Bellarke - The Wedding escrita por Commander


Capítulo 11
Lantern Lights




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Bellamy

Bellamy ouviu batidas desesperadas em sua porta. Ele franziu a testa, percebendo que já eram 02:00, e que ninguém normal (que prezasse pela própria vida) o incomodaria naquela hora. Ele puxou a maçaneta devagar.

Antes que pudesse ver quem era, sentiu duas mãos envolverem seu pescoço e um impacto contra o seu peito, o envolvendo em um abraço apertado. Não precisou de mais que dois segundos para saber que quem estava debaixo dos seus braços era Clarke. Ele cambaleou para trás com o peso, tentando retribuir o abraço com a mesma intensidade.

A loira estava soluçando, cada vez mais agarrada à ele. Desde a última vez que ela fez algo parecido, quando tinha oito anos, quase nada mudou: Ela continuava sempre procurando por ele e ele sempre ficava péssimo em vê-la daquele jeito.

— Ei. O que aconteceu? – ele quis saber, ainda segurando a loira entre os braços. Ele a abraçava forte, como se aquilo pudesse fazê-la se sentir melhor e, pelo visto, estava adiantando.

Ela disse palavras soltas, ainda sem conseguir parar de chorar.

— E-Ela me odeia... Eu sabia que isso ia acontecer, nunca deveria ter voltado!

Ele soltou a garota por um tempo , só depois de ter certeza que ela estava bem o suficiente para aquilo. Parecia um pouco mais estabilizada, mas seus olhos estavam completamente vermelhos e o rosto molhado.

— Precisa se acalmar. De quem está falando?

— Ouvi minha mãe falando com o meu padastro... Ela acha que eu sou uma decepção... Tudo por causa dessa... Dessa merda de casamento.

Bellamy franziu os lábios:

— Ela não quis dizer isso. Foi da boca pra fora.

— Me desculpe por aparecer aqui, logo agora, eu sei que parece muito idiota e infantil, mas... – ela respirou fundo, recuperando a postura devagar. – Sei lá, eu só não tenho nenhum lugar para ir. E você é a única pessoa que não me odeia agora.

Bellamy percebeu que os dois ainda estavam na porta do apartamento, beirando o corredor. Olhar para Clarke por muito tempo causava esse efeito nele; esquecer completamente que ainda existia outras coisas no mundo.

— Não, tudo bem. – ele disse, simplesmente por não pensar em nada que pudesse confortá-la. Nunca foi bom com esse tipo de coisa. – Mas você não devia ter vindo sozinha. Pelo menos sabe que horas são?

Ela deu um pequeno sorriso, enxugando os olhos:

— Eu já posso atravessar a rua sem segurar a mão de um adulto, não acha?

— Clarke, sem sarcasmo. – ele ajeitou o casaco dela por cima dos ombros. – Tem que conversar com a sua mãe, não sei o que houve direito, mas vocês têm que se entender. Posso te levar para casa, se quiser.

— Não. Não quero ver mais ninguém por hoje. – ela protestou, balançando a cabeça. Percorreu as mãos pelo rosto, bufando. – Sei que é pedir demais, mas... Posso passar a noite aqui?

Bellamy franziu a testa. Ele não sabia se era a frase "não quero ver mais ninguém por hoje", ou o pedido dela... Mas ela estava deixando o rapaz muito confuso, como sempre. Que porra a Lexa tinha na cabeça em deixar a noiva sozinha, mesmo? E que porra a Clarke tinha na cabeça para procura-lo, e só piorar ainda mais sua “resistência”?

Ele balançou a cabeça, descrente:

— Não acredito que vou fazer isso... Tá bem, Princesa. Pode ficar.

— Espera... O que disse?

Ele percebeu a merda que fez assim que disse aquilo. Não chamava Clarke de princesa há anos e se recusava a fazer isso de novo.

— Eu disse que pode ficar. – ele tentou disfarçar, mas ela já mantinha uma expressão divertida no rosto. – Não fique muito feliz com isso, ou eu te deixo dormir na rua.

Ela sorriu, enquanto entrava no apartamento.

.

.

.

(X)

Bellamy queria ter certeza que Clarke estava bem, antes de dormir.

Como Raven e Octavia não estavam (sabe-se lá Deus onde as duas se meteram), ele deixou que Clarke ficasse com o seu quarto, mesmo que ele soubesse que Raven ficaria furiosa com aquilo depois. Assim que entrou cômodo em que a loira estava, reparou em uma coisa.

Ela estava sentada sobre a cama, mantendo uma pequena caixinha na mão. Movimentava aquilo perto do rosto, parecendo pensar se deveria ou não.

O que era aquilo, afinal?

Então, assim que ela abriu a pequena caixa, ele viu algumas pílulas controladas. Os lugares vazios indicavam que as outras já haviam sido tomadas.

— O que é isso? – Bellamy perguntou, entrando por completo no quarto, e segurando seu pulso. Clarke olhou para ele, os olhos arregalados.

— Não é da sua conta. – ela tentou puxar o braço de volta, mas Bellamy não desistiu. Ele pegou a cartela das mãos dela, ainda sem soltar seu braço. – Ei, me devolve!

Ele reconheceu aquelas pílulas. Não sabia muito bem como, mas tinha certeza que eram as que ajudavam a dormir; calmantes intensos. Pela grande quantidade na caixa, ele podia dizer que ela não tinha autorização nenhuma para andar com todas.

— Por que está tomando isso? – ele perguntou, suavemente. Soltou seu braço, bem devagar.

Geralmente, ele não dava mínima para os problemas alheios. Sempre que Raven ou Octavia contavam alguma história desse tipo (das suas infinitas listas de ex-namorados, algo assim), ele só fingia que prestava atenção, assentindo e concordando.

Mas, obviamente, com Clarke era diferente. É claro que ele tinha que ser um completo babaca por ela, é claro que ele iria ouvir tudo que ela quisesse dizer, é claro.

— Elas me ajudam a dormir. – explicou, ainda nervosa demais para pensar em pegar a caixinha da mão dele. – Não pode contar a ninguém.

Bellamy a encarou. Por que exatamente ela não conseguia dormir? Tinha alguma ligação com todo o lance do casamento ou... Tinha algo a ver com Lexa?

Além daquilo, a senhora Griffin sempre quis dar a impressa de "família perfeita", sempre que podia ocultava os problemas que Clarke causava diante de outras pessoas e mantinha tudo perfeito em seu mundo perfeito. Provavelmente tudo aquilo contribuiu para a ansiedade dela agora.

Ele imaginou Abby, descobrindo que sua filha, além de lésbica, também estava caminhando para ser uma viciada em medicamentos. Seria cômico, se não fosse trágico.

— Não vou contar. Mas você sabe que eu não concordo com isso, não sabe? – ele perguntou, ainda muito calmo. Clarke assentiu, cautelosa. – Então, tem que me prometer que vai parar de usar.

— Mas...

— Prometa, Clarke.

Ela suspirou:

— Eu prometo.

...

.

Ele ouviu mais alguém bater na porta e bufou. Hoje era um daqueles dias que o universo decide transformar sua vida em um inferno.

— O que faz na minha casa? – ele perguntou, assim que abriu a porta e deu de cara com Abby Griffin.

A senhora Griffin nunca gostou muito dele. Bellamy não sabia direito o porquê, mas também não ia muito com a cara dela, principalmente depois de hoje. "Ah, Bellamy, você não deveria aproveitar esse momento e fazer as pazes com Abby?", seu subconsciente pensou.

Mas, obviamente, não era isso que ele faria. Bellamy veio fazendo coisas estúpidas durante a vida toda e não tinha a menor vontade de parar agora.

— O que a minha filha está fazendo na sua casa? – ela respondeu a pergunta com outra pergunta. Fez a menção de entrar no apartamento, mas o Blake se pôs na frente dela. – Saia do meu caminho, Bellamy.

Ele cruzou os braços:

— Não sei se percebeu, mas Clarke só está aqui por sua causa. Ah, é, você ainda sabe quem é Clarke ou está muito ocupada com o que acham que ela é?

— Perdão? – Abby perguntou, sem parecer acreditar que Bellamy ousava falar daquele jeito com ela. – Está querendo me ensinar como tratar a minha filha?

Sentiu a raiva crescer dentro dele. Como aquela mulher conseguia tratar Clarke como se fosse uma boneca de pano? Como se eles estivessem vivendo numa casa de bonecas? Ele mudou o peso de um pé para o outro, começando a ficar irritado:

— Estou tentando fazer você enxergar a garota incrível que você criou. Quer saber? Antes eu odiava essa ideia, mas agora eu entendo porque ela foi embora. Eu também iria querer ficar longe de você.

Ele sabia que isso não era bem um problema dele, e ele podia até estar sendo muito duro com Abby. Mas aquilo não importava naquele momento.

— Abaixe o seu tom. Não tem a menor ideia do que está falando. Eu amo a minha filha, mais do que qualquer coisa.

— Então, começa a provar! – ele se descontrolou. – Sabia que a sua filha bateu na minha porta, de madrugada, só porque você disse qualquer merda para ela?

— Deixe-me entrar e falar com ela, por favor. – Abby pediu, se apoiando nas paredes. Ela não gritou, parecia muito tonta para isso. – Agora.

— Amanhã, se ela quiser, você pode fazer isso. Por enquanto, se preocupe em manter as portas bem fechadas, quando for dizer algo que não quer que alguém saiba. – ele se virou, fechando a porta e deixando de fora os problemas da família perturbada dos Griffin.

(X)

Jasper

Jasper bufou, começando a se irritar com Monty.

A única coisa pior do que esperar pelo amigo ligar era tentar explicar para Octavia o que estava acontecendo. A garota não conseguia parar de rir, desde que ele começou a falar.

— Você pode parar? – ele pediu, andando de um lado para o outro, passando as mãos na calça nervosamente. Duas semanas depois e ele ainda não tinha superado aquilo. – Isso é sério, O.

Ela se controlou para não rir e se jogou na poltrona, deixando os pés sobre a mesa de centro:

— Ok... Você e o Monty se beijaram... E daí?

Ele olhou para a janela. Devia agradecer por Octavia ainda dar ouvidos as loucuras dele (principalmente quando ele liga para ela, às 03:00 da manhã). Jasper arregalou os olhos, parando na frente dela:

— E daí? Como você pode dizer isso?! Eu acabei de falar que o meu "melhor-amigo-desde-que-tínhamos-cinco-anos" me beijou!

— Deus, vocês parecem a Clarke e o Bell. Seria mais fácil se fossem como ele e a Raven. – ela revirou os olhos. Octavia se levantou e colocou as mãos no ombro do amigo. – Olha só, Jasper, se está preocupada com o beijo, tenho que dizer... Nós dois já namoramos, até que você não é ruim na coisa.

Uma coisa que quase ninguém sabia era que Jasper e Octavia namoraram por um tempo (não deu certo, obviamente, mas os dois eram melhores amigos agora). Agora Jasper entendia porquê Monty nunca gostou muito do namoro dos dois.

Ele socou o braço dela, de brincadeira, sorrindo:

— É sério!

Octavia ficou lá por apenas mais alguns minutos, disse que ele tinha que fazer o que achava melhor e falou que precisava ir, deixando-o sozinho apenas com seus pensamentos.

Seu celular vibrou dentro do bolso. Ele sentiu o coração acelerar assim que viu o nome "Monty" no visor da tela de mensagens.

"Podemos conversar?", a mensagem dele dizia.

Aquilo era um pouco ridículo, porque ele morava no prédio ao lado, e os dois podiam se falar pessoalmente. Além do mais, a janela de um tinha vista para a janela do outro. Mas eles nunca levaram muito jeito com palavras.

Jasper não demorou mais que dois segundos para responder:

"Devemos".

Dessa vez, Monty demorou mais um tempo para mandar de volta. Jasper ficou imaginando se ele não estava tão nervoso quanto ele, escrevendo as palavras com as mãos tremendo... Era uma coisa esquisita de se pensar.

Olha, eu vou falar isso e depois você tem que garantir que não vamos tocar nesse assunto de novo. Entendeu? – ele disse, do outro lado da linha, assim que Jasper atendeu sua ligação. – Preciso ficar um tempo fora da cidade.

— O que?! – ele arregalou os olhos. – Mas e o...

Monty o interrompeu, parecendo realmente sério:

Cala a boca e me escuta. Jasper, eu sei que você deve estar confuso com todo aquele lance do beijo. Eu também estou, sei que não deveria, só que estou. Mas eu finalmente entendi uma coisa... Você ama a Maya. Ela é sua namorada, ela te ama, e não há nada que eu possa fazer sobre isso. E, por isso, eu... Acho melhor me afastar por um tempo. – ele concluiu, com a voz baixa. Jasper só conseguiu balançar a cabeça, sem emitir nenhum som. – Ei, cara, ainda tá me ouvindo?

— Não! – ele exclamou, só agora entendendo o que Monty acabou de dizer. O amigo sempre gostou dele, então? E aquele beijo foi mais como uma forma de finalmente contar, sem estragar tudo? Jasper imaginou o que ele devia estar sentindo há tanto tempo, e não conseguiu pensar em nada bom o suficiente para dizer. – Não, você não pode ir embora.

Ele não podia saber muito bem, mas sentiu que Monty estava dando um sorriso triste. Jasper foi até a janela, abrindo-a, e tendo a visão do amigo em uma distância considerável do seu prédio.

Ele se debruçou no parapeito, sem coragem de fazer muita coisa. Então, se lembrou de uma coisa que os dois faziam quando eram crianças. Como eles sempre moraram ali, criaram um código de luz, para usar sempre que quisessem.

Jasper pegou uma lanterna e piscou duas vezes em direção a janela de Monty. Não lembrava muito do que aquilo significava, mas esperava que fosse: "tudo bem?".

Monty arqueoou aas sobrancelhas, provavelmente chocado pelo amigo lembrar daquilo. Então, menos de uns segundos depois, ele também pegou a lanterna e a piscou duas vezes.

Jasper só esperava que aquilo fosse um sinal de que ele não estava tão fodido quanto achava que estava.

(x)

Bellamy

Bellamy voltava para casa, no dia seguinte, depois de sair do trabalho.

Ele se pegou pensando em ontem, quando Clarke dormiu em seu apartamento. Não ficou esperando que ela acordasse para ir trabalhar, apenas ficou observando a loira dormir por um tempo. Se repreendeu por ficar tão feliz com aquilo, como se isso fosse mudar o fato de: Em cerca de semanas, ela já estaria casada.

Ele deixava as coisas acontecerem de maneira lenta. Talvez em outro dia, assim como ele pensava, talvez em outra época... Talvez tudo desse certo entre eles. Mas eram muitos "talvez" e nada era certo o suficiente. Bellamy sabia que Clarke só o via como um amigo e ele não queria estragar isso.

Ele não suportava ouvi-la fazendo sobre como conheceu Lexa, não gostava de ouvir as pessoas dando os parabéns às duas, muito menos queria vê-la experimentando um vestido que não fosse para ele... Mas ele fazia todas essas coisas, porque era um completo idiota, um idiota por ela.

Então, ele finalmente saiu de seu mundo imaginário e percebeu um carro atrás dele. A BMW estava em velocidade mínima e tinha os vidros escuros, fechados. Ninguém andava assim, numa estrada vazia, às 22:00.

Bellamy estranhou aquilo. Ele resolveu ir por outra rua que levava à sua casa, tomando um caminho diferente. Apenas para testar.

E o carro o seguiu.

Então, outro carro se juntou a esse, lado a lado. E eles não desviaram dele, apenas continuaram avançando. Ele começou a andar mais rápido, não se atrevendo a olhar para trás. Percebeu o quanto a atitude foi imbecil, quando entrou em um beco sem saída.

Então, as portas dos carros abriram, ao mesmo tempo em que ele estava encurralado.


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