Bellamy

Clarke está voltando.

Aquelas palavras o atingiram como um soco. Ele nunca imaginou que Clarke voltaria para a cidade novamente, principalmente depois de tanto tempo.

Bellamy, Clarke e Octavia sempre foram amigos, desde a infância. E, mesmo que ele nunca tenha admitido, sempre teve uma pequena-grande queda pela menina de olhos azuis. Mas, em um dia, Bellamy foi chamá-la em sua casa e Abby, sua mãe, simplesmente disse que ela havia "partido".

Sim, a garota que tinha prometido ficar ao seu lado para sempre, foi a mesma garota que foi embora, se mudou para o Canadá, sem sequer dizer adeus. Eles nunca deram um abraço de despedida.

Só anos depois, ela havia voltado. A garota ficou na cidade por uma semana, para visitar a família, mas Bellamy estava magoado demais. Como ela pôde ir embora e deixar todos eles? Deixá-lo?

— O que ela vai fazer aqui? – Bellamy perguntou, fingindo desinteresse.

— Eu não sei. – Octavia não parava de sorrir. – Mas ela quer que você vá ao aeroporto. Ela quer ver você.

Bellamy definitivamente não sabia o que se passava pela cabeça de Clarke. Ela vai embora, deixa tudo que tinha aqui e, de repente, volta como se nada tivesse acontecido. E agora também “queria vê-lo”. Ele não iria, não importa o que Octavia diga para tentar mudar isso.

— Eu? – ele revirou os olhos, voltando a prestar atenção na televisão. – Por que ela quer me ver?

A morena deu de ombros, parecendo frustrada:

— Hã, talvez porque vocês são melhores amigos desde que têm cinco anos e, secretamente, se amam? E eu preciso de alguém para me levar também, você pode me levar de moto?

— Clarke já é adulta, ela pode muito bem pegar um táxi e ir para casa sozinha. Você não precisa ser babá de ninguém, até porque não cuida nem de você mesmo. – ele respondeu, mal-humorado.

Raven parecia indignada, com a teimosia de Bellamy. Ela balançou a cabeça:

— Esquece o Bellamy, Octavia, ele é teimoso demais. Eu posso te levar com a minha moto. – Raven se ofereceu. – Além do mais, eu adoro a Clarke. Vai ser legal.

Raven e ela só se viram uma vez, e foi na semana que ela voltou. Mas, quando Octavia e Clarke estão conversando pelo Skype, a loira sempre quer falar com Raven. Uma puta amizade, como podem ver.

— É por isso que eu te amo, Ray. Amanhã nós três vamos sair juntas. – Octavia se virou para o irmão, fazendo uma careta. – Obrigada por nada, Bellamy.

Ela saiu da sala, furiosa.

— Nunca achei que ia ser tão difícil morar com duas mulheres. Parece que vocês querem me deixar maluco, de cinco em cinco minutos. - ele esfregou os olhos, bufando.

Raven sorriu, deitando a cabeça em seu ombro:

— Só fazemos isso porque a gente se ama. Só que você podia pegar mais leve com a Clarke.

— Eu nem lembrava mais que ela existia, Raven. Se não fosse por Octavia encher o meu saco agora, eu também não ia lembrar.

— Ah, claro. – ela balançou a cabeça, descrente. – Só coloca uma série aí e cala a boca.

Ele se esticou para pegar o controle e selecionou o último episódio que eles haviam assistido juntos, da nova temporada de The Walking Dead, já que os dois eram extremamente viciados no programa. Geralmente, Octavia via também, mas hoje não era uma boa ideia chamá-la, ele queria continuar com a cabeça.

— Já que ainda não terminamos... - ele disse e, a medida que Raven deitou em seu ombro, Bellamy colocou seus braços a sua volta.

Se os dois fossem um casal, seria o casal mais feliz do mundo. Eles moravam juntos, compraram as motos junto, viam séries juntos, conversavam mais que qualquer um fazia, e, quando um precisava relaxar, os dois faziam sexo. E tudo isso sem nunca terem brigado. Era a relação perfeita!

Infelizmente, os dois não sentiam nada um pelo outro além de amizade. Eram apenas amigos. Amigos excessivamente coloridos, mas apenas amigos.

Seria tudo tão mais fácil se ele se apaixonasse por ela.

(x)

— Lexa! – Clarke ouviu uma voz grossa chamar por sua noiva, do outro lado da cafeteria do aeroporto.

— Esse é... – Lexa estreitou os olhos e viu duas pessoas, aparentemente conhecidos, e ela correu até eles. – Lincoln!

Ela se virou. Um homem moreno, provavelmente maior que ela, abraçou Lexa, apertando a morena fortemente contra seu corpo. Ele daria duas pessoas no tamanho de Clarke, só pelos músculos. Apesar da aparência assustadora, ele possuía uma expressão gentil. Provavelmente aquele era Lincoln, o irmão, de quem Lexa havia falado.

— Guaxinim! – disse uma mulher, se aproximando de sua noiva.

Clarke sorriu, ao ouvir aquele nome. Algumas vezes, Lexa era chamada para missões no exército, e ela sempre usava uma tintura no rosto, o que a fazia ser chamada de “Guaxinim”, pelos amigos.

A mulher que a abraçou possuía os cabelos loiros caindo pelos ombros, os olhos expressivos envoltos em um delineador escuro e usava uma jaqueta de couro preta por cima da roupa. Ela seria extramente gótica e punk, se não fosse tão... Impressionante?

— Você é a Clarke? – ela perguntou, em um tom mal-humorado. Griffin assentiu. – Sou Anya.

— Muito prazer. – Clarke estendeu a mão, sorrindo, porém Anya simplesmente ignorou e voltou a falar com Lexa sobre algum assunto aleatório.

Clarke suspirou. Uma ótima primeira impressão.