Interlúdio escrita por Lab Girl


Capítulo 12
Caos


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Mais um capítulo chegando... ou deveria dizer menos um capítulo na estrada desta fanfiction? Bem, espero que gostem de mais esta leitura.

A música sugerida como acompanhamento é "I´m a Mess" do cantor Ed Sheeran - https://youtu.be/2ChLcH4ZPr0



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Ele ofegou. Assim que suas bocas se tocaram, algo estranho aconteceu. Como se já não estivesse tudo estranho o bastante. Mas uma coisa morna, intensa, invadiu-lhe peito. E o coração dele disparou. Senti-la ceder tão prontamente ao beijo, correspondendo e com tanta paixão, com calor e suavidade, só aumentou a sensação.

Quando Davi conseguiu se afastar, a respiração falhando, tentou recuperar a fala.

“Desculpa! Desculpa! Eu…” mas ele tropeçou nas palavras.

“Está tudo bem” Megan ofegou. “It´s all right.

Ele, então, recuou mais, impondo distância para conseguir articular os pensamentos. Sua cabeça estava cheia demais, suas emoções misturadas demais.

“Megan, eu preciso de um tempo. Tudo aconteceu depressa demais nos últimas dias... Manuela, seu acidente, o bebê…” ele suspirou audivelmente, passando a mão pelo cabelo num gesto cansado. “Eu preciso pensar, colocar as ideias em ordem.”

“Eu entendo” ela disse, tranquilizando-o. “Você deve estar muito confuso e eu não quero te pressionar.”

Davi a encarou, deixando escapar um novo suspiro. “Obrigado.”

Megan puxou a alça da bolsa que havia escorregado do ombro com o beijo inesperado e abriu a porta da velha garagem que servia de quarto. Antes de sair, porém, ela parou e tomou a decisão...

“Talvez seja melhor eu continuar não aparecendo na Brazuca por mais um tempo.”

“Megan, eu não quis dizer que você não pode continuar trabalhando com a gente…”

“Não, Davi” ela ergueu uma das mãos, impedindo-o de continuar, “Acho que eu também preciso de um tempo. Nós dois precisamos.”

Davi meneou a cabeça lentamente. Então, ele a viu sair dali e atravessar a rua, alcançando o carro estacionado do outro lado. Saindo até o portão, assistiu ao veículo dar a partida, deslizando para fora da Gambiarra. Sentiu uma espécie de vazio assim que o carro sumiu de vista. Sua vida estava uma perfeita confusão. Em poucos dias tinha perdido a namorada que acreditava amar, depois tinha ficado balançado e se dado conta de que ainda nutria sentimentos pela ex e muito maiores do que imaginava, e logo depois caía a bomba de que ia ser pai. Ainda não tinha conseguido assimilar tudo e tinha medo de tomar qualquer decisão antes disso. Seria até mesmo leviano de sua parte.

Talvez esse tempo que Megan estava proporcionando aos dois fosse mesmo necessário. Ele precisava avaliar melhor o que estava fazendo e o que ia fazer. Suspirando e chutando uma pedrinha no caminho, Davi foi andando até a sede da Plugar. Assim que entrou pela porta, avistou Ernesto sentado diante de um dos computadores.

“Davi, quê que foi? Que cara é essa?” o amigo se levantou e andou até ele.

Caminhando até o sofá, Davi deixou o corpo cair pesado contra as almofadas.

“A minha vida, Ernesto. Tá um verdadeiro caos.”

O amigo sentou ao lado dele. “Caos nem sempre significa uma coisa ruim. Tem muita coisa boa que sai do caos. Olha só pra mim. Lembra da confusão que a minha tava uns meses atrás?”

Davi balançou a cabeça, encarando Ernesto. “Mas você sempre soube de quem você gostava. E a Pamela acabou se apaixonando por você também.”

Ernesto pousou a mão sobre o ombro de Davi. “E qual a sua dúvida? A Megan te ama, cara. Sempre te amou. E quer saber? Você também ama a Megan. Sempre amou.”

“Como cê pode ter certeza disso se nem eu tenho?”

“Porque às vezes é mais fácil pra quem tá de fora enxergar certas coisas.”

“E se for assim, o que eu sentia pela Manu? Onde fica?”

“Amigo, você ama a Megan. Só que sempre teve medo de admitir isso. Porque vocês dois são de mundos totalmente diferentes, e tinham tudo pra dar errado desde o início. Já com a Manu não, vocês dois sempre foram tão parecidos, era natural esperar que com ela fosse dar certo. Afinal de contas, o mundo de vocês era o mesmo.”

“Na verdade não. O mundo da Manuela é o mundo das ambições dela. O meu é o mundo dos meus projetos, simples mas que envolvem muita gente que é importante pra mim.”

“Porque você sempre quis fazer a diferença no mundo, Davi. E a Manuela, ela sempre quis fazer diferença no mundinho dela, pra ela, pra vida dela. Essa é a grande diferença entre vocês dois.”

Davi contemplou as palavras do amigo, sentindo-as fazerem registro e tentando assimilar algo que naquele momento parecia fazer tanto sentido. “Mas, e a Megan?”

“A Megan é a sua cara metade” Ernesto sorriu, mesmo diante do franzir de cenho de Davi. “Não tenha dúvida, irmão. No fundo, vocês dois são muito parecidos. Duas criaturas carentes, cheias de vida e de planos. E tudo que querem é fazer a diferença pra quem importa. A Megan era meio patricinha demais no começo, é verdade, mas isso foi até te conhecer e se dar conta do que realmente é importante na vida dela. Ela também gosta de ajudar as pessoas, de se sentir numa família. Ela é você só que com grana e um tantinho mimada.”

Dessa vez Davi teve que rir. “Para de falar besteira, Ernesto.”

“Não é besteira, não. Bota aí seus neurônios pra trabalhar que cê vai ver que eu tenho razão.”

Parando de rir, Davi encarou o amigo. “Valeu mesmo, cara. Eu tava precisando mesmo conversar com alguém de fora da situação.”

“Amigo é pra essas coisas” Ernesto sorriu. “Conversa com a Megan. Eu tenho certeza de que desta vez vocês vão se entender.”

“Eu não posso” Davi apertou uma das almofadas na frente do corpo. “Ela acabou de sair daqui. A gente meio que discutiu e eu falei que precisava de um tempo pra botar a cabeça no lugar. Ela acabou me dizendo a mesma coisa.”

Ernesto se levantou do sofá, batendo no ombro de Davi. “Então aproveita esse tempo pra pensar nas coisas. E pensa no que eu falei também. Acho que cê vai encontrar a resposta mais rápido do que pensa.”

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