Os Jogos Dos Deuses escrita por Tsumikisan


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Caso encontrem algum erro favor avisar para que eu possa corrigir q



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Julia podia sentir cada parte de seu corpo tensa enquanto se arrumava. Os dias inevitavelmente tinham passado após o desastre das entrevistas e ali estava ela, vestindo a roupa que aparecera magicamente em cima da cama naquela manhã. O conjunto era composto por uma blusa de manga cumprida e calça preta de um tecido grosso, reforçados com couro nos joelhos e nos cotovelos, um macacão jeans para colocar por cima, botinas que iam até a coxa e um lenço de amarrar no pescoço. As roupas a deixavam bem aquecida e ao mesmo tempo eram praticas e poderiam ser retiradas com facilidade. Ela se perguntava para onde iam que precisariam de tantas peças.

Ainda estava meio chateada com Frost por não tê-la incluído em sua aliança, mesmo que eles tivessem sido apadrinhados pelo mesmo Deus, então não o esperou para o café da manhã. Comeu cada coisa como se fosse a ultima vez e seguiu para o elevador, torcendo as mãos nervosamente.

Ela foi levada para uma sala que não havia visto antes. Era grande como um salão de festas, tinha vinte e seis portas no lado oposto àquela que entrara e treze cadeiras de cada lado. Alguns semideuses já estavam ali, sentados sozinhos roendo as unhas ou de pé conversando em grupos. Todos eles usavam as mesmas roupas que Julia, mas poucos pareciam tão apreensivos quanto ela. Um grupo em especial, que estava em pé perto do lugar em que ela havia escolhido para se sentar, sorria abertamente. Leo flexionava os músculos, Bella encarava todos que entravam como se os avaliasse e Iolanda olhava despreocupada para as unhas. Julia lembrava-se de ter visto Frost indo agradecer a ela pelo truque com o charme e que nunca teria sacado o que estava rolando sem isso.

Wlad também fazia parte desse grupinho. Quando notou Julia olhando para eles, acenou, mas a garota apenas desviou o olhar. Ele franziu o cenho, sentindo-se culpado. Ela, como Ias, era sua irmã, mas ele realmente achava que Frost ia chama-la para seu grupo e por isso nem se preocupou. Temia o que isso podia significar para a garota, já que agora ela estava sozinha na arena.

Não era apenas ele que estava preocupado com isso. Maro tentava convencer o namorado, Rubens, que seria uma boa idéia se juntar a mais gente. Só que o rapaz batia o pé, insistindo que não precisavam de mais ninguém. Sara, do outro lado da sala, refletia se não deveria se aproximar dos outros que pareciam deslocados e oferecer uma aliança. Adrila estava contente por que Dohan a chamara para se juntar ao grupo dele e sentia-se confiante perto dos amigos.

O ultimo semideus a entrar na sala foi GV e assim que ele saiu do elevador, a já conhecida fumaça roxa surgiu no centro e Nêmesis apareceu, vestindo algo que fazia com que ela parecesse um troféu gigante de braços estendidos. Desde as entrevistas a balança dela agora parecia pender menos para a direita, como se alguém tivesse colocado um peso a mais na esquerda. Ela não sorria também, apenas aguardou que todos se sentassem para começar a falar:

—Finalmente o grande dia! Espero que estejam ansiosos, pois é agora que poderão provar seu verdadeiro valor diante dos Deuses. – ela encarou um a um e continuou. – Alguns avisos antes de começar então. Cada um de vocês vai entrar por uma porta, de onde serão transportados para a arena que eu escolhi especialmente. Quando chegarem lá, aconselho não saírem das bases antes do timer chegar ao zero, senão... Bem, serão explodidos em milhões de pedacinhos! Certo?

Todos acenaram afirmativamente. Quézia sentiu um leve tremor com a idéia de ser explodida em pedacinhos, mas permaneceu firme. Do outro lado da sala, Nat sorriu positivamente para ela, como se dissesse “Explosões? Ah, lido com isso todos os dias, fica calma.”

— Que bom. Então, quando o timer acabar, vocês estão por sua conta em risco. No centro da arena haverá um local chamado Cornucópia e armas, suprimentos e outras coisas vão estar espalhadas por ali. Quanto mais próximo da Cornucópia, melhor vai ser o que vão encontrar. Então, vocês podem correr diretamente para lá, ou preferir não arriscar e fugir da mira de seus colegas tributos. Agora, quando a luz acima das portas estiverem vermelhas, vocês devem entrar em uma delas e aguardar. Quem não o fizer, vai morrer de qualquer forma. – a idéia de morte fez a deusa sorrir. – E que a sorte esteja sempre ao seu favor! Vocês tem três minutos.

E desapareceu em outra nuvem de fumaça roxa. Dohan se levantou imediatamente e foi até Luke, que estava do lado de Trindade. Adrila e Ias se levantaram também e foram até eles, curiosas.

— Olhe, vamos fazer o seguinte. – Dohan disse. – Eu e Luke vamos até a Cornucópia discretamente e pegamos algumas coisas enquanto vocês vão em direção a um lugar coberto. Não se afastem muito, para que possamos encontrar vocês.

— Tem certeza que vocês dois conseguem sozinhos? – Ias perguntou, parecendo cética.

— É claro que eu consigo, não duvide de mim. – Trindade revirou os olhos com as palavras de Dohan e Luke deu uma risada, mas aceitaram o plano.

Já os planos de Leo eram completamente diferentes. Ele afirmava que era bom que todos ocupassem a Cornucópia, diminuindo as chances de que qualquer um que não fosse da aliança entrasse. Bella achava aquilo uma má idéia, mas GG e Wlad concordaram que seria melhor um combate em conjunto, que ai todos poderiam se proteger. Quézia pensava a mesma coisa e disse isso aos amigos, só que Ray e Michel ficariam na retaguarda enquanto ela, Mands e Nat lutavam. E completou a idéia com uma sugestão:

— Temos que focar nas filhas de Afrodite, certo ? Elas são perigosas. Não quero nunca mais na vida ser atingida pelo charme de uma delas.

Ray deu uma risada irônica e concordou. As luzes nas portas ficaram vermelhas e todos correram para entrar em uma delas. Gabi sentiu toda a cor sumindo de seu rosto quando ela se virou para dar mais uma olhada na sala e a porta se fechou sem que ela pudesse ver quem tinha sobrado. Estalou os dedos, respirando fundo. Era uma filha de Atena escolhida pela própria deusa para representa-la. Havia sim muitos jogadores fortes, mas sua inteligência a ajudaria a escapar daquilo com vida e de preferência sem ter que matar ninguém.

Ela sentiu o chão em baixo dela se mover e uma vertigem parecida de quando se entra em um elevador. Estava sendo erguida do chão. Fechou os olhos e orou para que sua mãe a ajudasse a vencer aquilo. Quando abriu de novo, ofegou.

Era o acampamento meio sangue. Mas não se parecia em nada com o acampamento meio sangue atual. Ao invés do céu azul e limpo, tudo que via acima de sua cabeça era um teto rochoso com estalactites pontiagudas pendendo dele. O telhado do que deveria ser a casa grande estava caindo aos pedaços, as janelas estavam bloqueadas por grandes peças de madeira. Uma pedra enorme havia destroçado o local onde antes ficava o chalé de Atena, reduzindo-o a pedaços de madeira e granito. Um rio de lava corria lentamente entre onde deveria ficar o chalé de Hefesto e o de Afrodite. Tudo que não estava destruído havia sido pichado ou bloqueado, com muitos avisos de perigo e risco de desabamento. A grama havia sido reduzida a tufos saindo aqui e ali saindo por entre as pedras. Até mesmo a água do lago de canoagem parecia esverdeada e nojenta.

Aquela era a visão de um acampamento meio sangue derrotado e soterrado dentro de uma caverna escura e fria. A luz vinha das tochas pregadas nas paredes dos chalés que restavam e dançava nos rostos assustados dos semideuses, deixando tudo ainda mais sombrio. Gabi reprimiu o impulso de gritar e chorar. Aquele não era o acampamento de verdade, não podia ser. Seu lar não poderia acabar daquele jeito.

Todos estavam tão atordoados com a visão que demoraram a perceber que o timer tinha chegado ao zero. Arthur foi o primeiro a reparar e instantaneamente correu para uma mochila próxima e sem parar para olhar correu na direção oposta a Cornucópia que havia sido colocada no centro do Acampamento, cheia de coisas incríveis empilhadas em seu interior. Leo balançou a cabeça, concentrando-se no jogo e gritou “POR ZEUS”, correndo para o local. Muitos corriam para lá também e algumas batalhas já começavam.

Julia e Gabi disputaram silenciosamente por uma lanterna, mas algo que Julia viu fez com que se assustasse e largasse a lanterna, correndo para longe. Gabi seguiu seus instintos e se jogou para o lado no momento em que uma espada longa gravou no chão onde antes estava. Brant sorriu para ela com selvageria, enquanto tentava arrancar o objeto preso entre as pernas. Sentindo seu coração bater com força contra o peito, a garota pegou a lanterna e mais uma bolsa bem pequena que estava perto e correu enquanto podia.

Sara se contentou com uma garrafa d’agua e uma caixinha desconhecida antes de sair de cena. GV, Aron, Trindade, Ias e Adrila sumiram do centro da luta sem pegar nada. Os outros já alcançavam o centro da cornucópia e se armavam com o que podiam.

O primeiro sangue a cair foi de Mands. Bella havia arranjado uma faca de arremesso e mirou exatamente nela, deixando um corte feio em seu braço. Michel olhou zangado para a filha de Afrodite e tentou acerta-la com um raio, mas descobriu que não podia já que estavam em uma caverna de baixo da terra. Contentou-se então a ajudar Mands a se levantar, indo em direção de onde Quez se unia a Ray, ambas com lanças e partiam para cima de Leo e GG.

Nat viu as irmãs lutando, e já ia para lá quando algo chamou sua atenção. O baixinho, Dohan, e seu irmão Luke estavam aproveitando que os mais fortes estavam distraídos para pegarem suprimentos na Cornucópia. Quez e Ray pareciam sob controle da situação, fazendo com que Leo e GG tivessem que ficar na defensiva para não se machucarem. Ela então decidiu que seria mais produtivo impedir os dois garotos de Atena, então correu para lá, já com a lança apontada.

Luke estava com uma mochila grande nas costas e mais três menores nos braços. Dohan carregava uma lança e tentava prender um escudo no braço quando sentiu a lança de Nat passar tão perto de sua cabeça que mais alguns centímetros teriam matado-o.

— Vai, leve isso para as meninas. – Ele disse para Luke. – Eu cuido dela.

— Tem certeza? – Luke perguntou, apesar de já estar se afastando.

— Tenho! Elas foram por aquele túnel ali!

Além do que supostamente era o Acampamento Meio Sangue haviam várias entradas de tuneis nas paredes, indo para diversas direções. Dohan apontou para uma bem próxima e Luke seguiu o caminho sem olhar para trás. Nat havia pegado um tridente na pilha enquanto ele finalmente conseguia prender o escudo. Ao vê-lo, a garota riu.

— Lança e escudo, sério? Não é a melhor coisa para alguém do seu tamanho.

— Vem experimentar então! – ele provocou.

E ela foi. O tridente não era sua arma favorita, era mais a cara de Wlad, mas era longo como uma lança, que ela sabia manejar bem por ser filha de Ares. Dohan defendeu bem os primeiros golpes, mas Nat tinha razão, o escudo o deixava lento demais e a lança era demasiada longa e pesada. Quando ele tentou ser um pouco mais agressivo ela conseguiu ser mais rápida, desviando a lança com o cabo do tridente e em um movimento ágil cravando as três pontas no corpo do garoto ao mesmo tempo em que ouvia um grito de vitória vindo de Ray.

— Uma já foi, faltam duas! – Quez riu, atacando Iolanda.

Pelo visto as filhas de Afrodite haviam se juntado a luta e agora uma dessas, Rayssa, estava caída no chão. Ray puxou com força a espada que havia atingido bem na base da coluna da garota e chutou seu corpo para longe. Porém mesmo com uma a menos elas estavam enfrentando dificuldades, pois agora Brant e Wlad estavam na luta também. Brant interceptou um ataque de Quez que teria atingido Iolanda em cheio, torcendo seu braço e forçando-a a largar a espada que usava. Ray rosnou para ele e transferiu a eletricidade do próprio corpo para a espada, arremessando-a nele, de modo que tivesse que largar Quez para se desviar.

— Vamos embora! – Michel gritou, mostrando que havia pego algumas coisas na Cornucópia.

Quez acenou afirmativamente e aproveitou a distração de Brant para correr, mas foi atingida diretamente entre as omoplatas por uma faca de Bella. Ray a segurou para não cair e juntas correram até os amigos, que já entravam em um túnel. GG fez menção de segui-las, mas Wlad o impediu.

—Aquela ali já está morta. Olhe, ali.

Rubens e Maro também haviam se aproveitado para pegar coisas enquanto os outros se matavam. GG notou o olhar de pânico no rosto de Rubens quando ele viu que tinham sido notados e pode ver ele pedindo a Maro para se apressar. Eles tentavam enfiar o maximo possível de comida de um engradado dentro de uma mochila. Notando que não teriam tempo o suficiente, Rubens se adiantou, ajoelhando e tocando a terra.

O chão tremeu e uma rachadura surgiu de ponta a ponta e vários esqueletos começaram a sair dela, retardando seus inimigos. Rubens sorriu e se virou para dizer a Maro que não se preocupasse, mas este não podia responder pois havia sido subjulgado e agora tinha uma adaga no pescoço e outra na barriga.

— Você. – Rubens rosnou. – De onde você veio? Solte ele!

— A víbora mais mortífera é aquela que você não pode ver. – Frost sorriu ironicamente. – Ultimas palavras?

— Não, não faça isso! Maro...

Foi tarde. Com um golpe rápido e fatal, Frost cortou o pescoço de Maro de ponta a ponta, fazendo o sangue jorrar. Rubens gritou de frustração, perdendo a concentração no pior instante. Os esqueletos se desfizeram, virando apenas pilhas de ossos, deixando os outros tributos livres para ir atrás dele.

— Você vai pagar por isso! – gritou, mas foi em vão, por que Frost já estava correndo para longe em uma velocidade impressionante.

A terra começou a tremer novamente, mas dessa vez era Wlad, tentando fazer com que Rubens se desestabilizasse. Ele tremulou um pouco, mas conseguiu cambalear até a sombra que um dos chalés fazia com o chão e pulou nela, desaparecendo no momento em que a terceira faca de Bella ia acerta-lo.


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