A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 21
Fortaleza


Notas iniciais do capítulo

Oeeeeeeee! Volteeeei! Depois de MUITO tempo. Estou de volta!
Esse capítulo é especial, recheado de cenas de ação, revelações e surpresas. O primeiro capítulo da FASE 2 (Sem contar com o AdTA passado). Acho que comecei bem.
Antes, digo que estou de luto por todos esses recentes acontecimentos dessa sexta-feira treze. (Para os maus informados, teve um ataque terrorista em Paris e um problema em uma barragem de Minas Gerais).
Agora vamos ao capítulo!



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P.O.V. Ted

Não posso confiar nele. Ele está escondendo algo de mim. Eu sei.

Estou me referindo a Remo Lupin.

Desde os acontecimentos da Mansão até agora eu venho pensando nisso. Todas as peças se encaixaram em um piscar de olhos. Remo esteve nos enganando esse tempo todo. Não só enganando, mas também nos manipulando.

O que despertou minhas suspeitas foi o sistema de proteção que Remo colocou no hotel. O feitiço nos travesseiros. É como se Remo soubesse que Dolores estivesse indo para lá. Mas como?

Duas coisas vieram à minha cabeça. A primeira: Remo, de algum jeito, possuía alguém infiltrado na Mansão de Dolores e assim descobriu que ela estava indo ao hotel. Não consegui acreditar muito nisso.

A segunda coisa que veio à minha mente: Remo não só soube que ela viria para cá, mas foi ele quem fez com que ela fosse ao hotel. Dolores dissera que tinha nos encontrado, pois havia visto a marca egípcia nas costas de Percy. Fora Remo quem sugeriu a Percy que ele devia ir à piscina. Remo devia saber que Dolores estava vigiando todas as câmeras de segurança da cidade.

Lembro-me que Ian disse que Remo lhe pedira para colocar uma senha de três dígitos. Remo sabia que o garoto pensava em Amy e queria que eu descobrisse isso também. Quando Remo deu uma atividade para cada um fazer, menos pra mim, fiquei um pouco irritado, mas, ao mesmo tempo, fiquei com vontade de descobrir o que os outros estavam fazendo e ajudá-los. Por conta disso, descobri pistas sobre a senha de Ian.

Remo não só estava guardando segredo, como estava me testando.

Isso é um teste. Mas um teste pra que?

Enquanto voamos para Fortaleza, me pergunto se ele ainda está me testando.

– Quais serão nossos próximos passos? – pergunta Percy, no banco da frente.

– Primeiro vamos a Fortaleza, lá encontraremos um personagem. Depois iremos aos Estados Unidos, aposto que terão bastantes personagens por lá. Dos EUA iremos à Londres. Tenho certeza de que tem algo importante pela Inglaterra. Agora que resolvemos o problema Dolores Umbridge, nosso próximo objetivo é encontrar Tot. Precisamos de explicações.

Mesmo desconfiado, concordo com ele. Os EUA e a Inglaterra são lugares bem promissores para encontrar personagens. Também acho que devemos encontrar Tot rapidamente. Preciso entender como essa Mensagem funciona. Melhor: preciso entender como todas essas Mensagens funcionam. Recordo-me brevemente da primeira. Foi Percy quem a deu. Ele falou algo sobre ter sido enviado para nos proteger, algo assim. A segunda Mensagem permanece uma incógnita. A terceira Mensagem é o sonho que tive. Um sonho bem estranho com portais, flashes de luz, névoa, números e insetos.

– A viajem vai ser longa – informa o bruxo.

Rachel havia comprado um GPS quando ela e Zeke foram às compras no Shopping. Remo o colocou em um encaixe acima do rádio. Vejo que estamos quase saindo de Goiás e entrando na fronteira Tocantins-Bahia. Como estamos longe de chegar lá, resolvo cochilar. Toda essa adrenalina que tinha invadido meu corpo já se fora, agora estou exausto.

Bocejo. Encosto a cabeça no banco e fecho os olhos. As vozes dos outros foram se distanciando, até sumirem completamente. Sonho com a Mensagem Três novamente.

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A praia. O mar vermelho, como um monstro das profundezas, levando a areia até o fundo do mar. Luzes amarelas piscando no ar, como fogos de artifício. Depois são sombras e flashes de pessoas e objetos passando rapidamente por mim. A sala em forma de cubo. O número 40 pintado em uma das paredes. Um inseto estranho pousa em meu braço e sinto tontura instantaneamente. Gás branco sai pelas paredes e me envolve. A sala se transforma em corredor e escuto algum me chamando do outro lado. Encontro uma porta.

– Este é o caminho para um novo mundo. Abra a porta e descubra o que o futuro lhe reserva.

Abro a porta e atravesso-a.

– Fim da Mensagem Três.

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Acordo com um trovão. Percy e Ian parecem que estão dormindo Percy está babando. Remo está dirigindo e Zeke, ao meu lado, está só com a cabeça encostada no banco. Ele vira a cabeça pra mim assim que percebe que eu o estou olhando.

– O que é?

Por um momento, considero contar a ele sobre minha desconfiança em relação a Lupin. Isso seria idiotice, considerando que Remo está bem ali na frente. E mesmo se ele não estivesse ali... Acho melhor esperar até eu ter certeza.

– O que você está pensando? – pergunto a ele.

Zeke vira a cabeça para frente.

– Muitas coisas.

– Rachel?

– Também.

– O que mais?

– Por que você quer saber?

– Curiosidade.

Zeke olha de relance para Remo, depois responde:

– Fortaleza.

– O que tem Fortaleza?

– Você não se lembra?

Fiquei confuso.

– Nunca fui pra Fortaleza. Por que eu me lembraria de lá? – apesar de nunca ter chegado perto do Ceará, sei que algo importante aconteceu por lá, mas não lembro o que.

– Porque foi lá que eu nasci.

Ah. Então é isso. Agora estou me lembrando do dia em que Zeke me disse isso. Foi há muito tempo.

Minha expressão de surpresa deve ter sido engraçada, pois ele sorri.

Mais um trovão soa e uma chuva fina começa. Olho para o GPS. Estamos sobrevoando Fortaleza.

Dormi tanto assim?

– Ted – chama Zeke – Qual é a probabilidade de, aqui em Fortaleza, sei lá... Quem sabe...

– Encontrar os seus pais? – Zeke assente – Bem... Primeiro, nós não sabemos se eles estão vivos. Nós nem sabemos se eles ainda moram aqui, já que, de algum jeito, você foi parar em Salvador. Fortaleza é uma cidade grande. Além disso, você sabe qual é a aparência deles?

– Dizem que minha mãe foi a Salvador sozinha, só comigo. Meu pai ficou em Fortaleza. Não sei pra onde minha mãe foi depois de me deixar no orfanato, mas ainda há chance de meu pai ter permanecido em Fortaleza. Quanto à aparência, eu devo ser bem parecido com ele. Talvez não sejamos muito diferentes.

Nego com a cabeça. Vejo o clarão de um relâmpago, seguido por outro trovão.

– Cara, não quero te dar falsas esperanças. Uma coisa que todo órfão deve aprender: somos órfãos porque algo de muito ruim aconteceu com nossos pais. Se não foi a morte, então foi outra coisa. Talvez você não queira saber por que sua mãe veio até Salvador só pra te deixar em um orfanato.

– Essa pode ser minha única chance de tentar descobrir o que aconteceu – insiste.

Não consigo contra-argumentar, pois Percy acorda.

– Já estamos chegando? Estou com fome. – Percy limpa a baba no rosto com as costas da mão.

– Só preciso encontrar um lugar bom para pousar. Essa chuva está me atrapalhando muito. – Remo aumenta a velocidade do limpador de para-brisa.

Sinto os pelos do meu braço se eriçarem.

– Meu estômago está roncando – informa o semideus – um BigMc até que cairia bem.

Minha pele se arrepia. Sou jogado bruscamente na direção de Zeke antes de ouvir o estrondo:

BOOOOOOM!

O mundo gira. Escuto Ian gritar. Remo está perdendo o controle do carro voador. Estamos girando loucamente. Por sorte, estamos todos usando cinto de segurança, mas isso não me impede de ser prensado contra a porta do carro quando ele começa a fazer uma curva inclinada.

Pelo menos, o cinto me impede de cair quando a porta ao meu lado - ou em baixo - se solta e cai no espaço vazio bem abaixo de mim. A porta se espatifa no telhado de uma casa. Agarro-me ao meu cinto de segurança e grito. Como o banco do meio só possui um cinto para a cintura, Zeke tem de se segurar no banco e em mim para a parte superior de seu corpo não escorregar até o buraco no carro.

O Ford Anglia treme todo e fica de cabeça para baixo. Minha cabeça bate no teto, mas agora não tem perigo de eu cair pelo buraco da porta. Minha sorte logo se vai quando o teto do carro se desprende e também cai. Zeke não consegue se segurar direito, seu sinto é frouxo e ele acaba escorregando. Antes de ele cair, seguro seu braço com minhas duas mãos. Não sei se consigo segurá-lo por muito mais tempo. Meus braços doem e o carro balança.

Remo grita algo que não consigo ouvir. Vejo-o apertando algum botão. Escuto algo se soltando e, magicamente, meu cinto de segurança desaparece.

Estamos todos caindo. Ainda seguro o braço de Zeke. Remo está ao meu lado, segurando firmemente sua varinha. Ian e Percy caem acima de mim, escuto seus gritos. O chão se aproxima mais rápido. Estamos a 100 metros do chão quando entendo o que Remo vai fazer.

Não vai dar certo.

– Aresto Momentum!

Estamos nos aproximando do quintal da casa de alguém. 70 metros.

– Aresto Momentum!

Fecho os olhos e aperto o braço de Zeke, esperando pelo impacto. O vento bate em meu rosto com intensidade.

– Aresto Momentum!

Paro de cair. Não sinto o impacto do chão e abro os olhos. Estou flutuando a 5 metros de distância do chão. Daqui a pouco vou vomitar meu coração. A força mágica que me impediu de virar panqueca me solta e eu rolo pelo chão molhado e sujo do quintal. Os outros caem ao meu redor.

Estou tão tonto que não consigo me levantar. Primeiro me apoio nos joelhos. Ergo a parte superior do meu corpo com os braços tremendo. Vou engatinhando até um arbusto e vomito ali mesmo. O gosto de bile é horrível, mas agora sinto alívio e a tontura diminui. Consigo ficar de pé.

Zeke está deitado de costas para o chão, respirando pesadamente. Remo está de pé, o cabelo castanho grudado na testa. Ele ajeita a roupa. Percy também está de pé, apoiado na única árvore do quintal para não cair. Ian parece que está desmaiado, mas respirando. Nossas mochilas caíram conosco também.

Olho para o céu a tempo de ver nosso carro voador explodindo. Peças voam pra todo lado O capô do carro cai ali perto. Perdemos nosso melhor meio de transporte.

– Pelo menos nós estamos salvos – observo.

O capô do carro flutua e fica parado no ar.

– O que você vai fazer com ele, Remo? – pergunto. Agora o capô não tem praticamente nenhuma utilidade. Pra que gastar energia fazendo-o flutuar?

– É... Não sou eu quem está fazendo isso.

Antes que eu possa perguntar qualquer coisa, o capô avança em nossa direção. Remo, sempre preparado, aponta sua varinha.

– Descendo!

O capô para seu trajeto e vai diretamente para baixo, batendo no chão. Ele levita novamente, mas Remo grita:

– Expulso!

O capô explode e se desintegra.

Nosso inimigo sai das sombras.

Um homem musculoso de pele vermelha vestindo uma túnica egípcia. Calvo e com um rosto disforme. Ele segura um cajado e o aponta para nós. O homem diz algo em uma língua estranha (provavelmente egípcio). Uma rajada de fogo voa em nossa direção.

– Aguamenti!

Água e fogo se chocam. A luta parece terminar em empate, mas a varinha de Remo começa a falhar, jogando menos rajadas de água. O fogo se aproxima, mas Percy ajuda Remo com sua hidrocinesia. O homem bate com o cajado no chão e dois cães de fogo surgem ao seu lado. Percy usa todo o seu poder para mantê-los longe.

Ainda estou atordoado por causa da pele do “cara”. Ele não é vermelho como se estivesse corado, ele é vermelho mesmo! Como um...

No que é que eu to pensando?!

O homem vermelho se aproxima de nós lentamente. Lutando fogo contra água. Os galhos da árvore do quintal se desprendem do tronco e voam na minha direção. Consigo segurar um dos galhos com a mão, então eu o uso para rebater os outros. Eventualmente, tenho que proteger Remo, para que ele não seja atingido nas costas por uns galhos.

Zeke aparece ao meu lado com um galho na mão e me ajuda nos defendendo dos outros pedaços de madeira assassinos. Repentinamente, os galhos param de ir diretamente a nossa direção. Eles nos contornam a todos e apontam diretamente para nós. O homem vermelho dá mais alguns passos.

Estamos cercados. Seremos todos empalados.

Ian surgiu ao lado do homem com um galho de árvore na mão. Bateu na cabeça dele como se estivesse usando um taco de baseball. O rosto desfigurado do homem se partiu como se fosse de cerâmica e, logo, ele todo se desintegrou.

Ele era um... Como era o nome? Shabti!

Continuei segurando meu pedaço de madeira, esperando por qualquer outra ameaça.

– Fiquem parados! – ordenou a voz fina de uma garota.

Nós não ficamos parados. Viramos-nos na direção do som, preparados para outro ataque. Remo aponta sua varinha e eu aponto meu galho na direção de duas garotas na entrada da casa.

A garota que gritou é a mais nova. Ela aparenta ter entre 10 a 12 anos. É alta para a idade. Cabelos castanhos que iam até um pouco abaixo dos ombros. Veste uma camiseta simples verde e um short jeans. Possui um rosto magro e infantil. Ela nos ameaçava segurando um telefone fixo.

Já a garota ao seu lado é bem diferente. Ela é pequena para a idade, deve ter a idade de Zeke, 17. Possui olhos azuis acinzentados e cabelos loiros e lisos. Ela não é feia, mas não é exatamente bonita. Suas características físicas são marcantes e interessantes, como os olhos largos e redondos e o rosto fino. Ela tem um olhar ameaçador. O que torna a faca em sua mão mais afiada e perigosa.

A garota mais nova é quem nos ameaça verbalmente:

– Digam seus nomes ou eu chamo a polícia! – Sua voz treme. Ela está assustada, mas não duvido que ela ligue pra polícia.

– Eu sou Zeke – diz meu irmão em voz alta e clara.

– Eu sou Remo Lupin.

– Percy Jackson. – O semideus acena para as garotas.

– Ted – digo.

– Ian Kabra.

A garota mais nova fica boquiaberta e nos olha impressionada. A mais velha olha pra ela com expectativa.

– São eles? – pergunta a loira, ansiosa.

– Melhor – responde a outra, com alívio estampado em seu rosto – Não podia ser melhor. Meu nome é Mariana Andrade. Não sou nenhuma personagem de livro, mas ela é. – Mariana aponta para a garota mais velha – Essa é Beatrice Prior, de Divergente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
O que vocês acham que aconteceu com a família de Zeke?
O que esse Shabiti vermelho fazia naquela casa? E quanto a Tris?
Para onde eles deviam ir? Quem vocês acham que vai ser o próximo personagem a ser encontrado?
Aguardem...