Outubro de 1922

Um dia eu e Angel estamos sozinhas em casa quando alguém toca a campainha. Antes que eu pudesse me dirigir para a sala para atender à porta Angel desce correndo as escadas vindo do segundo andar, dizendo:

— Deixa que eu atendo, mamãe.

Ela tem pouco mais de um ano, mas já anda e fala como se tivesse três ou quatro. Seu crescimento acelerado me deixa preocupada. Carlisle disse que não preciso me alarmar, pois de acordo com suas pesquisas, consultando seus amigos vampiros mais velhos, disseram que ela vai parar de crescer assim que atingir uma certa idade. Mas qual será essa idade? É o que eu me pergunto todos os dias.

Ela abre a porta e um cheiro familiar me envolve trazido pelo vento. Só pode ser...

— Edward! – exclamo efusiva e corro até a entrada.

Ele está segurando Angel no colo e me olha como se eu tivesse feito algo repreensível.

— Esme – ele claramente deixa transparecer em sua voz sua contrariedade ao me ver.

— Entre, filho. Precisamos conversar. Não é isso que você está pensando...

Carlisle me contou sobre as lendas de Crianças Imortais e avisou que logo fariam essa suposição se vissem nossa filha.

— Esme, você é uma vampira! – pela primeira vez ele repara em meus olhos.

— Sim, Carlisle me transformou.

— Finalmente, já estava na hora! Eu pensei que ele não iria te transformar nunca, pois estava demorando tanto. Mais um pouco e vocês não seriam mais um casal, mais pareceriam mãe e filho.

Conduzo Edward para sentar no sofá. Na verdade não precisaríamos, mas se ficássemos conversando em pé na porta e alguém nos visse parados como duas estátuas iria desconfiar.

— E Carlisle?

— Está no hospital é claro! Você sabe que ele faz todo o possível para ajudar os médicos humanos a passar o maior tempo possível com a família uma vez que temos a eternidade toda para estarmos juntos. Tempo é o que não nos falta, mas para os humanos sim, a vida deles é tão curta e tão frágil.

— Mamãe, não me diga que você e papai transformaram esta criança em imortal – ele diz olhando de mim para Angel que está em meus braços.

— Não Edward. Ela é sua irmã. Minha filha com o Carlisle.

— Impossível! – Edward exclama abismado.

— Eu também pensava que fosse. Até mesmo Carlisle pensava que era estéril. Mas aconteceu. E não digo que eu não queria, mas até já estava começando a aceitar o fato que nós dois poderíamos somente adotar.

'Eu fiquei mesmo muito feliz, embora surpresa com a gravidez. Carlisle ficou chocado e com muito medo de que eu morresse ao parir nossa filha. Na verdade foi por pouco, eu quase morri, mas ele conseguiu me transformar.

— Quando foi isso?

— Há pouco mais de um ano Angel Caroline nasceu.

— Mas...

— Eu sei, ela parece ter muito mais idade.

— Como isso é possível?

— Não sabemos, filho – a voz de Carlisle me surpreende.

— Querido você já está em casa? – olho pela janela para perceber os primeiros raios de sol atravessando as nuvens espessas.

— Estou meu amor – nos beijamos mesmo que nossa filha esteja em meu colo e nosso filho esteja na nossa frente.

— Er... – Edward gagueja. – Vocês me perdoam e me aceitam de volta?

— Claro filho – eu e Carlisle respondemos juntos como se tivéssemos ensaiado.

...XXX...