-O que será que aconteceu? -Justa perguntou, de repente tensa.
-É, faz tempo que a Cristina entrou. -Isa mordeu o lábio enquanto olhava para o portão do colégio- Claro que não morro de amores pela Princesa das Trevas, mas eu tô preocupada.
-Calma, meu amor. Acho que ela vai voltar logo... -Alex abraçou Isa, mas estava alerta a qualquer sinal de perigo, sem saber bem o porquê- Se ela se recuperar do choque...

Logo depois de Alex terminar de falar, Cristina apareceu no portão do colégio com um visual assustador. O cabelo loiro, sempre liso e alinhado, estava bagunçado, como se ela tivesse arrancado os cabelos. Os olhos estavam vermelhos, como se ela tivesse passado uma noite em claro chorando. A roupa dela estava desarrumada e tinha o acréscimo de um acessório: uma echarpe xadrez preta e verde esmeralda. A saída de Cristina do colégio naquelas condições surpreendeu a todos, especialmente a galera do fundão.

-O que aconteceu com a Cristina? -As repetidas perguntaram em coro.
-Eu sei lá, mas de uma coisa eu sei: a Cristina tá um trapo. Sem gracinha.- Carlinhos estava de boca aberta. Ele tinha visto muitos anos da ignorância, arrogância e intolerância de Cristina pra se surpreender com a tristeza dela.
-Concordo com você, Carlipédia... -Rey jogou um olhar de piedade para a garota- Viu só como tá o cabelo dela?
-Seja lá o que você escreveu pra ela, Isa, -Alex cochichou para Isa antes que uma das repetidas (Leia-se Norma) percebesse- parece que abalou a estrutura da Cristina de vez.
-Eu disse que ia conseguir tirar as teias de aranha do coração dela... -Isa riu sem humor nenhum. Alex ficara tenso demais, como se a frase sarcástica de Isa o tivesse atingido- Eu só sinto muito por ela... -Ela desviou seu olhar de má vontade do rosto de Alex e olhou para Cristina. O olhar da garota para Isa foi furioso como nunca tinha sido antes. Isa começou a se sentir mal, seus olhos perdiam o foco e seu corpo parecia desabar. A última coisa que ouviu antes do desmaio foi uma voz tenebrosa, esganiçada e distinta, como se milhões de garotas raivosas estivessem falando ao mesmo tempo na cabeça de Isa.

-"Sua alma é minha, Isabella Pasquali..."

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-Isa, você tá bem? -Uma voz angustiada chamava por ela. Chamava é pouco. Literalmente gritava por ela- ISA!!!
-Calma Alex, não faça um escândalo... -Isa não conseguia reconhecer a voz que tentava acalmar Alex, apesar que tinha certeza que era de Micky- Eu hein? Ela não morreu não...
-Ela só desmaiou. Que coisa, ás vezes você é tão dramático... -Isa distinguiu a voz de uma das repetidas, só não sabia qual delas era- Além disso, ela vai acordar logo. A cor dela tá voltando.
-Eu ouvi... -Foi a primeira coisa que Isa disse quando abriu os olhos, mas ela se lembrou que parte de galera não sabia de segredo.
-Ah, Isa... -Alex abraçou a garota e, por um minuto, o calor reconfortante dele era tudo o que Isa podia sentir- O que foi que você ouviu?

Isa corou. Era muito óbvio que não podia contar nada a Alex. Ainda.

-Eu ouvi você... Tava muito preocupado comigo, não é?
-Claro que tava. Você desmaiou do nada. De novo. Mas eu não devia me surpreender. Você sempre demaia... -Alex soltou um sorriso, mas ele conhecia Isa muito bem pra saber que ela estava escondendo alguma coisa.
-"Alex, eu juro mesmo que não posso te contar nada ainda. Não aqui, não agora. Talvez um pouco mais tarde..."
-"Tá tudo bem, meu amor, pode ser mais tar--... Peraí um instantinho, COMO VOCÊ ENTROU NA MINHA CABEÇA?!"
-"Queria perguntar a mesma coisa pra você!"
-Ahn, gente... Será que vocês precisam de privacidade? -Alex e Isa, que se olhavam espantados, olhavam com com um espanto maior para Justa. Desde quando uma repetida oferecia privacidade pra alguém?- Se quiser, a gente pode fechar o carro...
-É... Quer dizer, claro, Justa. Pode fechar... -Isa se recompôs rapidamente e deu um sorriso leve- Eu falo com você depois.

Justa olhava meio esquisito para Isa e Alex, mas fechou a porta do sedã. E logo que os dois ouviram o baque da porta se fechando, as mãos de Alex voaram para o rosto de Isa.

-Eu te ouvi dentro da minha mente! Como, quando... Como isso aconteceu? -Alex estava perplexo, como se ainda não acreditasse no que aconteceu.
-Eu não sei, mas eu também te ouvi. Não sei como, nem por quê, mas...
-Será que pode ser algo que sua tia gostaria de ouvir?
-Eu não sei... -Isa fechou os olhos, angustiada.
-Bom, eu acjo que sim. Você conhece sua tia, ela pode nos ajudar. E bom, aproveitando esse papo, o que foi que você ouviu mesmo?
-Como assim, "o que eu ouvi mesmo"? -A garota franziu a testa- Eu ouvi você.
-Isa, você não me engana. Eu te conheço. Tô falando de quando você acordou do desmaio. Quando você falou "Eu ouvi..."...

Isa congelou. Mesmo na sua lembrança, a voz gélida e vingativa ecoava em seus ouvidos e fazia a garota se arrepiar de medo.

-"Sua alma é minha, Isabella Pasquali..."
-Então, foi isso que você ouviu?

Sem conseguir encontrar sua voz, Isa só acenou com a cabeça. Alex abraçou a garota mais uma vez antes de beijá-la. Os lábios dele estavam tensos demais nos dela, e ele sabia que Isa sentia isso.

-Eu te prometo, meu amor. Eu vou fazer o que puder, o que for preciso, pra você estar bem e a salvo, tá bem?
-Tá... -Isa gemeu baixinho antes de beijar Alex mais uma vez.