Enquanto isso no café Darcy já estava surtando. Muitos convidados já haviam chegado e Hannah ainda não havia ligado. Estava pensando em ir buscá-la quando a vê estacionando a moto.

— Finalmente. – murmurou.

— E a Hannah? – Lúcia perguntou a Darcy do outro lado da fita que separava os convidados da festa dos clientes normais.

— Acabou de chegar. – respondeu com um sorriso.

Lúcia engoliu em seco. Aquele homem era bonito demais para não ser perigoso. Tinha pena de Hannah.

Darcy foi encontrar Hannah no lado de fora do café. Ela estava terminando de estacionar a moto. Pelo retrovisor viu Darcy chegando e resolveu começar o próximo round. Desceu da moto e tirou o capacete sacudindo seus cabelos para tirá-los do rosto.

— O que houve com seu cabelo? – Darcy estava embasbacado.

— Boa noite primeiro né Darcy?! – Hannah o olhou divertida.

Darcy estava chocado. Sua vontade era empurrar Hannah até a parede atrás dela e beijar-lhe até que faltasse o ar. Ela estava de matar. Os cabelos muito mais claros que antes, a maquiagem forte, a roupa preta, a moto. Era uma mulher que ele nunca vira. E o mais hipnotizante de tudo era seu olhar. Ela o olhava de uma maneira calma e divertida, seus olhos demonstravam a certeza da vitória. Ela tinha ganho. Darcy estava completamente capturado.

— Você... – Darcy limpou a garganta antes de continuar – Você está – ele queria dizer linda, maravilhosa, perfeita... Mas o que saiu foi – diferente.

— De matar. – alguém disse ao mesmo tempo que Darcy.

Hannah olhou por sobre o ombro de Darcy. Era James. Ele deu um tapinha no ombro de Darcy ao passar por ele.

— James. – Hannah sorriu-lhe.

— Parabéns princesa! Vamos entrar? – disse estendendo-lhe a mão.

— Princesa? – Hannah arqueou a sobrancelha.

— Tem razão. Erro meu. – James colocou a mão na altura do coração – Rainha.

Hannah sorriu e lhe ofereceu a mão.

— Minha rainha. – completou agarrando-lhe a mão.

Darcy levou alguns segundos para se recuperar do choque. Hannah e James já adentravam o café. O homem ajudou-a a tirar a jaqueta.

— Vamos logo Darcy. – Hannah voltou-se para ele para apressá-lo e Darcy prendeu a respiração. Entre a barra da blusa e a cintura da calça era possível ver três dedos da pele branca e macia de Hannah. Darcy lembrava-se perfeitamente do quão suave era. Sua boca estava seca e ao olhar ao redor percebeu que muitos homens tiveram a mesma reação. Pelo canto do olho percebeu o exato momento que James levava a mão na cintura de Hannah. Parecia querer conduzi-la ao restante dos convidados. Darcy virou-se rapidamente para a frente e sua mão adiantou-se a de James.

— Vamos Hannah. – disse simplesmente.

Hannah respondeu-o com um sorriso inocente.

Darcy parabenizou-se pela rapidez em agir. Apesar de parecer um gesto inocente, o olhar de James entregava sua intenção. Era desejo.

Esse idiota vai ficar somente na vontade. – pensou Darcy analisando a carranca que o outro homem fazia ao ter seu gesto interrompido.

Darcy ajeitou sua mão nas costas de Hannah enquanto a conduzia para o outro lado da fita. Tomava cuidado para que sua mão não tocasse a pele. Nesse instante alguém passou correndo na frente de Hannah e ela perdeu o equilíbrio. Por instinto Darcy a puxou pela cintura e ela trombou em seu peito.

— Você está bem? – pergunta com a voz rouca tentando em vão ignorar o corpo de Hannah colado ao seu e sua mão espalmada na pele descoberta.

— E-eu estou. – ela também foi afetada pela proximidade – Você pode me soltar agora. – sussurrou com a face rubra.

Os olhos de Darcy ficaram azul escuro ao fitar a boca entreaberta de Hannah, a respiração dela estava descompassada.

Hannah pensou que fosse desmaiar. O cheiro, o aconchego de Darcy. Tudo era bom demais. Seus olhos estavam fixos nos lábios do homem.

— Fogo queima Hannah. – Ele sussurrou em seu ouvido antes de soltá-la.

A voz dele acordou-a para a realidade e antes que Darcy pudesse soltá-la ela passou os braços pelo seu pescoço e deu-lhe um beijo na face.

— Gelo também. – sussurrou durante o toque.

Hannah sentiu Darcy estremecer.

— Obrigada Darcy! Está tudo lindo! – disse em voz alta se afastando dele, que a olhava estupefato sem sair do lugar.