Os Próximos Três Dias - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 4
Isso não é um adeus


Notas iniciais do capítulo

GENTE!

Primeiramente tenho que pedir desculpas por ter demorado tanto a postar. Mas o tal do bloqueio criativo me pegou de jeito! Mas consegui terminar o capítulo agora e vim correndo postar xD

Aliás, estou feliz por terem gostado da one "Stay the Night" e eu ainda to com a música na cabeça!

Bom, espero que gostem do cap.

Boa leitura! ;)



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Desde o fim propriamente dito da guerra, estamos todos hospedados na mansão enquanto tudo volta aos seus conformes. Mas já tenho algumas notícias boas como, por exemplo, já tenho o endereço da minha nova casa e ela não é tão distante daqui. É um apartamento numa parte da Capital que não sofreu com a guerra, então pode-se dizer que é uma boa caminhada daqui até lá.

Mas não tenho o que reclamar. Agora tenho uma nova casa e tudo será diferente daqui para frente.

Tudo será diferente. É isso o que receio. Não quero que tudo mude, mas é impossível. Todos os que eu amo partiram... outros irão partir hoje.

Tudo isso é muito estranho. Eu deveria estar feliz pelo que aconteceu. Estou, mas não completamente. Apesar de saber que lá é o lugar deles, sinto um vazio me consumir, como se nada mais pudesse valer a pena daqui para frente, mesmo sabendo que não será assim. Mesmo sabendo que poderemos nos ver algumas vezes, mas agora será apenas para nos distrairmos, jogar conversa fora, ou qualquer coisa que não seja relacionada a colheita ou Jogos Vorazes.

Agora acabou. Tudo acabou.

Escrevo meu novo endereço em três papéis do eu bloquinho e coloco meu telefone também. Coloco tudo na bolsa e me dirijo a entrada da mansão que, para a minha surpresa, lá já se encontram todos, e parecem estar esperando por mim.

Me pergunto se estou atrasada, mas não estou. A estação é próxima daqui e ainda falta pouco mais de uma hora para o trem partir. O que me intriga é vê-los tão cedo, como se estivessem esperando por mim.

Chegamos a estação com bastante antecedência. Então nos sentamos em um banco para esperar, mas Haymitch permanece de pé. Por alguns instantes não sei que assunto posso puxar com eles, então volto a lembrar que essa será a nossa despedida. Não mais Jogos. Nunca mais.

Peeta solta uma piada sobre comer pão em casa e desatamos a rir, o que acaba quebrando o clima um pouco tenso que pairava sobre nós até então.

Um impulso me leva a segurar a mão de Katniss, que está sentada ao meu lado. Passo os dedos pelas suas pequenas unhas levemente.

– Tenho tanto orgulho de vocês... - ouço-me falando e Katniss bufa.

– Ah, não, Effie - ela reclama. - Sem discursos sentimentais agora, por favor.

– Mas eu não sei quando irei vê-los novamente, então achei melhor falar.

– Ei, Effie! - Peeta começa a dizer. - Pode nos visitar quando quiser.

– Ou podemos vir aqui também - Haymitch acrescenta e me viro para saber se ele diz a verdade. Ele sorri de leve e eu retribuo.

Volto a olhar para os garotos. Tudo parece ter passado tão rápido.

Pego a minha bolsa e tiro dela os papéis onde escrevi meu novo endereço, então os entrego.

– Quero que fiquem com isto - digo. - Se realmente quiserem me visitar um dia, este é o meu novo endereço. E o meu telefone está anotado também - acrescento.

– Claro, Effie - diz Peeta. - Isso vai ajudar, com certeza.

De uma maneira muito estranha, não consigo encontrar assunto algum para tratar a mais. Tudo é diferente dessa vez. Eles não voltarão. Não haverá Jogos no próximo ano.

E isso não sai da minha cabeça.

O trem não demora a chegar, e quando ele para na plataforma é que percebo que está na hora.

Certas despedidas, por mais necessárias que sejam, parecem não fazer sentido algum para você.

Me despeço dos garotos num abraço longo e forte, esperando que, de fato, nos encontremos em breve, mesmo que pareça difícil. Todos temos que retomar nossas vidas e recomeçar do zero depois da guerra. Teremos que aceitar as mudanças que sofreremos a partir de agora, por mais radicais que venham a ser.

– Não vai se despedir de mim? - Haymitch diz enquanto se aproxima. Um leve sorriso é carregado em seus lábios.

Ainda me sinto intrigada com a história do meu resgate. Mas sei que não conseguirei saber a verdade tão cedo.

– É estranho dizer adeus, não é?

Haymitch faz uma careta antes de responder.

– Isso não é um adeus, queridinha - ele diz. - Esqueceu?

Suspiro.

– Não acho que vamos nos ver tão acedo.

– Quer apostar?

Estreito os olhos.

– No próximo ano nos veremos, nem que eu tenha que vir sozinho - ele diz com tanta firmeza que não consigo me ver duvidando.

– Posso esperar sua ligação?

– Pode esperar minhas muitas ligações - ele diz e desatamos a rir. Quando conseguimos nos conter, ele se aproxima e me abraça. Fecho os meus olhos e chego a conclusão que momentos como esse sempre foram raros para nós que vivíamos em pé de guerra.

– Se cuida, ta bom? - ele prossegue. - Não estarei aqui para tomar conta de você.

– Ei! Digo o mesmo!

Rimos novamente e tomamos um pouco de distância.

– Vocês deveriam morar na Capital - digo. - Facilitaria muito a minha vida.

– Bom, é mais fácil uma pessoa se mudar para o Distrito 12 do que três para a Capital, não acha?

– Esta propondo que eu vá morar com você? Digo... vocês? - gaguejo.

– Se tratando e mudanças, é mais fácil você ir, por mais fresca que seja.

– Fresca?

– É - ele confirma. - Fresca. Gente que tem frescura.

– Eu não sou fresca!

– Olha só, você é sim e sabe disso. Agora eu tenho que ir antes que o trem vá sem mim.

– Pode ir - digo com os braços cruzados. Ele para e me lança um olhar desconfiado. - Vai logo!

Haymitch volta a se aproximar e estende um braço na minha direção. Sua mão abre e eu a seguro.

– De verdade. Se cuida.

Ele acabara de deixar as brincadeiras de lado. Estava falando sério.

– Você também - digo. Haymitch sorri em consentimento e se encaminha para o trem e fico parada na plataforma esperando que ele parta. Até ser tomada por uma sensação de abandono.

Eles foram embora.

~*~

A despedida não foi a única parte difícil desde que saímos da mansão. Me adaptar ao meu novo apartamento está me parecendo um pouco complicado também.

Ele é praticamente do mesmo tamanho que o antigo, pode atender as minhas necessidades sem problemas.

Meu único problema é que agora me sinto mais solitária que nunca. Meus amigos se foram e a única pessoa próxima que tenho é Plutarch Heavensbee, que está cada vez mais atolado de trabalho. E por falar nisso, ele me conseguiu um emprego numa empresa de RP, o que já me aliviou de muitas complicações que viriam futuramente por falta de emprego.

Já faz um pouco mais de um mês desde que me despedi dos garotos na plataforma e a sensação é de que se passou uma eternidade. Sinto uma imensa falta deles, mas por enquanto só nos telefonamos.

Chego exausta em casa e a única coisa que preciso agora é dormir. Então, depois de reunir coragem suficiente para tomar um banho rápido, me jogo na cama e adormeço rapidamente.

É quando me vejo numa sala escura, com um pequeno feixe de luz alcançando a mesa de metal a minha frente. O cheiro deste lugar é horrível, e também não me é estranho. Minhas mãos estão algemadas atrás de mim e sinto minha cabeça latejar de dor, sem contar com a fome que aumenta a cada minuto.

Onde está Katniss Everdeen?

Quando abro a boca para responder que não sei, percebo que estou fungando e meu rosto está encharcado de lágrimas. Assim como também não tenho força alguma para fazer qualquer coisa que seja. E antes que eu possa vir a tentar responder, levo um soco no rosto e caio no chão, sentido a dor de cabeça aumentar ainda mais.

É como se eu fosse explodir a qualquer instante.

Morrer me parece mais rápido e menos doloroso que isso.

Meus lábios estão secos e rachados por falta de água. Meu corpo pede por hidratação, mas não posso atendê-lo. Sinto que posso morrer a qualquer instante.

Me encolho no chão e meus olhos começam a se fechar devido a minha fraqueza. Mas um estrondo me assusta e acabo soluçando. A sala escura é totalmente iluminada quando a porta é escancarada e ouço vários tiros. Me encolho ainda mais, esperando que, se algum me atingir, que seja rápido.

Mas isso não acontece. Então sinto alguém me segurar no colo, mas não consigo identificar se é um pacificador ou algum rebelde. Até que sinto um cheiro que não me é estranho, porém ao mesmo tempo não consigo descobrir o que seja, pois sou tomada pela inconsciência.

Acordo assustada no meio da madrugada e me sento na cama, sentindo o suor tomar conta do meu rosto. Meu cabelo, antes preso num coque, agora está totalmente bagunçado. Ainda me sinto um pouco atordoada, até me pegar gritando.

– Haymitch!

Mas ninguém responde. E isso é óbvio.

Ele não está aqui e não vai voltar.

Suspiro e me levanto. Arrumo meu robe no corpo e me encaminho até a sala. Numa mesinha há uma carteira de cigarros e um isqueiro. Pego-os e vou até a varanda, sento-me numa cadeira e fumo.

Desde que a guerra acabou, cada um seguiu uma nova vida em Panem, independente de que distrito seja, ou até mesmo aqui na Capital. Decidi abrir mão de muitas coisas, e algumas delas foram minhas amadas perucas. Ainda tenho algumas, mas evito usá-las. Assim como comecei a fumar de uns tempos pra cá. E isso tem me ajudado muito a me acalmar depois desses intermináveis pesadelos que venho tendo.

Talvez nem tudo tenha realmente melhorado.

Mas tudo está mudando agora.


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Notas finais do capítulo

Como eu tinha dito há um tempo, a personalidade da Effie vai ser beeeeem alterada nessa fic por conta das mudanças pós-guerra e tal.

Mas e essa despedida, hein? Com gostinho de "quero te ver logo" desses dois :3

Bom, prometo não demorar com o próximo porque quero chegar logo ao reencontro deles o/

Comentem e deixem a Lovett feliz!