Bellarke - The Wedding escrita por Commander


Capítulo 10
Behind The Door




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Raven

— Vamos, liga logo! – Raven tentou novamente ligar a moto e fazer o motor funcionar, mas, como já esperava, não funcionou.

Sentiu suas próprias mãos tremerem, algo que sempre acontecia quando ela não conseguia fazer alguma coisa certa ou cometesse um mínino erro. Ela jogou os cabos que tinha nas mãos contra a porta, furiosa. Será que não conseguia fazer nada direito?!

— Meu Deus, mulher, vai acabar matando alguém desse jeito! – a voz de Wick se fez presente, e o mesmo entrou pela porta totalmente escancarada do apartamento. Ele tinha sacolas de comida fast-food nas mãos, que quase foram derrubadas pelos cabos arremessados. – Não fica nervosa. Tudo se resolve com sorvete. – ele espalhou as coisas na mesa de trabalho dela.

— Acho que não tem como o sorvete me levar para o trabalho todo dia, ao invés da moto, então... – a morena bufou. – Enfim, o que você quer?

Ele sorriu:

— Ver a minha mecânica preferida.

Ela respirou fundo, tentando manter-se calma:

— Wick. Se eu não terminar de consertar a minha moto até o final do dia, sua cabeça vai meio que rolar no chão.

— Você meio que tá me livrando do trabalho agora, então... – ele deu de ombros, colocando uma batata frita na boca. – Deixa eu ficar, por favor?

Ela voltou a atenção para a moto, percebendo que esqueceu o cavalete:

— Se vai ficar, vai ter que ajudar.

— Raven Reyes pedindo ajuda, senhoras e senhores! Esperei a vida toda por isso!

Ela bufou. Era exatamente por isso que ela fazia tudo sozinha. As piadas e as cantadas dele eram tão ruins que faziam Raven querer sua companhia e tê-lo por perto cada vez mais, e isso era um problema.

— Vai ficar rindo ou vai me ajudar?

— Raven Reyes pedindo ajuda duas vezes?! – ele provocou, batendo palmas. – Agora é lendário!

— Cala a boca e me passa o cavalete da moto, por favor. – ela resmungou, do outro lado da mesa. – É aquela coisa que eu uso para suspender a moto. Preciso saber se o problema é com a gasolina ou com o motor. Ainda tenho que ter certeza se vou trocar o descanso, parece meio gasto. – concluiu, mas Wick pareceu não entender completamente nada. Ela suspirou. – Por que você tem que ser um maldito engenheiro?

— Porque você é uma maldita mecânica. Somos tipo yin-yang.

Ela sorriu.

Quando ela e o Wick finalmente começaram a trabalhar, Lincoln e Octavia saíram do quarto, sorrindo. A camisa dos dois estava meio amarrotada, o que fez Raven rir.

— Te vejo mais tarde, Ray. – Octavia disse, antes de sair do apartamento, acompanhada do namorado (ou seja lá o que eles fossem agora).

— Quer saber? – Wick chamou a atenção dela, depois que o casal saiu. – Temos que sair.

— Sair? O que, tipo agora? – ela balançou a cabeça, negando. – Sem chances, não quero ver pessoas hoje. Podemos ir amanhã.

— Amanhã é muito tarde. – ele disse, soando poético, e pegou a mão dela.

.

Quando Wick decidiu ser idiota não parou mais pelo resto da noite.

Enquanto eles estavam na praça de alimentação do shopping, uma amiga de infância dele, Jade , o reconheceu. Até aí tudo bem, até Wick chamar a mulher para jantar com eles.

De repente, o que antes era encontro, virou: Wick e Jade rindo e conversando entre si, e Raven entendiada, mexendo no celular.

Chegou uma hora em que ela se cansou, depois de ouvir os dois conversando por meia hora sobre memórias de infância. Ela se levantou, sem dizer nada, e se encaminhou para a saída do shopping.

— Ei, Raven! – Wick pediu para que Jade esperasse, andou até a Raven, e segurou em seu braço. – Aonde vai?

Raven olhou para Jade, vendo a mulher perfeita que era perfeita, com seus cabelos enrolados e perfeitos, seus olhos castanhos perfeitos, e seu corpo estupidamente perfeito. Depois disso, Raven olhou para si mesma: A mesma jaqueta vermelha de anos atrás, os mesmos jeans rasgados de sempre, o mesmo cabelo sempre preso no rabo de cavalo...

— Eu vou indo. Tenho que comprar logo a bateria, a moto não vai se consertar sozinha. De qualquer jeito, hã... Aproveite seu encontro.

Ele franziu a testa:

— Ei, sem chance. Eu disse que ia te ajudar com a moto, vou com você.

(X)

Raven encostou a cabeça na janela do ônibus, se sentindo muito idiota por estar com ciúmes de alguém que nem mesmo era seu namorado.

Que ela gostava de Wick, estava meio óbvio. Então, por que ele não deixava logo as coisas mais claras? Por que ela sempre era a primeira a tomar uma atitude?

— Tem certeza que está bem? – ele perguntou, ao seu lado no banco.

— Estou, sim. – ela mentiu, colocando os fones de ouvido. – Só preciso descansar um pouco.

....

— Raven, isso está me irritando. – ele queixou-se, logo depois que o ônibus parou no ponto da praça de Sky. – Parece até outra pessoa.

Ela resistiu ao impulso de revirar os olhos. Como ele conseguia ser tão idiota? Mesmo que eles não fossem namorados, que não fizesse sentido ela ter ciúmes, por que diabos ele chamou uma antiga namorada para sair com eles? Qual era o problema dele?

— Tem razão. – ela disse, dando de ombros. – Eu sou irritante. Por que não volta para a sua amiga? Ela deve sser bem legal.

— Ok, eu definitivamente não disse isso, e... – ele esboçou um sorriso, parecendo perceber o que estava acontecendo. – Raven, você está com ciúmes da Jade?

Ela revirou os olhos:

— O que tem de errado com você? É claro que não!

Era quase ridículo querer esconder alguma coisa agora, então ela não faria mais essa questão.

— Então, por que tá gritando comigo?!

Se ele quer saber tanto assim, então vou fazer questão de mostrar, a mecânica pensou. Raven bufou:

— Porque é isso que as pessoas normais fazem quando gostam de alguém e esse alguém está agindo como um idiota! E eu acho que o mínimo que você podia fazer era...

Mas Wick não a deixou terminar de falar. Ele segurou em sua cintura, puxando-a mais para perto e, antes que Raven pudesse protestar, seus lábios já estavam sobre os dela. Ela envolveu seu pescoço com os braços, pensando seriamente em agradecer a Jade por ter aparecido hoje.

Clarke

Clarke tentou ligar novamente para Bellamy.

Se passaram duas semanas desde o episódio de Phoenix, e ela não o viu nenhuma vez depois dali. Ele não retornava suas ligações, e ela não o encontrou em seu apartamento, quando foi visitar Octavia. Ela iria tentar ligar por uma última vez e, se não desse certo, desistiria.

Como esperava, ele não atendeu. Então, Clarke resolveu deixar seu recado na secretária eletrônica:

— Ei, Bellamy, sou eu... Só liguei para dizer que sinto a sua falta, podemos fazer alguma coisa no final de semana?

Ela bufou, desistindo de tentar. Típico do Bellamy. Em um dia, é o seu melhor amigo e conversa com ela como se nada tivesse mudado. Em outro, ele volta a ser... Ser o Bellamy de sempre.

— Se é tão importante... Pode ir correndo para a casa dele e me deixar sozinha de novo. – Lexa apareceu no batente da porta, de braços cruzados. – Já fez isso uma vez, não de?

Clarke engoliu em seco:

— Não é importante, eu só quero saber o que está acontecendo.

— Tá, tanto faz. – a morena disse, não muito convencida. Ela se afastou, indo até a sala, a fim de voltar para as suas tintas. Obviamente, Clarke foi atrás dela, segurando em seu braço. – Olha, Clarke, não tem que me convencer de nada.

A loira rebateu, entrelaçando sua mão na dela:

— É claro que eu tenho. Você é a minha noiva e eu te amo.

...

Lexa se virou para a loira, mostrando a pintura que fez no rosto. Seus olhos esverdeados eram ressaltados por círculos pretos pintados ao seu redor, se parecendo com rímel borrado.

Clarke não sabia o porquê, mas Lexa adorava pintar o rosto. Ela simplesmente amava desenhar contornos ao redor dos olhos, colorir o corpo... Devia ser por isso que a morena já contabilizava seis tatuagens espalhadas pela pele. E ela sempre ficava linda de qualquer jeito, então Clarke não tinha como reclamar.

Meia hora se passou e Lexa ainda estava pintando sobre o rosto de Clarke.

— Quer parar de se mexer? Clarke, isso é sério! – ela disse, mal contendo o sorriso também. Assim que acabou, segurou o rosto da loira com as mãos. – Meu Deus, eu vou casar com a noiva mais linda do mundo.

Clarke não pode evitar de manter os olhos na mulher a sua frente. Era loucura pensar que, daqui a algumas semanas, aquela mesma mulher seria a sua mulher. A pessoa com a qual ela passaria o resto da vida.

— E você? – a loira perguntou, com uma expressão divertida no rosto. – Vai usar terno e gravata?

— Cala a boca – ela sorriu.

Ela posicionou a mão atrás da cabeça de Clarke e levou seus lábios até os dela. A morena percorreu as mãos pela sua cintura, puxando-a para o seu colo. Lexa passou sua camisa pelos braços, ainda sem se soltar da loira, pensando se as duas chegariam ao quarto.

A tinta colorida dos seus braços agora está no corpo de Clarke, e a tinta preta do rosto dela agora estava nas mãos de Lexa. Nenhuma delas imaginou uma cena que pudesse ser mais perfeita que aquilo.

(x)

Mais tarde, Clarke estava em casa quando tudo aconteceu.

Ela passou por um corredor, quando ouviu as vozes de sua mãe e de Kane vindas do último quarto. Eles pareciam brigar por alguma coisa, que deixou Clarke curiosa. A loira encostou o ouvido na porta, interessada na conversa.

— Eu não a culpo por isso! – ouviu Abby dizer, parecendo estressada. - É só que... Éramos amigos de longa data.

Ela falava de Thelonius?

— Se ele foi capaz de parar de falar com você por um motivo idiota desses, vocês não eram amigos de verdade. - Kane respondeu, parecendo mais calmo que ela. - Olha, essa também me pegou de supresa, mas... Tenta entender. Lexa parece amar a Clarke de verdade, então por quê parece tão chocada?

Clarke engoliu em seco. Era exatamente disso que ela tinha medo, quando decidiu contar à mãe. Por mais que ela tivesse dito que apoiava a filha, a loira entendia que não era bem assim...

— Chocada não é a palavra, eu... Estou apenas decepcionada.

Clarke reprimiu as lágrimas dentro dela sentindo seu coração bater dolorosamente no peito.

— O que? - Kane soou embasbacado. - Não pode estar falando sério.

— O mundo é um lugar cruel, Marcus, cheio de gente má. Clarke ainda não está pronta para lidar com todas as coisas que virão junto com esse casamento e você sabe disso. - ela disse, fechando a discussão.

Clarke desceu as escadas correndo, sem conseguir mais segurar o choro. O pior de tudo é que sua mãe estava certa. Ela não conseguiria aguentar mais opiniões como aquela. Se as pessoas soubessem o quanto aquilo machucava, nunca falariam isso para alguém novamente.


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