A Imperatriz e a Princesa escrita por Melissa França


Capítulo 2
Pedaço de Mim


Notas iniciais do capítulo

Hey, amorinhas! Esse capítulo possuí umas referências de violência, espero que isso não incomode ninguém... Caso incomode, não siga a leitura. Mas garanto que é uma referência bem pequena.

Boa leitura! *-*



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Há quanto tempo ela estava ali, em Amphipolis? Duas, três estações? Gabrielle havia perdido a noção do tempo. A vida na taverna de Cyrene era tão boa, tão cheia de vida. Todas as noites a jovem barda contava suas histórias para as mais diversas pessoas, espartanos e atenienses uniam-se para ouvir a moça. Havia sido uma troca justa, uma noite de histórias, atraindo clientela, por um cantinho para dormir e uma refeição diária.

A loira se acostumara com a vida de luxo, sem senhores de escravos, sem os pensamentos da morte de sua família. Ela precisava de alguém que cuidasse dela e Cyrene precisava de alguém para cuidar, duas almas solitárias que se completavam. Ela suspeitava que a mulher já tivera uma filha e a dor da perda ainda era nítida, não havia sido curada por completa, mas a loira decidiu não comentar nada, fazendo de tudo para evitar assuntos tristes.

A dona da estalagem era um dos maiores motivos por ela continuar ali, porque, apesar da boa vida, o que Gabrielle mais almejava era ir para Atenas, entrar na Academia para Bardos e, talvez, viajar um pouco pelo mundo.

Com a chegada iminente do inverno, a barda decidiu deixar o lugar, continuar seu plano de origem e embarcar para a cidade da arte, essa parecia a melhor e mais sensata ideia no momento. Ela sentiu que Cyrene havia ficado realmente triste com a sua partida, talvez tivesse se lembrado da partida de sua própria filha, mas a jovem decidiu não deixar que isso a impedisse de seguir seu caminho.

Gabrielle deslocou-se para o porto, restavam-lhe poucos dinares, o suficiente apenas para uma viagem de navio. Um sentimento ruim percorreu seu corpo, talvez a academia nem a aceitasse, as mulheres eram desvalorizadas e subestimadas. Provavelmente tomar um rumo diferente era a melhor coisa a se fazer, ir para Tebas ou Mileto talvez. Seria o medo falando novamente?

“Foco, Gabrielle. Você trabalhou tanto para conseguir sua fuga, não desista agora!” A moça continuava repetindo isso a si mesma, havia se tornado o seu mantra desde que fugira.

A jovem apalpou seu saco de dinheiro e sorriu aliviada, ela não se orgulhava de ter roubado seus senhores, contudo havia certa satisfação ao saber que ela havia sido mais esperta do que eles. A loira estava tão inerte em seus pensamentos, que não percebeu quando dois homens vieram por trás dela e a imobilizaram. Logo em seguida, Draco apareceu com seu típico sorriso sarcástico, postura incorreta e olhos debochados.

– Veja só quem esta aqui, a pequena ladra da floresta. – O homem moreno chegou perto da barda e recuperou ferozmente o saco de ouro que ela havia roubado. – Não se preocupe, criança. Você ainda terá a viagem que tanto queria. – Ele deliciou-se ao ver a menina tentando lutar por sua miserável vida. – Vou sentir sua falta. – Ele segurou a mandíbula dela e a beijou, causando nojo imediato na jovem. – Joguem-na no navio, César disse que queria a mercadoria ainda para este inverno.

Então, sem aviso algum, tudo ficou escuro. Gabrielle acordou com uma terrível dor de cabeça um par de dias depois. A lavagem que os escravos recebiam era tudo o que ela queria agora, seu estômago doía, um buraco parecia ter sido aberto nele e engolido o pouco que havia. Quando a comida finalmente veio, seu estômago rejeitou tudo e o porão, que parecia pequeno para vinte pessoas, ficou ainda menor.

Calma. Era tudo o que Gabrielle pedia mentalmente para si mesma. Ela não sabia que o seu estômago reagia tão mal a viagens marítimas, quando pequena seu pai havia a levado para pescar em um barquinho e seu estômago havia se comportado bem até o final do passeio.

Havia mais seis mulheres no porão junto dela, infelizmente uma delas não aguentou até o final e o corpo dela ficou por dias ao seu lado. Somente quando o cheiro já subia ao convés, os marinheiros vieram buscar a falecida. Outros dois homens começaram a apresentar sintomas parecidos com o que a mulher havia tido e entraram em óbito um dia antes de chegarem ao seu destino.

Quando, finalmente eles atracaram, os marinheiros vieram e retiram os escravos do porão. De dois em dois, todos foram arrastados para fora, uns agradeciam, outros amaldiçoavam. Gabrielle foi a última a ser retirada, sozinha e pelas mãos de uma mulher mais velha que a olhava sem respeito algum. Logicamente isso já era de se esperar, escravos eram apenas mais propriedades, mais lucros para seus senhores. As mulheres, entretanto, sempre possuíam certa compaixão com ela. Esta, porém, era fria, parecia querer esfolá-la viva sem ao menos conhecê-la.

“É tudo sua imaginação, Gabrielle, se acalme. Não é como você nunca tivesse passado por isso. Esta mulher não fará nada para você, ela não iria estragar a nova propriedade dela. Você precisa chegar inteira, para poder pensar em algum modo de fugir.”

Todos os escravos que vieram junto dela foram levados para outro lugar. Apenas ela foi direto para a sala do Imperador. A mulher, Alti, Gabrielle havia escutado um dos guardas a chamar assim, arrastou-a, forçando a loira a segui-la. Fraca demais para resistir, a jovem barda sentiu seu corpo gelar ao ver a figura tão temida, o grande Imperador, Júlio César a olhar de maneira tão possessiva.

– Espero que tenha feito boa viagem. – Ele lhe deu um sorriso bonito. – Todos te trataram bem? – O homem levantou-se de seu trono e caminhou um pouco em sua direção.

– O imperador lhe fez uma pergunta, menina. Responda! – Alti apertou seu braço com ainda mais força.

– Receio que a comida poderia ter sido melhor e os cadáveres retirados de perto de mim com uma maior rapidez, mas creio que nem tudo é perfeito. – Ela havia ousado, havia sido debochada e insensata. Logo seu rosto ferveu com um soco que ela não pode ver de onde veio.

– Acalme-se, querida. Eu gosto dela. – César dizia para Alti. Por um breve momento Gabrielle pensou ter visto ele a reprimir. – Não precisamos de seus poderes agora. Guardas! – Gritou ele.

Ela iria morrer, era isso. Não teria tempo para pensar em uma fuga, não teria tempo para mais nada. Sua vida iria chegar ao fim sem ao menos ela conseguir voltar para Amphipolis e agradecer Cyrene por tudo, saber o que houve com a filha da mulher que a acolhera tão bem. Ela iria morrer como uma escrava, sem nome, sem rosto. Os guardas se aproximaram, puxaram Gabrielle dos braços de Alti e a aproximaram de César.

– Draco me deu ótimas recomendações de você, espero que valha cada dinar que ele me cobrou. – O imperador segurou em sua cintura, antes de depositar um beijo em sua bochecha e olhou diretamente para os guardas. – Levem-na para o meu quarto, eu quero ter um pouco de diversão esta noite.


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Notas finais do capítulo

Adoraria ver os pensamentos de vocês sobre o que viram até agora.... Agradeço desde já se estiver pensando em deixar um comentário! Até a próxima!



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