Um Príncipe as Avessas escrita por Fleur dHiver


Capítulo 2
A Flor que Cresceu Entre os Vincos


Notas iniciais do capítulo

Para quem não acreditava mais, cá estou.
Eu sinto muito por isso, não queria deixar a fanfic sem atualizações por tanto tempo. Eu acabei deixando acumular até dezembro e ai as coisas enrolaram na minha vida e tudo ficou atrasada, a entrada na faculdade, a faculdade, os trabalhos, mas agora estou aqui e para quem não tem o costume de ler minhas histórias a minha atualização é mensal. Como fiquei muito tempo sem postar pretendo atualizar de novo ainda essa semana e depois disso só mês que vem.
Uma boa leitura a todos;*



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Assim como o tempo segue sem parar a vida na clareira também seguiu e floresceu. As pessoas se acomodaram nas construções que a natureza tinha criado, remontando-as como lhe convinham e até mesmo criando outras novas quando necessário. Plantaram uma horta, exploraram um lugar, descobriram um pequeno córrego que terminava em um lago dentro dos seus limites. Tinham animais para caçar; frutas para comer; tudo que precisavam para viver em paz e segurança.

Todavia cautela nunca foi um mal.

Após se firmarem, as divisões de tarefas e trabalhos começaram a surgir com vigilância sendo a prioridade. Uma equipe de batedores era necessária para verificar se nenhuma ameaça externa estava por perto. Com o tempo outras funções que exigiam a saída de algumas pessoas começaram a serem necessárias, como trazer alguns itens a mais que a floresta pudesse fornecer, buscar por novas pessoas e manter a manutenção dos tuneis de acesso, que eram muitos.

Todas as decisões eram tomadas em uma assembleia. Pelo bem de Sakura, Sarah fez com que todos lhe prometessem não trata-las de forma diferenciada, acreditava ser melhor para as duas que sua condição não fosse revelada. Tal pedido foi difícil de início, visto que a maioria das pessoas que tinham conseguido escapar eram serviçais do castelo e camponeses que além de tudo viam a Sarah como sua salvadora. O tempo passou e a princesa cresceu, protegida do mundo nesse recanto criado por Deus.

 

A Flor que Cresceu Entre os Vincos  

 

O Sol despontava preguiçoso no horizonte, na fenda onde moravam os antigos moradores de Treerying ainda não dava para vê-lo, apenas o céu passando do lilás para o laranja. O topo do paredão rochoso que se estendia as costas do lugar brilhava pelos poucos raios que começavam a alcança-lo.

O paredão era belo e majestoso com suas trepadeiras que pareciam serpentear por sua extensão; o Vale era protegido por ambos lados, tendo essa maciça parede de pedra de um lado e do outro densas arvores que mantinham aquele recanto escondido, protegendo-o do mundo com sua – quem sabe; magia, como reza a lenda.

Poucas pessoas eram vistas àquela hora do dia, a maioria ainda dormia. Aqui e ali o despertar era percebido pela fumaça a subir na chaminé do padeiro, os patrulheiros voltarem a suas casas, os cães serem soltos para mais uma caçada. E em uma casa afastada da Vila e da orla da floresta, na outra extremidade, bem perto do paredão, uma garota afoita pulava a janela de seu quarto, descendo pelas grades florais a lateral de sua casa.

Usava uma capa de linho cinza escura, a mantinha bem junto ao corpo, escondendo-se da melhor forma que podia. Com os ombros encolhidos ela corria as escondidas, circundando o vilarejo, caminhando pelos limites da orla e enfiando-se entre as arvores, perseguindo o som da água corrente que a cada passo ficava mais próximo.

Um lago com águas cristalinas surgiu em meio as arvores e samambaias, prostrou-se a sua frente e com a mão em forma de concha tomou um pouco d’agua, molhou sua nuca para logo em seguida atravessa-lo, pulando de pedra em pedra até a margem posterior, os raios já incidiam por entre os ramos das samambaias. Afastou a folhagem tendo uma vista gloriosa do Sol coroando e para sua alegria não estava só.

Um sorriso luminoso surgiu nos lábios rosados, abaixou o capuz de sua capa deixando as madeixas rosadas livres. Apesar de ter quase certeza que sua chegada foi ouvida, Sakura fez o possível para caminhar na surdina, evitando pisar na vegetação e preferindo as rochas e raízes fortes. Passou por cima de uma das partes da raiz da castanheira que ele se apoiava, pulando as costas do rapaz que observava a paisagem.

— Chris!

Abraçou o jovem de cabelos acaju, pelas costas, apertando o mais forte que conseguia; afundou a cabeça no pescoço dele, embriagando-se na fragrância suave que ele possuía, tão gostosa, tão familiar.

— Senti tanto a sua falta. Cheguei a pensar que não voltaria mais. — A voz saiu abafada, porém audível e adorável aos ouvidos dele, sorriu, jogando a cabeça para trás. Chris virou-se a puxando pela cintura e soltando-a de seu agarre. Retirou algumas mechas rosadas da frente do rosto alvo, dando um beijo em cada uma das bochechas.

— Quanta bobagem, até parece que eu não voltaria. O que acha que tem lá fora que pode vir a me segurar? — Sakura remexeu os ombros, livrando-se dos braços dele e se sentado ao seu lado.

— Não sei, mas o pai do Dany e o Simon, eles morreram e... — A voz dela morreu antes que terminasse a frase. Sua mãe não tinha deixado que ela visse, o que tinha acontecido, o que trouxeram de volta, mas sempre tinham as histórias do corpo seco, cortado e dilacerado.

— Dois bêbados e descuidados. Eu sou diferente — A voz dele parecia o ronronar de um gato, o sorriso fácil e sagaz. Sakura não pode deixar de enrubescer, fitando os olhos cinzentos e felizes, a pele clara queimada pelo sol, Chris ainda era Chris, bonito como o nascer do dia e convencido como só ele podia ser —, sei me cuidar muito bem. — Revirou os olhos, dando um leve toque no ombro dele.

— É, mas...

Sakura foi interrompida por ele, que lhe silenciou com o dedo indicador em riste bem próximo dos lábios dela. Fechou o cenho, pronta para protestar pela interrupção quando a bolsa de lona dele foi jogada sobre o seu corpo.

— Eu trouxe morangos silvestres, come-los é muito melhor do que ficar nessa discussão sem sentido. — Pegou o embrulho dentro da bolsa dele, que além do morango também tinha queijo e pão. Repartiu com ele, retirou a capa e comeu sua parte em silêncio, apreciando a calmaria na clareira.

— Agora que você voltou pode continuar a me ensinar a usar o arco. — Sorriu, mordendo a ponta de um morango.

— Sakura...

— Por favor! — Agarrou a camisa de linho dele — Eu não vou contar nada a ela, sabe que não conto. — No entanto Chris se afastou do agarre da garota. — Eu não posso sair da Vila, não posso participar das reuniões, não posso fazer a maioria dos trabalhos. Sabe que eu não deveria nem mesmo estar aqui. — se levantou, chutando alguns gravetos para longe, jogando os cabelos por sobre os ombros — Não me tire isso também.

Chris suspirou, já conhecia muito bem aquela história, aquela expressão de falso sofrimento e aquela cena. Tantas foram as vezes que discutiu tal assunto com Sakura, sabia que se a mãe dela desconfiasse sobre onde estavam ou o que faziam, sobraria para ele, sempre sobrava. No entanto também entendia os pontos da jovem princesa e na maioria das vezes acabava pendendo para o lado dela.

Durante os anos que se passaram Sarah se tornou demasiadamente protetora para com a filha, não só pelas fatídicas palavras do ancião, mas também por ser tudo que lhe restava. Na verdade, a ex-rainha não gostava de pensar naquela profecia e evitava que todos o mencionassem, ou ensinassem a Sakura qualquer coisa relacionada a luta ou defesa, apesar de saber que era necessário.

Quando ela era pequena haviam decidido que ela só deveria saber sobre tudo quando crescesse, e Sarah tinha dito que seria a pessoa a contar tudo a Sakura. Bem, ela estava agora no alto dos seus 16 anos, não era um adulto, tampouco era uma criança e ainda assim nada lhe foi revelado. Chris tinha certeza que nem contariam, Sarah postergaria o quanto lhe fosse cabido esse assunto.

— Sua mãe me mata se descobrir isso.

— Só se você contar a ela. — Sabia que não deveria facilitar, ou se deixar levar, mas era difícil lhe negar algo quando ela sorria daquele jeito e o fitava com tanta intensidade.

— Vou pegar os arcos. — Sakura se ergueu em um salto, esfuziante.

— Não acredito, não acredito, não acredito! — Em meio a sua alegria não o viu comentar baixo que nem ele acreditava que tinha resolvido dar continuidade a essa loucura, da mesma forma como foi começar a ensina-la a usar a espada.

Com os arcos em mãos, seguiram caminho por entre a relva baixa, distanciando-se um pouco mais da margem do lago, mas ainda podendo ouvir o som da água, mas sempre caminhando dentro da parte que cabia ao recanto, apesar de Sakura não conhecer, Chris sabia até onde podia se embrenhar no meio daquelas matas.

Caminharam até o ponto onde tinha umas arvores nodosas e secas, quase ninguém ia para aquela ponta onde a vegetação era mais fechada e não tinha como fazer plantio ou colher frutos. Um bom lugar para se praticar arco e flecha sem chamar atenção ao redor.

— Assim? — Puxou a corda do arco com toda a sua força, erguendo-o na altura de seu queixo, um dos olhos fechado, mirava em um ponto nodoso de uma das três arvores que estavam a sua frente.

— Onde está mirando? — Chris estava bem a suas costas, um passo de distância dela.

— Arvore do meio, o nó no topo esquerdo. — Ouviu o suspirar e assim que os dedos dele tocaram seu braço um arrepio lhe subiu a espinha.

— Sua postura está errada. — Ajeitou a angulação do braço dela, arrumando a postura, os ombros, levando o cotovelo para trás e mantendo a corda do arco bem rente ao rosto de Sakura. — Mantenha seu ombro e cotovelo na mesma reta — Sussurrou ao pé do ouvido dela, que começava a sentir seu coração palpitar. — Mantenha os olhos abertos e a ponta da flecha entre, é assim que você deve mirar. — Ela nem conseguia mais manter sua atenção focada no ponto que tinha comentado, até mesmo tinha esquecido em que lugar estava mirando. A mão dele percorreu sua coluna e ela soltou a flecha.

— Acertou a arvore certa.

— Certo...

— A arvore. — Chris apontou para o lugar no meio do tronco que a flecha dela estava fincada. Sakura deu dois passos para o lado, evitando a proximidade entre eles.  — Tinhas dito que queria acertar um pouco mais acima.

— Sim...

— Você aprende rápido. — Sorriu, puxando uma das mechas de seu sedoso cabelo para frente e enrolando entre seus dedos. Inconscientemente ela deu alguns passos para frente, mas parou, e antes que fizesse, ou falasse qualquer estupidez resolveu fazer o caminho de volta. Treinaria sozinha, seria melhor assim. — Espera! Sakura?! — Não atendeu aos chamados dele e continuou sua caminhada, ele tentava segura-la, mas ela continuava a se esquivar de seu agarre. Foi quase as margens do lago que a mão dele encontrou com o braço dela e a puxou para junto de si. O encontrão a fez estremecer e como antes se afastou. — Aconteceu algo? — Sakura manteve os lábios bem pressionados em uma linha tensa, desviando seu olhar.

Chris afastou algumas mechas rosadas e rebeldes, podendo apreciar o rosto alvo, porém o toque foi um embrulho no estomago de Sakura. Tantas sensações despertas em um dia nenhuma delas conseguia nomear ou entendia. Tudo bem, ela sempre se sentiu desconfortável pela proximidade dele com outras pessoas; quando ele saia em missão sentia uma saudade tremenda, mas nunca antes, um toque resultou em todas sensações confusas.  

Em meio a sua confusão e desespero de se ver longe daquelas sensações Sakura fez a única coisa que lhe parecia coerente para mantê-lo afastado, empurrou-o em direção ao lago. Mas o que ela não esperava é que por reflexo ele a agarrasse e a levasse junto.

— Não! — Espalmou as mãos na água, tremendo dos pés à cabeça, fitando o próprio vestido e corpete ensopados — Como vou explicar isso a minha mãe? — Nadou até a margem, apoiando-se nas pedras, já estava com metade do tronco para fora quando Chris a puxou de volta para água, empurrando-a para baixo. — Não!

— Ela não vai nem perceber que saiu de casa quando subir pela janela. — Sakura volta a emergir jogando água nele.

— Vai notar meu cabelo molhado.

— Nós secamos. — Chris a segurou pelo braço para que parasse de jogar água na direção dele, puxando-a para junto de seu corpo.

— Eu senti muita a sua falta. — E lá estava ela, falando algo que se arrependeria, sendo repetitiva, desnecessária. Simplesmente não teve como segurar essas palavras.  O Sol parecia refletir dentro dos olhos acinzentados, destacando os pequenos pontinhos lilases e ela já não conseguia ouvir mais nada.

Fitou os lábios bem delineados, as bochechas corando e seu coração batendo forte, Sakura ainda não entendia, mas sentia, sentia e queria. Queria por demais. Todavia Chris sabia o que estava acontecendo e antes que fosse além do que deveria ele a soltou e se afastou.

— Precisamos ir, sua mãe deve estar acordando.

— Chris, eu...

— Chris! Chris! — A conversa deles foi interrompida por um dos rapazes que cuidava dos animais, corria desesperado em direção ao lago. — O pessoal chegou. Querem você no... — Emudeceu assim que avistou Sakura na outra margem, com os olhos esbugalhados procurou por auxilio no rapaz que já estava de pé.

— Sinto muito, mas eu não vou poder...

— Tudo bem, melhor ir logo. — Chris ainda ficou por um tempo fitando a garota espremer os cabelos tentando tirar o excesso d’água antes de partir em disparado.

Sakura queria não ter ficado chateada, porém ficou. Não por Chris tê-la deixado só, ou por ter que arranjar uma forma sozinha de se secar, mas pelos segredos. Por todos os segredos que aquele lugar carregava e por todo mundo parecer esconder algo dela com tanto fervor. Sempre foi assim desde menina. Diversos assuntos não eram tratados na frente dela e as pessoas a olhavam estranho com medo, piedade e as vezes com um pouco de adoração.

Jogou a capa por sobre os ombros, mesmo sabendo que era inútil tentar se esconder àquela hora do dia, correu de volta para a sua casa da mesma forma como tinha feito pela manhã. Ao chegar a lateral do casebre o circundo com cuidado, mantendo o corpo bem abaixo do batente da janela.

Dessa vez não entraria pela janela de seu quarto, nos fundos da casa ao invés de se virar para a residência, virou para o paredão que sua casa tinha sido construída quase colada. Quando pequena costumava escala-lo porque diziam que gigantes vivam em uma das cavernas, mas nunca chegou perto de nenhuma delas, sua mãe a arrancava antes mesmo de subir um metro. Já mais velha, usava-o para chegar a janela do corredor do segundo andar. Com cuidado o escalou, colando as mãos nos lugares certos, esforçando-se para fazer o mínimo barulho possível, ao chegar na altura da janela, impulsionou o corpo para trás e se agarrou ao parapeito, empurrando seu corpo para dentro de casa.

Respirou fundo, caminhando lentamente em direção a porta de seu quarto, a cada passo que dava alguns ruídos surgiam, de primeira pensou que era sua mãe subindo a escada, mas sons vinham todos do primeiro andar e nenhum em sua direção. Logo os ruídos se tornaram vozes, vozes nervosas e ansiosas, esgueirou-se até a escada, ficando de joelhos no assoalho para tentar enxergar o interior da sala de estar.

— A floresta está cada dia mais perigosa, aconteceu outra vez — A ansiedade do tom chegava a causar palpitações em Sakura. — Mais um desaparecimento. — O som de louça fina se chocando encheu o ar e mesmo não estando lá, sabia que uma tensão tinha se formado pelo silêncio que se seguiu.

— Quem?

— O filho do moleiro, Jamie, apenas um menino. — Uma terceira pessoa foi quem respondeu a sua mãe, conhecia aquela voz era da senhora que cuidava da escola da Vila, podia apostar que o primeiro era o responsável pela horta. — Da mesma maneira como ocorreu com Simon, o pai dos gêmeos barulhentos — Sakura se espantou com a informação, para ela disseram que Simon tinha sido mordido por uma fera e morto, não que ele estava desaparecido... Na floresta, na floresta que Chris vivia em suas incursões.

Apertou o corrimão da escada com força, sentindo as farpas entrarem na palma de sua mão, porém o aperto em seu peito era bem mais incomodo naquele momento.

— Acredito que Peter já mandou chamar nossos melhores batedores para sair em busca do rapaz, mas... — A respiração de Sakura parou junto com a fala do homem.  Não. Não. Não...Ele acabou de voltar.  — A senhora já sabe as chances de voltarem com novidades são poucas. Podemos perder até mais... — A ansiedade na voz dele ficou novamente obvia — Dizem que ela está cada vez pior, que está caçando...

— Não falaremos disso aqui! — Sakura ouviu o som da madeira rangendo sobre os pés de sua mãe, afastou-se do vão da escada como se pressentisse que ela iria até o corredor para ver se não estaria escutando a conversa. — Mesmo eu achando arriscado, não podemos esquecer dos nossos. Ele ainda pode estar por lá, escondido, com medo, que os meninos tenham muito suce... — Sarah foi interrompida por uma voz que fez todo o seu corpo gelar de aflição.

— Eu também vou! — Sarah se virou para o topo da escada, Sakura surgiu pingando água, com a capa de linho sobre os ombros, cabelos desgrenhados e a expressão séria e decidida, o coração da rainha quase parou.

— Não! Não vai!

— Por que? — Bradou irritada, descendo os lances de escada com agilidade. — Tem gente lá fora precisando de ajuda.

— Não da sua ajuda. Lá fora você não tem serventia alguma, a não ser um peso morto. — Fez o possível para que sua voz não a traísse e todo o seu temor por aquela cena não ficasse claro, precisava ser forte, precisava ser dura.

— Não seria. Eu, eu...eu sou rápida e pequena posso me embrenhar na mata muito bem. Sei me virar, eu vivo no bosque daqui com o Chris, e eu sei que ele vai. Temos sintonia, ele tá me ensinando a atirar e... — parou, fitando os olhos âmbar de sua mãe dançarem, flamejarem como acontecia quando ela ficava enraivecida. — sei segurar muito bem uma espada.

— Que ótimo! Aprender a se portar como uma dama você não deseja, mas desobedecer todas as minhas ordens é muito do seu interesse. Você não deveria pôr os pés naquele bosque, não deveria chegar perto do lago.

— Eu não saí do perímetro, continuei dentro do vale.

— Foi para muito longe, não sabe o que poderia te acontecer. — Sarah segurou a ambos os braços de Sakura. — Não a quero naquele lugar. Quantas vezes preciso repetir? — Soltou um suspiro cansado. Tocando o rosto alvo e delicado de sua filha, fitando seus olhos verdes tão parecidos com os do pai. — Eu a quero protegida e a salvo.

— Por que? Por que eu tenho que ficar a salvo se tem pessoas sumindo? O que acontece lá fora? — Afastou seu rosto das mãos de sua mãe. — Por que mentiram para mim sobre os desaparecimentos? Por que tem coisas que vocês não dizem na minha presença. — Sarah chegou a abrir a boca para responde-la. — E não diga que é por falta de idade, porque crianças sabem de mais coisas do que eu sei, todos sabem.

— Sakura...

— Eu vou com eles.

— Você não vai! Nem que para isso eu tenho que te amarrar na cama. Você vai entrar no seu quarto e ficar lá, até eu mandar você sair. E se me desobedecer, Sakura, eu juro que você nunca mais vai pôr os pés para fora dessa casa. — Sentiu seus olhos arderem, as lágrimas queimando, não de tristeza, mas de raiva, uma raiva que não conseguia segurar.

Sua mãe não permaneceu para continuar a discussão, ou falar qualquer outra coisa, virou-se para o interior da sala e chamou os outros dois presentes que se mantiveram quietos durante toda a discussão, um a um passaram por Sakura em direção a porta.

— Logo mais eu retorno e espero que esteja mais calma e onde eu mandei que estivesse. — A porta fechou atrás de si e Sakura correu para o quarto, mas não para obedece-la, nunca para isso. Se sua mãe achava que ficaria parada, estava muito enganada, sua vida toda quis sair daquele lugar, quis conhecer o que tinha do outro lado da floresta, ninguém nunca quis lhe contar ou levar então ela veria por conta própria.

 Página: Fleur D'Hiver

KakaSaku: Caro Naruto


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Notas finais do capítulo

Curtam minha página e para quem se interessa pelo crack KakaSaku tenho uma twoshot já concluída UN.

Espero que tenham gostado, obrigada por acompanharem;*



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