Darcy soltou o colarinho de James, que caiu sentado no chão do estacionamento.

— Minha? – deu alguns passos para trás atordoado – Eu não posso...

— Você prefere que ela seja minha? – James tossiu.

Darcy olhou-o furioso e James levantou a sobrancelha.

— Minha...? – Darcy murmurou sentando-se ao lado de James.

Eles ficaram alguns minutos em silêncio.

— Mas o que é isso? – era Lúcia que chegava ao estacionamento – Meu Deus, vocês estão onde? No ensino médio ou em um ringue?

— Lúcia... – James começou receoso.

— O que vocês têm na cabeça, se comportando assim... – Lúcia andava de um lado para o outro transtornada.

— Lúcia. – James foi firme – Agora não. – disse a encarando.

— Idiota. – retrucou torcendo o nariz – A Hannah pediu para avisar que já está em casa.

Os dois suspiraram aliviados e Lúcia se virou para ir embora.

— Lúcia... – James se levantou com dificuldade.

— Agora não. – respondeu a garota sem olhar para trás.

— Droga! – James praguejou fazendo Darcy rir.

— Eu preciso ir. – disse Darcy se levantando – Quer uma carona?

— Não.

Antes de entrar no carro Darcy virou-se para James:

— Obrigado!

Hannah chegou em casa e foi direto para o banho. Ainda não conseguia acreditar na estupidez de Darcy e James, brigando feito adolescentes. Encheu a banheira de água e colocou seus sais preferidos, de cerejeira. Boruto parecia adivinhar sua tristeza pois acompanhou-a até o banheiro e deitou-se aos seus pés, quietinho. Após alguns minutos, ela se despiu e entrou na água.

— Esse homem ainda vai me deixar louca. – murmurou para si mesma enquanto lembrava-se de Darcy.

Tomou um banho com calma, inclusive lavando os cabelos. Quando terminou já estava se sentindo melhor. Estava saindo da banheira quando Boruto latiu. Darcy havia chegado e o cão queria ir saudá-lo.

— Puxa saco. – Hannah ralhou com Boruto.

— Hannah? – ouviu Darcy chamar.

Pensou em fingir que estava dormindo, mas a luz de seu quarto estava acesa e a porta aberta, sem escapatória respondeu:

— Eu já vou.

Rapidamente vestiu um roupão branco de mangas compridas e foi ao encontro dele. Boruto arranhava a porta do banheiro querendo sair. Assustou-se ao abrir a porta. Darcy estava exatamente a sua frente. O rosto machucado pela briga recente.

— Tudo bem? – ele perguntou receoso, enquanto se abaixava para saudar Boruto, mas sem tirar os olhos dela.

— O que você acha? – respondeu mordaz.

— Eu sinto muito.

— Você sente muito Darcy? – o tom de Hannah aumentou um pouco.

Darcy assentiu.

— Você é incrível, sabia? – Hannah riu sarcástica – Você dorme com outra mulher, me beija, foge, briga e depois vem com essa cara lavada dizendo que sente muito?

— Hannah, eu...

— Vá para o inferno Darcy! – Hannah gritou descontrolada – Eu cansei. Cansei de tudo. Das suas loucuras, indecisão, seu ciúme besta... Eu cansei de amar você.

Darcy ficou pálido.

— Se eu pudesse... – Hannah continuou mais calma sem tirar os olhos dele – Se eu conseguisse... Eu arrancava este sentimento de dentro de mim... Porque eu não suporto mais... Amar você é complicado demais... É doloroso demais.

— Eu s-...

— Cala a boca Darcy. Não fala que sente muito. Eu juro que sou capaz de voar em você se disser isso mais uma vez.

— Por te deixar confusa... Por te fazer sofrer... Por todas as suas lágrimas... Por não te deixar ir quando deveria... Por ser tão hipócrita e egoísta... Eu sinto muito. – os olhos de Darcy estavam marejados.

— Eu avisei. – disse Hannah depois de engolir em seco.

Em um segundo ela se jogou sobre Darcy. Acertava socos em seu peito enquanto chorava e dizia o quanto o odiava.  Ele ficou parado, deixando que extravasasse toda sua raiva. Após alguns minutos os braços de Hannah doíam, sem mais forças para lutar ela caiu aos pés de Darcy, sentada no chão, as lágrimas se derramavam livremente.

— Ei... – Darcy abaixou-se a puxando para seus braços.

Hannah tentou se soltar.

— Essa é a última vez que vou lhe dizer isso. – Darcy começou numa voz baixa e doce – Eu realmente sinto muito por todo seu sofrimento Hannah querida...  Meu amor. Acredite em mim quando eu digo que isso era a última coisa que eu queria...

— Darcy... – Hannah murmurou sem forças.

— Xiii... Me deixa terminar meu anjo. Você tem idéia do quanto foi difícil quando eu vim parar em um mundo que não era o meu? O quanto foi doloroso quando eu descobri sobre o livro? Eu me senti tão perdido... – a voz de Darcy saiu entrecortada nas últimas palavras.

Depois de respirar fundo ele continuou:

— Eu não sei o que faria sem você... Você me deu forças para continuar, para não perder a esperança... Me ajudou a viver aqui...

Hannah levantou a cabeça do peito de Darcy e buscou seus olhos. Ele olhava para a porta a sua frente, seus olhos estavam marejados.

— Mas aí... – ele suspirou – Aí eu comecei a olhar demais para você... A buscá-la em todos os momentos... Eu quis dividir com você não somente minha angústia, mas as minhas alegrias, conquistas... Eu percebi que a queria sempre. Aí finalmente eu percebi que estava apaixonado por você.