



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NARRAÇÃO DO DAMON

Após dois dias de espera, Lily resolveu dar as caras. Foram dois dias que só adicionaram mais à minha sensação de inutilidade. Tentei ler mapas durante esse meio tempo, pesquisei rodovias, rotas de difícil e fácil acesso e fazendas suspeitas, praticamente decorei todos os mapas de todas as cidades da Virgínia e de alguns estados próximos, mas eu sabia que nada disso ia adiantar, era como procurar uma agulha num palheiro, um feitiço localizador seria a melhor solução. Foi então que Enzo apareceu, a pedido de Lily, para avisar que finalmente tinham tido sucesso. Ela marcou uma hora.

Chega a ser cômico, uma mãe marcando hora para encontrar os filhos. A verdade é que essa Lily, fria, calculista e que faz tudo esperando algo em troca, não se parece em nada com a nobre e generosa que eu e Stefan conhecíamos quando ainda éramos humanos. E o pensamento que me inquietou por um tempo - a mim e a Stefan - foi ter feito um acordo sem regras. Eu não sei o que ela pode chegar a pedir, já não a conheço mais, então dessa Lily posso esperar qualquer coisa.

Outro fato que me atormentava era a ideia de Bonnie me odiar. Eu evitava pensar no assunto e fugia para meu refugio (o uísque), mas quando estava sozinho e o torpor da bebida sumia, eu tinha que admitir a mim mesmo que ela tinha todos os motivos pra ter ódio de mim. Eu sabia que fui o motivo de muitas desgraças, mas a ideia de ter Bonnie me odiando, me ignorando, ou até com magoa de mim, embrulhava-me o estomago.

O que é que alguns meses presos juntos são capazes de fazer, hein? Bonnie era minha melhor amiga, mas as vezes eu chegava a imaginar que nossa ligação ia além de laços de amizade. A maioria do tempo que consigo lembrar, sempre fui muito duro com ela, sempre a forçando a ir de um extremo a outro, mas sendo honesto comigo mesmo, uma certa parte de mim me fazia agir assim porque eu... Eu sempre soube que ela é capaz de muito mais do que pensa. Se ela ao menos se desse credito suficiente para perceber a força que tem e a pessoa incrível que é...

— Interrompo? — uma voz feminina interrompeu meus pensamentos quando a porta de casa se abriu e Lily, junto a Enzo e três hereges entraram. A expressão da vampira era de satisfação, com certeza ela havia conseguido seu objetivo.

— Eu acho que os bons modos não existem entre as aberrações. — falei.

— E a inteligência não existe no seu cérebro. — provocou um dos hereges.

— Malcolm, — Lily sentou. — Por favor, não se incomode com as provocações de Damon.

Stefan surgiu, de braços cruzados, ao pé da escada.

— Acho que não devemos perder tempo com essas coisas, se você se deu ao trabalho de vir aqui, Lily, quer dizer que conseguiu o que pedimos. Então deixe de joguinhos, nos dê o que queremos de uma vez e saia daqui.

Arqueei as sobrancelhas e observei meu irmão enquanto ele juntou a mim. Acho que a minha influencia a ele não estava sendo muito boa... Mas quem se importa? Lily mereceu.

— Calma, querido, esses não foram os modos que eu lhe dei.

— Lily, por favor. — disse Enzo.

Suspirei. Enzo mais parecia uma marionete dela do que um vampiro.

Ambos trocaram um olhar de cumplicidade e então Lily começou.

— Encontramos a localização de Bonnie.

— Então fale logo de uma vez.

— Calma, Damon. — ela olhou as unhas. — Se agisse com calma, perceberia que Kai te enganou e o local que aquela bruxa lhes informou é o correto. Bonnie estava lá o tempo todo. Depois que vocês se confrontaram, Kai melhorou a ocultação e fez um feitiço muito mais complexo do que eu imaginei. Meus amigos tiveram muito trabalho para desfazer.

— Espera, você está querendo me dizer que o local onde Kai atacou Damon é onde a Bonnie está? — Stefan parecia tão perplexo e irritado quanto eu.

— Isso mesmo. Minha suspeita é que Kai deve estar usando os grimórios dos Líderes do Clã Gemini. O clã costumava preferir feitiços egípcios, pois são bem mais complexos que aparentam. — de repente ela se interrompeu e revirou os olhos. — Porque eu estou contando esses detalhes? Conhecer os feitiços dele deve ser uma vantagem minha. Vocês pediram apenas a localização da Bennett, eu dei, fiz a minha parte.

— Vocês não irão conosco? — perguntei.

— Claro que não, Damon, essa é uma batalha exclusiva de vocês, porque nós lutaríamos nela? — ela ficou de pé, pronta para sair. — Já me arrisquei muito lhes ajudando, não farei mais que isso... E, ah, caso sobrevivam, não esqueçam que têm uma divida comigo.

— Tenho certeza que você não vai nos deixar esquecer, Lily!

Ela sorriu.

— Até breve, queridos filhos. E boa sorte contra o Kai.

[...]

NARRAÇÃO DO KAI

Haviam se passado vinte minutos desde que eu tinha entrado naquela velha lanchonete à beira da estrada. O lugar estava quase cheio de caipiras que falavam sem parar e mesmo assim eu me esforçava para manter a audição aguçada, atento a qualquer mudança do lado de fora. Não foi até que a porta se abriu e uma loira familiar entrou que pude deixar meus ombros relaxarem.

— Boa noite, Kai. — ela sorriu.

— Olá, Valerie. — cumprimentei.

Encarei o lado de fora da janela, observando a noite escura e verificando entre os carros e caminhonetes velhas alguma movimentação diferente.

— Não se preocupe, eu vim sozinha.

— Mas verificar a segurança nunca é exagero.

Ela concordou com a cabeça e puxou uma cadeira, sentando-se em frente a mim.

— Foi por isso que eu te procurei.

— Estou curioso, — comentei, inclinando-me sobre a mesa. — Como conseguiu me achar?

— Consegui porque, apesar de sua magia de ocultação ser forte, não é indestrutível. Pra achar você, tive ajuda dos outros Hereges. Ou melhor, os Salvatore tiveram.

Franzi o cenho.

— O que quer dizer?

— Você sabe que os filhos da Lily estão tentando resgatar a Bennett, certo? — assenti, ligando os pontos em minha mente e imaginando o que aquilo significava. — Os Salvatore fizeram um acordo com Lily, pediram a localização de Bonnie.

— E pelo jeito, Lily aceitou.

— Sim, aceitou. Foram necessários vários de nós pra achar sua localização. Eu participei do feitiço porque queria ter certeza de onde você estava para poder te avisar a tempo. Os outros podem ter esquecido o que é viver num Mundo Prisão, mas eu não esqueci e também não esqueci que você nos livrou daquilo.

— Obrigado, Valerie. — sorri. — É muito bom ter aliados leais.

— Pode contar comigo. — devolveu o sorriso. — E agora, o que você vai fazer?

— Quanto tempo faz que Lily soube onde estou mantendo Bonnie?

— Não muito tempo. Assim que o feitiço terminou eu entrei em contato com você, mas Lily não estava com tanta pressa pra falar com os Salvatore, então acho que você tem alguma vantagem de tempo.

Tamborilei os dedos na mesa, começando a pensar em possíveis rotas de fuga. Os Salvatore buscarem ajuda dos Hereges foi algo que cheguei a cogitar, mas não pensei que fosse acontecer. Achei que os bruxos-vampiros teriam a mínima decência de lembrar o que fiz por eles, mas ao que parece eram ingratos e traidores.

— Você tem pra onde ir? — perguntou.

Encarei a loira que me observava com as sobrancelhas arqueadas como se eu fosse algum tipo de amador que nunca tinha um plano reserva. Estava enganada. Planos reservas eu tinha aos montes, o meu preferido era o que eu arrancava a cabeça de Stefan bem na frente de Damon, para vê-lo gritar e se desesperar pela morte do irmão e em seguida arrancava a cabeça do próprio Damon. Mas por agora eu teria que usar um que envolvesse apenas Bonnie.

— Claro que tenho pra onde ir. — suspirei. — Só não pretendia ter que fugir com a Bonnie na situação que ela está agora.

— Que situação? — Valerie apertou os olhos na minha direção um tanto desconfiada.

Dei de ombros.

— Nada de mais.

— Ela está machucada? Se for isso pode dar sangue pra curar ela, você sabe. Ou se apenas quiser que ela fique quieta, é só dopar, deixa-la inconsciente.

— É claro, como não pensei nisso? — fiz-me de surpreso.

Meu pensamento lógico era que: Se Valerie era capaz de trair seus companheiros de mais de um século, o que garante que ela também não me trairia? Seria preciso mais do que uma simples informação pra eu acreditar em sua lealdade. Por isso preferi deixá-la no escuro sobre para onde eu iria com Bonnie e o que iria fazer. Na verdade, dopar a Bruxa estava fora de cogitação. Eu não era especialista em crianças, mas acredito que as medicações que eu usava eram fortes demais para uma mulher grávida. Sei que, tecnicamente, o bebê seria metade vampiro, mas eu não queria arriscar e causar algum dano ou perda justo agora que as coisas estavam funcionando.

O primeiro passo, depois que me despedi de Valerie, foi compelir Maria para se esquecer de mim e de Bonnie para sempre. O segundo passo foi preparar nossa fuga. O terceiro seria o mais difícil: Dar um jeito de levar Bonnie totalmente consciente pra longe dali.

[...]

NARRAÇÃO DO DAMON

A casa parecia normal demais, quieta demais. Com certeza Kai já nos esperava com alguma armadilha. Stefan e eu estávamos preparados para ele, juntamos as toneladas de armas que tínhamos guardadas desde a época em que lutávamos contra Originais, e por causa disso nossa munição ia além de bombas de verbena, estacas e bala de madeira. Nos dividimos para poder vasculhar cada canto daquela casa, esperando que em algum lugar estariam Kai e Bonnie, tínhamos que encontra-los.

Não dava pra negar que ela esteve ali, cada cômodo da casa tinha cheiro de mel, jasmim e canela, o cheiro dela. Mas, apesar disso, não encontramos nada na casa. Por mais que vasculhássemos cada canto, eles não estavam em nenhum lugar, não havia nenhum sinal dos dois. Mais uma vez Kai havia fugido com Bonnie e voltamos à estaca zero.

— Damon. — gritou Stefan.

Corri até ele, na esperança de que tivesse encontrado algo que nos levasse à Bonnie, mas ele estava com uma expressão não muito boa e tinha uma folha de papel em mãos.

— O que foi? — perguntei.

E ele me estendeu o papel.

“Olá, Irmãos Salvatore.
Acharam mesmo que iriam resgatar a Bonnie? Quão patéticos vocês conseguem ser? Avisei uma vez, Damon, e te avisarei de novo: você não vai me surpreender novamente. Aproveitem o cheiro que a Bonnie deixou nessa casa por que será a única coisa que vocês terão dela. Sempre estou um passo a frente de vocês!

Kai Parker“

Urrei de ódio. Minha raiva foi tanta que soquei a parede, abrindo um enorme rombo, sem nem me importar. Eu tinha fracassado. De novo.

[...]

NARRAÇÃO DA BONNIE

Eu deveria estar no mínimo preocupada com a mudança de planos de Kai, mas em vez disso estava feliz. Meus amigos estavam procurando por mim, estavam tentando me resgatar. Eu sabia que devia me preocupar com a segurança deles, mas a sensação de saber que estavam preocupados comigo fazia-me sentir vibrações sob a pele, quase como se minha magia estivesse voltando rápido, apesar das absorções de Kai.

Quando ele jogou aquele monte de coisas no carro e obrigou-me a ir junto, pensei que fosse ficar sonolenta, afinal era quase madrugada. Mas ao contrário do que pensei, me deixou em alerta, pois para Kai se prontificar a fugir nesse horário, significa que meus amigos estavam bem perto de me encontrar. Isso me fazia pensar em milhares de tentativas de atrasá-lo, tentativas que eu tinha que pôr em pratica, ou jamais me livraria dele.

De canto de olho, observei como ele dirigia calmo, apenas olhando o espelho retrovisor algumas vezes. Respirei fundo e contei até três, criando coragem para o que pretendia fazer.

— Kai, — murmurei, colocando uma das mãos na cabeça. — Acho que não estou me sentindo muito bem.

Eu sabia que ele tinha passado a me encarar, então coloquei a mão livre no pescoço, fingindo náuseas. Passei a respirar mais devagar, simulando certa dificuldade e esperando que ele acreditasse.

— Bonnie, — ele colocou uma das mãos na minha costa. — Por favor, aguenta um pouco. Vamos chegar logo, não posso parar agora.

— Eu n-não posso. — gaguejei, praticamente sem voz.

— Droga, — ele socou o volante. — O que você está sentindo?

— Eu não... Não consigo respirar direito. E acho que... Acho que vou de... — tombei minha cabeça para o lado, de encontro a janela, fingindo um desmaio. Isso foi suficiente.

— Bonnie? Bonnie?! Droga! — a voz de Kai parecia preocupada, e o senti diminuir a velocidade do carro. Foi então que eu agarrei o volante, fazendo-o perder a direção.

— Pare com isso, Bonnie, — ele ficou enfurecido por eu ter tentado enganá-lo. Mais uma vez. — Você enlouqueceu?

— Eu não serei mais sua prisioneira.

O carro estava fazendo ziguezagues no meio da pista, de um lado para o outro. Kai tentava retomar o volante, mas eu não largava, apesar de minha pouca força. Ajudava o fato de ele pensar que não podia me machucar por achar que eu estava grávida e foi assim que eu afundei meu pé em um dos pedais, não me importando com qual era. Mas minhas suspeitas são de que era o pedal do acelerador, pois o carro ganhou velocidade e entrou na floresta, batendo em uma arvore.

Kai percebeu isso antes de mim, eu não entendi porque ele tinha abaixado meu dorso e jogado seu corpo em frente ao meu, mas depois me dei conta que foi uma forma de me proteger do impacto. Tudo que ganhei na batida foi uma dor no braço, mas Kai estava pior, ficou desacordado em cima de mim.

Respirei fundo e o empurrei para o banco do motorista, tendo certeza que ele estava mesmo inconsciente. Alivio me atingiu quando confirmei que ele estava. Tirei o cinto de segurança e empurrei a porta do carro, fazendo um certo esforço para não machucar ainda mais meu braço dolorido. Foi então que eu percebi, no banco de trás, uma mochila meio aberta. Eu inclinei a cabeça, percebendo algumas folhas e uma capa amarronzada e de repente algo estalou na minha mente. Debrucei-me no banco e puxei a mochila, lá dentro estava o Grimório do Clã Gemini.

Encarei Kai com um sorriso.

— Você tinha razão, eu sempre vou achar um jeito de te apunhalar.

Desci do carro, andando apressada até a estrada e pedi carona num carro. Eu estava voltando para casa.

[...]

NARRAÇÃO DO DAMON.

Eu já nem contava mais quantas garrafas eu havia bebido. Eu tinha todas as minhas esperanças nesse maldito feitiço de Lily e nada deu certo. E ainda tínhamos feito uma divida com Lily que não nos resultou em beneficio algum. O pior é que agora não teríamos mais ninguém a quem recorrer, não tínhamos mais o que fazer, tudo que fazíamos Kai tinha uma forma de acabar ou descobrir. Agora nem eu mesmo tinha mais a certeza de que conseguiríamos encontrar a Bonnie.

— Damon, vocês fizeram tudo que conseguiram, — disse Caroline. — Bonnie ficaria orgulhosa de ver o empenho de vocês em salva-la.

Apertei o copo de vidro em minha mãos com tanta força que quebrou.

— Eu não quero saber se ela ficaria ou não orgulhosa. Kai venceu de novo, consegue entender isso? Ela sempre nos salvou e eu queria retribuir tudo que ela já fez por mim. Eu queria salvá-la, mas falhei.

— Isso não significa que vamos desistir, — Stefan segurou meu ombro. — Podemos não saber o que fazer agora, mas vamos pensar em alguma coisa.

— Eu não falei que ia desistir, — suspirei. — Mas eu não sei por onde começar dessa vez. Eu realmente não sei onde procurar, a quem pedir ajuda, ou o que fazer. Eu só queria que tudo se resolvesse e ter a Bonnie de volta aqui.

— É o que todos queremos, Damon. — disse Caroline. — Você não é o único que sente falta dela. Ela também é minha melhor amiga, lembra?

A campainha tocou, interrompendo nossas lamentações. Caroline fez menção de ir atender, mas eu a impedi, passando direto por ela. Se fosse qualquer noticia de Bonnie eu queria ser o primeiro a saber. Mas, antes sequer de abrir a porta, eu senti o aroma familiar de mel e jasmim do outro lado. Minha boca ficou seca e eu instintivamente abri a porta às pressas, quase arrancando as dobradiças do lugar.

— Bonnie?

Ela não disse absolutamente nada, apenas me abraçou forte e eu sorri, sentindo novamente o calor de seu corpo e os batimentos de seu coração. E eu tive certeza que aquilo não era uma ilusão ou brincadeira da minha mente quando ela me encarou com os olhos verdes brilhantes e disse:

— Eu prometi que voltaria, não foi?


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Notas finais do capítulo

E ai amores, o que acharam no Capítulo?
Como ficou as emoções de vocês após isso??
Deixe aqui nos Comentário que terei o prazer de ler todos e responde-los.