Hannah passou o dia atormentada com as palavras de Darcy e também com o seu próprio comportamento com o rapaz, afinal ninguém manda no coração. Ela mesmo era um grande exemplo disso, afinal foi se apaixonar pelo maior asno, intransigente, cabeça dura e mais lindo, educado e absurdamente sexy homem do planeta.

—Hannah, você está perdida. – murmurou para si mesma.

—Problemas? – sua amiga Lúcia ia passando por sua mesa quando ouviu suas palavras.

Hannah pensou na sua amizade com Lúcia. Era neurose sua não confiar na melhor amiga que tinha. Claro que não poderia contar toda a verdade ou Lúcia iria levá-la a um psiquiatra, omitiria a origem de Darcy.

—Já conheceu o homem mais perfeito do planeta e ele a olhou como uma irmã?

—Amiga, em primeiro lugar ele é homem, isso já tira a perfeição.

Hannah riu.

—Em segundo – continuou Lúcia – ele é homem.

—Você já disse isso Lu.

—Mas você não entendeu ainda flor. Ele é homem.

—Hum?

—Pessoa lerda é complicado. – respondeu Lúcia virando os olhos – Tem compromisso depois do trabalho?

Hannah pensou na pouca vontade de ver Darcy depois da forma infantil que agiu de manhã e meneou a cabeça.

—Ótimo. Vamos tomar algo depois do trabalho.

Lúcia saiu sem dar tempo a Hannah para responder. A conhecia bem o suficiente para saber que negaria o convite se tivesse chance.

Resignada, Hannah achou melhor avisar Darcy que se atrasaria.

Mais tarde naquele dia, já sentadas em uma mesa e munidas com boas bebidas Hannah contou a amiga seu dilema, mantendo a história de hospedar um amigo conhecido em uma viagem de férias.

—Hannah, você está apaixonada por esse homem.

—Eu sei.

—Ele vale tanto a pena assim? – Lúcia arqueou uma sobrancelha curiosa.

—Acredite em mim quando eu digo que ele vale a pena, o bico, as asas e o tinteiro.

Lúcia e Hannah riram a valer.

—Uau, agora até eu quero conhecer este homem maravilha.

—Estou pensando em levá-lo comigo a nossa festa de confraternização.

—Sério?

—Por que não?

—Acha uma boa idéia? Pense na quantidade de solteiras disponíveis e nada sutis que estarão lá.

Hannah riu ao imaginar Darcy sendo paquerado ao estilo do século XXI.

—Eu não me preocupo com isso.

Tamanha foi a certeza de Hannah ao dizer isso que levou Lúcia a indagar.

—Por acaso ele seria....

—Gay? – Hannah riu muito com os pensamentos da amiga – Não mesmo. Você precisa ver com seus próprios olhos...

—Com certeza. – os olhos de Lúcia brilharam maliciosamente.

—E lamber com a testa. – Hannah completou enciumada.

Lúcia ria da atitude da amiga. Liberdade era umas das coisas que mais prezava e não estava em seus planos se apaixonar.

—Parece minha amiga que você precisa de alguns conselhos de alguém mais experiente...

—Experiente Lu? E esse alguém mais experiente seria quem? Você?

Lúcia olhou feio para a amiga após seu comentário debochado.

—Ora, não me olhe assim. Você foge de um relacionamento tal qual o diabo foge da cruz.

—Posso até fugir de complicações Hannah. Mas jamais dos homens...

—Pois bem, senhorita voz da experiência, o que me aconselha?

—Seja mulher, Hannah. Simplesmente isso. Paquere-o, provoque-o, seduza-o.

—Você está dizendo que eu devo me jogar em cima dele?

—Ora garota! Não leve tudo a ferro e fogo. Só não facilite a vida dele, certo? Não o deixe confortável demais com você.

—Eu não entendo como...

—Hannah, o cara mora com você. Tenha dó.

—Eu não faço o tipo mulher fatal.

—Não. E você acha que esse é o tipo de mulher para ele?

Hannah pensou em Elizabeth e Caroline.

—Não, com certeza não.- respondeu decidida.

—Então amiga... Seduza-o do seu jeito. Encante-o. Mas como se não soubesse o que está fazendo.

—Não sei se deveria...

—Acredite Hannah. Se não for você será outra.

As duas continuaram mais algum tempo conversando sobre assuntos aleatórios e antes de ir para casa Lúcia fez a amiga pelo menos prometer que iria pensar.

Ao chegar em casa e encontrar a visão de Darcy pós-banho a única coisa coerente que passou pela cabeça de Hannah foi “Que rufem os tambores, o show vai começar!”