Bittersweet escrita por Ana Paula Puridade, Lua


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores.
Sobre essa capítulo não tenho muito o que dizer, mas acho que ao ler o início vocês já poderão prever o fim, então não nos matem kk
Apreciem a leitura =)



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NARRAÇÃO DA BONNIE

Fazia muito calor em Mystic Falls, a tarde estava ensolarada e quente, diferente do clima fresco e agradável que eu preferia, a mudança de tempo me deixou tonta e enjoada, meu corpo acabou sentindo essa mudança e eu esperava que um resfriado típico de mudanças de temperatura não estivesse chegando pra mim.

— Terminei. — anunciei, enquanto desligava o babyliss e Caroline olhava no espelho o resultado das ondas no cabelo.

— Ficou ótimo, — ela sorriu. — Tenho certeza que vou ser a garota mais bonita do parque aquático.

— Caroline! — eu ri, colocando as mãos na cintura. — Fiquei uma hora fazendo seu cabelo e você vai pular numa piscina?

— Quando você fala assim, parece que foi perda de tempo. — ela fez beicinho e eu ri. — Não é minha culpa que o verão está tão quente. O que você tem pra fazer hoje? Por que não vem comigo e Stefan?

— E ficar segurando vela?

— Nesse caso, seria a tocha olímpica. — disse Damon, entrando no quarto da loira sem bater. — Pronta para mais uma aula de magia? — perguntou virando-se para mim.

— Damon, hoje não. — Caroline protestou, jogando algumas coisas numa bolsa de praia. — Vocês estão treinando há o que? Uma semana? Duas? Está calor, Bonnie devia ter uma folga pra descansar ou se divertir.

— Barbie, eu sei que você vai ser da família, mas o assunto é entre Bonnie e eu, alem do mais, ela deve estar pronta para tudo: frio, calor, chuva, sol. Não sabemos o que vem pela frente.

Caroline revirou os olhos.

— Eu só disse folga. Mas a escolha é da Bonnie. — a vampira me encarou.

Eu já tinha a resposta na ponta da língua, preferia ir com Damon, ele tinha razão, não sabíamos quando os hereges decidiriam agir, ou ao menos se fariam algo, não sabemos o que eles tem em mente, mas sabemos que os Salvatore tem uma dívida com Lily por minha causa. Eu queria estar preparada para tudo e não sei até quando Kai acreditará em minha mentira, quando ele descobrir a verdade tenho que estar pronta para enfrenta-lo, não posso permitir que um mal-estar ou uma coisa boba como mudança de clima me impeçam de ficar mais forte para enfrenta-los.

— Não se preocupe Caroline, eu estou bem, não estou cansada. — falei, vendo o rosto dela se desvanecer. — Damon tem razão tenho que estar preparada para tudo.

— Mas, Bon... — Eu a interrompi.

— Eu vou ficar bem, Care. Não se preocupe. É melhor você ir, Stefan deve estar te esperando.

Ainda com o rosto desvanecido, ela encarou Damon, que apenas acenou pra ela. Por fim, a loira suspirou, murmurando um "ok" e saiu do quarto.

Não queria deixa-la triste nem fazer parecer que eu preferia treinar com Damon do que me divertir com ela, mas tinha o outro lado também, a parte sobre usar roupas de banho em público num parque aquático, a parte que eu evitava pensar e expulsava da minha mente toda vez que vinha a tona: o meu próprio corpo e o que tinha acontecido quando estive prisioneira de Kai.

[...]

Damon nos levou novamente a floresta. Segundo ele, por ser um local isolado que ninguém poderia nos ver e achar estranho duas pessoas no meio do nada fazendo pedras flutuarem. E também eu conseguiria me concentrar com mais facilidade por não haver distrações. O que nem sempre era verdade...

A parte boa é que tive avanço nos últimos dias, nada de sangramentos nasais nem vibrações mágicas sob minha pele e nem oscilações de magia, acho que a pulseira de maracujá e camomila estava me ajudando nessa última.

— Qual será a lição de hoje, professor? — perguntei em tom de deboche quando descemos do carro, o que fez Damon rir.

— Não deboche de mim, sabe quantas mulheres dariam a vida para terem um professor como eu?

Eu revirei os olhos

— Não faço ideia, mas eu não sou uma delas.

— Claro que não BonBon, você tem o privilégio de ter um professor... — disse ele, passando o braço por detrás dos meus ombros. — Lindo, maravilhoso, sexy, gosto, atraente, sedutor e magnífico quanto eu.

— Meu Deus, Damon, seu ego é maior do que essa floresta.

— Apenas falo a verdade BonBon.

— Já tinha esquecido que você é humilde.

— Claro, e ainda nem mencionei o quanto sou maravilhoso, divino, bom de cama, bom amante... — eu o interrompi.

— Viemos aqui para você me ensinar ou pra me falar do seu ego?

— Pode ser as duas coisas. — disse ele rindo e eu dei uma tapa nele.

— Ok, então. — falei. — Já que não vamos começar agora, tenho uma coisa pra você.

Damon arqueou uma sobrancelha.

— Devo me preocupar?

— Só se você não gostar de preto, o que é impossível.

Eu tirei do bolso da calça uma bolsinha de camurça parecida com a que ele tinha me dado quando me presenteou com a pulseira, e entreguei nas mãos dele. Damon segurou e ficou olhando, sem abrir, provavelmente tentando adivinhar o que tinha dentro. Depois de alguns segundos ele deu de ombros e abriu, tirando de dentro o anel prateado com uma pedra média de cor preto-chumbo.

— Está enfeitiçado? — perguntou, passando o polegar por cima da pedra escura. — É um anel de proteção?

— Mais ou menos, primeiro você deve testar.

— Espera um pouquinho, eu sou a sua cobaia?

— Sem drama, Damon. — pedi. — Se tiver dado certo, sei que você vai gostar.

Ele estreitou os olhos, meio desconfiando, meio curioso pra saber qual o poder do anel. Por fim, o colocou no dedo indicador, depois sacudiu os braços e arrumou a postura.

— Ok, o que devia acontecer agora?

— Agora você espera.

Fiquei em frente a ele e o encarei nos olhos, conjurando meus poderes mentalmente. Damon apenas ficou parado, me olhando e esperando, impaciente. Até que eu finalmente sorri, satisfeita.

— O que foi? — perguntou.

— Funcionou, — respondi, erguendo o queixo, orgulhosa.

— Mas funcionou o que? Não deveria ter acontecido alguma coisa? Eu não estou entendendo, explique.

Eu segurei a mão dele e ergui, indicando a pedra.

— Lancei um feitiço no anel, um de bloqueio, pensei que talvez não funcionasse por que é o primeiro feitiço que eu criei, mas acabei de te dar uma sessão de aneurismas e você não sentiu nada.

— Espera aí, — ele abriu bem os olhos, impressionado. — Você, sozinha, criou um feitiço que me protege dos seus aneurismas?

— Dos meus e de qualquer outro bruxo.

— Uau, eu estou orgulhoso, Bonbon. — ele sorriu. — Como foi que você fez?

— Usei a base do anel do dia, o sol é algo que devia machucar vampiros, mas a pedra de lápis lazuli os protege com o feitiço certo. Então eu me baseei nisso e criei meu próprio feitiço contra aneurismas.

— Faz sentido. E que pedra é essa que você usou?

— Bom, eu não tinha nada místico, então pensei que geralmente os objetos enfeitiçados precisam de um fenômeno da natureza. Essa pedra no seu anel é um meteorito, acho que é fenômeno suficiente, certo?

Ele franziu o cenho.

— Onde você conseguiu um meteorito?

— Comprei no ebay, você não faz idéia do que as pessoas vendem na internet.

— Parabéns, parece que você andou estudando. E agora eu devo ser o único vampiro no mundo que é imune a aneurismas.

— Não abuse da sorte, — eu ri. — A bruxa que lança o feitiço pode retirar quando quiser.

— Ah, mas você não faria isso, me deu de presente, não se pega de volta um presente.

— Isso significa que você gostou?

— É claro.

— Então acho que já posso passar pro próximo nível do “treinamento”, certo? Eu cansei de mover rochas.

— Hoje eu tinha pensado em algo mais complicado que da última vez.

— Mover árvores? — debochei.

Ele apenas rolou os olhos.

— Lembranças. — falou.

— Como assim? — franzi o cenho. — Como isso me ajudaria?

— Encontrar a lembrança certa na mente de alguém pode ajudar muito, Bonnie. A mente é uma coisa complicada, uma lembrança pode ser o divisor de águas de uma vida, algo que aconteceu com alguém que o marcou, que o deixou feliz, triste, ou que o mudou para sempre.

Estremeci, me afastando um pouco, sem entusiasmo.

— Eu acho que não quero praticar isso.

— Não iremos tão longe de primeira, ok? Vamos descobrir alguma coisa que você tenha esquecido, eu vou te ajudar, você pode vasculhar sua mente e eu vou com você.

— E também não quero você na minha cabeça. — falei.

Damon soltou uma respiração, parecendo estranhamente compreensivo.

— Não precisa se assustar, é só um teste. Você pode entrar na minha mente, se assim for melhor pra você. Lembra quando entrou na mente de Mason Lockwood atrás da pedra da lua? Isso é parecido, mas em vez de um objeto, você vai procurar uma lembrança.

— Eu só... só não sei qual é o objetivo, eu não...

— Bonnie, — ele chamou, segurando minhas mãos com as dele. — Confia em mim.

Eu encarei os olhos dele. Profundos e sinceros, e algo se agitou dentro de mim porque eu sabia que podia confiar nele.

— Tudo bem.

— Ok, — ele murmurou, ainda segurando as minhas mãos. — Feche os olhos.

— Mas você disse que eu tenho que ver o que estou fazendo.

— Não nesse caso. Você não estará em um lugar físico, estará em minha mente. Eu vou te guiar e você vai saber quando estiver tudo ok.

— Quando entrei na mente de Mason, sabia o que estava procurando, mas agora não sei. Como isso vai funcionar?

— Eu disse, vou guiar você, então quando tiver que fazer isso sozinha, será mais fácil.

— Ok. — assenti, fechando os olhos como ele pediu.

— Eu não vou até a sua mente, você tem que vir até a minha.

Fiz que sim com a cabeça, ignorando o fato que ele também estava de olhos fechados e não podia ver meu gesto. Respirei fundo e tentei a conexão com ele, ainda sem saber o que procurar, eu sempre achei que a mente de Damon era um lugar frio e escuro e que nunca iria entra ali, mas olhe minha situação agora. Repentinamente fui atingida pelo silêncio, nenhuma brisa, nenhum farfalhar de folhas, nem sequer minha respiração, apenas o total silêncio, até que uma voz surgiu.

“Bonnie!”

Eu abri os olhos. Damon não estava lá, mas Elena e Caroline estavam, não as atuais, mas sim as de muitos anos atrás, eram Elena e Caroline com cinco anos de idade.

“Bonnie, onde você foi?” Caroline gritou.

Percebi que a floresta ao redor não era a mesma em que eu estive com Damon.Olhando pra trás eu podia ver a ponte Wickery e o carro dos pais de Elena num campo de piquenique ali perto.

“Será que ela se perdeu?”, Caroline perguntou com os olhos marejados. “E se um urso achar ela e comer? Ou um leão?”

“Mamãe disse que não existem leões em Mystic Falls”, disse Elena, fazendo carinho nas costas da loira para acalmá-la.

“Mas essa floresta é muito grande, deve ter monstros. Vamos chamar o seu pai.”

“Caroline”, Elena disse calma, segurando as mãos pequenas da loira. ”Os monstros só saem de noite,agora é dia. E não podemos chamar o papai, Bonnie pode se encrencar porque tia Sheila disse pra ela não andar na floresta sozinha. Você quer que Bonnie fique encrencada?”

“Não.”, a loira murmurou.

“Então vamos continuar procurando.”

As meninas deram os braços e continuaram a andar. Eu olhei em volta, confusa, isso era uma memória de Damon? Onde estava ele?Ouvi o som de água, do rio, e andei naquela direção, não demorei muitos minutos pra enxergar uma garotinha ensopada à margem do rio ao lado de um adulto... A garotinha era eu, vestindo uma camisa rosa, saia e tênis, estava molhada dos pés a cabeça. E o adulto era, indiscutivelmente, Damon, vestindo preto como sempre.

“Por favor, não contra pra minha avó”, me ouvi dizer a ele.

Ele se agachou para ficar na minha altura.

“Sua avó proibiu você de brincar no rio?”

“Sim.”

“Por quê?”

Eu, com cinco anos de idade, encarei o chão, com ar culpado.

“Por que é perigoso nessa época.”

“E mesmo sabendo disso, você entrou na água.”

“Eu não pensei que ia me afogar”, minhas mãozinhas apertaram nervosas a bainha de minha roupa.”Que bom que você me apareceu e me tirou de lá”.

“É, mas se eu não tivesse aparecido, você poderia ter se machucado de verdade. É por isso que tem que obedecer sua avó quando ela disser algo.”

“Bonnie!”,o grito de Elena ecoou perto.

“São minhas amigas, devem estar me procurando.”

“Vamos fazer um acordo”, Damon disse antes que eu pudesse responder o chamado delas. “Você não conta pra ninguém sobre mim e eu não conto pra sua avó que a desobedeceu. Fechado?”

“Fechado. Não, espera, primeiro você tem que me dizer o seu nome e depois eu digo fechado”

“Bonnie.” Os gritos das duas ficaram mais altos, eu olhei pra trás e as vi saindo de entre as arvores e quando olhei pra frente de novo, Damon tinha sumido.

Abri os olhos, o coração batendo forte e descompassado, um sorriso nos lábios.

— Eu não me lembrava disso. — falei.

Damon estava de olhos abertos, sorrindo também.

— Você tinha cinco anos. — ele deu de ombros. — Mas está lembrando agora, não é?

— Sim, — assenti. — Os pais de Elena tinham levado ela, Car e eu pra um piquenique no jardim botânico, nós dissemos que íamos brincar e acabei me afastando das duas.

— E desobedeceu a vovó.

Eu ri, soltando as mãos dele e andando devagar até a margem do córrego ali perto.

— Sinto saudades daquele tempo. Na primavera, a Xerife trazia um bote pro rio e deixava Elena, Care e eu remar durante horas. A gente não saia do lugar, mas éramos crianças e na nossa imaginação estávamos atravessando o oceano.

— Parecia uma boa época. — ele assentiu, parando ao meu lado e observando as águas correntes.

— Será que ela vai vir aqui? — perguntei.

Damon me encarou, confuso.

— Elena, — expliquei. — E os filhos de vocês.

— Eu não... Eu não sei. — murmurou, com um pouco de incerteza na voz.

— Qual é o problema? Você não quer filhos?

— Eu passei 150 anos pensando que nunca teria filhos, que nunca seria humano de novo. Pensar o contrário...

— Ainda assusta você. — completei.

Ele assentiu, calado.

— É uma pena que eu não vou estar aqui pra ver isso, seria divertido ver você trocando fraudas.

Damon revirou os olhos, mas riu.

— Se eu tivesse uma menina, ela teria o seu nome. — falou, encontrando o olhar dele com o meu. — Por que eu iria querer que ela fosse leal, corajosa e independente, assim como você é.

A imagem que me veio a mente foi instantânea, uma garotinha com as características dele, cabelos escuros, olhos claros, lábios finos, brincando na sala dos Salvatore.

— Eu queria poder ver o futuro pra ter certeza de que tudo vai ficar bem.

O vampiro estreitou os olhos, parecendo ter uma ideia.

— Você pode. — ele disse. — Ou ao menos pode tentar.

— Como?

Ele passou as mãos no cabelo, olhando ao redor, procurando algo. Deu alguns passos até as árvores mais próximas, depois voltou, encarando o riacho.

— Vamos usar a água. — ele se agachou, acenando pra eu fazer o mesmo. — Não temos um grimório aqui, mas a água é limpa, reveladora, pode funcionar.

— Você já viu alguém fazer isso antes? — perguntei, ficando de joelhos ao lado dele.

— Sim, quando eu andava com bruxas, mas nunca perguntei sobre um futuro específico, eu só queria saber se ia conseguir abrir a tumba.

— E o que diziam?

— As bruxas diziam que a tumba seria aberta.

— Só não diziam que Katherine não estava lá, certo?

— É, eu estava fazendo a pergunta errada. É por isso que você tem que fazer a pergunta certa.

Ele indicou o rio e balancei a cabeça, indicando que tinha entendido. Eu tinha lido recentemente algo parecido com isso, acho que um feitiço de revelação e tinha levemente uma base. Sabia que podia não dar certo e, se desse, talvez não fosse nítido. Mesmo assim, ergui minha mão direita sobre as águas calmas, recitando baixinho algumas palavras em latim.

O meu reflexo na agua começou a embaçar, foi assim que eu soube que alguma coisa estava acontecendo. Depois, uma gota de sangue caiu da minha mão que estava estendida, aquela gota não se dissolveu, em vez disso começou a manchar a água de vermelho ao mesmo tempo que a correnteza mudava de curso, um rio de sangue correndo ao contrário.

— Bonnie? — a voz de Damon me chamou. Eu pisquei, sentindo minhas mãos formigarem, enquanto minha visão se reajustava. O vermelho sangue havia sumido, a água estava cristalina e indo com a correnteza no sentido que deveria. — Você viu alguma coisa?

Eu engoli em seco e encarei Damon, ele estava com os olhos arqueados, uma expressão preocupada e aflita no rosto.

— Eu vi. — falei.

— E o que você viu?

— Não sei.... Eu não sei o que era...

— Não conseguiu distinguir nada? Me conta, talvez eu saiba.

Eu lembrei outra vez da água vermelha correndo rio acima e não rio abaixo como deveria. A gota de sangue que saiu de minha mão tinha causado aquilo, uma mancha grande e sangrenta. Aquilo me deu dor de cabeça.

— Só tinha um rio. — falei.

— Esse rio? — ele apontou.

— Eu acho que não funcionou. — suspirei, ficando de pé e esperando que ele deixasse pra lá o assunto.

— Você de repente parou de falar e ficou quieta, só encarando a água. — ele ficou de pé também.

— Eu tentei ver algo alem do meu reflexo, mas parece que a água não é tão reveladora como você me falou.

— Talvez a gente possa tentar outro dia, quem sabe você acha algo no grimório dos Gemini.

— Eu vou procurar. — Falei. — Agora, acho que podemos começar as lições de verdade, não é?

— Não está cansada?

— Tá brincando? Eu cheguei aqui há menos de duas horas e tudo que tive foi uma lembrança velha e uma tentativa falha de ver o futuro. Como posso estar cansada. Agora sim estou pronta pro trabalho de verdade... A menos que tenha a ver com mover pedras.

Ele bufou.

— Não farei você mover pedras dessa vez, Bonnie, eu quero que você use sua magia para fazer surgir fogo naquela parte ali. — disse ele me apontando uma parte seca da floresta.

— É sério? Fogo? Na floresta?

— Qual o problema? Sei que você é boa com fogo, lembra quando me ameaçava? "Eu faço fogo com a mente, não me provoque".

Eu ri da tentativa dele de imitar minha voz.

— E você assustou Kai com fogo quando estávamos presos em 1994, lembra?

— Sim, eu lembro. Mas você sabia que grande parte das florestas americanas sofrem queimadas irreversíveis durante o verão?

— É por isso que o que você queimar, irá controlar. E eu apontei pra parte seca, já está queimada.

Eu não deixei passar despercebido ele falar de controle, mais uma vez. Segundo Damon, meu maior problema não era usar magia, era ter controle sobre ela. Tentar novos tipos de magia me faria forte, e me deixaria em vantagem contra os Hereges e Kai, quando eles voltassem a agir eu estaria preparada para eles, mas de nada adiantaria se eu não tivesse o controle.

— Tudo bem, Damon. — cedi.

— Mas hoje, você precisa ter o máximo de sua concentração! — ele pôs as mãos em minhas costas.

— É melhor se manter longe de mim. — disse sem pensar.

Damon me encarou.

— Posso saber por que minha presença te incomoda?

Droga! Na verdade foi um reflexo, eu lembrei da ultima vez que não consegui me concentrar em nada por causa dele e dos arrepios vindo sobre mim, e essa sensação me apavorou, eu não tinha explicação pras sensações estranhas que os toques dele me causaram.

— Voce não deixa eu me concentrar, — falei. — Toda hora faz uma piadinha ou fala de alguma coisa.

Foi a única saída que encontrei.

— Tudo bem BonBon, — ele deu de ombros. — Ficarei longe, mas se eu ver que você está fazendo algo de errado irei me intrometer.

Ele se sentou perto de algumas pedras enquanto eu iniciava tentando fazer os feitiços, mas depois de algum tempo o máximo que eu conseguia fazer era algumas faíscas.

— Bonnie, você não está se esforçando, use a força de sua mente, você consegue mais do que isso,

— Não é tão fácil, Damon. Na verdade, é mais fácil quando eu estou com raiva.

— É isso que está te impedindo! — disse ele vindo até mim.

— O quê?

— Voce já está tentando achando que não irá conseguir, que seus poderes dependem de um fator externo ou que quer que seja. Quando estávamos no mundo prisão, você acreditava veemente que teria os poderes de volta e conseguiu, pois quando seu subconsciente acha uma coisa sua mente o obedece, você tem que acreditar que conseguirá se não nada valerá á pena.

— Damon... — ele me interrompeu.

— É tudo comandado por aqui. — disse ele pegando minha mão e pondo em minha cabeça. — E aqui. — disse ele pondo pondo minha mão em meu coração.

Aquela atitude me deixou completamente desconcertada, havia algo de errado, algo de muito errado comigo.

— Tudo bem, dessa vez eu acreditarei.

— Essa é a Bonnie que eu conheço! — Ele se posicionou a alguns passos de mim para que eu tivesse espaço de realizar o feitiço.

Comecei a pronunciar o cântico, usando o poder de minha mente para realiza-lo, então fechei meus olhos e me concentrei no feitiço, eu comecei a sentir um poder imenso irradiando sobre mim, mas ao mesmo tempo a dor de cabeça, o enjoo e a tontura voltaram e minhas forças já estavam se esgotando.

— Bonnie, você conseguiu. — ouvi Damon dizer orgulhoso de mim.

Mas estaca quente e eu tive medo que o fogo se espalhassem. A tontura me dominou e eu acabei caindo, o fogo apagou e senti que sangue saia de meu nariz, o feitiço havia consumido muito de mim, eu sentia que a inconsciência iria tomar conta de mim, mas eu estava lutando contra ela.

— Bonnie! — Damon veio até mim, me dando seu sangue. — Você se sente melhor? Você não para de sangrar! — disse ele preocupado. — Isso não era pra estar acontecendo, era um feitiço simples que você está acostumada.

— Eu não sei o que está acontecendo, Damon, — murmurei. — Eu não estou me sentindo melhor.

Ele segurou meu braço, encarando a pulseira que tinha me dado de presente enquanto franziu a testa.

— O que foi? — perguntei.

— Tem algo errado. — ele tirou a pulseira do meu braço e guardou no bolso antes que eu pudesse questionar. — Eu vou te levar pra um hospital.

— Tudo bem, Damon.

— Você vai ficar bem, Bon, eu juro que você vai ficar bem.

Eu não tive mais forças para lutar contra a inconsciência então ela me dominou, e por incrível que pareça eu me senti bem naquela hora, era como se eu soubesse que algo muito ruim estava acontecendo comigo.

[...]

Acordei com luzes brancas em meu rosto, olhei para o lado e vi Caroline, Stefan, Damon e Matt cochilando, todos amontoados num sofá pequenino no canto do quarto. Eu estava em um hospital, mas como eu vim parar aqui? Ah, Damon, ele deve ter me trazido quando eu desmaiei.

Olhei para o relógio e que marcava 8:00 da noite, e me perguntei mentalmente por quanto tempo eu dormi? Já fazia muito tempo que eu estava adormecida, mas por que um feitiço havia consumido tanto de mim? Eu poderia estar fraca, mas isso não explica porque o sangue de Damon não fez efeito... Nem porque ele arrancou a pulseira de meu braço.

— Boa Noite, Senhorita Bennett. — disse um médico, entrando no quarto e acordando meus amigos.

— Boa noite, Doutor...

— Simons, Edward Simons. —disse ele.

— Boa noite, Doutor Simons, quando eu posso ter alta? —perguntei.

Sempre tive horror a hospitais, lembro que quando era mais nova eu sempre preferia tomar os remédios caseiros de vovó do que ir a um lugar desses.

— O que ela tem? — perguntou Caroline, ficando de pé ao meu lado na maca.

— Com certeza foi esgotamento físico, — disse Matt. — Deixa-la treinar com Damon foi um erro, ele só bota tudo a perder, desse vez quase matou Bonnie.

— Pelo menos eu estava tentando ajuda-la, diferente de você que não faz nada que preste, nem sei por que ainda te aguentamos aqui. — Damon respondeu.

— Damon, Matt, por favor parem. — disse Stefan olhando com um pedido de desculpas para o médico.

Damon e Matt por mais de cinco minutos em um lugar sempre terminava em discussões

— Vamos acalmar os ânimos rapazes, ou terei que expulsa-los daqui, a paciente não pode ter fortes emoções!

— Não se preocupe, eles ficarão calmos. — disse Stefan.

— O que eu tenho? — perguntei ficando um pouco preocupada, o que seria grave que eu não poderia ter "fortes emoções" e que também não deixou sangue de vampiro agir em mim? Eu só conseguia pensar em uma coisa e quando vi Care engolir em seco, tenho certeza que ela pensou o mesmo: Câncer. Uma doença em que nem sangue de vampiro era eficaz.

— Você vai ter alta, mas deve se cuidar melhor agora, — Dr Simons passou a anotar algo numa prancheta enquanto falava. — Passarei mais exames para você, e por favor, o esforço físico que você fez hoje não se repita, isso pode ser fatal em seu estado e, alem do mais, se você sentir qualquer dor volte imediatamente para um exames.

— Ela pode piorar? — perguntou Damon.

— Demos alguns remédios que amenizarão qualquer dor por agora, ela pode ter algumas sequelas por conta do esforço físico, se isso acontecer, ela deve vir imediatamente aqui, aplicamos alguns remédios que não surtiram efeito, então se ela piorar tentaremos outros medicamentos.

— Tudo bem. — falei. — Mas agora, pelo amor de Deus, o Sr. pode me dizer o que eu tenho?

Ele riu, pousando a caneta e me olhando.

— Você não está doente, querida. Você está grávida. Parabéns!


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Notas finais do capítulo

Como eu disse no início, não nos matem :s

Alguns leitores já tinham previsto, Ana e eu colocamos pequeninas dicas em cada capítulo e alguns perceberam, Bon acreditava não estar, mas isso não significava que ela não estava. Quanto ao negativo, existem explicações biológicas que explicam isso.

Enfim... Acho que devo informar que praticamente tudo que Ana e eu escrevemos aqui é minuciosamente pensado e calculado kk Inclusive, acredito que é perfeitamente possível Damon ter conhecido Bon muito antes, já que ele era "protetor" da linhagem Bennett como mostra a primeira temporada.

Por hoje é isso, até o próximo.
Beijos mil :*