Os Próximos Três Dias - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 3
Perguntas sem respostas


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NOVO, MORES!

Talvez eu tenha demorado um pouco, mas eu compensei com aquela one, né? Espero que tenham gostado.

Aliás, to pra escrever mais 2 ones e uma delas vou ver se já escrevo hoje e posto aqui pra vocês!

Maaaaas enfim, estou a exatamente uma semana do próximo evento e tem 2 cosplays novos por aí o/

Enfim, vou deixá-los com a fic.

Boa leitura! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626234/chapter/3

Pode ate soar muito dramático da minha parte, mas estou de frente para o homem que salvou a minha vida. Mas não consigo encontrar um motivo que possa tê-lo feito me salvar.

Nenhum.

Tudo bem, trabalhamos juntos por anos e eu sempre o livrei de problemas quando estava no auge da sua embriaguez, mas não consigo ver isso como justificativa. Deve haver mais alguma coisa da qual estou esquecendo.

– Olá, princesa - ele diz, ainda olhando para mim. Apesar do sorriso nos lábios, percebo o cansaço que o consome.

– Achei que já tivesse ido - digo, olhando para a pequena torta na minha mão.

– Ah, não - ele se adianta. - Ainda temos que resolver algumas coisas antes de voltarmos.

Movo o canto da boca num leve sorriso de consentimento.

– Gostei do cabelo - ele comenta e eu coro fortemente. Não esperava por esse comentário agora.

– Ah, obrigada - digo quando volto a mim. - Você quer? - indago e estendo a mão, ainda com a torta.

Haymitch arqueia as sobrancelhas, mas aceita a torta sem relutar. Sorrio e desço os degraus, virando-me de frente para ele, enquanto o observo comer.

Hesito várias vezes, tentando decidir a melhor forma de puxar o assunto, então acabo esperando que ele termine de comer a torta para finalmente falar.

– Haymitch, eu queria te perguntar uma coisa - digo de uma vez. - E preciso que me diga a verdade. Tudo bem?

Ele franze o cenho como se não fizesse ideia do que estou falando e em seguida concorda com a cabeça.

– A ideia do meu resgate foi sua? - jogo tudo de uma vez. É quando percebo que estava sendo consumida pela minha própria curiosidade. "Agradeça a Haymitch" volta a ecoar na minha cabeça.

Haymitch pondera por alguns instantes, olhando para o nada, então um leve sorriso brincalhão se forma em seus lábios, mas não consigo entender.

– Posso dizer que também foi minha, mas foi primeiramente do seu Tordo - ele responde após alguns segundos, ainda sentado no degrau, com as mãos juntas, apoiadas nos joelhos.

– Mas Plutarch me disse que eu deveria agradecer a você - insisto. - Ele me disse quando foi me visitar, quando eu ainda estava internada. Ele foi o único que foi me ver... - acrescento num tom mais baixo e Haymitch parece ter ouvido muito bem.

– Olha, Effie, me desculpe, mas... - ele olha de um lado para o outro, passando a língua nos lábios. - Eu não pude ir ver você de novo depois que acordou. Tive uns problemas...

– Eu sei - interrompo-o. - Recaída.

Ele volta a encontrar o meu olhar e assente com a cabeça.

– Mas espera... Você chegou a ir? Quer dizer...

– Eu fui assim que você chegou - ele explica, mas percebo-o gaguejar de início. - Queria saber se estava viva mesmo. Estava desacordada, mas os médicos disseram que você iria se recuperar.

Reprimo um sorriso enquanto tento imaginar Haymitch na enfermaria enquanto eu estava desacordada, em busca de notícias.

Pelo menos ele parece ter se importado.

Balanço a cabeça e encaro os meus pés.

– Como você está? - ele pergunta subitamente. Continuo com a cabeça baixa.

Respiro fundo antes de responder.

– Viva - digo apenas.

– Ainda sente alguma coisa?

– Só um desconforto de vez em quando.

Levanto o olhar e percebo Haymitch encarando meu pulso enfaixado com bastante atenção.

– O que foi isso? - ele indaga com o cenho franzido, ainda olhando para a faixa.

– Ah... Foi um corte que me fizeram... - interrompo-me enquanto meus pensamentos me levam de volta àquela sala escura, amarrada a uma cadeira, enquanto eles me enchiam de perguntas interináveis. Até sentir minha pele ser cortada e, e pouco tempo, ser tomada pela total escuridão.

Foi a última coisa que vi naquele lugar. Quando acordei, estava numa cama de hospital.

– Haymitch... - tento mudar um pouco o rumo da conversa. - Uma vez você me disse que bebe para "esquecer" - comento e ele afirma com a cabeça. - Você conseguiu esquecer?

– Por quê? Está pensando em beber para esquecer o que aconteceu quando estava presa?

– Bom...

– Olha só, queridinha - ele retoma um tom calmo e controlador na voz. Respira fundo e prossegue. - Não é tão fácil assim, e, para ser sincero, não, eu não esqueci. Em momento algum. A bebida não me ajudou a esquecer, mas aliviou a dor. Meu incômodo é só a enxaqueca que sinto quando estou de ressaca. Mas as lembranças sempre voltam. Isso eu não tenho como controlar.

– Então por que ainda bebe?

Haymitch me lança um olhar cansado, desvia e o mantém distante.

– É um vício - ele diz. - Depois de um tempo você não consegue mais controlar, muito menos se desfazer. E por mais que pareça improvável, já tentei parar. Principalmente quando percebi que não me ajudaria em nada.

– Mas, Haymitch, Plutarch me disse que no Distrito 13 você estava sóbrio. Não bebeu nada.

– Eu não tive escolha - explica, voltando a me encarar. O lamento e o cansaço ainda mais evidentes dessa vez. Estamos conversando tão abertamente que não consigo sequer entender a causa. Nunca tivemos uma conversa civilizada, a não ser quando estávamos em meio aos patrocinadores, e mesmo assim eram conversas sobre nossos tributos, nunca sobre nós.

Mas agora estamos falando tudo às claras. Talvez seja porque essa é a nossa última conversa propriamente dita. Porque eles voltarão ao Distrito 12 e retomarão suas vidas, assim como farei com a minha aqui, mesmo que ainda não tenha ideia de como seja daqui para frente.

É estranho pensar desta forma. Daqui a um ano não os verei. Nenhum deles.

Sinto uma angústia tomar conta de mim.

– Effie? - Haymitch me chama, trazendo-me de volta a realidade. - Você está bem?

– Ah, sim - gaguejo. - Só estava... pensando.

Haymitch arqueia as sobrancelhas.

– Finalmente tivemos uma conversa civilizada - comento e ele desata a rir, o que acaba me contagiando um pouco. Então ele se levanta e passa por mim. Quando me viro, vejo-o parado um pouco mais a frente, com os braços cruzados, e o sigo.

"Por que veio pra cá?", pergunto.

– Porque, olhando para este lugar, dá pra esquecer um pouco que acabamos de sair de uma guerra.

Processo suas palavras e observo o jardim. Intocável. Totalmente perfeito.

Permanecemos em silêncio por alguns instantes enquanto observamos o ambiente. É realmente lindo aqui.

– Vou sentir falta de vocês - digo por fim, ainda olhando para frente. Haymitch ri brevemente ao meu lado.

– Também vou sentir a sua - ele diz e isso me arranca um sorriso, mas continuamos olhando para frente. - Pode nos visitar quando quiser, você sabe disso.

– Ah, vocês também podem vir.

– Claro - ele diz. - Quando você souber o endereço da sua casa.

– Haymitch! - quase grito e tento lançar um olhar autoritário, mas acabo rindo junto com ele.

– Tudo bem, tudo bem. Foi uma piada horrível.

Ainda levo um pouco mais de tempo até cessar o riso e ele também. Até que o fito novamente.

– Obrigada - digo. Haymitch me olha um pouco desentendido. - Por ter me feito rir - explico. - Não consegui isso desde que... você sabe.

– Ah, sim... - ele diz. - De nada.

– Bom, eu acho que temos que voltar.

Olho em direção a porta e me pergunto quanto tempo passamos aqui, conversando.

– Concordo - ele diz, dando um passo para trás. - Damas primeiro?

Solto uma breve risada.

– Agora é um cavalheiro? - indago, sentindo-me surpresa. - Ficar sóbrio realmente te ajudou, Haymitch. Deveria fazer isso mais vezes!

– Posso fazer esse esforço.

Lanço um olhar desconfiado.

– Vai fazer mesmo?

– Quem sabe?

Olho-o de lado antes de seguir em direção a porta, de volta a mansão. Haymitch me segue, mas permanecemos o caminho todo em silêncio.

Mas de uma coisa tenho certeza: estou me sentindo mais leve agora. E ainda vou descobrir o que ele tem a ver com o meu resgate, que ele não quis me contar.

Mas agora, meu único interesse, é ver os meus vitoriosos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tive que colocar algo fofo nesse capítulo :333

Bom, a aproximação deles vai se dar depois de um tempo, mas em questão de capítulos vou logo avisando que não serão muitos. Vamos estabelecer uma relação que não seja de amor e ódio, até porque a guerra acabou, né?

Espero que tenham curtido esse capítulo.

Comentem e deixem a Lovett feliz! :D